29.12.14

Capítulo Seis




A viagem de taxi pra casa com Miley e Joe naquela noite foi extremante desconfortável. Zac tinha ficado louco e saiu no carro dele depois de saber que Joe era meu meio-irmão.
A causa do que aconteceu naquela lanchonete continuou um mistério pra mim. No caminho todo de volta Joe não disse nada pra nenhuma de nós. Ele sentou na frente enquanto nós sentamos atrás.
Quando chegamos em casa ele subiu direto para o quarto dele, e bateu a porta tão forte que me fez pular. Eu pensei em ir falar com ele, mas meus instintos disseram pra simplesmente deixá-lo sozinho.
Quando eu acordei no sábado de manhã, Joe já tinha saído pra trabalhar na oficina o dia todo.
Minha mãe sentou no banco ao meu lado no balcão de granito em nossa cozinha.
— Você quer me contar o que aconteceu na noite passada? Eddie recebeu uma ligação de um amigo policial dele dizendo que Joe estava numa briga em uma lanchonete e que você estava com ele?
Eu deixei meu café e esfreguei minhas têmporas.
— Nós estávamos jantando... Joe, Miley eu e esse cara, Zac, da escola. Joe e ele brigaram. Nós não sabemos o porquê, pois começou quando eu e Miley estávamos no banheiro. Então eu realmente não sei muito mais que você.
— Bom, seu padrasto está furioso e eu não sei o que fazer sobre isso.
— Ele precisa simplesmente deixar isso pra lá. Rapazes são assim às vezes e pode ser que não tenha sido culpa do Joe. Você precisa explicar isso pra ele.
— Não tem conversa com Eddie quando se trata de Joe. Eu não entendo isso.
— Nem eu.
Eu decidi que iria falar com Joe naquela noite e tinha esperado por ele vir pra casa o dia todo. A oficina fechava às seis, então eu esperei que ele estivesse de volta às sete, mas ele não veio pra casa.
Incapaz de dormir, um sentimento de naufrágio veio sobre mim.
Por volta da meia-noite finalmente eu ouvi passos e a maçaneta do quarto de Joe lentamente se movimentar.
Pelo menos ele estava em casa.
Um minuto depois, veio o som da sua porta sendo aberta bruscamente.
— Que porra Joe? Você está fedendo a álcool, — eu ouvi Eddie gritar.
Eu pulei pra grudar meu ouvido na parede.
— Hey, Pa-pa, — Joe parecia arrastar suas palavras.
— Garoto, você só continua a me deixar orgulhoso. Primeiro você começa uma briga e me humilha na frente da comunidade inteira, e agora você tem a audácia de por os pés na minha casa, a essa hora da noite, bêbado? Bom, você vai desejar nunca ter vindo pra casa.
— Sério? O que você vai fazer? Me bater? Essa é a única coisa que você não fez. Eu estou pronto pra isso.
— Você iria amar isso, não iria? Não. Eu não vou te bater.
— Certo... Você não vai me bater. Você vai simplesmente me odiar... Como você sempre fez. Às vezes eu gostaria que você simplesmente me batesse e me deixasse em paz de uma vez por todas.
— Você é um perdedor, Joe.
— Diga algo que você não tenha dito antes.
— Ok, então eu tenho novidades pra você. Eu não vou ajudar você a pagar pela faculdade depois de tudo. Você está por sua conta. Eu decidi isso essa noite. Eu vou pegar o dinheiro que eu iria dar pra você e dá-lo todo para Demi.
O quê? Não!
Eddie continua,
— Eu não vou desperdiçar meu dinheiro suado com um fodido que quer ser um escritor afeminado. Se você decidir que quer ter uma carreira de verdade algum dia, venha falar comigo. Até lá, eu não gasto um centavo com você.
— Você nunca planejou pagar pela minha faculdade e você sabe disso.
— Por que eu iria querer... Por alguém que não fez nada além de me desapontar desde o dia em que nasceu?
— Isso foi o começo, não foi... O dia em que eu nasci? Eu nunca tive a mínima chance, tive? Porque Mami não me abortou como você pediu pra ela.
— Isso é uma mentira do caralho. Ela disse isso pra você?
— Mesmo que ela não tivesse me dito, eu teria deduzido. Essa é a razão pela qual você lentamente vem me matando com suas palavras minha vida inteira, pra compensar isso?
Meu coração estava quebrando.
— Eu tenho feito isso? Então por que você ainda não está morto, Joe?
Eu engasguei horrorizada. Eu não podia mais ficar parada escutando isso. Eu corri para o quarto ao lado e fiquei ainda mais horrorizada por encontrar Joe sentado na beira da cama com sua cabeça nas mãos. O cheiro de álcool era pungente nele. Suas costas estavam subindo e descendo com os pesados suspiros que escapavam dele.
— Eddie... Pare! Pare, por favor! — Meu padrasto estava parado ali com seus braços cruzados me olhando com a expressão em branco.
Naquele momento o homem em pé na minha frente poderia muito bem ser um total estranho. — Ele é seu filho. Seu filho! Eu não me importo com o que você acha que ele fez para merecer isso, não há nada que jamais poderia justificar falar com seu filho dessa forma.
— Demi, você não entende nossa história... — Eddie diz.
— Eu não preciso saber qualquer coisa pra entender que as palavras que saíram da sua boca essa noite machucam mais do que qualquer arma poderia. E eu não vou ficar parada e deixar você abusar dele desse jeito.
Nenhum deles disse qualquer coisa. O quarto estava silencioso. A respiração de Joe pareceu se acalmar, assim como a minha.
Eu virei pra Eddie. — Você precisa sair.
— Demi...
— Saia! — Eu gritei com toda força.
Eddie sacudiu a cabeça e caminhou pra fora do quarto, me deixando sozinha com Joe, que estava ainda na mesma posição.
Eu corri até meu quarto e voltei com uma garrafa d’água, coloquei na boca dele.
— Bebe isso.
Ele engoliu tudo de uma vez então amassou a garrafa plástica e jogou fora. Eu me ajoelhei e tirei os sapatos dele.
Ele estava arrastando as palavras e murmurando algo que eu não conseguia entender.
Eu fiquei de pé e puxei os cobertores.
— Deite-se.
Ele tirou a jaqueta, jogou de qualquer jeito no chão e engatinhou para seu travesseiro. Ele deitou de bruços e fechou os olhos.
Eu sentei ao lado da cama e ainda estava tremendo por tudo que testemunhei. Eu me senti tão mal por Joe e estava tão envergonhada por Eddie. Eu sabia que tinha que conversar com minha mãe na manhã seguinte. Como ela poderia não ter escutado e interferido essa noite?
A respiração de Joe tinha relaxado. Ele tinha dormido. Eu corri minha mão uma vez pelo seu sedoso cabelo preto, apreciando a oportunidade de poder tocá-lo livremente sem que ele soubesse. Meu indicador acariciou levemente o corte em seus lábios que ele obteve da briga com Zac. Ficava bem em volta do seu piercing e eu estremeci quando deduzi que seu lábio provavelmente deve ter rasgado.
A razão pela constante raiva que ele exibe estava agora mais clara que nunca, e ainda assim eu sentia como se não soubesse nada sobre a vida de Joe.
Ele parecia tão inocente em seu sono. Sem o sorrisinho ou o brilho de raiva em seus olhos, era mais fácil ver através do seu áspero exterior a fim de pegar um vislumbre do garoto escondido debaixo – o mesmo garoto que agora eu percebo que foi danificado pelo homem que casou com a minha mãe.
Uma lágrima caiu pela minha bochecha enquanto eu ajustava seus cobertores antes de sair do seu quarto.
De volta a minha própria cama, eu pensei em como é irônico que esse cara que não fez nada além de tentar me afastar e intimidar era a única pessoa no mundo que eu senti que quis proteger.
Quando eu acordei na manha seguinte, minha mãe e Eddie já haviam saído para uma viagem de uma noite a oeste do Estado.
Minha mãe tinha deixado uma nota no balcão da cozinha.
Eddie me surpreendeu nas primeiras horas da manhã com uma viagem antecipada de aniversário à Berkshire. Ele já havia carregado o carro quando eu acordei! Eu não queria acordar você. Será apenas uma noite. Nós estaremos de volta segunda à noite. Tem sobras pra você e Joe na geladeira. Ligue para meu celular se precisar de qualquer coisa. Amo você.
Que conveniente. Eu tinha certeza que meu padrasto arranjou isso para não ter que lidar com o que aconteceu noite passada.
Imediatamente eu peguei meu telefone e mandei uma mensagem pra ela.

Demi: Aproveite sua viagem, quando você chegar nós precisamos conversar seriamente sobre o que está acontecendo entre Eddie e Joe.

Joe não desceu até as duas da tarde. Ele parecia como a morte enquanto arrastava os pés até a cafeteira, seu cabelo desgrenhado e seus olhos injetados.
— Bom dia, luz do sol, — eu disse.
Sua voz estava vacilante quando ele sussurrou — Ei. — Ele despejou café em uma caneca e tomou.
— Então, aparentemente, nossos pais saíram em uma viagem de uma noite. Eles estarão de volta segunda à noite.
— Isso é uma pena, — ele disse.
— Que eles saíram?
Ele tomou um gole de café e disse:
— Não, que eles vão voltar.
— Eu sinto muito sob...
— Eu não posso fazer isso. — Ele fechou os olhos e levantou a palma da mão. — Eu não posso conversar com você. Toda vez que você fala soa como uma serra elétrica.
— Desculpe. Eu entendo que você está de ressaca.
— Bom, tem isso também.
Eu rolo meus olhos, e ele dá uma piscada fazendo meu coração vibrar.
Eu sento de pernas cruzadas no sofá adjacente à cozinha.
— Quais seus planos para hoje?
— Bom, primeiro eu tenho que achar a porra da minha cabeça.
Eu ri — E depois?
— Sei lá, — ele disse dando de ombros.
— Você gostaria de pedir algo pra comer mais tarde? — Eu perguntei tentando parecer casual.
Ele parece apreensivo e esfrega a barba no queixo.
— Hum...
— O quê?
Ele verifica seu telefone.
— Não, na verdade, ugh... Eu tenho um encontro.
— Com quem?
— Com, hum...
— Você não sabe? — eu ri.
Ele coça a testa. — Me dá um minuto...
Eu sacudo minha cabeça. — Isso é triste.
— Oh! Com Kylie... É… Kylie.
Se pelo menos Kylie soubesse como ela é substituível. Eu só estava secretamente aliviada que ele não disse Miley, porque eu sei que ela ainda tem em mente contatar ele apesar da cena que ele causou no nosso “encontro duplo”. Ela mandou pelo menos uma mensagem pra ele ontem, e o desespero dela me irrita.
No início daquela noite, eu estava encolhida no sofá com meu livro quando Joe desceu as escadas. Instintivamente eu sentei ajustando minhas roupas. Sua colônia se espalhando pela sala era afrodisíaco suficiente antes mesmo que eu virasse para olhar pra ele.
Ele estava vestido com calças pretas e camisa marrom justa com as mangas dobradas. Seu cabelo estava arrumado em uma bagunça controlada, e tirando o corte que permanecia no seu lábio inferior, ele estava mais bonito do que eu já tinha visto. Na verdade até o maldito corte era sexy. A energia do ambiente parecia mudar toda vez que ele entrava. Todos os meus sentidos estavam hiperconscientes dele.
Eu me lembrei da mensagem dele na outra noite – tenha algum respeito próprio. Ugh. Eu me forcei a voltar para o livro desde que aparentemente eu parecia não poder esconder minha atração sempre que olhava pra ele. Só de pensar naquela mensagem de novo tinha me deixado de mal humor. Eu meio que tinha esquecido meu voto de nunca olhar pra ele de novo depois do que aconteceu com Zac e Eddie.
Ele pegou as suas chaves.
— Estou saindo.
— Ok, — eu disse tendo certeza de manter meus olhos no livro.
A porta bateu fechada, e eu respirei aliviada. Já tinha um bom tempo que eu não tinha a casa só pra mim, e embora um lado patético meu desejasse que Joe tivesse ficado, existe algo a ser considerado quando se trata de privacidade.
Eu acabei pedindo comida chinesa. Logo depois que eu abri a caixa de camarão frito, o alerta de mensagem do meu telefone soou.

Joe: Eu tive um flashback da noite passada.
Demi: Oh?
Joe: Você estava ajoelhada no pé da minha cama. Você se aproveitou de mim?
Demi: É melhor você estar de brincadeira. Não! Eu estava tirando seus sapatos, seu bebum.
Joe: Safada. Fetiche por pés?
Demi: Você não está falando sério...
Joe:
Demi: Você supostamente não está em um encontro?
Joe: Eu estou.
Demi: Então por que você não presta atenção nela?
Joe: Porque eu prefiro incomodar você.

Uma ligação interrompeu meus pensamentos antes que eu pudesse responder a ele. Era Zac. Droga. Eu não tinha certeza se eu deveria atender.
— Alô?
— Hey, Demi.
— Oi, e aí?
— Joe não está ai, está?
— Não. Por quê?
— Você deixou sua jaqueta no meu carro na outra noite. Posso ir até ai e deixar com você?
— Um... Claro. Acho que não tem problema.
— Ótimo. Eu devo estar aí em uns vinte minutos.
Eu desliguei e notei que Joe mandou várias mensagens enquanto eu estava falando com Zac.

Joe: Na verdade meu encontro é com um cara.
Joe: Um cara! Quero dizer, não foi tipo, pensei que era uma garota e depois vi que era um cara.
Joe: Kkkkkk…
Joe: #NaoCaras #ElecAmaBucetas
Joe: Onde você está porra?

Rindo histericamente eu digito.

Demi: Desculpe, era o Zac. Ele ligou. Eu deixei minha jaqueta no carro dele na outra noite e ele vem deixar aqui.

Alguns segundos depois meu telefone toca.
— O caralho que ele vai! Você não vai deixar aquele cara entrar em casa.
— Ele só vai deixar a jaqueta.
— Liga pra ele e fala que ele pode deixar na entrada.
— Eu não vou fazer isso. Não tem motivo. O que quer que tenha acontecido é entre vocês dois.
A ligação caiu. Não, ele desligou!
Ele tem muita coragem pra tentar me dizer o que fazer sem nenhuma explicação.
Dez minutos depois meus pés voam do sofá quando a porta da frente se abre.
Joe estava sem fôlego.
— Ele apareceu?
Que porra?
— Ainda não. Por que você está aqui?
— Não parecia que você estava prestando atenção em mim. Então eu não tive escolha a não ser vir pra casa.
— Se você não me explicar por que você quer que eu fique longe do Zac, como você espera que eu escute você?
Ele corre a mão pelos cabelos em frustração.
A campainha soa, e Joe corre primeiro até a porta e abre.
O rosto de Zac fica branco.
— O que você está fazendo em casa? Ela disse que você não estava aqui.
Joe arranca minha jaqueta das mãos de Zac e bate a porta na cara dele. Então ele a tranca.
— Eu vou atrás dele, sai da minha frente, — eu digo.
Ele cruza os braços em frente à porta.
— Você vai ter que passar por mim. E você não está escutando o carro dele indo embora agora mesmo? Ele é uma frutinha do caralho.
Eu exalo uma respiração e desisto, decidindo deixar passar. Eu não queria realmente ver Zac, mas permaneci irritada pelo comportamento controlador de Joe. Ele não tem direito de interferir na minha vida quando ele só se fecha pra mim em troca.
O ar estava grosso com a tensão enquanto eu voltava para o meu prato de comida no balcão central. Nós não falamos nada por vários minutos antes de eu quebrar o gelo.
— Tem comida chinesa no balcão se você quiser um pouco.
Joe ainda parecia furioso e não respondeu. Ele foi até o balcão, pegou o recipiente de macarrão frito e começou a devorar.
— Com fome? Você não comeu no seu encontro?
Ele sugou um macarrão.
— Não.
— Ela ficou chateada que você praticamente a abandonou?
— Não, — ele diz de boca cheia.
Inclinando meu cotovelo contra o balcão, eu perguntei:
— Se você não comeu, o que você fez? Ou eu realmente não quero saber?
— Hmm... Riley queria jogar boliche.
— Eu pensei que você tinha dito que o nome dela era Kylie.
Ele sorri culpadamente enquanto morde um rolinho primavera.
— Ooops.
Incerta do que fazer com isso, eu rolo meus olhos pra ele e alcanço o ultimo rolinho primavera antes que ele o devore também. Eu dou uma mordida.
— Eu vou ver um filme no Netflix, se você quiser ver também.
Ele para de comer por um momento e simplesmente me fulmina com o olhar. — Qual é o seu problema porra?
— Desculpe?
— Não importa o quão mal eu te trate... Você continua tentando ficar perto de mim.
Eu senti como se vapor fosse explodir dos meus ouvidos.
— Ninguém pediu pra você vir pra casa essa noite! Na verdade eu estava aproveitando que eu tinha a casa só pra mim.
— Sério? Você ia deitar no sofá com o seu vibrador ou algo parecido?
Meu coração cai. Meu vibrador.
Merda!
Estava na minha gaveta de roupa íntima. Eu tinha esquecido que tinha colocado lá depois que eu limpei minha mesinha de cabeceira. Já tinha um tempo que eu não usava e tinha esquecido ele.
Ele pegou isso também!
Ele continuou.
— Olha pra sua cara. Você acabou de lembrar que ele tinha sumido? Como é que você tem se aliviado? Ou os seus dedos estão doloridos ou você seriamente está precisando aliviar a tensão.
Meu rosto deve ter adquirido centenas de tons de vermelho.
— Imbecil.
Meu olho contraiu.
— Você está piscando pra mim de novo. Desculpe, eu não posso ajudar você. Talvez você deva assistir... Um tipo diferente de filme essa noite? Talvez isso te alivie. Eu tenho alguns se você quiser um emprestado para – você sabe – entrar no clima.
Suas palavras da outra noite de novo passaram pela minha cabeça. “Tenha algum respeito próprio.”
Eu decidi que chega dele por essa noite. Resolvi ser superior e fui para o meu quarto sem dizer nem mais uma palavra, mas não antes que eu pegasse o recipiente de macarrão e despejasse no colo dele.
— Entra no clima, babaca.
Enquanto eu segui meu caminho escada acima para o meu quarto, sua risada rouca cortou por mim.
Naquela noite eu ainda estava furiosa enquanto eu me remexia nos lençóis. Quem ele pensa que é com esse comportamento passivo agressivo? Ele tentou virar o jogo, como se fosse eu quem estivesse procurando a atenção dele, quando tinha sido ele mandando mensagens pra mim durante o seu encontro antes de vir pra casa mais cedo para interromper o meu encontro com Zac.
Meus pensamentos obsessivos continuaram até as duas horas da manhã, quando eu fui interrompida pelo que pareciam gritos vindos do quarto de Joe.

*****

O clima tá cada vez mais pesado entre o Joe e o Eddie, não? O que vocês acham?..
Sobre o Joe ter pego o vibrador da Demi como parte da vingança pelos cigarros, morri nasbsanbzsn
Ele literalmente não presta..
Comentem e eu posto mais, amores!
Respostas aqui.
Se cuidem, amo vocês
Beijos

27.12.14

Capítulo Cinco




Joe deveria nos encontrar no cinema. Ele tinha arrumado um emprego de meio período em uma oficina mecânica e iria pra casa primeiro, tomar banho.
Miley, Zac e eu compramos o ingresso dele antes que acabassem todos.
— Miley, você tem certeza que seu encontro vai aparecer? — Zac ri.
— Ele vai estar aqui. — Ela me olha incerta. Na verdade eu não tenho nenhuma pista se ele está planejando aparecer e rezei para que ele não viesse. Quando Miley mandou uma mensagem pra ele dizendo que nós iríamos entrar na sala para guardar os lugares, ele não respondeu.
Enquanto esperávamos na fila de entrada, Zac colocou o braço sobre os meus ombros, me fazendo endurecer. Isso foi um pouco avançado demais desde que nós estamos apenas nos conhecendo. Ele cheirava bem e estava muito bonito em jeans e camisa de botão preta.
Seu curto cabelo castanho claro estava espetado com gel. Eu me lembro que costumava achar Zac uma graça. Hoje em dia, todo cara parece sem graça se comparado a Joe, em se tratando do quesito atração. Eu queria esmagar esse quesito com uma marreta.
Miley estava sob estritas instruções de não dizer a Zac que Joe era meu meio-irmão. Como Joe nunca falava comigo na escola, a maioria das pessoas não tinha ideia que nós vivíamos na mesma casa.
Eu preferia desse jeito.
Alívio me tomou quando a sala escureceu e os trailers começaram a passar. Eu coloquei meu telefone pra vibrar. Talvez ele não apareça no fim das contas. Meu corpo começou a relaxar enquanto Miley verificava seu telefone a cada dois segundos e procurava em volta por ele.
Os créditos de abertura começaram. Eu me afundei na minha cadeira e coloquei meus pés pra cima no assento vazio à minha frente.
Zac me ofereceu um pouco da sua pipoca. Eu estava mastigando a pipoca por um tempo e na verdade estava gostando do filme até que quase engasguei com uma lufada de cigarro de cravo misturada com colônia.
Então lá estava ele.
Meus joelhos tremeram quando ele passou por mim na escuridão para o assento vago do outro lado de Miley.
Eu queria estapear a cara de satisfação dela. Quando Joe se inclinou e beijou a bochecha dela, meu apetite pela pipoca se transformou em náusea. Eu entreguei o saco para Zac e fingi estar interessada no filme. Honestamente eu estava encarando a tela, mas era como se Drew Barrymore estivesse falando mandarim.
Tudo que eu estava realmente fazendo era ruminar e respirar o cheiro de Joe. A presença dele tinha me deixado mais irritada do que eu achei que ficaria.
Em certo ponto Zac pegou minha mão e eu congelei.
Miley tinha tomado uma Coca Diet gigante antes da chegada de Joe e cochichou no meu ouvido que iria ao banheiro.
Meu coração começou a bater depressa assim que ela saiu por que não tinha mais nada bloqueando minha visão dele, eu podia ver pelo canto do olho que ele estava olhando pra mim. Apesar dos risos das pessoas a minha volta, o peso do olhar dele parecia afogar tudo isso. Eu não olharia pra ele nem me mexeria.
Apenas continue a olhar pra tela, Demi.
Meu telefone vibrou na minha perna.

Joe: Você está praticando pra ser um manequim de loja?

Eu não podia responder o texto porque Zac iria ver.
Entretanto eu olhei pra ele e me arrependi. Seu cabelo normalmente rebelde estava estilizado com gel, ele estava mais bem arrumado do que o normal também, com jeans escuros e jaqueta de couro.
Sua boca estava espalhada em um raro e genuíno sorriso que me fez sentir um aperto no coração. Então ele dá uma risadinha, me fazendo rir de mim mesmo também. Ele estava certo. Eu tinha estado sentando lá dura como uma tábua. Eu estava sendo ridícula.
Miley interrompeu meu momento com Joe quando ela passou por mim para se sentar, outra vez obstruindo minha visão. Ela encostou-se a ele e essa foi minha deixa para voltar a olhar para a tela.
Eu queria ser quem está com ele.
Isso não fazia sentido, mas eu era a prova de que desejo e lógica eram duas coisas separadas.
E se Miley tentar beijar ele essa noite? E se ele responder? Eu já não podia lidar com o ciúme e nada tinha acontecido ainda. As garotas que ele ficava da escola tinham se tornado algo que eu me forcei a aceitar. Quer dizer, ele é meu meio-irmão, supostamente não gosta de mim e voltaria para a Califórnia depois da formatura. A realidade era que nada nunca poderia acontecer entre nós. Apesar disso, ele ficar com minha melhor amiga não estava ok pra mim. Ela vai me contar todos os detalhes e eu não vou me segurar.
Em algum momento no meio dos meus pensamentos o filme acabou. Drew Barrymore estava sorrindo, então eu acho que teve um final feliz.
A mão de Zac descansava na parte baixa das minhas costas enquanto nós saíamos da sala de cinema. Na brilhante luz florescente do abarrotado saguão, Joe parecia anda mais deslumbrante. Miley agarrou o braço dele possessivamente. Eu queria odiá-la por isso, mas ela não tinha idéia dos meus sentimentos por ele.
A situação estava me sobrecarregando, eu precisava ficar sozinha por alguns minutos.
— Pessoal, eu só vou me refrescar. Vocês deveriam decidir onde nós vamos comer. — Entrando na segurança do banheiro, eu exalo um profundo suspiro. Depois de fazer xixi e lavar as mãos, eu estava relutante em voltar para fora, então eu fiquei e encarei meu reflexo no espelho.
Quanto mais eu pensava nesse encontro furado mais a raiva e a frustração me enchiam. Eu peguei meu telefone e mandei uma mensagem para Joe.

Demi: Por que você está aqui na realidade? Você pelo menos gosta da Miley?

Imediatamente me arrependo dessa ação impulsiva. Meu telefone vibra.

Joe: E se eu gostar?

Eu gostaria de nunca ter dito nada, eu não tinha resposta e só continuei olhando para o telefone. Ele mandou outra mensagem.

Joe: Eu não gosto.

Eu não tinha percebido que estava segurando a respiração até que um grande suspiro de alívio escapou de mim.

Demi: Então por que você está aqui?
Joe: Pra te provocar.
Demi: Por quê?
Joe: Por que eu tenho prazer nisso.
Demi: Por quê?
Joe: Eu não posso responder a essa pergunta assim como você também não pode me dizer por que você me olha do jeito que olha mesmo quando eu te trato como merda.

Oh. Deus. Até agora eu não tinha percebido como meus sentimentos eram óbvios, como eu devo ter parecido estúpida e desesperada por ele todo esse tempo.

Joe: Tenha algum respeito próprio.

Que. Porra. É. Essa. Agora ele me irritou seriamente. Nossa.

Demi: Não se preocupe. Eu não vou mais olhar pra você.

Eu simplesmente não podia acreditar que ele disse isso pra mim.
Meus olhos começaram a marejar, mas eu estava determinada a não deixar que ele me visse chateada. Levou alguns minutos pra me recompor antes de voltar para o saguão. Tão difícil como era, eu me recusei a olhar pra ele.
— Por que você demorou tanto? — Zac perguntou.
— Eu tive um pequeno contratempo. Mas agora já passou.
Miley colocou a mão no meu ombro.
— Está tudo bem?
— Está. Vamos lá.
Miley e Joe andaram a nossa frente. Ela ainda estava pendurada no braço dele enquanto suas duas mãos estavam nos bolsos.
Nós quatro nos esprememos no Prius de Zac e fomos para uma lanchonete 24 horas. Evitar meu irmão de criação se tornou um grande desafio no pequeno espaço da cabine onde ele estava sentado bem na minha frente. Ainda assim eu mantive minha palavra. Eu me foquei nas tatuagens do seu braço ou no saleiro, mas nunca olhei pra cima. Eu fingi aproveitar e estar imersa na conversa com Zac, que estava sentado à minha esquerda.
Nós pedimos nossa comida e até então eu fui bem sucedida em não olhar para Joe.
— Então Demi, vai ter uma festa na próxima sexta na casa de Alex Franco. Eu quero que você vá comigo, — Zac disse.
— Claro. Parece divertido.
— Bom. — Ele se inclinou e beijou de leve meu rosto.
Joe estava brincando distraidamente com alguns pacotes de açúcar. Se eu fosse Miley, eu acharia peculiar que meu “par” não estivesse nem falando comigo. Mas o que eu sei?
Ela tentou puxar papo.
— Joe, quais são seus planos pra depois da formatura?
— Me mandar de Boston.
E isso foi tudo que ela conseguiu.
Alguns minutos depois ele parecia estar mandando mensagens por debaixo da mesa.
Então meu telefone vibrou.

Joe: Aposto que faço você olhar pra mim.

Eu ignorei e não respondi.
Alguns segundos depois nossa comida chegou e todos nos ocupamos. Eu estava bem feliz com minhas panquecas quando ouvi Joe dizer pra Miley, — Você tem um pouco de milk-shake bem ali.
— Onde?
— Aqui. — Ele disse antes de puxá-la pra ele e dar um beijo de língua nela bem na minha frente. Eu observei horrorizada enquanto ele fazia com a boca dela a mesma coisa que ele fez com a minha, no café.
Meu rosto queimava de raiva enquanto ele lenta e sensualmente movia sua boca sobre a dela.
— Droga, vocês dois arrumem um quarto, — Zac disse.
Quando Joe finalmente se afastou, Miley cobriu a boca e disse,
— Nossa... E eu aqui pensando que você não estava interessado. — Ela riu.
Meu olhar queimava no de Joe e ele disse em silencio, — Eu disse.
— Com licença, — eu disse pra Zac enquanto eu saía da cabine e prontamente perguntei pra garçonete onde poderia encontrar o banheiro. Antes que eu pudesse entrar, Miley veio atrás de mim.
— O que foi aquilo? — ela perguntou.
Eu me inclinei contra a pia.
— Aquilo o quê?
— Aquela coisa toda... Joe me beija daquele jeito, então você sai correndo. Chateou você que ele me beijou?
Eu desviei a questão.
— Ele pode fazer o que ele quiser. É só que ele me enche.
— Você não respondeu minha pergunta.
Claro, porque eu simplesmente não admito que eu seja obcecada pelo meu meio-irmão, tanto que me excitou um pouco olhar ele beijar você, porque tudo o que ele faz parece fazer meu corpo reagir.
— Você sabe que as coisas entre nós dois são meio turbulentas,
Miley. Eu também não quero ver você se machucar.
— Não se preocupe. Eu sou crescidinha. Eu só estou me divertindo um pouco. Eu sei que ele está indo embora.
Isso é exatamente o que eu temia.
— Não se importe comigo, ok? Joe me dá nos nervos. Não é grande coisa. Eu só preciso de uma folga.
— Ok, se você está dizendo. — Ela cruzou os braços. — Você está se sentindo bem com relação à Zac apesar disso?
— Vamos ver. Ele é… Legal. Eu acho que vou dar uma chance pra ele.
— Bom.
Quando Miley me abraçou eu pude sentir o cheiro de Joe nela, isso me deixou louca. Foi a minha reação àquela lufada de almíscar de fumaça que me lembrou de que ele estava me levando à insanidade e isso precisava terminar. Eu jurei naquele momento fazer o que quer que fosse pra me livrar dessa coisa que eu tinha por ele.
— Você está pronta pra voltar lá pra fora? — ela pergunta.
— Estou. — Eu assenti e tomei um fôlego. — É, eu estou pronta.
Os eventos que ocorreram depois parecem ter passado em rápida sucessão. Enquanto nós caminhávamos de volta pra cabine, eu escutei talheres voando e depois um alto som de impacto. Um amontoado de pessoas se assustou antes que eu visse Zac no chão e Joe chutando ele sem parar. O rosto de Zac estava todo ensangüentado e a boca de Joe também estava sangrando.
— Joe, o que você está fazendo?! — eu gritei.
Ele continuou chutando Zac com toda sua vontade.
O gerente do restaurante correu até nós junto com um garçom que o ajudou a puxar Joe de Zac, que estava tombado no chão pela dor.
Eu me abaixei.
— Zac, o que aconteceu?
— Aquele lunático me bateu sem razão nenhuma, então eu bati de volta. Daí ele simplesmente começou a me dar uma surra. Eu tropecei e ele começou a me chutar enquanto eu estava caído.
— Você está bem?
— Eu vou ficar ótimo.
— Você não parece ótimo.
Eu o ajudei a se levantar, e ele se apoiou em mim. Os dois homens ainda estavam segurando Joe no chão enquanto a sirene da polícia se ouvia à distância.
O que estava acontecendo?
Miley foi até Joe.
— O que diabos está acontecendo?
Ele cuspiu sangue no chão.
— Não a deixe sair com ele.
Eu olhei pra Zac.
— O que começou isso? Eu não entendo.
— Nada. Aquele doido simplesmente me atacou.
— Mentiroso do caralho, — Joe cuspiu se atirando pra frente pra chegar a Zac de novo, mas os homens o seguraram.
Dois policiais entraram e começaram a questionar cada um dos rapazes em cantos diferentes. Miley e eu apenas ficamos de lado, atordoadas e confusas com relação ao que poderia ter acontecido no pequeno período em que estávamos no banheiro pra causar isso. Eu queria ter podido escutar o que eles estavam dizendo para os policiais, mas eles estavam muito distantes.
Depois que eles foram liberados, Joe passou direto por Miley e veio até a mim.
— Vamos. Você não vai entrar no carro dele.
— Quem você pensa que é tentando levar meu encontro pra casa? — Zac atirou.
— Eu estou na casa dela, idiota.

*****

GENTE, QUE CAPÍTULO FOI ESSE?
Morta estou \O/
O que acharam? Desculpa pela demora, tava bem corrido essa semana..
E Feliz Natal atrasado, meus anjos, tudo de bom! 
Amo todas vocês 
Não tenho como fazer maratona agora, porque vou viajar, mas assim que puder, eu faço.
Se cuidem, beijos.

23.12.14

Capítulo Quatro




Joe e eu nunca falamos sobre o beijo, mesmo que isso tenha passado pela minha cabeça constantemente. Eu tinha plena certeza de que não significou nada para ele, que ele estava apenas provando um ponto. Mesmo assim, as sensações que eu experimentei eram as mesmas de um beijo com real paixão. A sensação dos seus lábios nos meus e o gosto dele não era uma memória que poderia ser apagada facilmente. Eu ansiava pela sensação novamente. Isso fez a batalha entre meu corpo e minha mente muito mais difícil que antes.
Era uma maldição sentir atração por alguém com quem você tem que viver junto, particularmente quando ele traz as garotas da escola pra casa.
Uma tarde, enquanto nossos pais não estavam em casa, ele trouxe Leila, e eles estavam no quarto dele se pegando. Outra tarde foi Amy. Então na outra semana foi outra Amy.
Eu fiquei no meu quarto tapando os ouvidos para não ter que escutar o som da sua cama rangendo ou os risinhos de garota estúpidos. No dia em que a Amy número dois saiu do quarto dele pra ir pra casa, eu mandei uma mensagem pra ele logo em seguida.

Demi: Sério? Duas Amys? A Amy #3 vai vir amanha? O que você está pensando?!
Joe: Eu estou pensando que você gostaria que seu nome fosse
Amy... ‘irmã’.
Demi: Meia! Meia-irmã!
Joe: Misture as letras da palavra meia, e você tem peste. Meia =
peste14.
Demi: Você é um idiota.
Joe: Você é uma peste.

Eu me levanto da minha cama bufando e vou direto ao quarto dele sem bater. Ele está jogando videogame e nem olha pra mim.
— Eu realmente preciso colocar uma fechadura nessa coisa.
Meu coração está disparado.
— Por que você é tão fodidamente babaca?
— Legal te ver também, mana. — Ele bate na cama ao lado de onde ele está sentado na beirada, com os olhos presos ao jogo. — Se você não vai sair de qualquer maneira, então se sente.
— Eu não tenho nenhuma vontade de me sentar na sua cama suja.
— Isso é porque você preferiria sentar na minha cara suja?
Meu coração quase para.
Sua boca se espalha em um sorriso perverso enquanto ele continua a jogar. Ele tinha me deixado sem palavras. O fato é que eu tinha me deixado sem palavras, porque logo que as palavras “sentar na minha cara suja” saíram da sua boca, eu tive a necessidade de cruzar minhas pernas para conter minha excitação. Minha vagina era uma tola sem esperança. Quanto mais cru ele era, mais forte era a atração por ele.
Ao invés de reconhecer a pergunta dele com uma resposta, eu olhei ao redor do quarto, fui direto até suas gavetas e comecei a remexer nas coisas dele.
— Onde estão minhas roupas íntimas?
— Eu te disse, não estão aqui.
— Eu não acredito em você.
Eu continuei procurando em volta até que eu esbarrei em algo que chamou minha atenção. Era uma pasta com uma grande pilha de papel dentro. Impressas na frente estavam as palavras Lucky and the Lad, por Joseph Jonas.
— O que é isso?
Pela primeira vez ele parou o seu vídeo game e praticamente voou da cama. — Não toque nisso.
Eu folheei as paginas o mais rápido possível antes dele arrancar das minhas mãos. Havia diálogos e algumas linhas foram riscadas e corrigidas com caneta vermelha. Eu arregalei os olhos.
— Você escreveu um livro?
Ele engoliu em seco e, pela primeira vez desde que eu o conheci, Joe parecia realmente desconfortável.
— Não é da sua conta.
— Talvez você seja mais do que mais um rostinho bonito, — eu brinquei.
Meus olhos navegaram até a tatuagem da palavra “Lucky” no seu bíceps direito e as engrenagens começam a girar na minha cabeça. A tatuagem estava conectada com a história que ele aparentemente escreveu.
Joe me deu um último olhar mortal antes de ir até seu armário e colocar a pasta na prateleira do topo. Ele sentou de volta na cama e continuou a jogar.
Desesperada para me conectar com ele de alguma forma, eu me sentei ao seu lado e observei enquanto ele destruía seus inimigos virtuais em combate.
— Dois podem jogar?
Ele parou por um segundo congelado, então suspirou exasperado antes de me entregar um dos controles. Ele mudou as configurações para dois jogadores e nós começamos a batalha.
Levou algum tempo para entender como jogar. Depois de múltiplas vitórias dele, meu personagem finalmente matou o dele, e ele se virou pra mim com um olhar divertido e, me atrevo a dizer... Admirado. Ele quebrou em um relutante, mas genuíno sorriso, e eu senti como se meu coração fosse se desintegrar. Um único pequeno gesto. E eu era um causa perdida. O que eu teria feito se ele fosse realmente legal comigo: perder a minha cabeça completamente e começar a me esfregar na perna dele? Com esse pensamento, eu decidi que estava na hora de voltar para o meu quarto.
Eu passei o resto da noite tentando entendê-lo e conclui que definitivamente havia mais do meio-irmão mais querido do que os olhos podiam ver.
Algumas semanas se passaram antes que eu aceitasse o convite de Zac para um encontro. Eu finalmente admiti que a. Não existe uma opção melhor no momento e b. Uma distração da minha insalubre obsessão pelo meu meio-irmão seria de grande ajuda.
Minha atração por Joe estava em alta o tempo todo. Quase toda noite após o jantar eu ia ao seu quarto para jogar videogame com ele.
Era uma maneira inofensiva de descarregar nossas frustrações um no outro sem que ninguém realmente se machucasse. A coisa surpreendente foi que ele passou a ser aquele que iniciava o ritual. A noite que eu decidi ficar no meu quarto e ler, ele me mandou uma mensagem.

Joe: Você vai vir jogar ou o quê?
Demi: Eu não ia não.
Joe: Traz um pouco daquele seu sorvete e coloca Snickers extra nele.

Essas mensagens pareceriam estranhas para qualquer outra pessoa. No meu caso, no entanto, elas me deixaram tontas.
Naquela noite nós dividimos outra tigela de sorvete e jogamos até que eu não pude ficar de olhos abertos. Eu até consegui matar Joe duas vezes das 17 que jogamos. Mesmo que ele realmente não se abrisse para mim, a hora de jogo parecia ser sua maneira especial de dizer que ele não achava mais minha companhia deplorável e que talvez ele até a apreciasse.
Mas, no típico estilo Joe, logo que eu comecei a sentir que nós finalmente estávamos nos conectando, ele tinha que arruinar tudo. Dois dias antes do meu encontro de sexta-feira à noite com Zac. Eu e Miley estávamos na cozinha quando Joe entrou e fez seu usual ritual de beber o leite direto da caixa. Os olhos de Miley estavam fixos na camiseta de Joe que subia enquanto ele levava o leite à boca. As duas tatuagens de trevo em cada lado do seu abdômen de pedra estavam expostas.
Ela estava praticamente babando.
— Oi, Joe.
Joe grunhiu em resposta através da caixa de leite antes de colocar de volta na geladeira. Então ele começou a vasculhar o armário de lanches.
Miley mergulhou um pretzel em um pouco de nutella e falou de boca cheia. — Então você decidiu que filme você vai ver com Zac sexta à noite?
— Não, nós não discutimos isso.
Eu não pude deixar de notar que Joe do outro lado da cozinha parou de mexer nos armários por um momento e congelou. Parecia que ele estava tentando ouvir o que estávamos dizendo. Ele olhou para mim por um instante com uma expressão incômoda.
— Bom, eu acho que vocês deviam assistir aquela comédia romântica com a Drew Barrymore. Faz ele sofrer com um filme de menina. O que você acha Joe?
— O que eu acho do quê?
— Qual filme Demi deveria assistir no encontro com Zac?
Ele ignora a questão dela e olha pra mim.
— Aquele cara é um idiota.
Ele começa a sair, mas Miley o chama.
— Ei Joe...
Ele se vira.
— Você gostaria de ir junto? Quero dizer... Nós poderíamos ir com eles. Talvez fosse legal. Tipo um duplo encontro.
Ele dá uma risadinha e só a encara por um tempão com uma cara que gritava ‘sem chance’.
Eu sacudo minha cabeça.
— Eu não acho que seja uma boa idéia.
Ele se vira pra mim com um sorriso malicioso.
— Por que não?
Por que não?
— Porque é o meu encontro. Eu não quero ninguém marcando em cima.
— Realmente te chatearia se eu fosse?
— Na verdade sim.
Ele olha para Miley.
— Nesse caso eu adoraria ir junto.
A cara de satisfação dela me deixa doente. Ela acha que essa é sua grande chance de ficar com ele. Enquanto que ele basicamente admitiu que estava fazendo isso só para me torturar.
— Até sexta então, — ele diz antes de desaparecer.
Miley abre a boca em um grito silencioso e bate os pés no chão excitadamente, e isso me dá vontade de vomitar. Agora eu tenho que me preparar para o que com certeza será o encontro mais estranho da minha vida. Mas nada me preparou para o que na verdade aconteceu naquela noite.
-

14 As palavras que ele usa, originalmente, são step, que é meia, e pest, que é peste mesmo.

*****

É claro que o Joe iria pra atrapalhar, alguém tinha alguma dúvida? akjbsnakjzn
Esse Joseph, amo
Eu estou pulando de felicidades por vocês estarem gostando..
Amanhã tem mais.
Respostas aqui.
Se cuidem, amo vocês