20.9.14

Capítulo Vinte e Nove - Maratona (3/3)





– MESMO SENTINDO-SE poderosa em sua pele, um tanto visível por sinal, Demi ainda estava grata por ter a mão de Joe guiando-a pela entrada lotada do Cow Palace. Estava se provando uma imensa dificuldade mostrar a ele o quanto ela era forte, considerando que ele mal dissera uma palavra desde que a buscara. Ele havia ignorado sua conversa tola, resmungando quando ela desfiara fatos sobre a variedade de bailes eróticos sendo organizados no norte da Califórnia nessa época do ano, e oferecera respostas monossilábicas a todas as perguntas. Ela não conseguira penetrar o muro que ele erguera, então ainda não fazia ideia do que o chateara naquela outra noite. Contudo, os olhares quentes, devoradores, que ele lançava para ela a afetavam mais que seu silêncio.
Eles subiram as escadas e Demi arregalou os olhos para os outros convidados. Ela mordeu o lábio, sem saber para onde olhar primeiro. Ou, em alguns casos, percebeu, quando desviou o olhar de um sujeito particularmente assustador, muito pelo e quase nu, sem saber para onde não olhar. Mesmo que sua lista de filmes do Netflix não contivesse nada além de pornografia, ela apostava que nunca veria algo como aquilo. Ai, ele estava atirando para todos os lados para provar seus argumentos na aposta. Seria bom ela superar suas inseguranças e inibições, assim poderia provar os seus.
– Ah – arfou Demi, quando entrou no enorme salão. O choque a atingiu como uma pequena marreta. Havia excentricidades de parede a parede. Como um circo para adultos. Louco, atrevido e colorido. O ambiente estava tomado pelo barulho. Ela precisou de alguns minutos para decifrar tudo. Vozes, altas e estridentes. Música metalizada saía dos alto-falantes e um rugido sombrio parecia vir por detrás das paredes.
O imenso cômodo estava abarrotado de expositores. Havia de tudo à venda, desde brinquedos sexuais, passando por lingerie, até doces pornográficos. Os vendedores eram ainda mais intrigantes que as mercadorias que ofereciam. A maioria usava lingerie ou equipamentos sadomasoquistas. Alguns tinham optado pela pintura corporal no lugar do vestuário.
Demi amaldiçoou sua pele clara, pois, apesar da tentativa de parecer indiferente, estava da cor de uma beterraba. Pelo menos boa parte de seu rosto estava coberto pela máscara de couro cravejada com tachinhas que ela havia comprado em uma loja de fetiches.
– A nudez pública é permitida aqui? – sussurrou ela, se inclinando para Joe enquanto ficava boquiaberta diante dos seios pintados de uma mulher muito bem-dotada guiando um homem muito bem-dotado usando capa de couro pela... coleira.
– A pintura corporal contorna as leis sobre nudez – disse Joe, sorrindo para o casal que, agora, soprava beijos para Demi.
– Ela está em ótima forma. Eu não fazia ideia de que... – As palavras morreram enquanto ela observava a mulher caminhar, um chicote de couro encaixado no vão das nádegas. Aparentemente ela não tinha bolsos onde guardá-lo.
– Vai ficar mais interessante ainda quando entrarmos.
Entrar? Ela havia planejado provar seu ponto de vista a Joe com detalhes gráficos, porém estava começando a se considerar um peixe fora d’água ali. Como poderia argumentar em favor da paixão quando eles estavam cercados pelo epítome da luxúria? Tudo que ela podia fazer era seguir suas emoções. Tendo aquilo em mente, Demi engoliu em seco para controlar os nervos e aprumou seus ombros excessivamente cobertos.
– Vamos lá, então.
A atenção de Joe estava fixada em Demi quando eles entraram no salão de baile. Apesar da distância cautelosa que ele estava mantendo para se controlar, não conseguia deixar de olhá-la desde que fora buscá-la. Afinal de contas, ela parecia a personalização de sua fantasia mais quente.
O couro preto envolvia os seios como um amante, seu corpete bordado baixo o suficiente para fazê-lo gemer. A saia, de algum tecido preto sedoso, farfalhava e deslizava sobre os quadris esguios. Os dedos dele ansiavam para experimentar o contraste das texturas. Era como se ela soubesse que ele havia cansado de brincar, e então, para tentá-lo, tivesse entrado em sua mente para encontrar sua fantasia mais sombria e, literalmente, se transformado nela.
Luxúria, lembrou-se Joe. Aquilo era para atestar luxúria. Ele tinha chegado a oscilar na beiradinha, pronto para acreditar no ponto de vista de Demi. Mas ela era exatamente como sua ex-esposa e sua mãe. Uma aproveitadora que manipulava as emoções como as peças de um jogo.
Agora tudo que ele precisava fazer era se convencer disso também.
Joe se inclinou para mais perto, o braço envolvendo o quadril de Demi para abraçá-la com mais força. O cabelo dela roçou na boca dele, a textura sedosa era uma tentação com perfume floral.
– Só a luxúria interessa – disse ele baixinho.
Demi lhe lançou um olhar surpreso. Primeiro a confusão, depois a determinação estava clara naqueles olhos emoldurados pela máscara de couro que cobria a metade superior do rosto dela. Demi fez uma varredura no ambiente, observando a banda no palco principal, o desfile de moda em outro palco e, no terceiro palco, um concurso que aparentemente envolvia uma variedade de vibradores. Então os olhos dela encontraram os dele novamente.
– Isso de fato promove a luxúria – concordou ela. Então fez um meneio para a pista de dança. – Mas nada aqui é tão simples, é? Vamos dançar?
Ele tinha pensado que ela não gostasse de dançar em público. Joe franziu a testa, mas a seguiu até a pista onde casais e solteiros rodopiavam em um abandono selvagem sob uma batida pesada. Luzes e couros reluziam em peles nuas, e o conjunto de couro de Demi parecia sóbrio perto do restante da multidão.
– Defina simples – desafiou ele, agarrando os quadris dela para manter seu corpo junto ao de Demi. Havia uma política de não apalpar no baile, mas ele não confiava que os bêbados usando sungas de rede de pesca iriam manter as mãos afastadas do traseiro de Demi. Ele lançou um olhar tipo “fique longe da minha mulher” para um sujeito.
– Luxúria é simples. Todo o restante é menos simples – rebateu Demi. Talvez ela estivesse certa. O sorriso dela, o requebrar maliciosamente sedutor de seus quadris e o jeito como ela acariciava o tecido da camisa dele... eram tudo, menos simples.
As mulheres ao redor, a maioria nua, não causavam nenhuma reação nele, porém o tato de Demi roçando seus mamilos deixava seu membro em alerta total.
Um fato do qual ela estava muito ciente, considerando que ele roçava nela enquanto dançavam. Ela ofereceu um sorriso travesso, os olhos ficando quentes e intensos. Então colocou as mãos no peito dele, passou pelo abdome até chegar ao cinto. Joe prendeu a respiração, esperando para ver até onde ela iria.
Os dedos de Demi deslizaram sob o cós da calça, usando-a como alavanca quando o puxou para mais perto, os saltos deixando-a alta o suficiente para a ereção se encaixar perfeitamente entre a junção das pernas dela.
Colidir, roçar, deslizar. Ela desacelerou o ritmo. As mãos de Joe foram dos quadris à curva do traseiro, almejando controlar os movimentos. Mas Demi não queria nada daquilo. Sendo assim, ela se afastou. Com os braços levantados, começou a dançar encostando nele, indo até o chão. Droga, os músculos das coxas da mulher eram incríveis. Descendo, subindo, voltando a descer. O cérebro de Joe apagou toda a razão, todas as lembranças de por que ele estava furioso se foram quando ele começou a se movimentar. Subindo e descendo, ela dançava. Entrando e saindo, implorava o cérebro dele.
Bem quando ele pensou que iria enlouquecer, Demi passou os braços ao redor do pescoço dele e usou os quadris para manter o ritmo de encontro à ereção de Joe.
– Lembre-se de como foi – disse ela, a voz rouca, as palavras uma carícia úmida nos ouvidos dele. – Lembre-se de como foi quando estávamos juntos. O calor, a umidade, a intensidade selvagem quando você chegou ao clímax dentro de mim?
Joe quase chegou ao clímax outra vez diante das palavras dela. Surpreso por ela ter dito algo tão ousado, ele só conseguiu gemer e agarrar o quadril escorregadio, coberto de seda com uma das mãos enquanto passava a outra pelo decote baixo do corpete de couro.
– Quero explodir dentro de você agora – disse ele a ela. – Quero sentir você em volta de mim, seu calor úmido me tomando.
Ela deu um sorriso lento e malicioso, e olhou ao redor.
– Aqui?
Com medo de ter entendido mal, Joe precisou fechar os olhos antes de sair completamente do controle.
– Você está tentando me enlouquecer? – perguntou ele, desesperadamente temeroso de haver um lampejo de gemido em suas palavras. Ele devia ser a pessoa sob controle ali. Não ela. Aquilo envolvia provar um ponto de vista, e não sucumbir às malditas emoções que ela incitara nele.
– Você me quer? – perguntou ela, a boca dando beijos quentes com lábios entreabertos pelo queixo e pescoço de Joe. – Você me quer do mesmo jeito que eu o quero?
– Como você me quer? – perguntou ele, rouco.
– Quero muito. Quero sentir você dentro de mim. Com força, rápido e intenso. Quero que você me lamba, me prove, me deixe louca. Quero você e só você, Joe.
Ele começou a ofegar, a pulsação acelerando. Joe olhou ao redor, se perguntando para onde poderia levá-la.
– Mas...
O olhar dele retornou para o dela. Os olhos castanhos, repletos de desejo ardente, questionavam.
– Mas o quê?
– Mas você está em um salão cheio de mulheres excitadas e seminuas. Será que nenhuma delas serviria para você do mesmo jeito?
Ele sabia que era uma armadilha. O sorriso dela, divertido e autodepreciativo, dizia a ele que Demi sabia que ele sabia. Joe riu e balançou a cabeça. Não importava o que ela havia feito, por que havia feito, ele não conseguia mentir para ela.
– Eu quero você. Só você – admitiu ele. Para sempre, percebeu. Mesmo enquanto amaldiçoava o próprio coração por ter se apaixonado, ele sabia que era verdade.
– Então venha – disse ela, segurando a mão dele e puxando-o para sair da pista de dança.
Foram necessários dez minutos e uma gorjeta de cem pratas para conseguir um canto privado atrás das cortinas do palco. A busca não abrandou o fervor dele – se muito, o amplificou ainda mais. Protegidos da visão da banda apenas pelo tecido espesso, a música emudeceu, se tornando mais uma sensação do que um som enquanto vibrava pelas paredes.
Sem esperar a opinião de Demi, Joe agarrou as mãos dela e a pressionou contra a parede. Prendendo-a ali com seu corpo, ele sentia as batidas que reverberavam através dela.
A boca de Joe tomou a de Demi com um abandono selvagem. Ela se entregou tanto quanto ele, pressionando por mais, exigindo que ele lhe desse tudo.
O desespero o rasgava por dentro. Joe precisava possuí-la. Agora.
Sem preliminares, ele levantou a saia dela e rasgou a calcinha de renda minúscula. Joe ergueu uma sobrancelha quando Demi arfou, então jogou a peça por sobre o ombro.
– Você não vai precisar dela – falou ele. Joe investiu um dedo dentro dela, gemendo quando a umidade quente o recebeu. Ela estava ofegante agora, as mãos agarrando os ombros dele.
– Diga-me o que você quer – disse ele, com a voz rouca de encontro ao pescoço dela enquanto erguia uma de suas coxas para colocá-la em torno da própria cintura e ter mais acesso ao seu clitóris suculento. – Do que você precisa?
– Você – gemeu ela. – Faça amor comigo agora, Joe. Por favor, agora.
Em um movimento rápido, ele os mudou de posição, de forma que passou a ficar de costas para a parede. Abrindo o zíper da calça, ele mal se lembrou de colocar um preservativo antes de puxar Demi para si.
Ele a ergueu, as mãos no traseiro nu enquanto a posicionava sobre seu membro latejante. Uma investida breve e ela estava cavalgando. As mãos levantadas, os corpos tensos. Rápido, quente, desesperado. Não houve nada de meigo, nada de gentil quando chegaram ao ápice juntos.
Foi violento e rápido. Joe não conseguiu se controlar, mas Demi não pareceu se importar. Com as mãos apoiadas na parede, uma de cada lado da cabeça dele, tomou a boca de Joe com a dela, sinalizando seu orgasmo com pequenos arquejos.
O som dela atingindo o clímax e a sensação de ter seu corpo em espasmos ao redor dele foram o necessário para levar Joe ao limite. Com os dedos cravados no traseiro dela, ele a puxou contra si, e seu corpo ficou rígido diante do poder do orgasmo.
– Demi – berrou ele, a voz um grito gutural de triunfo.
Ela. Só ela importava. Ele nunca sentira algo tão intenso, tão incrível, como o que ela lhe oferecia. Porque não era só alívio físico. Sexo, por si só, não era tão bom assim. Era mais que isso, era o jeito como ela se entregava, a confiança, o poder que ela exigia que ele compartilhasse.
Droga, aquilo era a coisa mais incrível que ele já sentira. E sabia que só iria sentir com ela.
Com um suspiro trêmulo, Demi baixou a perna que estava ao redor de Joe. Ele, mal conseguindo respirar, recostou a cabeça na parede detrás de si.
– Isso – disse Demi, a voz suave e rouca de prazer – foi baseado em intimidade. A luxúria nunca seria tão boa assim.
Aquelas palavras tiraram Joe de sua névoa sexual num estalo. A aposta. Enquanto ele estava sendo todo poético sobre o modo como Demi o fazia se sentir, o foco dela estava voltado para a vitória da aposta. Ele conteve uma risada irônica. Ao passo que ele estava ali, pensando em toda essa baboseira emocional, ela ainda estava concentrada no que poderia conseguir. Aquilo foi a deixa para ele. Joe abriu os olhos e a encarou.
– Intimidade? Para mim pareceu luxúria. Professora.


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Estão gostando? Não queiram me matar porque parei nessa parte hahahaha amanhã tem mais maratona meus amores, segurem os ânimos aí, beijos. 

4 comentários:

  1. Socorro!!!!! Vou infartar aqui....,,, amando essa história...... posta mais....

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  2. Respostas
    1. Hahaha, pois é, muito realmente mesmo aoisjoaisj mata não

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