9.8.14

Capítulo Dez






JOE SEGUIU Demi pela escadaria acarpetada, o olhar traçando os contornos da curva sedutora de suas costas, que estavam nuas naquele vestidinho de seda, descendo até o requebrar dos quadris, digno de fazer a boca encher d’água.
O olhar dela quando vira o casal mandando ver na alcova fora impagável. Joe não tinha planejado que aquele tipo de coisa fosse ocorrer, mas sabia que era uma forte possibilidade. Aquela boate tinha a reputação de fazer vista grossa para as inclinações dos clientes, contanto que houvesse uma pseudossaída para o gerente, como a alegação de que as alcovas eram para conversas e que as cortinas garantiam privacidade.
Ele, honestamente, não tinha a intenção de oferecer a ela uma oportunidade de cancelar a aposta, mas se sentia tão canalha, arrastando uma ovelhinha inocente para um bando de lobos excitados, que dissera aquilo sem pensar.
– O sobrenome é Jonas – disse Joe à recepcionista, quando chegaram ao topo da escadaria.
Assim que ele pôs a mão sobre a curva suave do quadril de Demi enquanto seguiam a recepcionista, ficou muito feliz por ela ter jogado a oferta na cara dele.
Não que ele sentisse que intimidade ou qualquer um dos disparates pretendidos por ela fossem tão vitais. Mas tinha de admitir, apenas para si, que ele estava mais interessado em Demi do que estivera por qualquer mulher de seu passado.
Ambos murmuraram um agradecimento à recepcionista quando ela indicou a mesa deles. Joe olhou ao redor e assentiu. Perfeito.
Ambos estavam isolados, nos fundos de uma varanda envidraçada, com uma visão clara da pista de dança. O vidro bloqueava o barulho, então era como assistir a uma orgia virtual de corpos emaranhados em um rito sexual.
Ele olhou para Demi para ver se ela havia notado, mas ela estava olhando, boquiaberta, para as dançarinas dentro das gaiolas naquele mesmo piso. Quatro mulheres, todas bem untadas com óleos e flexíveis, esfregando suas partes em mastros de aço cromado. Diferentemente dos homens em geral, que demonstrariam apreciação automática por aquela pele feminina tonalizada pelo óleo, Joe estava bem alheio ao espetáculo. Mas Demi não. Ela parecia corada e seus olhos estavam arregalados enquanto ela adentrava na cabine mal-iluminada.
Joe a notou requebrando levemente, como se estivesse se imaginando em volta de um daqueles mastros, deslizando para cima e para baixo. Ele imaginou como ela ficaria ali, aquelas longas pernas maravilhosas, nuas e escorregadias, e se remexeu na cadeira. Droga. Um ambiente cheio de mulheres seminuas e ele não tinha qualquer reação, e o simples pensamento das pernas nuas de Demi e ele estava excitado. Depois de tanto esforço para demonstrar indiferença.
– Você vem sempre aqui? – perguntou Demi, numa tentativa óbvia de aparar as arestas de tensão sexual se projetando ao redor. Assim que as palavras saíram, ela lhe lançou um olhar arrependido e revirou os olhos. – Isso é uma cantada pronta, não é? Deve ser a atmosfera, colocando clichês na minha cabeça.
Sentando ao lado dela no banco, Joe olhou para o verdadeiro açougue lá embaixo e deu uma risada. Ela estava certa.
– Só estive aqui uma vez – admitiu ele. – Foi para pesquisa. Esperemos que a atmosfera não tenha jorrado clichês no meu livro.
Ela olhou ao redor, umas ruguinhas bonitinhas lhe enfeitando a testa. Então a boca ficou em formato de “O”, o movimento dando uma pontada de luxúria bem no meio do peito de Joe. O que era mais fascinante? A boca ou a mente de Demi?
– Laço de carrasco, certo? – Ela largou o cardápio e se inclinou para a frente, um movimento que ele viera a reconhecer como sua pose para discussões. – Um livro brilhante. Você usou o ambiente de um jeito tão eficaz, criando drama e... bem, terror repentino. Não tem nada de clichê naquele livro.
Ah, sim, Joe sorriu de prazer. A mente dela era mais fascinante. Muito mais. É claro, não era nada mau também o fato de ela vir em uma embalagem tão linda, com aquela boca deliciosa incluída. Ele esticou a mão para tocar o contorno da mão dela, notando as unhas benfeitas.
Demi obviamente era uma mulher que sabia como se portar.
– E, mesmo assim, você alegou que as cenas de amor eram... como foi mesmo que você disse? Emocionalmente rasas?
Ela comprimiu os lábios por um segundo. Ele pensou ter sido de vergonha, até perceber o humor oscilando em seus olhos.
– Para ser exata, eu disse que eram eroticamente carregadas, mas emocionalmente rasas. Você poderia diminuir esse beicinho caso se lembrasse da primeira parte também.
Beicinho? Joe se sentiu tateando o próprio tórax para ver se tinha desenvolvido seios.
– Não sou uma garota, não faço beicinho.
– Do quê chama isso, então? Você obviamente ficou chateado com minhas resenhas, embora eu fique perplexa com o fato de elas terem captado mais atenção de sua parte do que as resenhas dos grandes jornais e revistas. Você ficou tão fora de si que viajou até a costa leste só para me confrontar na TV. – Ela arqueou uma sobrancelha. – Você até mesmo arquitetou toda a coisa da aposta antes mesmo de colocar os pés no estúdio.
– Nem toda – admitiu ele, enquanto seu dedo trilhava na pele macia do braço dela até o ombro, nu sob a alça fininha de seda. – Se você se recorda, foi você que estipulou os parâmetros da aposta, os critérios para definir o vencedor e tudo o mais.
– Exatamente como você queria que eu fizesse.
Mais um ponto para ela. Joe não se deu o trabalho de discordar, afinal ambos sabiam que ela estava certa. Em vez disso, deslizou sua mão errante pela curva do pescoço dela, deslizando os dedos pelos cachos.
– Há muitas outras coisas que quero que você faça – murmurou ele. – Que tal se a gente verificar se você está aberta a alguma delas?
O calor lampejou nas profundezas castanhas dos olhos dela, como chocolate derretido. Ele aguardou para ver se ela recuaria. Em vez de disso, Demi lambeu os lábios e inclinou a cabeça para um lado, como se decifrando um quebra-cabeça. Ele conseguia enxergar sua pulsação, que batia claramente sob a pele deliciosamente aveludada do pescoço.
– Por que não me mostra algumas? – falou ela finalmente, num sussurro rouco e delicado.
Joe mal conseguia escutá-la acima do barulho da boate, porém o corpo dele reagiu instantaneamente.
Sem uma palavra, a boca dele tomou a dela, um deslizar escorregadio nos lábios doces pintados de gloss. O sabor dela era... perfeito. Ele nunca sentira nada tão perfeito. Enquanto ele ainda estava absorvendo o choque, ela se tornou voraz. Colocando uma das mãos atrás da cabeça dele, e a outra em seu peito, a boca de Demi assumiu o controle, levando Joe a um passeio ousado, selvagem e repleto de prazer.
Joe a agarrou com as duas mãos e tirou o máximo proveito da paixão dela. As mãos dele mergulharam fundo no cabelo de Demi antes de ele deslizar uma delas pelo seu corpo, lenta e gentilmente. Os dedos roçaram no seio, se deleitando em seus arfares acelerados. Uma das palmas se fechou sobre o recuo delicado da cintura, então desceu mais além, até a maravilha luxuriosa da perna longa e macia.
Joe gemia de encontro à boca de Demi enquanto a mão agarrava uma coxa nua. Ela se contorceu, de modo que uma das pernas ficou inclinada para ele, e a outra se posicionou ao longo da panturrilha de Joe. Ele a puxou para mais perto, mudando de posição para protegê-los dos olhares do restante das pessoas. Demi agarrou os ombros dele, massageando-lhe a pele como um gato satisfeito. Ele queria ver se era capaz de fazê-la exibir aquelas garras, deixá-la louca até a paixão dominar aquele cérebro sexy dela.
Repentinamente obcecado em fazê-la desejá-lo tanto quanto ele a desejava, Joe aprofundou o beijo. Enquanto ele explorava as profundezas delicadas de sua boca, a mão lhe acariciava a perna. O tecido pesado do vestido bordado foi um contraste intenso à pele sedosa quando os dedos dele mergulharam por baixo, buscando o calor úmido garantido para levá-lo ao limite.
Os dedos acariciaram uma vez, então duas, no cós de renda que arrematava a calcinha de seda. Os dedos de Demi apunhalavam os ombros dele, e uma das mãos desceu rapidamente para agarrar o pulso de Joe em protesto. Quando o membro dele fez uma pressão exigente e dolorosa de encontro à braguilha de sua calça, Joe passou a língua nos contornos dos lábios de Demi, acalmando-a com beijos suaves até ela o soltar.
Lentamente, tão lentamente que estava acabando com ele, Joe deslizou os dedos para debaixo da renda elástica da calcinha dela. Demi suspirou profundamente de prazer quando ele encontrou os cachos úmidos aguardando por ele, o calor oferecendo uma recepção erótica.
Ele a sentiu ofegar de encontro à sua boca, o corpo enrijecendo, mesmo quando ela chegou mais perto dos dedos curiosos dele. Joe molhou o dedo, só a pontinha, no calor suculento e o rodopiou sobre a carne intumescida e hipersensível que sua boca ansiava para provar. O gemido dela fez o membro dele inflar em resposta. Ele precisava possuí-la. Agora.
Mas não ali.
Infelizmente, Joe recuou a mão devagar e agarrou a coxa dela outra vez.
Línguas se enredavam, lábios provocavam, dentes mordiscavam. Os sentidos dele a preenchiam. A mão dele se embolava no cabelo dela. O lado são e domesticado do cérebro dele avisava que estavam em público, e na iminência de apresentar um showzinho similar àquele na alcova do andar de baixo. O lado excitado e selvagem dele berrava que não dava a mínima. Joe precisava sentir o corpo dela de encontro ao dele, ver como se encaixava, como ela era.
Ele iria enlouquecer se não o fizesse. Logo.
Sabendo que, se não fizesse aquilo agora, ele não conseguiria mais, Joe se afastou de Demi. O gemido suave em protesto o fez querer dar um tiro naquela voz sensata e buscar o prazer.
– Vamos sair daqui – disse ele.
Os enormes olhos castanhos o encararam, uma emoção indefinível à espreita sob o desejo. Então ela piscou e foi como observar uma janela aberta. Ele conseguiu enxergar o segundo exato em que o cérebro dela voltou a funcionar, afastando o desejo e raciocinando sobre o que havia acabado de acontecer.
Não era surpresa alguma ser ele a pessoa a argumentar a favor da luxúria. Aquela mulher era o controle em pessoa, o que só o deixou mais ávido pelo momento em que a fizera relaxar completamente.
– Não precisamos pedir bebidas? Você mencionou alguma coisa sobre consumação mínima – perguntou ela suavemente, a voz estridente e rouca, como se ela precisasse pigarrear, mas se recusasse a lhe dar tal satisfação.
Ele estava satisfeito, de qualquer modo, e sabia que seu sorriso triunfante demonstrava isso. Afastar-se era difícil, mas ele soltou a coxa dela e procurou sua carteira. Tirando uma nota para cobrir o valor das bebidas que não pediram, ele a jogou na mesa e saiu da baia.
– Vamos, vamos sair daqui – disse Joe. Ele estendeu a mão, aguardando a decisão dela. Ambos sabiam que aquilo era mais do que uma pergunta sobre ela estar pronta para ir embora da boate. A aposta, a única com a qual ele se importava no momento, pairava entre eles.
Ele não ia implorar, mas estava apavorado por desejar fazê-lo. Então observou Demi inspirar profundamente. Ela pegou a mão dele e saiu da baia também.
– Você está certo – concordou ela. – Está na hora.


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E aí, o que acharam desse capítulo? O próximo é HOT, finalmente. Quem está animada? \o/ alalskas.
Beijos <3

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