30.8.14

Capítulo Quinze






DISTRAÍDA DE sua autopiedade por causa de seu relacionamento com o pai, Demi riu. Ela nunca havia tido uma conversa telefônica safadinha com um sujeito.
Olhou para sua calça esgarçada de moletom vermelho e para a camiseta da banda AC/CD. Sentia-se como uma fraude conversando com ele em seu visual desmazelado, normal, mas ela consideraria aquilo um teste para ver o quão profunda tinha sido sua transformação. Afinal, ele havia gostado da nudez dela, e talvez fosse ficar tão interessado quanto por telefone se não fizesse ideia de que a calça tinha um furinho nos fundilhos puídos.
– Não estou vestindo muita coisa – disse, com uma risadinha ofegante.
– Você está na cama? – Antes que ela pudesse responder, ele emitiu um som e disse: – Ah, é claro que não está. Você disse que estava revisando a resenha.
Ela sentiu uma pontada de culpa lhe ferroando a nuca. Demi tinha planejado ler o primeiro livro escolhido por ele em seu escritório, assim poderia manter o assunto estritamente profissional. Mas não conseguira parar de pensar em Joe a ponto de sossegar e ler seriamente. Finalmente, já correndo contra o prazo, ela voltara à fórmula do testado e aprovado e levara o livro, o laptop e uma lata de refrigerante para a cama.
Demi olhou para o livro que havia terminado de ler. Com uma capa de cores ricas, com a imagem de uma estátua famosa, estava na lista dos mais vendidos. Era uma escolha interessante para a primeira resenha, e sim, ela ficara um pouco distraída demais pensando em Joe para lhe dar atenção total.
No entanto, ela já havia lido o tal livro quando fora lançado, por isso estava completamente confortável com a resenha. Dando uma olhadela para a tela do laptop, Demi apertou “enviar”.
Agora poderia se concentrar em problemas mais importantes... ou seja, naquele debate intrigante. Se o sexo por telefone poderia ser classificado como um passo além para Joe reconhecer o poder das emoções em um relacionamento sexual, ela deixaria para descobrir depois.
– Para falar a verdade – disse ela lentamente, enquanto fechava o laptop e o colocava no chão antes de se deitar encolhida de lado –, estou na cama.
– E o quão pouco está vestindo exatamente? – A voz dele assumiu um timbre rouco que enviou calafrios para o âmago de Demi. Ele soara daquele mesmo jeito quando descrevera para ela o jeito como iria beijar seu corpo e onde iria beijá-lo. Ele usara do mesmo tom quando dissera a ela como lhe dar prazer.
Aquele tom deixava Demi úmida.
– O quão pouco você gostaria que eu estivesse vestindo? – perguntou ela. – Tenha em mente que está um pouco frio aqui. Preciso de algo para me aquecer.
Demi riu da própria resposta idiota, mas, oras, ela nunca havia tido aquele tipo de conversa. Como Joe também riu, ela imaginou que estivesse se saindo bem.
– E você? – questionou ela. – O que está vestindo?
– Estou de roupa – admitiu ele. – Eu estava tentando escrever e enfrentando um bloqueio criativo.
– Isso parece... duro – disse ela, com uma risadinha. – Talvez eu possa ajudar...?
– Você quer me ajudar?
– Não fique tão chocado. Poderia ser útil, se você me desse uma oportunidade.
A risada dele foi de pura malícia.
– Você ficaria surpresa com o quanto poderia ser útil. Estou preso em uma cena de sexo. Quer ter uma conversinha safada comigo?
Demi corou. Não pôde evitar. O sujeito havia colocado o rosto entre as pernas dela e a levado ao êxtase, mas a ideia de ter uma conversinha devassa a constrangia. Que loucura.
– Você pode querer ficar mais à vontade – sugeriu ela, para ganhar tempo enquanto tentava descobrir exatamente como era uma conversinha travessa ao telefone.
– Nunca fico à vontade perto de você – admitiu ele. – Principalmente quando há chance de ocorrer sexo, mesmo que apenas verbal.
Ela gemeu levemente, então estremeceu. Mas ele ouviu e riu.
– Simplesmente imagine que estou aí, deitado ao seu lado – sugeriu ele. – Finja que estou observando você.
Tensa, porém já excitada com a ideia, Demi deitou de costas e fechou os olhos para visualizar a cena.
– Você está passando os dedos no meu cabelo. Estou observando o brilho que reluz das mechas sedosas. – Ele aguardou, claramente esperando que ela fizesse o gesto. Demi lambeu os lábios e então, dando um suspiro, soltou o cabelo e passou os dedos por eles. Quando o fez, imaginou Joe ao seu lado. Fingiu que os dedos dele estavam ali também.
– Seus dedos estão descendo pelo pescoço e suas costas estão arqueadas. – Era como se ele estivesse lendo para ela, a voz de escritor em alto e bom som. Aquilo fez Demi sentir como se estivesse escutando, encenando, um dos livros dele. – Segure os seios usando as duas mãos. Erga-os, Demi. Erga-os para que eu possa vê-los.
Como se em transe, ela fez o que ele pediu. Sua respiração estremeceu e ela gemeu assim que seus dedos aqueceram seus seios através da camiseta de algodão velha, roçando sobre os mamilos rijos.
– Isso, linda – murmurou ele, num tom rouco. – Estou imaginando você, sua pele alva, quente e macia. Estou me imaginando deitado aí, observando enquanto você passa a unha pelo mamilo, circundando com cada vez mais intensidade até chegar à ponta rija. Estou pensando em você me dando aquela olhada com seus olhos castanhos imensos, aquela que implora para que eu toque você, prove você.
Demi se contorceu, pressionando as pernas apertadamente uma contra a outra, e soltou um gemido ao pensar naquelas imagens.
– É uma tortura maravilhosa – continuou Joe – observar, saber qual seria o gosto de seu mamilo, mas sem me permitir tocar você.
– O que você está fazendo? – perguntou ela, num sussurro. – Enquanto me imagina, sabendo que estou me tocando, o que você está fazendo?
– O que você quer que eu faça?
– Quero que você faça a mesma coisa. – Com as cenas que ele pintara vivas em sua mente, Demi pinçou seus mamilos rígidos e doloridos entre os dedos, aproveitando a textura de sua camiseta para incrementar a tortura maravilhosa. Sua respiração começou a ficar ofegante quando ela imaginou que eram os dedos de Joe tocando ali. Que ele estava ali, observando.
– Quero que você fique excitado ao pensar em mim – disse ela, num sussurro rouco. Precisava que ele ficasse tão excitado quanto ela. Precisava saber que era capaz de enlouquecê-lo igualmente. – Quero que você fique tão excitado que precise se libertar.
Joe gemeu.
– Deixe-me excitado, linda.
– Eu preciso me tocar – gemeu ela. – Estou imaginando que é você, sua mão, seus dedos dentro de mim. – Desesperada para conseguir alguma forma de alívio, ela passou uma das mãos pela barriga até chegar ao cós da calça, então afastou o elástico frouxo e passou os dedos entre os cachos. Quando a umidade envolveu sua mão, ela gemeu baixinho.
– Conte-me – implorou ele roucamente. – Leve-me com você.
Demi engoliu em seco duas vezes antes de conseguiu falar.
– Estou deslizando um dedo para dentro de mim. Dois, agora – disse a ele. – Estou úmida, quente. Inchada.
O gemido de Joe desfez completamente as inibições dela. Demi pincelava os dedos por seu calor intumescido, mordendo o lábio.
– Estou fingindo que você está aqui ao meu lado – disse ela, a voz tensa. – Estou imaginando você, grosso, quente e duro. E é tão excitante saber que isso é para mim.
– Estou duro – admitiu ele, a voz baixa e rouca. – Queria que fosse sua mão em volta de mim, se movimentando cada vez mais depressa.
– Quero você, preciso de você. Meus dedos não são o suficiente, eu quero sentir você. Conte-me o que deseja fazer comigo – implorou ela.
As frases foram ficando mais curtas, as palavras, mais entrecortadas. Demi mal conseguia manter a concentração para falar mais. Com uma das mãos acariciando os mamilos, ela usava a outra para estimular seu centro feminino úmido, deslizando os dedos por cima, em volta, dentro, sempre imaginando ser Joe.
Quando ele deu um gemido demorado de prazer, ela chegou ao limite. Os dedos, escorregadios por causa das próprias secreções, pincelaram seu clitóris uma vez, duas, então ela flutuou. Cores explodiram detrás de seus olhos fechados, seus arfares se transformaram em gemidinhos de prazer.
Ao longe, ela ouvia a voz de Joe lhe dizendo o quanto ela era boa.
Finalmente, como se flutuando em uma nuvem macia de exaustão, ela desabou.
– Você é incrível – disse ele.
Ela se sentia incrível. Fortalecida, poderosa, como se pudesse fazer qualquer coisa. Nunca havia ficado tão ciente de seu “eu” físico antes disso, antes da transformação e de Joe. E, não, ela disse a si, só porque o sexo era ótimo. Ela poderia ter feito aquilo sozinha, embora a ajuda de Joe obviamente tivesse sido uma coisa boa.
– Você também não é tão ruim assim – provocou ela, com uma risadinha sonolenta. – E tenho de perguntar: ajudei em alguma coisa?
A gargalhada dele foi densa e maliciosa.
– Linda, ajudou mais do que você imagina.
– Eu me refiro à sua história.
Ele fez uma pausa, gemeu baixinho e então disse:
– Sim. Na verdade, ajudou. Eu vou escrever, você vai dormir.
Ela já estava a meio caminho de adormecer, então simplesmente murmurou em concordância.
– Doces sonhos – disse Joe suavemente, a satisfação clara em sua voz.
– Boa noite – murmurou ela, quando desligou o telefone.
Demi se acomodou sobre o travesseiro, exibindo um sorriso. Com o corpo saciado e quente, ela sabia que sonharia com o que havia acabado de acontecer. Sem parar, durante a noite toda... o que era muito bom, na verdade.

*****

Enfim consegui postar! Desculpem, novamente, pela demora. Segunda eu posto mais, ok? Se cuidem, beijos.

26.8.14

Desculpas

Meus amores, eu peço um zilhão de desculpas pra vocês por ter ficado tanto tempo sem postar. Não foi intencional, é que eu estava em semana de provas e acaba amanhã, com o simulado, graças a Deus, além de um trabalho, me desculpem pelo termo, fodido de empreendedorismo, no qual eu tive que montar um plano de negócios. Foi um trabalho hiper complexo, que, acreditem, é de faculdade, e eu só estou no 9º ano ainda poxa, haha, mas também foi muito interessante e, apesar do grau de dificuldade, eu amei fazer, e o professor disse que até onde eu tinha feito na semana passada, estava fantástico, o melhor da sala. Enfim, eu fiquei feliz com isso, e amanhã eu já o entrego, com gráficos, planilhas e etc., tudo pronto. Resumindo, eu tive duas semanas cheias e com meu pc bugado, não pude postar.
Quanto aos próximos capítulos: vou postar dois capítulos amanhã, na quinta vou viajar e ficar sem postar até domingo. Segunda eu volto pra casa e daí em diante, passo a postar todos os dias. Mais uma vez, me desculpem por fazê-las esperar. Beijos.

19.8.14

Capítulo Quatorze






– ACHO QUE a tensão sexual é quase um personagem nos livros da srta. Duffy – insistiu Demi, se inclinando para a frente para reforçar seu argumento. – Não apenas movimenta a trama, como mantém o leitor e os personagens no limite.
Quatro semanas no “Cantinho da crítica” tinham lhe rendido confiança o suficiente para ignorar a luz vermelha da câmera e se deixar envolver no debate. Ela ainda odiava aquilo, mas pelo menos agora conseguia ignorar. Era quase como estar de volta à sala de aula. Exceto, é claro, pela saia curta, a atenção masculina e o fato de que todo mundo ali parecia supor que ela oferecia algo mais do que seu cérebro.
– Não acha que é frustrante ter essa tensão rondando tão intensamente? Não apenas para os personagens, mas para os pobres leitores que querem que eles simplesmente mandem ver logo? – perguntou Sean, com uma carranca em desacordo com o tema. Demi comprimiu os lábios para conter um sorriso, pois sabia que ele estava tentando segurar uma risada.
– Acho que ambos concordamos que, em geral, segurar a culminação do sexo faz o leitor continuar a virar as páginas. É claro, como você diz, precisa ser feito do jeito certo, para que os leitores não fiquem frustrados a ponto de perder o interesse – explicou ela. Então, segurando o livro de capa dura virado para que a câmera pudesse captá-lo, ela prosseguiu: – Na minha opinião, a srta. Duffy faz um trabalho maravilhoso. Eu adoraria saber qual é a opinião dos leitores, no entanto. Visitem o site e compartilhem sua opinião na discussão do livro de hoje.
A luz da câmera se apagou, informando a Demi que o bloco tinha acabado. Afundando na poltrona, ela deixou o livro cair no colo e abandonou o sorriso falso que sustentava.
– Você está melhorando – comentou o louro de visual sóbrio, enquanto retirava o microfone da lapela. – Preciso admitir, eu não tinha muita certeza de como você lidaria com os meandros de um quadro regular. Principalmente porque ficava muito nervosa no ar. Mas você conseguiu mantê-lo interessante e segurar a atenção dos espectadores. Mais algumas semanas e você vai detonar todo mundo.
Demi o encarou. Ela? Detonando todo mundo? Estava mais para ser detonada. Embora não ficasse mais enjoada antes de cada programa, ela sabia que não estava no controle. Não do jeito que ficava na sala de aula.
– A propósito, o produtor quer aumentar o espaço do “Cantinho da crítica” para duas vezes por semana, a partir de segunda-feira. Ele imagina que, com a aposta de Joseph Jonas atraindo tanta atenção, mais o salto na audiência quando seu quadro está no ar, nossos índices vão subir ainda mais.
Duas vezes por semana? Demi engoliu em seco. Porém, as palavras salto na audiência ficaram ressoando em sua cabeça; então, em vez de protestar, ela assentiu em concordância.
Será que os níveis de audiência eram uma tradução do carisma ou do que quer que fosse que o professor Belkin desejava em sua assistente? Aquilo significava que ela estava progredindo. Demi sorriu tão intensamente que até doeu, agradeceu a Sean e, depois de retirar o próprio microfone, foi bater papo com a equipe no camarim.
Quando chegou lá, Demi olhou para seu reflexo no espelho. Então aquilo era detonar, hein? Aparentemente, a imagem concordava com ela, já que, se falava por si só, nunca estivera melhor.
O que a fez gargalhar. Demi, que nunca se importara com aparência, estava avaliando seu visual. É claro, o crédito por seu sorriso, radiância e estranho hábito de irromper em risadinhas era de Joe. Ou, pelo menos, do sexo incrível que eles tinham feito.
Uma onda de empolgação a atingiu quando o telefone tocou. Uma olhada breve no visor reprimiu as vibrações de esperança em seu estômago, mas não arruinou seu bom humor.
– Miley, oi – disse ela, enquanto tirava a saia. Por mais que estivesse começando a gostar de seu visual profissional extravagante, ela se sentia muito mais confortável usando o visual casual que ela e Miley tinham criado, combinando o seu estilo antigo, ou o que quer que houvesse de estiloso ali, com seu novo estilo sexy. Jeans ajustados, sapatilhas bonitinhas e blusas justas que se aproveitavam do novo acessório favorito de Demi: os sutiãs que valorizavam os seios.
– Ei, como foi a gravação?
Elas conversaram enquanto Demi trocava de roupa, e então tirava sua maquiagem de TV e a refazia com a mão surpreendentemente hábil. Ela estava ficando boa naquele negócio, percebeu.
– Então... Vejo você na sexta à noite? – perguntou Miley.
– O que vai ter na sexta à noite?
O silêncio da amiga a fez franzir a testa. Ela havia se esquecido de alguma coisa?
– Sarau da faculdade. Você não esqueceu, esqueceu? – perguntou Miley, de maneira hesitante. A voz dela estava abafada, um sinal de que havia começado a roer as unhas. – Essa é a motivação por trás da transformação, lembra-se? Mostrar ao reitor e ao professor Belkin que você é perfeita para o cargo de assistente, e não aquela garota.
Demi se jogou na cadeira. Droga. Estava tão envolvida no programa de TV e em seus joguinhos com Joe que quase tinha se esquecido de que tudo aquilo tinha sido por causa da promoção no trabalho.
Havia se passado uma semana e meia desde que ela lhe servira panquecas e determinara algumas condições para os encontros entre eles.
Joe havia tido um problema profissional em Nova York e o encontro deles fora adiado para essa sexta-feira agora.
Como uma criança emburrada, ela fez um beicinho e suspirou. Sentia como se tivesse acabado de ouvir que não podia brincar com seu brinquedo favorito. Ou, usando os termos de uma mulher adulta, com seu bonequinho favorito.
Demi estremeceu diante daquele pensamento, pois aquela ideia, mais o estado constante de consciência sexual no qual ela se encontrava desde aquela noite com Joe, respaldavam a teoria idiota dele sobre luxúria.
– Você vai comparecer? – As palavras de Miley saíram tão truncadas que Demi imaginou que ela provavelmente estivesse roendo pelo menos duas unhas a essa altura.
– É claro. – Afinal, o sarau da faculdade era o que importava. Seu cargo de professor, sua carreira, sua promoção. Aquilo representava a verdadeira Demi, aquilo seria perene. Todo o restante, ainda que fosse maravilhoso, duraria apenas um verão. Ao fim do semestre, ela voltaria ao seu mundo real. Embora, definitivamente, atraindo mais atenção. – Como você disse, essa foi a motivação por trás de tudo.
E era, ela assegurou a si alguns minutos depois, quando desligou. A transformação, a vaga na TV, até mesmo as apostas com Joe, era tudo por um motivo. Para lhe dar a ousadia necessária para refutar a avaliação do professor Belkin, e, mais importante, a de seu pai, em relação à habilidade dela de comandar uma turma lotada de um modo capaz de aumentar os rendimentos e o prestígio do Departamento de Literatura.
Isso – ela olhou em volta do camarim minúsculo – era apenas temporário. Precisava se lembrar disso. Demi olhou para o livro em cima de sua bolsa, uma das obras escolhidas por Joe para serem resenhadas. As apostas, o relacionamento entre eles – se sexo ótimo e de outro mundo baseado em uma aposta pudesse ser chamado de relacionamento –, tudo era temporário. Apenas degraus para ela alcançar seu verdadeiro objetivo.
Ela pensou em Joe, no jeito como ele sorria enquanto acariciava o corpo dela até o auge das chamas, o jeito como os olhos dele ficaram nebulosos quando ele chegou ao clímax. O lugar dele na vida dela era tão real quanto seu decote. Ela precisava manter isso em mente.
Se o fizesse, talvez fosse ficar mais fácil quebrar seu vínculo com ele.
Joe olhava para a tela de seu laptop, tentado fechá-la raivosamente. Mas quebrar o computador não iria ajudar. Não durante sua crise hedionda de bloqueio criativo, ou de sua frustração sexual, que provavelmente era a causa do bloqueio criativo.
Ele olhou ao redor, pelo quarto do hotel, tentando encontrar uma distração. Mas, além de quadros horríveis e da cama, não havia nada. Deliberadamente nada. Como sempre, ele pedira para a TV ser retirada antes de fazer o check-in e também solicitara o bloqueio da internet.
O celular tocou. Ele ficou tão grato por aquela distração que nem mesmo verificou o identificador de chamadas antes de atender.
– Joe?
Mas que droga. Era isso que ele ganhava por ceder à frustração. Sentiu a raiva e o ressentimento automáticos dando um nó apertado em seu estômago.
– Oi, mãe.
– Querido, preciso de sua ajuda.
É claro que precisava. Ela não teria telefonado se o motivo fosse outro.
– Eu vou me casar... – Ela fez uma pausa para aguardar a reação dele.
Joe permaneceu em silêncio. Não porque estivesse preocupado com a possibilidade de dizer algo muito feio. Não, simplesmente porque não havia mais nada a dizer. A mulher tinha mais casamentos no currículo do que Joe tinha livros publicados. E os casamentos dela duravam mais ou menos o mesmo tempo que Joe levava para escrever um livro.
– Jeremy é tão gentil, Joe. Ele é o homem perfeito para mim. –
Traduzindo: ele era rico. – Tem só uma coisinha. Ele é escritor. Escreveu um original maravilhoso. Bem, presumo que seja. Na verdade eu não li, claro. Quero dizer, foi como eu disse a ele, tolinho, eu não leio nem mesmo os seus.
Alheia ao insulto e, como sempre, desinteressada pela vida dele, a mãe começou a matraquear sobre seu futuro marido, seus planos e suas muitas novas aquisições.
Uma dor que ele recusava a reconhecer cortou Joe. Ele engoliu em seco e cerrou o maxilar, sabendo que era inútil censurá-la. Ele nunca era procurado pela mãe, a menos que ela quisesse alguma coisa. Quando era criança, ele era usado para bancar o órfão de pai desamparado para que sua dramática mãe solteira desse o golpe para agarrar um novo marido. Agora, eram o dinheiro e os favores. Como ela o manipulava com a mesma facilidade com que o fazia com os homens que perseguia, Joe sabia que lhe daria o que quer que ela desejasse. O que só o irritava ainda mais. Prova de que as emoções só existiam para favorecer as mulheres. Os homens sempre se davam mal.
Joe espiou seu laptop e cerrou os dentes. Aquele era o preço pela procrastinação. O bloqueio criativo sobre o qual estivera se lamentando se dissipou de repente. Como sempre, dois minutos de conversa com a mãe e ele começava a desejar desesperadamente se perder na segurança e sanidade de seu mundo literário.
– Joe – disse a mãe, ao fim do monólogo. – Preciso de um favorzinho.
Finalmente, o objetivo. Ele esperava muito que fosse um favor que requeresse sua assinatura em um cheque, e acabasse logo com aquilo.
– Quero que você arrume um contrato de publicação para Jeremy. Talvez um igual a esses que você tem. Você sabe, com um adiantamento bem grande. Para fazermos aparições públicas, televisão, eventos midiáticos. Vai ser tão divertido. Um escritor e sua esposa em turnê. Não parece perfeito? Ganharei… Ganharemos uma fortuna.
– Não sou agente ou editor, Lori. – O termo mãe só era usado quando ele estava desempenhando algum papel. Do contrário, ele preferia seu nome de batismo. – Eu sei disso, Joseph. Eu só queria uma ajuda. Parte meu coração saber que Jeremy não vai realizar seu sonho. Eu nunca realizei o meu, você sabe. Tive de abrir mão do meu maior desejo, que era ser dançarina, por, você sabe, por sua causa. – Seu suspiro foi trágico.
Muito mais por causa de um preservativo furado, mas que se danasse. Os dedos de Joe coçavam para pegar o talão de cheques. Por que ela não podia simplesmente querer dinheiro? Assim teria sido um favor simples, sem derramamento de sangue. Sabendo que protestar serviria apenas para incitar mais chantagem emocional, ele suspirou.
– Envie-me os originais e as informações de contato. Vou encaminhar ao meu agente.
Tendo conseguido o que desejava, a mãe dele agradeceu superficialmente, se adiantou para as despedidas e desligou.
Joe precisava escrever do mesmo jeito que um alcoólico precisava de uma bebida. Desesperadamente, loucamente, irracionalmente.
Mas, em vez disso, ele cedeu à necessidade de afastar os sentimentos negativos deixados pelo telefonema. Pegou o celular outra vez. Mesmo enquanto dizia a si estar sendo ridículo, ele discou um número da agenda.
– Alô.
– Demi – disse ele em saudação, ajeitando as almofadas detrás de si e se recostando na colcha horrorosa com estampas florais. – Como estão as coisas?
– Joe?
Ele fez uma careta por causa do choque dela. O quê? Ele não podia telefonar? Remexendo-se sobre as almofadas, ele teve de lhe dar algum crédito. Via de regra, ele não telefonava para as mulheres.
– Recebi seu e-mail sobre a mudança de nosso encontro para sexta-feira à noite. Que tal no sábado, em vez disso?
– Sábado está bom – concordou ela lentamente. Ele captou a incerteza em sua voz e disse a si que era por ela não compreender por que ele simplesmente não tinha mandado um e-mail sugerindo a nova data. Não era porque ela não queria vê-lo, não podia ser. Ele não pensava ser capaz de tolerar mais golpes sobre seu já fragilizado ego.
– Eu também queria saber como você está se saindo com suas resenhas – mentiu ele, não muito certo de por que precisava ouvir a voz dela. – Não é amanhã o dia de publicar a primeira delas no site?
A hesitação de Demi era quase palpável, como se ela soubesse que ele estava de enrolação e não tivesse certeza se queria receber ligações dele ou não. Por sorte, como ele não tinha nenhum outro pretexto, ela simplesmente respondeu com um “Aham”.
Aquele sonzinho arfante fez a libido já tensa de Joe ir às alturas. Foi o mesmo som que ela fez quando ele lambeu seu corpo.
– Terminei a resenha de O efeito Michel Angelo – informou Demi. – Na verdade, eu estava fazendo uma leitura final antes de enviar.
– Você se importaria em compartilhar?
– Leia no site de manhã.
– Tem certeza? Eu poderia lhe dar algumas dicas, talvez algumas sugestões sob a perspectiva de um escritor – provocou ele.
– Certo. Porque nossas opiniões sobre o que faz uma boa história são tão parecidas – rebateu ela.
Joe pensou no assunto por um instante.
– Você sabe, tirando sua visão romantizada de intimidade... – A qual a mãe dele provara consistentemente ser um pesadelo. – Elas provavelmente são.
– Minhas visões não são romantizadas – protestou ela.
Ele sorriu. Perfeito. Acomodou-se nas almofadas e se permitir deixar levar na conversa. Depois de 45 minutos de debate sobre o assunto, ela finalmente admitiu que ele estava certo. Eles tinham de fato ideias semelhantes sobre o que fazia uma boa história emplacar.
Joe não tinha certeza de como se sentia agora, no entanto. Empolgado e entusiasmado para escrever, definitivamente. Mas só um pouquinho preocupado. Justificar seu ponto de vista tinha sido um desafio. As opiniões dela eram bem elaboradas e solidamente amparadas por argumentações suficientemente respaldadas. Era difícil refutá-las.
O que não significava um bom sinal para a aposta deles.
– Você já resolveu seus negócios aí em Nova York? – perguntou Demi, depois que ele ficou em silêncio.
– Quase. – Joe hesitou, então, sem saber muito bem por que, admitiu: – Preciso resolver algumas coisas para minha mãe, o que, no mínimo, vai exigir um almoço doloroso e, na pior das hipóteses, alguns jantares desagradáveis.
– Lamento – disse ela, a palavra soando delicada e, bem, doce. Sem nenhum traço de julgamento ou mesmo de surpresa. – Problemas com os pais são complicados, não é mesmo?
Joe deu uma risada amarga.
– Você tem problemas com seus pais? – perguntou ele, sem desejar admitir o quão facilmente sua mãe conseguia manipulá-lo emocionalmente. Afinal, ele alegava não acreditar em emoções.
– Creio que não poderiam ser chamados de problemas, embora, definitivamente, seja algo unilateral.
– Do seu lado ou do deles?
– Do meu. Perdi minha mãe quando era pequena. Meu pai… – Ela parou de falar. O suspiro foi pesado o suficiente para fazer Joe desejar se enfiar na linha telefônica e abraçar Demi. – Na maior parte do tempo, eu duvido muito que ele esteja ciente da minha existência. Ele ficaria chocado se percebesse que tenho problemas com isso.
– Então vocês não se veem muito, suponho.
O que ele não daria para poder dizer o mesmo sobre sua mãe. Ou para não se sentir tão culpado por desejar esse tipo de coisa.
– Na verdade, normalmente nos vemos no mínimo algumas vezes por semana – contou Demi, tirando Joe de sua reflexão sombria a respeito do próprio drama familiar e de volta à conversa. – Ou, eu deveria dizer, estamos nas imediações um do outro. Meu pai não é muito conhecido por enxergar muita coisa. Para ele, sou um tanto ou quanto invisível.
Invisível? Demi? Aquele conceito confundiu a cabeça dele. Como uma mulher tão vibrante poderia não ser notada?
– Ele deve ser cego – disse Joe. Percebendo a ironia das situações de ambos, ele riu de maneira amarga. – Sabe, eu daria muita coisa para ser invisível para minha mãe. Mesmo que por alguns meses. Eu aproveitaria essa folga.
– Não consigo nem mesmo imaginar você como alguém invisível – respondeu ela baixinho. Havia um tom estranho na voz dela, aflito e triste. – Algumas pessoas têm uma qualidade indefinível que atrai atenção. Outras… nem tanto.
Joe não entendeu. Demi definitivamente atraía atenção, especialmente a dele. Devia estar falando de outra pessoa. Mas questionar aquilo o mergulharia em um campo emocional que ele estava determinado a evitar. Assim, ele se calou.
– Suas qualidades definitivamente atraem minha atenção – provocou Joe, depois que o silêncio começou a ficar desconfortável. Ele disse aquilo para aliviar a tensão, mas percebeu que não estava brincando. – Por que não falamos disso um pouco? Salve minha noite, Demi. Conte-me o que está vestindo.


*****

Bom, já que vocês não comentam, e a Vi e a Mari estão gostando, eu continuarei postando. Não to conseguindo postar todos os dias por causa do meu pc, como eu já tinha dito, e porque começaram minhas provas, então fica mais difícil ainda. É isso, beijos.

17.8.14

Capítulo Treze






TRINTA MINUTOS, uma ducha e uma aplicação de maquiagem completa depois, Joe a encontrou na cozinha. Hora do show. Demi reuniu a coragem em torno de si como se fosse um escudo e fingiu estar tranquila.
Enquanto quebrava ovos em uma tigela, ele pôs as mãos em seus quadris e lhe deu um beijo com a boca entreaberta na lateral do pescoço. Sua ereção pressionou, insistente e pronta, contra a seda fina do roupão, mas ela se obrigou a não o tocar ou lhe dar a atenção merecida.
– Café da manhã? – perguntou em um tom jovial, que deveria mandá-la para a cadeia por usá-lo assim tão cedo. – Minha receita secreta de panquecas. Aprendi a fazê-las no internato. Na verdade, são minha única pretensão para a fama culinária, mas acho que você vai gostar.
A hesitação dele foi física. Na verdade, ela de fato conseguiu sentir Joe se afastando, repensando seu plano matinal. Então ele deu de ombros, roçando nas costas dela, e se afastou.
– Claro. Sempre estou no clima para comer panquecas. – Ela deu uma olhadela quando ele puxou uma cadeira e se sentou, quase babando quando se deu conta da aparência dele.
Usando apenas uma cueca boxer, o peito que ela explorara tão meticulosamente na noite anterior estava nu e tentador. Os dedos dela coçavam para sentir o espaço em “V” macio de pelos outra vez, para seguir a trilha, descendo até o abdome rijo e para o cós da roupa íntima.
– Também estou no clima para outras coisas – disse ele, num tom rouco. O olhar dela voou para o dele. O azul hipnótico dos olhos de Joe a atraiu, lembrando-a o quanto tinha sido incrível deslizar pelo corpo dele, senti-lo dentro de si, ceder à paixão. Como ela queria muito aceitar o convite sensual, suas palavras saíram mais ásperas do que ela pretendera.
– Panquecas é tudo que teremos no cardápio desta manhã, figurão. Você fez a sua jogada, agora é a minha vez.
Assim que disse aquilo, Demi estremeceu mentalmente. Por que ela simplesmente não lhe entregava a calça, lhe dava um tapinha no traseiro e o mandava embora com um “belo trabalho, garanhão”? Joe semicerrou os olhos. O cálculo frio neles deu arrepios em Demi.
– Sua vez? Como assim?
Indelicada ou não, ela fez jus às próprias palavras. Precisava fazê-lo. Se não o fizesse, perderia a aposta. Ela não era estúpida o suficiente para pensar que ele se apaixonaria por ela, mas pela primeira vez precisava provar para si que era forte o suficiente para controlar um relacionamento. Que, mascarada ou não, era o suficiente para despertar a atenção de um homem como Joseph Jonas.
– Seu argumento é que o sexo ótimo é baseado em luxúria apenas. Você tem de admitir, o sexo entre nós foi ótimo.
Os olhos azuis descongelaram só um pouquinho.
– Eu estava começando a me perguntar se você iria alegar que foi unilateral.
– Sério? – Demi ficou verdadeiramente chocada. Afinal, fatos eram fatos. Ela franziu a testa enquanto virava a última panqueca em um prato e o levava até onde Joe estava sentado, todo amarfanhado em frustração masculina diante da mesinha aconchegante estilo de bistrô.
– Está vendo, isso de fato respalda minha defesa. Fizemos sexo... um sexo ótimo – acrescentou ela rapidamente, quando os olhos dele ficaram gélidos outra vez –, mas, tirando o prazer físico, nós não nos conhecemos.
E é por isso que não vou tomar sua alusão como ofensa.
Demi pegou calmamente manteiga e geleia, sem saber de qual ele gostaria, e colocou tudo na mesa. Então se sentou diante de Joe e cruzou os braços.
– Mas eu não minto. Nem sou ingênua. Duas características claras em minhas resenhas, que afinal deram início a isso tudo. Você vai perceber isso depois que eu provar meu argumento em nossa pequena aposta paralela.
Joe lhe ofereceu um olhar demorado, ainda mais sensual que o de costume, com suas bochechas com barba por fazer e irritação de olhos sonolentos.
– O que nos leva à sua vez de jogar, certo?
– Certo.
– Como você planeja provar seu argumento, então? Vencer a aposta? – A impossibilidade óbvia, para ele, restaurou sua afabilidade de sempre. Ele ofereceu um sorriso a ela e começou a espalhar manteiga e calda sobre suas panquecas.
Demi aguardou até que ele desse a primeira mordida, observando para ver se ele gostava da comida. Seu olhar dizia claramente que sim, o que lhe rendeu uma sensação desconcertante de prazer.
– Para o restante de nossa aventura de um mês, vamos apenas sair – disse ela para ele, esperando que seu tom tenha soado mais implacável do que como um pedido de desculpas. – Não vamos fazer sexo.
A explosão chocada da gargalhada o atingiu com tanta força e tão depressa que Joe quase expeliu migalhas de panqueca pela mesa. Ele precisou tossir, piscando para clarear seus olhos cheios d’água.
– Você está brincando, certo? O sexo entre nós foi incrível, e você acha que, deixando-o de lado, vai vencer a aposta? Ou está apostando em minha morte por frustração sexual para obter uma vitória à revelia?
Demi tinha de estar brincando. Ninguém fugia de um sexo tão bom como aquele. Uma sensação estranha, que ele finalmente identificou como pânico, atingiu Joe no estômago. Ele não estava pronto para dar fim àquilo, não queria abrir mão do sabor dela, de senti-la em seus braços.
Ou de ter seu corpo dentro dela.
Joe sorriu, porém ela balançou a cabeça.
– Meu argumento é que a emoção torna o sexo melhor. Nós já fizemos um sexo ótimo como... como você nos chamaria... conhecidos?
A raiva tomou o lugar do pânico. Joe não gostava daquele termo. Ela fazia soar como se eles mal se conhecessem. O que era uma besteira.
Ele a conhecia, droga. Conhecia o barulho que Demi fazia quando chegava ao clímax. Sabia como era quando o corpo dela o agarrava, ordenhando a última gota de prazer de seu orgasmo. Joe conhecia seu sorriso, sua risada e, graças à observação enquanto ela dormira, sabia como era quando todas suas defesas estavam baixadas.
Além do físico, ele sabia que Demi encararia qualquer desafio que Joe lançasse usando de inteligência e prudência. Que ela provavelmente era mais inteligente que ele, mas tão doce ao expor isso que Joe a admirava, em vez de se ressentir de seu supercérebro. Ele sabia que Demi gostava de música e de chocolate e que, embora certamente fosse discordar, ela necessitava de mimos e de apreço.
Joe não entendeu de onde veio aquele impulso, já que ele raramente escolhia passar algum tempo com as mulheres fora da cama, mas queria ser aquele a mimar e dar atenção a ela. Trazer-lhe flores sem motivo, senão para vê-la sorrir. Levá-la à livraria e observar seu contentamento, levá-la para uma peça teatral e, então, ouvi-la analisar o espetáculo depois. Preferencialmente na cama.
Ele simplesmente queria ficar com ela.
E aquela ideia o assustou ao extremo.
As panquecas começaram a revirar de forma nauseante em seu estômago. Joe era propositadamente um solitário. Porque as pessoas o decepcionavam, porque não podia depender delas. Especialmente das mulheres.
Como se tivesse levado um balde de água fria, seu cinismo cuidadosamente afiado acordou. Então Demi não era tão diferente assim de Angelina, afinal. Atraí-lo, prendê-lo e então começar o jogo. Sua “ex” tinha usado o sexo para conseguir uma aliança de casamento. Diabos, ela o utilizava para conseguir absolutamente tudo que queria. Só que chamava de amor.
Joe deveria estar agradecendo a Demi por puxar o freio, em vez de ficar enchendo o saco. Afinal, uma noite apenas com ela e ele começara a pensar coisas malucas, todas pegajosas e emotivas. Aquela pausa era perfeita. Ele nunca tinha passado algum tempo fora da cama com uma mulher sem ficar irritado com suas exigências. Dessa vez não seria diferente.
– Tudo bem, então estamos só saindo – concordou ele. Com o estômago restabelecido, ele pegou o último pedaço de panqueca. – Preciso ir para Nova York dentro de alguns dias, então que tal nos vermos na quarta-feira à noite? Eu irei buscá-la às 20h, e vamos para um show.
O olhar de choque dela diante da rendição fácil dele foi impagável. Melhor ainda, revigorou seu apetite. Joe gesticulou para seu prato vazio e lançou seu olhar faminto, digno de pena.
– Enquanto isso, posso comer mais uma leva de panquecas? São as melhores que já comi.
O mesmo valia para a mocinha que as havia preparado. Um fato que ele percebeu que não teria problema nenhum em ignorar... depois de se servir mais uma vez.


*****

Poxa, mais de três dias sem postar e só um comentário? Se vocês não estiverem gostando, me avisem que eu paro de postar e começo outra.

14.8.14

Capítulo Doze






MESMO CONHECENDO o poder do sexo como conhecia, Joe ficou chocado com a intensidade com que reagiu ao prazer de Demi. Seu membro, já rígido e úmido por causa das secreções dela, estava dolorosamente inflado. Ele precisava possuí-la. Agora.
Ele levou a mão à boca, lambendo a essência dela de seu dedo.
– Deliciosa – murmurou ele, quando os olhos dela turvaram.
Torturando a ambos, ele ficou de pé. Precisava provar-se capaz de se afastar antes que perdesse a cabeça. Num movimento fluido, ele ergueu o corpo nu dela, úmido e suado, colocando-o na beira do sofá. Era a vez de ele tomar o controle.
Joe não teve pressa, deleitando-se no comprimento maravilhoso da perna dela enquanto acariciava desde a coxa úmida até a curva delicada do tornozelo. Ele ficaria sonhando com as pernas de Demi durante anos.
Ele segurou um tornozelo, então o outro, e os colocou sobre seus ombros. A visão por si só quase o fez chegar ao clímax ali mesmo, no sofá. Intumescidos e reluzentes, os lábios dela faziam um beicinho de boas-vindas. Com as mãos sob os quadris dela, Joe a ergueu, dando um último beijo naqueles lábios. O calor almiscarado, o sabor maravilhoso que era exclusivamente dela, preencheram os sentidos de Joe.
O gemidinho de satisfação dela foi tudo que ele conseguiu suportar. Joe pegou o pacote de preservativos que havia deixado no sofá quando se despiu e o vestiu. Então, soltando Demi até que apenas os tornozelos ficassem apoiados nos ombros dele, deslizou para dentro dela em uma única e poderosa investida.
O grito arfante dela preencheu o cômodo.
Necessitando se movimentar, ir mais depressa, Joe impôs um ritmo veloz. Com as mãos nos quadris dela, segurava-a quietinha enquanto investia e saía, voltando a entrar. Ele observava a reação dela com olhos semicerrados. Não podia atingir o clímax antes dela, e estava chegando mais perto a cada investida. Os seios dela, tão pequenos e perfeitos, inflavam e baixavam a cada arfada. Ele queria tocá-los, envolver os mamilos com a boca, mas estava muito longe.
Como se ouvindo os pensamentos dele, Demi se impulsionou de encontro às mãos dele. Quando Joe mostrou que não iria soltá-la, mantendo-a prisioneira de seu ritmo, ela agarrou as almofadas e então levou as mãos aos próprios seios, girando os longos dedos em volta das pontas rosadas.
Joe desacelerou, perdendo o ritmo. Os olhos dela se abriram e se fixaram nos dele. Demi os estreitou, observando-o atentamente enquanto pinçava os mamilos entre os dedos. Ele gemeu. Ela deu um sorrisinho, então ergueu um dedo para enfiá-lo na própria boca e sugá-lo.
Ele engoliu em seco quando ela retornou o dedo molhado para o mamilo, pincelando e girando cada vez mais rápido. Incapaz de fazer de outro modo, ele acompanhou o ritmo dela. Mais rápido, entrando e saindo.
A respiração dela vinha em espasmos agora, os tornozelos pressionando os ombros dele com força enquanto ela arqueava as costas. Quando ela apertou os seios juntos, exprimindo seu prazer, ele se rendeu ao próprio prazer. As paredes internas dela se contraíram em torno do membro quando ele chegou ao ápice, derramando-se dentro dela. A intensidade de sua libertação arrancou um berro dele.
Droga. Joe mal conseguia respirar, soltando os quadris de Demi para desabar no sofá com ela. Com um movimento, ele reposicionou os dois, de modo que ficou deitado esticado nas almofadas, com Demi encolhida em cima dele, os braços envolvendo o corpo trêmulo dela.
Joe navegou pela onda após o prazer, o corpo relaxando. Ele havia perdido o controle. Totalmente. Ela o havia desafiado a fazê-la parar de pensar, mas ele conseguira? Ah, ele sabia que ela havia se descontrolado. Mas, sem dúvida, tinha sido ela quem comandara. A respiração de Joe desacelerou para o ritmo normal, porém os batimentos levaram um pouco mais de tempo para se estabilizar. Provavelmente porque sua mente continuava a reproduzir as imagens de Demi quando ela alcançou o êxtase. Ele queria mais. Queria vê-la chegar lá, queria sentir a própria explosão dentro dela. De novo, e de novo, e de novo. Demi engasgou quando o membro de Joe, pronto para brincar novamente, roçou na perna dela.
– Ah, sim – prometeu ele, baixinho. – Vou passar a noite inteira fazendo você enlouquecer.
Demi se sentia maravilhosa. Seu corpo estava quente, extravagantemente desejoso e seriamente saciado. Os membros estavam pesados demais para se mexer. Nebulosa por causa do sono, sua mente estava muito mais lenta para despertar. O prazer a inundava, uma satisfação emocional intensa em desacordo com sua irritação normal das manhãs.
Ela foi acordada pela mão pouco familiar lhe abarcando um seio. Confusa, tateou a mão, notando os pelos salpicados no braço, o perfume masculino almiscarado preenchendo seus sentidos.
Joe. Então tudo voltou à sua mente como uma onda. Joe e o sexo mais incrível de sua vida. Demi corou até o ponto onde a mão dele estava posicionada, em sua pseudoinocência. O mamilo dela se arrepiou, cutucando a palma dele como se estivesse tentando acordá-lo.
Se ele acordasse, faria algo com aquela mão. E ela sabia em primeira mão que as coisas que ele fazia eram maravilhosas. Lembranças da noite lampejaram detrás das pálpebras cerradas, um sorriso malicioso curvando seus lábios. Emoções, doces e ternas, se misturavam à satisfação sexual. Ela queria abraçar o sentimento íntimo e rir.
Ela iria se levantar e preparar o café da manhã. Talvez algo doce para que pudessem colocar na boca um do outro. Perguntava-se se tinha alguma frutinha vermelha. Algo que fosse saudável e sensual. Com um suspiro profundo, Demi se imaginou servindo café na cama. Uma manhã perfeita depois de uma noite perfeita.
Meu Deus, eles tinham sido fantásticos juntos. Ela não fazia ideia de onde saíra aquela devassa selvagem, mas adorara. Se os braços de Joe não estivessem em volta dela agora, ela teria se espreguiçado e estremecido de satisfação. Aquilo havia sido, ela percebeu, como algo saído de um dos livros dele.
Demi abriu os olhos de repente. Droga. Tinha sido exatamente como algo dos livros dele. Selvagem, erótico, intenso. Até mesmo luxurioso. O que provava totalmente o argumento dele.
E lá estava ela, rindo e pensando em preparar o café da manhã para o sujeito. Como se a luxúria levasse a trocas de olhares sonhadoras por cima dos copos de suco de laranja. Aquilo tinha a ver apenas com a aposta. Ele não havia disfarçado suas intenções, e enquanto, sim, fora sensacional na cama, tinha sido apenas para provar seu argumento. No entanto, saber daquilo não impediu que as lágrimas fizessem os olhos de Demi arderem. Como ela foi idiota, caindo diretamente na armadilha e provando o argumento de ambos em apenas uma noite. Ele era todo luxúria, e ela automaticamente havia começado a tecer corações e flores na experiência deles, tentando deixar tudo bonitinho.
Demi engoliu em seco, subitamente muito ciente de sua nudez. E, pensou ela enquanto esfregava um dedo no rosto, estava sem sua máscara. Se Joe acordasse agora, ele veria a verdadeira Demi. A Demi de cabelo desgrenhado, rosto limpo, emocionalmente carente e cerebral. Ou, pior, ele não a veria. Afinal, ela tivera anos de invisibilidade por trás de si.
Nenhuma delas era aceitável. E ambas eram, tinha certeza, inevitáveis. Ela daria qualquer coisa para ser desejada, desejada de verdade. Ela inteira; o lado cerebral, o lado sensual recém-descoberto e, ela percebia, a garotinha insegura... ela só queria abraços e confirmação de que era importante.
Assim que Demi saiu da cama, com cuidado para não perturbar Joe, ela disse a si que era por causa da aposta que estava escapando para tomar um banho e colocar sua máscara bonita. Mas seu coração sabia que, na verdade, era por medo de que, quando ele desse de cara com seu “eu” verdadeiro, simplesmente olharia através dela, como se fosse invisível.


*****

12.8.14

Capítulo Onze






SE JOE tinha desejado colocar em prática a fantasia do sexo-no-banco-de-trás-da-limusine, ele escondeu sua decepção. Demi não estava nem de longe lidando tão bem com suas emoções. Ela preferia ficar furiosa.
Diabos, ela estava furiosa. Ele a apalpara em um local público. Então se afastara, os dedos ainda úmidos com as secreções dela, como se interromper o ato não o tivesse afetado em nada. Bem, afetava a ela. E agora ela queria provar, para si e para Joe, que ele fora afetado, sim.
Mas, mesmo enquanto tentava se convencer a ficar com raiva, ela só conseguia pensar no beijo dele. A sensação, a textura, o poder. Ela passou a língua no lábio superior, desejando provar Joe novamente, ansiando pelo sabor. Mas estava com medo, apavorada. Caso se rendesse a um beijo, ou a um toque, ela não seria capaz de parar. O que iria provar o argumento dele, não é? A luxúria iria vencer?
Ela quase gargalhou quando percebeu que a única coisa que a impedia de fazer sexo quase público no banco traseiro do veículo em movimento não era o senso de decoro ou pudor. Era seu ego, sua recusa em perder a aposta tão facilmente.
Isso e uma preocupação extrema de que, apesar de toda sua pesquisa, ela pudesse falhar em seu primeiro teste prático.
– Consigo enxergar sua mente trabalhando daqui – murmurou Joe, ao lado dela. – O que está havendo?
Demi abriu a boca, com a intenção de repelir a pergunta. Então deu de ombros.
– Para você – respondeu lentamente –, isso se resume à aposta. – Ele balançou a cabeça, obviamente se preparando para protestar, mas, antes que pudesse dizer qualquer coisa, ela continuou: – Mesmo que essa aposta não seja o motivo principal por trás de seu interesse, ela ainda existe. Será que você não está dando esse passo simplesmente para provar seu argumento de que a luxúria é mais forte que a intimidade?
Pelo menos aí, dentro da sua cabeça?
– Aceitar a aposta – corrigiu ele – não tem a ver só com provar um argumento. Tem a ver com a exploração dessa atração explosiva entre nós.
Ele lhe ofereceu um segundo para negar caso ela quisesse fazê-lo, mas Demi não ia mentir. Ela simplesmente ergueu uma sobrancelha, desafiando-o a prosseguir. Joe sorriu e, quebrando o pacto silencioso de manterem as mãos longe um do outro durante o trajeto no carro, se esticou para enredar os dedos aos dela. Foi como ser ligada em um aquecedor de alta voltagem, faíscas se acendendo em sua palma antes de começarem a zunir pelo restante do corpo.
– Eu não teria criado a aposta, Demi, se não estivesse intrigado com você. Atração não é o suficiente. Pelo menos não para me deixar interessado por uma mulher a ponto de acuá-la em um canto e usar uma aposta para fazê-la dormir comigo.
– Você é um homem esperto e, como você mesmo já disse, palavras são sua especialidade. Eu duvido que já tenha recorrido a uma cantada banal.
– Para uma mulher que alega acreditar no poder das emoções, você é terrivelmente hesitante na hora de confiar em si – rebateu ele. – Estou supondo que você esteja com medo. É medo de eu estar certo? Ou do sexo em si?
Antes que ela pudesse responder, o carro parou em frente ao seu prédio. Sempre um cavalheiro, Joe saiu e então estendeu o braço para dar a mão a ela.
Joe pediu ao motorista para aguardar, então pôs a mão no quadril de Demi para guiá-la até o prédio. Ela aproveitou o silêncio, quebrado apenas pelo ressoar de seus saltos enquanto cruzavam o salão, para organizar os pensamentos.
Medo de sexo uma ova. A hesitação dela em dar vantagem a Joe na aposta original saiu pela janela quando a determinação a preencheu. Ele achava que venceria? Que ela iria fugir do sexo? Aha. Ela mostraria a ele.
Agora que havia tomado uma decisão, sua mente girava em um milhão de direções. Será que o peito dele era lisinho ou levemente salpicado com pelos? Será que ele gostava de fazer com força, rápido e selvagem, ou de forma lenta e meiga? Diabos, de que jeito ela gostava? Demi não sabia, mas tinha certeza de que seria incrível dos dois jeitos.
Ela aguardou até chegarem no elevador, ficou observando as portas se fecharem e então se virou para encará-lo. Os lindos olhos azuis estavam cálidos, mas debaixo da tepidez havia traços de perturbação. Ele obviamente era um homem versado em enterrar suas emoções. Ou possivelmente estava acostumado a ser decepcionado. Ela arquivou aquela dúvida para explorá-la em outro momento.
Então mergulhou em direção a ele. Os olhos de Joe brilharam de surpresa antes de a boca delicada se fechar sobre a dele. Um calor intenso flamejou, quente e alto. A mão dele foi vigorosa na cintura dela quando a puxou para mais perto, a outra enterrada nos cachos ruivos para arquear a cabeça dela e expor mais os lábios para ele.
Demi gemeu de prazer quando a língua de Joe enterrou fundo para dançar junto à dela. Recebeu os movimentos, investida a investida. As mãos dela estavam sobre o peito dele, pressionando, acariciando. Ela precisava de mais. Queria tudo. Os dedos agarraram o bíceps dele, a luxúria se derramando dela como um mel quente e pegajoso ao sentir o músculo sólido como rocha.
O desejo desesperado, impaciente, exigia alívio. Demi se aproximou mais, os seios colidindo contra o peito dele. Não era o suficiente. Ela enrolou uma perna em torno da coxa rija dele, esfregando em leves ondulações, tentando encontrar alívio para aquela pressão que espiralava com força dentro dela.
A paixão deles chegou a um limite que Demi nunca havia sentido. Com Joe, ela era livre. Poderia exigir o que quisesse e ele não fugiria dela. Não iria mandá-la embora. Em vez disso, ele encararia as exigências dela, apresentando algumas das suas também.
O beijo dele chegou a um ponto mais rude, com mordiscadas. Os dedos envolveram os ombros dela, afastando-a gentilmente antes de abaixar e capturar um seio. Demi soltou um gemido agudo de aprovação quando ele afastou o tecido para encontrar o mamilo ávido. Os dedos puxavam e apertavam, fazendo-a latejar.
– Mais – arfou ela, de encontro à boca dele.
– Em breve – prometeu ele. Então se afastou. Ofegante, ele retirou a perna dela de sua coxa e assentiu para a porta do elevador, que estava aberta e esperando.
Demi não conseguiu nem mesmo olhar para ver se alguém poderia tê-los visto. Ela só queria entrar no apartamento o mais rápido possível.
Ela pegou a bolsa do lugar no elevador onde a havia jogado, caçando as chaves enquanto se apressava pelo corredor. Podia sentir Joe logo atrás de si, mas não o encarou. Não podia, ou seu cérebro poderia voltar a engrenar. Ela não queria arriscar a, possivelmente, arruinar o clima.
À porta, deixou as chaves caírem. Abaixou-se para pegá-las e deixou cair outra vez.
A mão de Joe se fechou sobre a dela quando Demi se abaixou outra vez. Ela deixou que ele pegasse o chaveiro. Levantou-se e, de olhos fechados, se recostou contra a parede enquanto ele destrancava a porta.
Assim que a porta foi aberta, Demi suspirou profundamente e encarou Joe. Pelo olhar dele, teimoso e desafiador, ele queria tudo. Rendição física e verbal.
– Entre – convidou ela, baixinho.
– Tem certeza?
O medo, intenso e mordaz, cortou a paixão que enevoava seu organismo. Mas não foi o suficiente para impedi-la.
– Entre. – Desta vez ela exigiu. Sem aguardar pela resposta dele, passou pela porta e jogou a bolsa e a capa sobre a poltrona mais próxima.
Virando-se, ela o observou retirar o celular do bolso e discar um número.
Enquanto ele dispensava o motorista, ela o encarava. Recordando tudo que havia lido sobre sedução, todos os manuais de sexo, os romances apaixonados e eróticos, isso sem mencionar os livros do próprio Joe, ela sabia que precisava assumir o comando.
E assim o fez. Enterrando o pavor sob seu verniz frágil de sofisticação, ela passou os braços na frente do corpo e então enganchou os dedos nas delicadas tirinhas do vestido, deslizando-as pelos ombros. O tecido sedoso passou pelo peito, desnudando os seios sem sutiã para Joe ver. Os olhos dele, sombrios e de um azul intenso, observavam, como se ele estivesse enfeitiçado. Ela terminou de soltar as tiras, deixando que a gravidade fizesse o restante.
O vestido desceu como uma cachoeira pelo corpo dela, deixando Demi de pé diante de Joe usando apenas uma calcinha sumária de renda preta e os saltos altos.
Sem se despedir, ele desligou o celular, jogou-o no chão e fechou a porta. Dois passos depois, e ele estava diante dela.
O fôlego de Demi retornou aos pulmões quando ele se pôs de joelhos. Os dedos de Joe envolveram os tornozelos dela. Quando ela começou a tirar os sapatos, ele a impediu com um leve meneio de cabeça.
Joe passou os dedos pelas panturrilhas, tão delicada e gentilmente que ela quase choramingou diante do gesto. Quando chegou à parte de trás dos joelhos, encostou o rosto em sua barriga. Realmente grata por seu corpo de Olívia Palito, com seus contornos esguios e nenhum sinal de gordura, Demi fechou os olhos e jogou a cabeça para trás, os dedos envolvendo o cabelo dele enquanto Joe lhe beijava a barriga com os lábios entreabertos.
Ela era pura sensação. A sensação dos dedos dele, agora alisando a traseira de suas coxas, para então lhe agarrar o traseiro, o calor úmido dos lábios de Joe enquanto desenhava padrões no baixo-ventre. Quando ele passou a língua ao longo do cós elástico da calcinha, os dedos deslizando sob a seda para lhe agarrar o traseiro e puxá-la para mais perto, Demi gemeu baixinho.
– Gosta? – murmurou ele, de encontro à pele dela.
Demi assentiu. Então suas pernas bambearam quando a língua de Joe viajou pela parte interna da coxa, subindo e descendo. Ela tentou se recostar no sofá, mas os dedos dele lhe agarraram o traseiro, obrigando-a a se manter de pé. Obrigando-a a se concentrar. A respiração de Demi se transformou em arfares suaves, o calor rodopiando em seu ventre. Ela não fazia ideia de que o prazer poderia ser tão intenso, tão ousado. Tudo que ela queria, precisava, era que Joe desse fim ao tormento, fizesse algo a respeito do desejo que espiralava dentro dela.
– Mais – exigiu ela, num sussurro rouco. – Você está me deixando louca. Eu quero mais. Preciso que você me leve às alturas.
– Com prazer – prometeu ele, enquanto seus dedos baixavam a calcinha pelas coxas, as unhas curtas arranhando em um contraponto erótico ao deslizar macio da seda.
De olhos fechados, Demi sentia, a cada vez, a reação dele à sua nudez. O corpo dela, já aquecido e pronto, esquentou ainda mais. Os pelos entre suas pernas foram de úmidos a encharcados. Os mamilos, já arrepiados, alcançaram uma rigidez dolorosa, ansiando pela atenção dele. Será que ele iria lhe tocar os seios? Será que iria provar seu centro úmido? Ela sabia que ele faria tudo isso, mas o que viria primeiro? A curiosidade e impaciência a faziam querer gritar, mas ela não abriu os olhos.
Então ele a tocou outra vez. O toque leve como um sussurro quando o hálito dele lhe aqueceu a barriga e os dedos trilharam pelos quadris, até a cintura e então mais alto ainda, para lhe abarcar os seios. Os dedos dele trabalhavam magicamente, tanto acariciando quanto torturando os mamilos. Demi não conseguiu conter o gemido.
Ela se contorceu, a pressão crescendo entre as pernas. Ignorando seu pedido silencioso, Joe roçou delicadamente, dando-lhe beijos provocantes na barriga, então desceu até uma das coxas. Abandonando os seios, ele lhe entreabriu as pernas. Ela reposicionou os pés, oscilando um pouco nos saltos altos. Colocando cada mão atrás de cada joelho dela, Joe continuou a lhe beijar as coxas.
Demi não conseguiu aguentar, e teve de olhar. Entreabrindo os olhos, ela olhava para Joe enquanto ele a observava. Os olhos dele estava de um azul-vítreo, brilhante, lampejando pelo rosto dela enquanto sua mão traçava uma linha pela coxa, acariciando e provocando ao mesmo tempo. Quando ele tocou seu centro feminino, fixou o olhar ao dela e trilhou um dedo pelas camadas, circundando a carne úmida. Um raio de desejo a atingiu, fazendo-a arfar. A satisfação reluziu nos olhos dele.
Aquele olhar, o triunfo silencioso que dizia que ele detinha o controle sobre o corpo dela, ligou um interruptor em Demi.
– Quer que eu prove você? – perguntou ele. – Quer que eu lamba você, que eu lhe dê prazer com minha boca?
Demi não tinha problemas em lhe ceder poder naquele joguinho, mas maldita fosse se não quisesse aquilo também. Anos de opressão à paixão, ao seu temperamento, foram jogados fora. Demi assumiu o controle.
Ela deu um passo para trás, agarrou os ombros de Joe e eles mudaram de posição. Ainda no chão, ele ficou contra o sofá enquanto ela assomava acima dele.
– Quero que você me enlouqueça – disse, de forma arrastada. – Desafio você a me fazer perder a cabeça. A parar de pensar. Você é bom o suficiente para fazer meu corpo anular meu cérebro?
O sorriso dele veio rápido e malicioso. Obviamente adorando o desafio, ele se reposicionou. Segurando o tornozelo dela, Joe o ergueu de modo que ficasse apoiado no respaldo do sofá, bem acima do ombro dele. O olhar, e os dedos dele, viajaram em um deslizar lento e delicioso pela perna de Demi. Ele deu vários beijinhos na panturrilha. Quando respirou o ar úmido e quente de encontro à traseira do joelho dela, Demi teria perdido o equilíbrio se não estivesse se segurando no ombro dele.
– Prove-me – arquejou Demi. Ela não queria a corte bonitinha das preliminares. Queria um passeio quente e intenso. E queria agora. – Use sua língua, Joe. Deixe-me louca. Se conseguir.
Fim da brincadeira. Os olhos de Joe ficaram cor de cobalto, e ele soltou a perna dela, de modo que ficasse apoiada em seu ombro. Sem mais delicadezas, roçou o dente na coxa dela. Os dedos e a língua, quentes e habilidosos, rumaram ao clitóris. Lambendo, sugando, mordiscando. Aqueles fogos de artifícios tão míticos brilharam detrás das pálpebras fechadas de Demi quando ela envolveu o joelho mais fortemente em torno do ombro dele para manter o equilíbrio. Girando e golpeando, o dedo e a língua trabalhavam em conjunto para levá-la mais longe, deixá-la louca.
Mais. Ela precisava de mais. Com uma das mãos segurando o cabelo dele, usava a outra para beliscar o próprio mamilo ávido. A pressão cresceu, mais intensa. Joe desacelerou a língua, os dedos ainda rodopiando dentro dela, pressionando mais fundo.
Então, sem aviso, ele lhe mordiscou o lugar mais sensível. O choque, a dor maravilhosa, a atingiram feito um furacão. Ela gritou chorosamente quando seu corpo inteiro convulsionou, o prazer invadindo tudo, levando-a para longe.
O orgasmo não parou. Nem a língua dele. Movimentos curtos, voltas suaves. A mão de Joe havia substituído a dela no mamilo, pois Demi estava se firmando com as duas mãos atrás da cabeça dele.
– Ai, meu Deus – arfou ela.
– Ainda consegue pensar? – perguntou ele, a respiração quente e ofegante de encontro à coxa úmida dela.
Demi deu uma risadinha.
– Estou pensando no quanto isto foi bom – confirmou ela.
– Não está bom o suficiente. Quero você insana de tanto prazer.
Ela estremeceu, deixando os dedos trilharem os traços severos do rosto de Joe. Ele era tão quente, tão sensual. Tão lindo. E por enquanto era todo dela. Do jeito que ela quisesse.
– Quero sentir você dentro de mim – disse a ele. – Quero tudo, e depois quero de novo.
Em um instante, ele estava de pé e tirando a roupa. As roupas voaram para os lados, Demi o ajudando com puxões e rasgões no tecido. Ela precisava senti-lo, provar sua carne rija e macia.
Antes que pudesse fazê-lo, no entanto, ele a colocou no chão. Ajoelhados, Joe ergueu uma sobrancelha fazendo a pergunta óbvia. O poder e a escolha eram dela.
Droga, ela adorou aquilo.
Demi o empurrou, de modo que ele se deitou de costas no chão. Então, após um breve chicotear da língua sobre a ponta rija como pedra, ela deslizou para cima do corpo dele.
A boca tomou a dele com um desejo voraz, línguas brigando por controle. Sempre que Joe parecia pensar ter vencido, Demi mudava as posições.
Com um deslizar breve, ela recebeu o membro rijo e latejante dentro de si. Gemeu de encontro à boca dele com o prazer do ato. Joe estremeceu, as mãos agarrando a cintura dela.
Demi se ajeitou, olhando para ele. Lentamente no início, ela cavalgou. Para cima. Para baixo. Ele colocou as mãos nos seios dela, os dedos brincando com os mamilos túrgidos no mesmo ritmo dos movimentos de Demi.
Com a respiração ofegante, o orgasmo simplesmente fora de alcance, Demi sacudiu, ondulou, necessitando de libertação.
Sentindo que ela estava chegando lá, as investidas de Joe se intensificaram. As pernas dela o agarraram, como se ela pudesse ordenhar o prazer dele com suas coxas.
Assim, no limite, Demi estava prestes a chegar ao ápice. Joe se movimentou, rápida e intensamente, e a tirou de cima dele. Com Demi tendo espasmos de prazer entre as pernas, ele sorveu as secreções, a língua e dedos fazendo-a gritar.
E a mente de Demi apagou.


*****

Hey meninas, consegui postar hoje, e pra compensar, um capítulo BIG. Espero que vocês tenham lido o que eu disse sobre meu pc, se não leram, to explicando no post anterior, ok? 
Agora, voltando ao assunto que interessa, o que acharam desse hot? Eu A-M-E-I, hahaha, espero que tenham gostado. Beijos.