31.8.16

Capítulo Cinquenta e Oito




Joe tomou um gole longo de uísque com gelo e fez cara feia quando a bebida desceu queimando a garganta. Estava morrendo de calor. O terno preto com suspensórios que estava usando só piorava a situação. Pelo menos a roupa dele não era tão ruim quanto o vestido de Demi. A coitada estava com uma cara péssima quando foi se vestir com Selena e as outras garotas. Tomou outro gole e sorriu ao ver Jace vindo em sua direção.
— E aí? — Jace pediu um shot de tequila e o engoliu de uma vez, fazendo careta. — Como vão as coisas?
— Ah, vamos jogar conversa fora. — Joe riu. — Ótimas. Como vai o olho?
— Doendo muito, obrigado. — Jace balançou a cabeça.
Joe olhou por cima do ombro de Jace, procurando por Demi. Onde ela estava? Deveriam ter se encontrado havia meia hora. Pegou o braço do irmão, que passava por ali.
— Viu minha esposa?
— Não. — Nick deu de ombros e riu. — Esposa. Merda, nunca pensei que fosse ver esse dia.
Petunia passou bem na hora em que Nick soltava o palavrão, o que o fez ganhar um tapa na nuca e uma bronca. Ele passou os braços nos ombros de Petunia, desculpou-se e pediu duas doses de uísque por trás da tia-avó. Ah, parecia que os frutos da árvore de vovó tinham criado raízes fortes dos dois lados!
— Esposa? — perguntou Jace. — Você tem uma esposa? E Demi?
Joe não conseguiu esconder o sorriso.
— É uma longa história, mas vovó nos casou por acidente. — Ele fez o sinal de aspas com as mãos.
— Seu canalha sortudo.
Joe sorriu ainda mais.
— Sou mesmo. — Olhou o pátio exterior uma última vez e reparou em uma mulher de branco. Continuou examinando o pátio, então voltou para a garota. Era sua esposa. Era Demi. Ela estava usando o vestido da loja. Ele não conseguia parar de olhá-la. Seu corpo inteiro foi tomado pelo calor.
— Podemos lutar por ela? — sussurrou Jace.
— Eu já ganhei.
Joe passou por ele e foi até a noiva, ou melhor, esposa. Queria tanto beijá-la, mas aquilo estragaria a bela imagem que estava olhando. O cabelo estava puxado para trás, em um coque baixo, com mechas caindo pelo rosto. E ela estava mais alta, de algum jeito, talvez por causa dos sapatos de salto. Ele não conseguia raciocinar direito. Demi estava com um sorriso enorme, e só tinha olhos para ele. Graças a Deus!
— Não posso beijar você — disse, quando a alcançou. — Vai estragar a maquiagem.
— Tudo bem — respondeu Demi, aproximando-se, permitindo que as mãos dele deslizassem pela seda até seu quadril. — Uma vez, uma mulher muito sábia me disse que sua vida precisava ser estragada... Talvez eu possa fazer isso.
Joe poderia jurar que ouvira vovó dando uma risadinha. Mas ele beijou a esposa — a noiva — e a ergueu no ar, fazendo-a girar.
— Vocês se casaram! — gritou alguém.
Joe colocou Demi de volta no chão e se virou. Uma mulher jovem com cabelo loiro e cacheado estava correndo na direção dos dois, agitando os braços. Era Dallas, a irmã de Demi.
Demi soltou um gritinho e bateu palmas quando Dallas se jogou em seus braços e gritou:
— Não consigo acreditar! Não consigo acreditar que vocês se casaram! Quando vovó me ligou, alguns dias atrás...
— Alguns dias atrás? — perguntou Joe, olhando para a avó com cara de culpada. — Estava confiante assim, é?
Vovó apenas deu de ombros.
— O que posso dizer? Conheço meus garotos.
— Bom palpite.
Dallas deu um beliscão no braço de Demi.
— Como é que não me convidou?
— Foi... — Demi olhou para Joe, em busca de ajuda. — Bem de repente. — Ele passou o braço pelo ombro da esposa. — Muito, muito de repente. Dá até para dizer que não imaginávamos que fosse acontecer.
Àquela altura, vovó já se aproximara e passara o braço pelo de Dallas.
— Vamos lá, querida, vou arranjar uma bebida para você. Ouvi dizer que você está solteira...
Dallas jogou a cabeça para trás e deu risada.
— Estou casada com a minha carreira.
— Ora, querida, a carreira não consegue fazer o papel de um homem, pode acreditar. — Ela levou Dallas para perto do bar, onde Jace estava sentado, e ergueu dois dedos para o atendente.
— Ela vai... — Demi cruzou os braços.
— Ela só fica feliz se estiver se intrometendo na vida dos outros. — Joe puxou Demi mais para perto. — Olhe só. — Ele indicou vovó com a cabeça. A senhora acabara de deixar Dallas e Jace sozinhos com as bebidas. Com sorte, não haveria Benadryl nelas. Mas não dava para ter certeza, quando o assunto era vovó: ela tinha uma inclinação a usar medicamentos controlados.
— Você está tão bonita! — sussurrou Joe no ouvido de Demi. — Que tal a gente ir lá para cima e...
Demi se afastou dele.
— Estou sob ordens de fazer você sofrer até depois do casamento. Então, não.
— Ordens de quem?
— Vovó. — Demi deu uma risadinha. — Acho que devo uma a ela, por tudo o que fez.
Joe franziu a testa.
— Pense só em todas as surpresas que você vai encontrar mais tarde... — sussurrou Demi, contando sobre cada peça de roupa que usava, uma por uma, e encerrando a provocação com um puxão na orelha de Joe. Com os joelhos fracos, ele quase caiu.
Maldita vovó, que só ficava feliz quando outra pessoa estava sofrendo!

*****

Alguém sentiu alguma coisa entre Dallas e Jace vendo a vovó no meio? jhbsjhbhj. Quando eu comecei a ler essa serie de livros (que tem três), eu ia postar o primeiro, que conta a história da Selena e do Nick, mas, no caso, adaptaria pra Jemi, só que acabei gostando mais desse. Mas só por curiosidade, o terceiro conta a história da Dallas e do Jace, e eu to falando sobre os três livros pelo fato de: todos são sobre a vovó tentando unir os casais, e eu amo isso, além de que, no último, que eu não li, provavelmente aparece os dois casais dos primeiros, assim como nesse apareceu Nelena. No fim da fic vou passar certinho pra vocês o nome da autora e dos livros, caso queiram ler, ok? Beijos 

Capítulo Cinquenta e Sete




Bem, tomar banho nunca mais seria a mesma coisa. Na verdade, Demi estava convencida de que, em um futuro próximo, cada vez que ouvisse o som de água corrente, teria muita dificuldade em segurar um sorriso.
Aqueles lábios, aquelas mãos... Ah, que mãos divinas! Sério, Joe devia dar aulas sobre como usar aqueles dons abençoados. Sabia usar muito bem o que Deus lhe dera. Ainda sentia o corpo vibrar com a sensação que aquelas mãos provocaram em seus quadris, sua bunda, e ainda se lembrava de Joe levantando-a debaixo do chuveiro.
Sabendo que estava corando, Demi começou a se abanar enquanto seguia para o coquetel. A maquiagem ia acabar derretendo, se continuasse assim. Ela queria estar com a melhor aparência possível para aquela dança do acasalamento idiota que vovó tinha planejado. Sem mencionar que dançaria com Joe, e ela queria estar bonita para ele.
Quando dobrou o corredor que dava para a área em que aconteceria o coquetel, vovó a interceptou e a levou para o quarto.
— O que você está fazendo? — perguntou Demi enquanto vovó a puxava, levando-a para o quarto. Sem dizer nada, a senhora fechou a porta e se virou.
— Você está um horror.
— Hã, obrigada? — respondeu Demi, olhando para o vestido horroroso que Selena escolhera. Ficara sabendo que Selena na verdade não escolhera o vestido, e sim Bets, que quisera ajudar a planejar o casamento e desenhara os vestidos das madrinhas.
Por isso estava usando aquele vestido “vômito outonal”, que a fazia parecer 20 quilos mais gorda. Vovó soltou um longo suspiro e descansou a mão na bochecha enquanto examinava a roupa de Demi.
— Isso não vai servir. Afinal de contas, você não teve oportunidade de usar um vestido de noiva.
— Eu me pergunto de quem é a culpa. — Demi ergueu as sobrancelhas. Vovó deu de ombros e dispensou o comentário com um gesto. Era óbvio que ainda estava bancando a inocente.
— De qualquer forma, uma mulher sempre está preparada. — Ela se aproximou do guarda-roupa e abriu as portas. Depois de resmungar sozinha e revirar o que só podia ser descrito como uma quantidade nada sensata de casacos com estampa de oncinha, tirou do cabideiro um saco que guardava algum traje. — Isso aqui é para você.
Ao notar a hesitação de Demi, vovó fez um tsc de irritação e colocou o saco na cama. O som do zíper sendo aberto foi quase desconcertante.
— Vamos lá. — Vovó se afastou. — Dê uma olhada.
Quase com medo de ver o que era, Demi umedeceu os lábios, enfiou a mão no saco e pegou o vestido. O vestido. O vestido da loja.
— Mas o casamento não é meu! — gaguejou Demi.
— Mero detalhe. — Vovó a calou com um gesto. — Selena ficou mais do que feliz com a ideia de a melhor amiga usar algo parecido com um vestido, em vez de uma fantasia de abóbora grávida. Agora, vamos vestir logo esse negócio e fazer meu neto ter um ataque cardíaco.
— Mas...
— Não gostou? — Vovó tocou o vestido nas mãos de Demi e suspirou. — Naquele dia na loja, pensei que...
— Não. — Demi sentiu as lágrimas queimarem seus olhos. — Não é isso. É só que me sinto em um conto de fadas. — Ela também sentia como se não merecesse nada daquilo.
— Ah, meu Deus! Se Joe é o Príncipe Encantado, estamos com problemas — disse vovó. — Ele ainda tem que cumprir algumas obrigações, começando com a dança que vocês precisam apresentar. E ainda tem que me dar bisnetos também. Vocês vão me dar bisnetos, não vão?
Demi sentiu as bochechas corarem. Desviou o olhar e se balançou na ponta dos saltos.
— Estamos trabalhando nisso.
— Esta é a minha garota! — Vovó deu tapinhas na mão de Demi e apertou os pulsos dela. — E nem pensem em usar camisinha. Enfiei uma agulha em cada uma que encontrei nesta casa. Espero um bebê na primavera.
Boquiaberta, Demi a encarou e sentiu as bochechas corarem ainda mais.
— Nós, hã, veremos o que podemos fazer.
Só vovó pensaria em planejar uma coisa dessas.
— Boa menina. — Vovó se afastou. — Rezei para que você fosse fértil, sabia? — Ela sorriu para si mesma. — Agora, tire essas roupas. — Tinha tanta coisa errada naquela frase que Demi enrolou um pouco antes de se virar e permitir que vovó abrisse o zíper da imitação de vestido que estava usando.
Quando foi aberto e deslizou para o chão, Demi se afastou e fez uma careta. O vestido era branco, e ela estava de lingerie preta.
— Ah, eu quase esqueci!
Vovó ergueu uma das mãos e pegou uma sacola no chão, de onde tirou um corpete branco, com uma calcinha fio-dental e meias sete oitavos combinando. Nossa, como é que ela sabia o tamanho de Demi?
— Perguntei para Joe — explicou vovó. — Parecia que ele sabia o tamanho certinho dos seus quadris. Olhe só. E do busto... Bem, vamos dizer que apitei algumas vezes antes que ele conseguisse voltar a se concentrar. Aquele garoto se distrai muito fácil. É culpa minha. O avô dele sempre gostou muito de peitos. — Vovó estufou um pouco os seios. — De qualquer forma, vamos lá. Coloque isso, depois eu a ajudo com o vestido.
Demi hesitou. Vovó queria mesmo que ela ficasse pelada?
— Se você continuar nessa lerdeza, é possível que eu morra antes de ver meus bisnetos. Pode acreditar em mim: não há nada em você que eu não tenha visto antes. Bem, talvez não veja há um tempo, meu espelho aponta mais para baixo, hoje em dia.
Rindo, Demi pegou a lingerie que vovó lhe oferecia e a deixou na cama, então tirou a roupa. Vovó suspirou.
— O que foi? — Demi parou, pegando o corpete.
— Nada. — Vovó a dispensou com um gesto. — É só que não acredito que Joe vá assistir à cerimônia até o fim. Não permita que ele se aproveite de você cedo demais, Demi! Está me ouvindo? Deus não aprova essas coisas.
— Hã. — Demi colocou o corpete. — O quê? Pessoas casadas se aproveitando umas das outras?
— Claro que não. — Vovó a olhou com repreensão. — Deus só não gosta de ver coisas bonitas sendo desperdiçadas, e você, querida, vai estar espetacular. Então deixe que ele sofra um pouco antes. Entendido?
Demi deu um sorriso enorme.
— Entendido.
Vovó soltou um ruído. Dez minutos depois, Demi estava usando o vestido de seda mais bonito que já vira na vida. Vovó não parara na lingerie. Também tinha comprado sapatos de cristal que fizeram Demi parecer uma modelo. Abençoado fosse o coração manipulador daquela senhora! Demi virou e se examinou no espelho. Vovó estava atrás dela, radiante.
— Faça-o sofrer.

*****

Se essa não é a melhor vovó eu não sei o que é. Espero que estejam gostando, beijos! 

Capítulo Cinquenta e Seis




Joe inclinou a cabeça para a direita e fez uma careta.
— Ficou legal, né?
Demi estava imóvel a seu lado. Ele a cutucou e repetiu:
— Né?
O silêncio e a expressão tensa no rosto dela não o deixaram mais seguro em relação ao que tinham feito. O pessoal do bufê bolara um plano brilhante. Ainda tinham um pouco de glacê extra, caso um dos laços do bolo caísse. Era um bolo preto e branco, com glacê branco e laços pretos — simples, elegante e, nas palavras de Demi, “bonitinho”. Para sorte deles, foi bem fácil esconder a palavra TETAS. Então agora estava escrito apenas PARA SEMPRE. Mas não estava bem centralizado, então dava para ver que era para ter mais uma palavra.
— Está legal — disse Demi, por fim. — Não dá nem para ver as TETAS.
Joe soltou o ar.
— Sério? Nada de TETAS?
Vovó escolheu aquele exato momento para aparecer.
— O que vocês estão falando sobre tetas? — Ela deu um tapa na cabeça de Joe. — Será que você consegue parar de pensar em sexo e se concentrar em outra coisa por apenas cinco minutos?
Demi chutou sua canela, e Joe respondeu bem alto:
— Não, não consigo me controlar. Sou uma causa perdida. — Ele soltou um suspiro pesado, sentindo os ombros se curvarem. — É isso que sou. Sinto muito, vovó. Não vai mais acontecer. Vou tentar com mais afinco. — Ele cerrou os dentes e olhou irritado para Demi. Vovó olhou para os dois com desconfiança, antes de dar a volta no bolo.
— Tem alguma coisa diferente.
— Do lado de fora. — Demi soltou. — É porque estamos aqui do lado fora, e a luz do... hã... a luz refletida nas partículas do ar...
— E o sol! — Joe quase gritou. — O sol faz o bolo parecer...
— Mais bonito! — Vovó uniu as mãos, fazendo Joe e Demi suspirarem ao mesmo tempo.
— Muito bem! Sabia que podia confiar em vocês dois.
Joe fechou os olhos e soltou um palavrão enquanto a senhora se afastava.
— Vamos matar vovó, isso é o que vai acontecer. Se ela descobrir o que fizemos... — Ele coçou a cabeça. — Ela não pode descobrir. É isso. Não vou ser responsável por arruinar o casamento.
Demi agarrou as mãos dele.
— Está tudo bem! Ninguém vai ver TETAS!
Um homem que estava com o pessoal do bufê passou por perto e soltou um assobio. Joe gritou para ele.
— Ela não está falando das tetas dela! Está falando...
Demi cobriu a boca dele.
— Deixe para lá. Só deixe isso para lá.
Ao sentir aqueles dedos contra seus lábios e ver a boca de Demi tão próxima da sua, ele perdeu toda a concentração no casamento. Sua atenção se voltou para eles. Para ela, para ser mais exato. Sem nem pensar, ele agarrou a mão dela e a arrastou de volta para a casa. Vovó não demorou a encontrá-los.
— Vamos logo! Temos que tirar fotos em duas horas, e ainda tem o coquetel antes do casamento, às quatro!
— Beleza — concordou Joe, com a voz contida, ainda puxando Demi escada acima.
Ele finalmente chegou ao banheiro e bateu a porta. Conferiu duas vezes, para ter certeza de que a trancara. Então ligou o chuveiro.
— Hã, o que você está fazendo?
Ele tirou a blusa.
— Tomando um banho. Vamos ter que nos arrumar em algum momento, e pode muito bem ser agora.
— Mas temos... — Demi balançou a cabeça. — O que estou dizendo? Por que estou discutindo?
Joe riu.
— Agora, tire essas roupas, antes que eu as arranque.
— Peça “por favor”.
— Mas claro que não! — Joe a empurrou contra o balcão e agarrou seu cabelo. — Não vou pedir por favor, mas você pode muito bem me dizer “obrigada”.
— Pelo quê? — Demi empurrou o peito dele.
— Você vai ver. — Ele mordeu o lábio inferior. — É mais um “obrigada antecipado, Joseph Jonas”.
— Não antes de você dizer “por favor”, Joseph Jonas.
— Gosto quando você diz meu nome todo.
Demi estendeu as mãos para as calças de Joe e abriu os botões, fazendo o jeans deslizar pelos quadris dele.
— Dá para perceber.
Ele resmungou.
— Está bem. “Por favor!”
— Mais alto.
— Esta é a minha garota. — Ele a beijou de um jeito mais agressivo. — “Por favor!”
Ela o empurrou, com força suficiente para que ele se afastasse alguns passos. Mas valeu a pena, só para vê-la tirando a roupa diante dele. Será que nunca se cansaria do modo como ela reagia a ele? Das bochechas vermelhas ou de como aquele corpo pequeno se encaixava ao dele com perfeição?
— Abra a porta, meu filho! — gritou Wescott. — Sei que você está aí! Tia Petunia viu você e... — Ele soltou um palavrão. — Demi. E, filho, isso não é certo. Vamos ter que mudar as coisas por aqui. Você não pode simplesmente... — A mãe de Joe disse algumas palavras abafadas para o pai.
— Como disse a sua mãe, é hora de deixar a pobre garota em paz. Você já deu muita dor de cabeça a ela, e o que... Agora não, Bets! Estou tentando conversar com meu filho sobre suas atitudes!
Joe se apoiou na parede com os braços cruzados, esperando.
— Filho! — O pai bateu na porta outra vez. — Agora não, Bets! Não consegue ver que estou ocupado? Não posso deixar que ele arruíne o dia de Nick com...
Todos fizeram silêncio. E então ouviram um monte de frases gaguejadas, palavrões e — graças a Deus! — o apito de vovó.
— Tchau, pai — gritou Joe.
— Hã, filho. — E foi isso. Demi, ainda seminua, o encarou, parecendo feliz demais.
— Então, agora que todos sabem que nós dois estamos aqui, você ainda quer...
Ele não a deixou terminar. Em vez disso, a agarrou e puxou para o chuveiro, com lingerie e tudo. Não se importava. Compraria o que ela quisesse. No momento, queria que ela ficasse exatamente como estava: a água descendo devagar pelo corpo, toda e unicamente sua. Nem ligava para o fato de seu pai saber que ele tinha se apaixonado e estava tomando banho com a esposa. Seria capaz de postar no Facebook. Ligaria para o noticiário. Na verdade, até que não era má ideia. Queria que todos soubessem que estava comprometido. Porque fora preciso uma garota extraordinária que o fizesse entender o que estivera perdendo esse tempo todo. Ela não era apenas sua outra metade, sua alma gêmea. Na sua opinião, aquilo era o que os caras diziam quando estavam tentando ser românticos ou dormir com alguma garota. É, talvez estivesse mesmo ficando maluco. Mas, quando a tocava, provava, sentia, percebia que a questão não se resumia ao fato de que ela o completava. Era o prazer de tê-la por perto. Não soubera o que estava perdendo até conhecer Demi como uma pessoa completa, e agora que sabia, finalmente compreendia: morreria antes de deixá-la partir. Ela era sua parceira, sua melhor amiga, sua amante, sua guerreira, e era toda dele.

*****

Amores, eu não esqueci de vocês, não! Achei que tinha deixado os capítulos programados, mas só tinha salvado sem programar. Desculpa! Vou tentar postar todos entre hoje e amanhã, mas até sexta acaba, ok? Beijos 

26.8.16

Capítulo Cinquenta e Cinco




Demi soltou um gemido ao ser puxada para perto de algo quente. Suspirou, feliz, quando lábios vorazes encontraram os seus.
Rindo, Joe foi para cima dela e tirou a blusa. Aquele homem era insaciável — o que, para ela, era ótimo. Joe se afastou, gesticulando com o indicador para dizer que era a vez dela.
Demi ergueu a blusa até metade do tronco e parou. Sem aguentar esperar, Joe arrancou a blusa e puxou as alças do sutiã dela. Sua boca se colou à de Demi em segundos. As mãos deslizaram até seus quadris, puxando-a para si, quando ele soltou um grunhido que mais parecia um apelo desesperado.
— Não consigo parar — disse, roubando mais um beijo faminto. — Por favor, não me odeie por eu querer você outra vez.
Odiá-lo? Ela não conseguia tirar as roupas rápido o bastante. Quem poderia imaginar que ela passaria a primeira noite de casada em uma casa de árvore? E com Joseph Jonas? E Twinkies. Bem, Deus tinha senso de humor, afinal.
— Nossa, você tem um gosto maravilhoso! — A língua de Joe se enroscou na dela enquanto as mãos deslizaram até seus quadris.
Ela ouviu fogos de artifício estourarem no instante em que aquelas mãos roçaram sua pele — ou talvez tivesse sido um apito. Ela o beijou com mais vigor. Tinha alguma coisa errada. Os fogos de artifício ficaram mais altos. E alguém começou a bater na porta da casa da árvore.
— Muito bem, vocês dois! — gritou vovó. — Desçam já daí! Temos planos a fazer! E um casamento! Desçam!
Joe, obviamente sem se importar, continuou a beijá-la. Demi retribuiu o beijo — até que seu marido foi arrastado para longe dela pela vovó em pessoa, com o apito nas mãos.
Joe praguejou enquanto se cobria com o cobertor.
— O que você pensa que está fazendo?
Vovó deu de ombros.
— Vocês têm o resto da vida para fornicar na casa da árvore...
— Não é fornicação quando se está casado — comentou Joe.
— Está bem. Vocês podem trepar depois. — Vovó olhou feio para eles. — Mas o pessoal do bufê já chegou, e o bolo também. Preciso dos bonequinhos.
Demi sentiu os olhos se arregalarem.
— Hã, foi um...
— Sei que vocês estão com os bonequinhos — explicou vovó, parecendo entediada. — Blanche confirmou que vocês pagaram a encomenda.
— Foram bem caros, esses bonequinhos — grunhiu Joe.
— Desçam já, os dois. — Vovó apitou uma última vez e desceu a escada enquanto gritava: — E vocês têm dez minutos para me entregar os bonequinhos!
— Senão o quê? — gritou Joe, para a avó. Tudo o que ouviram foi o apito, e então Charles Barkley pulando e latindo lá embaixo.
O cachorro usava uma coleira que dava choques. Vovó apertou um botão e ele parou de latir e começou a chorar, caindo na grama e se contorcendo de dor.
— Use sua imaginação. Tenho certeza de que fazem coleiras dessas aqui para as partes...
— Está bem! — gritou Joe. — Como você quiser!
Tinha chegado a hora de entrar em pânico.
— Joe, não temos uma plataforma para os bonequinhos. Não podemos estragar o bolo!
Joe soltou um palavrão.
— Esses bonequinhos vão estragar o bolo: ou afundarão nele, ou estarão sobre uma plataforma na qual se lê TETAS PARA SEMPRE.
Demi cobriu a boca com as mãos e riu.
— Bem, nós tivemos algumas distrações.
— Você — Joe apontou para ela — foi uma distração. Se não tivesse desfilado na minha frente de salto alto e saia curta, eu teria construído uma droga de uma plataforma.
— Sei. E cadê o seu martelo? — Ao notar a expressão de culpa de Joe, Demi lançou um olhar vitorioso.
— Você por acaso sabe usar um martelo?
Ele sorriu, sem pudor.
— Acho que provei que sei martelar muito bem.
— Putz. Não sei se lhe dou um tapa ou os parabéns.
— E quanto à opção em que você fica pelada? A oferta não está mais de pé?
— Não mesmo. — Demi colocou a blusa e se levantou. — A oferta acabou no instante em que vovó mencionou a coleira de choque e fez alusão às partes íntimas masculinas.
— Certo. — Joe deu uma piscadela. — Está bem. Vamos acabar logo com isso. Talvez ninguém perceba.
— Sei. — Demi assentiu. — E talvez vovó e o sr. Casbon não tenham brincado de mímica na noite passada.
Joe fez uma careta.
— Todo o meu tesão foi embora.
— Ótimo. — Demi estendeu uma das mãos para que Joe pudesse ajudá-la a descer a escada. — Porque será extremamente inapropriado se você parecer excitado ao entregar aquela plataforma à mulher do bolo.
Joe desceu atrás dela.
— Você sempre tem uma resposta na ponta da língua.
— Foi por isso que você se casou comigo. — Demi abriu um sorriso. Joe a ergueu nos braços e a carregou pelo gramado.
— Entre outras coisas.
— Me coloque no chão!
— Vou levar você até a porta — explicou Joe. — Gosto de fazer as coisas do jeito certo.
— Só que não, né? — comentou Demi.
— Algumas coisas — ele a colocou de pé no instante em que entraram na cozinha —, as que são importantes para mim, eu as faço corretamente. Tipo as que envolvem uma pessoa chamada Demi. Se você ainda não tiver entendido, depois de eu ter dito um milhão de vezes ontem de noite... — Ele a puxou, corada, para si. — Eu te amo.
— Eu também te amo. — Os olhos dela se encheram de lágrimas no mesmo instante em que ouviram outro apito cortar o ar.
— Os bonequinhos. Vamos pegar. — Joe a soltou e disparou pelo corredor.

*****

Fico muito feliz que vocês continuem aqui me acompanhando, mesmo depois das mancadas, e agradeço demais . Li todos os comentários durante a semana, principalmente os do capítulo que a vovó os casou, adhsbhsb. Só não respondi antes porque tenho 5/6 provas toda sexta, não tenho tempo pra entrar no not, até por isso deixo os capítulos já programados. Vocês me perguntaram se vou continuar postando fics depois dessa e eu já vou adiantar: infelizmente não. Mas faltam 8 capítulos e o epílogo pra O Desafio acabar (terça-feira), aí explico tudo certinho pra vocês, ok? Se cuidem, beijos 

Capítulo Cinquenta e Quatro




— Acho que vou morrer. — Nick soltou um palavrão. — Só para você saber, acho que vou mesmo morrer. Vai sair no jornal. As pessoas vão rir. A situação vai ficar feia, Selena. Só estou avisando.
— Só por precaução? — Selena tirou a blusa. Os olhos de Nick ficaram escuros.
— Isso, só por precaução.
— Entendo. — Ela tirou o short e o jogou no chão.
— Mas que merda! Estou me sentindo como uma criança!
— Você está tentando acabar com o clima? — Selena olhou de cara feia, botando as mãos nos quadris. Nick desviou os olhos.
— É, não foi isso mesmo o que eu quis dizer.
— Pode explicar melhor?
— Me sinto um adolescente. — Nick abriu um sorriso. — Como na primeira vez que a vi de biquíni.
— Ah, as histórias da sua adolescência pervertida! Diga-me, Satã...
— Aaaaaaah, vamos começar a falar sacanagem. Gostei.
Selena revirou os olhos.
— Qual era a cor do meu biquíni?
Nick umedeceu os lábios e avançou até ela.
— Rosa. Era um biquíni rosa-shocking. — Ele a puxou para os braços e começou a beijar sua orelha. — Me deixou com calor.
— Ah, é? — sussurrou Selena, afastando-se. — Por isso você me empurrou na piscina?
— Bem, estava calor. — Nick passou os dedos pelos lábios da noiva. — Você precisava se refrescar... Eu fui um cavalheiro.
— Você foi um babaca — retrucou Selena.
— Também. — Nick passou os dedos pelo cabelo dela. — Nossa, como você é linda!
Sentindo as bochechas corarem, Selena olhou para baixo. Ele não dizia aquilo havia quase uma semana, o que era perfeitamente compreensível, já que estavam sendo mantidos separados por vovó. Era algo bom de ouvir!
— Não faça isso. — Nick deu uma risada. — Não fique com vergonha de repente.
— Não estou com vergonha. — Selena o encarou. — Só estou feliz por ouvir você dizer isso.
Nick franziu a testa.
— Acha que eu não digo o bastante?
— Você diz, sim. — Selena não soou convincente nem para os próprios ouvidos. — Mas que droga, estou ficando exigente! É porque você me mima demais! — Ela beliscou o braço do noivo e ficou satisfeita ao ouvir o grito de dor.
— Pestinha! — Nick a jogou na cama e a prendeu sob o corpo, segurando seus pulsos, de modo que ela não conseguisse fugir.
Selena se debateu debaixo dele. Maldito. Era forte. Um músculo se contraiu na mandíbula de Nick, que cerrou os dentes e fechou os olhos. O cabelo escuro e ondulado caiu pela testa quando ele se inclinou, aproximando-se o suficiente para beijá-la. Em vez disso, inspirou e não fez mais nada.
— Hã, Nick? — sussurrou Selena.
— Hum?
— O que você está fazendo? Achei que estivesse morrendo. Disse que ia enlouquecer sem contato físico e agora... — Ela riu, sem fôlego.
— Está me cheirando?
— Isso. — Ele continuou a inspirar, o nariz fazendo cócegas nas laterais do rosto de Selena enquanto ele descia até seu pescoço.
Ah, como ele era bom! Ela havia esquecido como tudo parecia certo quando estavam juntos, como tudo parecia ficar bem quando ela estava perto dele... O resto do mundo tinha desaparecido e só havia eles, nada mais.
— Amo esse seu pescoço — murmurou Nick, e seus lábios queimavam a pele de Selena. — Tem cheiro de flor. Sempre teve. Não sei se é o seu perfume ou se é você. É incrível!
A língua dele roçou a pele dela, provando-a, sem pressa. Então ele a beijou uma, duas vezes, parando entre cada beijo, como se quisesse guardar na memória o gosto de cada ponto. Depois, os lábios deixaram o pescoço dela, seguindo em direção ao ombro.
— Fiquei um ano inteiro obcecado com esse ombro.
— Mentira! — Selena riu. — Qual é o seu problema?
Nick segurou o ombro direito dela, passando o polegar pela pele delicada, espalhando calafrios pelo corpo de Selena.
— É verdade. Você usava uma blusa que deixava esse ombro, o direito, descoberto. Eu tropecei no corredor, porque estava olhando aquele pedacinho de pele. Jurei a mim mesmo que um dia estenderia a mão para tocar seu ombro. É claro que, quando eu era adolescente, não parava aí. Eu queria...
— Me beijar? Transar comigo?
Nick riu, e seu sorriso provocou reações loucas na barriga de Selena. Ele não tinha ideia de como era devastador.
— Não, meu amor. Só queria segurar a sua mão. É verdade.
— Segurar a minha mão? Um pouco sem graça, não acha?
— Não acho. — Ele engoliu em seco, os olhos assumindo um brilho sensível enquanto umedecia os lábios e tirava o cabelo do rosto da noiva. — Sabia que, naquela época, você nunca iria querer me beijar. Então disse a mim mesmo que, se pudesse apenas segurar a sua mão...
— O quê? — perguntou Selena, sem fôlego.
Nick alcançou a mão ainda presa acima da cabeça dela e entrelaçou os dedos nos seus.
— Seria o suficiente.
Selena sentiu um nó na garganta. Nem conseguiu responder. O que dizer, depois de uma declaração daquelas?
— Eu teria ficado satisfeito — continuou Nick. — Teria ficado feliz mesmo... vivendo a minha vida, seguindo em frente, continuando sem o meu primeiro amor. Isso se eu pudesse segurar a sua mão. Pelo menos, era o que eu achava.
Selena apertou a mão dele e a levou até a bochecha.
— E agora? O que você acha?
— Nunca. — A voz dele estava rouca. — Nunca mesmo. — Ele soltou a mão e envolveu o rosto dela.
— Teria sido o suficiente? Apenas encostar nos seus dedos. — Ele colocou o polegar entre os lábios da noiva. — Teria acabado comigo. E, agora, só quero ficar a seu lado o tempo todo, cada segundo do dia. Não consigo tirar você da cabeça. Nunca vou me cansar de você. E espero que esse fogo, essa febre que você me causa, nunca acabe. — Ele tomou os lábios dela nos dele, sugando-os, e se afastou. — Só para constar, caso você ainda tenha alguma dúvida, acho que você é mais do que bonita.
Selena sentiu os olhos se encherem de lágrimas.
— Já disse uma vez, há alguns meses, que eu devia dizer isso todos os dias... Mas parece que fui egoísta demais para pensar em dizer. É que não conseguia parar de pensar em como sua mão estava longe do melhor amigo: eu. — Nick deu uma piscadela. — Mas, Selena, graças a Deus você é minha, porque você é linda! Amo esses seus cílios...
— Nick. — Ela o interrompeu com um beijo. O noivo se afastou.
— Deixe que eu termine. Amo os seus cílios: eles sorriem com os seus olhos. E as suas mãos: Deus as fez para que se encaixassem nas minhas. Sério, vovó perguntou. E Ele respondeu que sim.
— Ah, é? O que mais Ele disse? — brincou Selena.
— Que você era minha desde o começo, desde a primeira vez que eu quis ver seu ombro, segurar sua mão, beijar sua boca perfeita. Que éramos nós dois contra o mundo, e que sempre será assim. — Ele suspirou. — O casamento é só o começo da nossa história, e espero que, quando Deus escrever o final, a gente ainda esteja de mãos dadas na última página.
Selena achava que não conseguiria falar. Apenas assentia enquanto observava o amor que Nick sentia por ela tomar conta dele — dos olhos até a postura protetora de seu corpo, que se inclinava sobre ela.
— Amo você. — Ela conseguiu dizer. Ele suspirou contra os lábios da noiva.
— Querida, amo tanto você! Mal posso esperar para que a gente se torne marido e mulher. E sinto muito pelo que vou fazer.
Já tonta, Selena sacudiu a cabeça.
— Pelo quê? O que você vai fazer?
Ele se afastou e vestiu a blusa.
— Nick, espere...
— Eu te amo... e sei que vou me arrepender disso em cinco segundos, o que quer dizer que preciso trancar a porta do meu quarto... — Ele suspirou.  — Mas, meu amor, vou aceitar o conselho da vovó, já que ela é a razão de estarmos juntos, para começo de conversa. Vou sair por aquela porta e esperar mais doze horas.
— Hum. — Selena brincou com a alça do sutiã. — Sério? Doze horas inteirinhas?
— Não faça isso comigo. — Nick fechou os olhos e suspirou. — Sim. Agora continue de lingerie enquanto tento passar por aquele cachorro sem ser assassinado.
Ele foi até a porta devagar, como se já duvidasse da própria decisão. Suspirando, Selena se levantou da cama e andou até ele. Então o abraçou por trás e encostou o queixo em suas costas.
— Eu te amo, Nicholas Jonas.
— Você... — Nick parou, os músculos tensos sob os braços dela. — É a minha vida, futura Selena Jonas. Selena o soltou e ele saiu. Nick tinha o autocontrole de um santo e, em vez de deixá-la brava, isso fazia com que ela o amasse ainda mais. Em doze horas, Nick seria dela. Todo dela.

*****

Confesso que eu pensei em pular esse capítulo, até porque é inteiro sobre o Nick e a Selena, que a autora fez porque eles eram o casal principal no primeiro livro e, assim, depois do fim, por meio desse os fãs da série puderam acompanhar o que aconteceu na vida dos dois, mesmo que agora como personagens secundários. Mas enfim, aí está. A noite tem mais, beijos 

25.8.16

Capítulo Cinquenta e Três




— Foi fácil demais — comentou Nick, do alto da escada. — Veja só, Joe nunca aprendeu francês, achava feminino demais para ele. Não é mesmo, irmãozinho?
— Nick... — disse Joe, ameaçador.
O que o irmão estava fazendo? Selena estava sentada no colo de Nick. Uma expressão de puro contentamento surgiu no rosto dos dois ao verem que o cachorro impedia Joe e Demi de chegarem ao quarto.
— Autocontrole faz bem — explicou Selena, beijando o pescoço de Nick.
— Não, sério. Estamos fazendo um favor a vocês dois.
— Como vocês se livraram da vovó? — perguntou Joe. — Ela não ia deixar os dois sozinhos.
Nick abriu um sorriso.
— Sr. Casbon. Parece que ele está se sentindo muito sozinho, desde que vovó decidiu ficar plantada aqui no corredor. Bastou uma ligação, e lá foi ela.
Joe queria socar o irmão até que aquele sorrisinho sumisse do rosto dele.
— Está bem, você ganhou. É mais inteligente que uma pulga. Podemos subir?
Selena e Nick se entreolharam como se perguntassem um ao outro: o que você acha? Demi resmungou atrás de Joe.
— Pensem nisso como um exercício para aprenderem a trabalhar em equipe — respondeu Selena, por fim. — Vocês terão de unir forças, se quiserem conseguir subir as escadas e chegar ao quarto, e nós iremos ignorar seus pedidos de socorro.
— E por que estão fazendo isso? — perguntou Joe.
— Perdemos um desafio — respondeu Selena, entre os dentes. — Parece justo que a gente tenha alguma compensação.
— Por que todos nós não podemos receber uma compensação?
— Porque, por sua culpa, vovó vai cantar no casamento — respondeu Selena. — Portanto, nós ganhamos compensação e vocês ganham... — Ela apontou para o cachorro. — Charles Barkley.
Nick e Selena comemoraram com um “toca aqui” e saíram do corredor, deixando Joe e Demi sozinhos com o pequeno cachorro.
— Quão perigoso ele pode ser? — Joe estendeu a mão na direção do cachorro, que começou a rosnar e a mostrar os dentes. — Ele está fingindo, não é? Você é bonzinho, não é, Charles? — Ele tentou de novo. Dessa vez, o cachorro quase arrancou um dedo dele. — É, acho que não é uma boa ideia nos aproximarmos muito. — Demi o puxou para trás.
— Pode ser que ele decida morder outra coisa, e tenho certeza de que isso acabaria com a noite.
Joe coçou a cabeça.
— O que a gente vai fazer? Ele está controlando o caminho para o nosso quarto, e os quartos de hóspede estão ocupados com os convidados do casamento.
— A gente pode gritar na porta do quarto de Amy, dizendo que a casa está pegando fogo, e depois a deixamos trancada do lado de fora — sugeriu Demi, esperançosa.
— Demi. — Joe segurou uma de suas mãos. — Seja melhor do que ela.
— Preciso mesmo?
— Só tente. — Joe deu uma risadinha e a puxou para seus braços, beijando-a com voracidade. O cachorro, claramente agitado, começou a latir. Joe se afastou, reclamando. — Pare de latir!
O cachorro latiu ainda mais alto e se encolheu como se estivesse prestes a pular.
— Shh! — Demi apontou para o cachorro. — Nada de latir!
O cachorro parou por dois segundos, até que começou a uivar.
— Odeio a vovó. — Joe praguejou. Demi se escondeu atrás dele. — Nossa, obrigado! Como foi que, de marido, passei a ser seu escudo humano?
Demi riu.
— Bem, estamos casados.
— É verdade.
— O que vamos fazer?
O cachorro não ia sair dali, isso era óbvio, e Joe não ia correr o risco de deixar que o animal mordesse suas partes íntimas. Sem outras ideias, ele se virou para o corredor.
— Já sei.
Dez minutos depois, eles estavam de volta à casa da árvore. Mas dessa vez tinham cobertores, mais vinho e pipoca. Joe segurou a mão de Demi, envolvendo-a na sua, enquanto olhava o rio pela janela.
— Quanto ao seu trabalho...
— Que se dane o meu trabalho! — Demi abraçou o pescoço dele e se sentou de pernas abertas no colo do marido. — É só isso, um trabalho.
— Mas você gostava dele de verdade. — Joe se liberou do abraço de Demi, desejando olhá-la nos olhos. — Você e Selena costumavam apresentar o jornal da manhã aqui na casa da árvore, quando tinham 7 anos. Tenho certeza de que era seu sonho.
— Eu gostava de contar histórias. E gostava de escrever... — Ela deu de ombros. — Gosto mais de você. Às vezes, as coisas que realmente queremos na vida estão sob o nosso nariz. Joe riu.
— Nossa, assim vou ficar vermelho! Foi um elogio bem sexy. Que bom que você gosta de mim... Será que podemos começar a sair e, quem sabe, um dia até nos casar? Ah, espere um pouco.... — Ele bateu a mão na testa. — Nós invertemos a ordem!
— Não. — Demi encostou a testa na dele. — A ordem inversa para uns pode ser a certa para outros.
Joe a fitou, e no seu olhar havia a promessa de que nunca a deixaria partir.
— Acho que gosto de fazer as coisas ao contrário.
Demi sorriu, e seus olhos azuis brilhavam ao luar.
— Eu também.

*****

Falta relativamente pouco pra acabar. Amanhã tem mais, beijos 

Capítulo Cinquenta e Dois




— Ela tem muito tempo livre — comentou Joe, quando entraram na cozinha. Demi não precisava de vinho, ainda estava tonta com aquelas horas na cama. Precisava de comida, isso sim.
— Vovó não tem culpa de o passatempo dela ser justamente os netos. — Demi encontrou as taças e trouxe duas para o balcão no meio da cozinha enorme e luxuosa. Joe pegou uma garrafa de vinho tinto e serviu os dois.
— Ei — ele mordeu o lábio inferior —, que tal a gente ir para a casa da árvore? Quero lhe mostrar uma coisa.
— Nossa, que garanhão! Aposto que dizia isso a todas, no colégio.
Joe revirou os olhos.
— Só pegue sua taça. Vamos lá.
Ela o seguiu, meio boba de felicidade, até a noite fria. Era ridículo, mas sua forma de ver a vida tinha mudado.
Talvez fosse porque finalmente estava com o homem que sempre quis. E casada, para ser mais precisa. Não apenas saindo com ele. Haviam invertido o processo? Sem problema.
— Vamos. — Joe pegou a taça das mãos de Demi e a colocou no chão da casa da árvore enquanto a ajudava a subir. Quando estavam no pequeno cômodo, Joe acendeu uma vela e soprou o fósforo. — Pronta para a surpresa?
— Depende. — Demi tomou um gole de vinho. — Você vai me contar uma história de terror ou está mesmo planejando uma surpresa?
— Pronta ou não? — Ele se inclinou para a frente e beijou sua boca com vontade.
— Pronta.
— Ah, corpo traidor! Feche os olhos.
Ela fez biquinho.
— Feche!
— Está bem! — Ela fechou os olhos e ouviu alguma coisa ser revirada. Parecia que ele estava segurando um embrulho ou uma sacola.
— Abra a boca.
— Não sei se quero fazer isso, não — respondeu.
— Confie em mim — sussurrou Joe.
E, como ele dissera que a amava, e ela finalmente confiava nele, Demi obedeceu. Abriu a boca. A primeira coisa que sentiu foi o gosto do creme doce. Abriu os olhos.
— Um Twinkie! — Rindo, ela pegou o bolinho com as mãos. — Por que você guarda Twinkies aqui em cima?
Joe pareceu corar. Ele mordeu o lábio inferior e se sentou ao lado dela.
— E agora é hora da história...
Ela encostou a cabeça no ombro de Joe.
— Era uma vez um garoto que conheceu uma garota. Ele a ofendeu por tê-la encarado, então a garota deu um soco na cara dele. — Demi riu, e Joe continuou: — Então, um dia, a garota deu a ele um Twinkie. Parece que, no primário, comida é considerada uma oferta de paz. O garoto não teve coragem de dizer à bela garota que não gostava de Twinkies, então os guardou. Cada vez que ela lhe dava um bolinho, ele corria para casa e o escondia na casa da árvore.
Os olhos de Demi se encheram de lágrimas.
— Como um esquilo?
— Como um esquilo idiota. — Joe riu. — Até que, um dia, acabaram os Twinkies. Você sabe, às vezes os garotos crescem e viram uns idiotas. Pensam que, como cresceu um pelo em seus queixos ou descobriram um músculo no braço, de repente não precisam mais das garotas com Twinkies. Pensam que deviam ter muitas garotas, não apenas uma. E aí estragam tudo... — Ele se virou para Demi e engoliu em seco. — Estraguei as coisas com você tantas vezes... Eu era tão apaixonado por você no ensino fundamental, e de repente foi como se nós dois tivéssemos parado de tentar. Foi a primeira vez que fui embora, meu primeiro erro.
Demi piscou para conter as lágrimas.
— E qual foi o segundo?
— Abandonar você outra vez, na noite em que fui egoísta e a usei para me sentir melhor comigo mesmo. — Joe suspirou. — E o terceiro e último erro na minha história trágica...
— Qual foi?
— Não beijar você no instante em que a vi outra vez, não pedir desculpas por ter lhe deixado... por ter lhe abandonado, mesmo que, lá no fundo, eu soubesse que era você, que sempre foi você, Demi.
Ela limpou algumas lágrimas que escorriam pelo rosto.
— Mas e Selena? Quer dizer, você e ela foram...
— Não era assim, nunca foi. — Joe sacudiu a cabeça. — Nunca. — Ele ficou sério e virou o queixo de Demi na direção de seus lábios. — Isto é indescritível.
— Ah.
— Uau! Depois de tudo isso, você só responde “ah”?
Demi sorriu e apoiou a cabeça no ombro dele outra vez.
— Bem, estou um pouco cansada depois de toda aquela mímica.
— Que pena. — Joe deu uma risadinha. — Tinha mais alguns truques na manga.
— Claro que tinha, bonitão!
Ouviram um barulho no chão perto da casa da árvore. Gesticulando para que Demi ficasse quieta, Joe olhou por cima da cerca e viu vovó atravessando o gramado até a casa do vizinho.
— O que ela está fazendo? — sussurrou Demi.
— Parece que está indo para um... joguinho da madrugada — sugeriu Joe.
— Com?
— O vizinho. Um velho maluco que só usa camisas havaianas e belisca a bunda da vovó durante os jantares em família. Ele a ama. É obcecado. Planeja suas manhãs de acordo com as caminhadas da vovó.
— Uau, quanta dedicação!
— Com certeza, ela está fazendo alguma coisa certa.
Demi deu risada.
— Ela é uma Jonas.
— Bem lembrado. — Umedecendo os lábios, ele a puxou para outro beijo. — Eu não a beijei, sabia? Não queria. Nunca quis.
— Quem?
— Amy.
— Ah, ela. — Demi bufou. — Minha inimiga da escola e típica menina malvada. Eu sei. Deixa pra lá. Juro que eu tinha esquecido, até que vi aquelas garras de acrílico perfurando seu peito.
— Aquilo dói. — Joe riu. — Pra caramba. E não é uma dor boa. É uma dor que faz os caras se afastarem devagar, para não serem devorados.
As luzes da varanda da casa do sr. Casbon se acenderam e, com uma risadinha estridente, Vovó foi puxada lá para dentro.
— Bem. — Joe estendeu a mão para ela. — Sabe o que isso significa.
Demi aceitou a mão dele.
— Podemos voltar para a cama?
Gemendo, ele a puxou para seus braços e a beijou.
— Sem ter que nos preocupar com vovó abrindo a porta.
Mordendo o lábio inferior, Demi virou a cabeça para o lado.
— Acho que vi chantilly na geladeira.
— Sério? Vamos! — Rindo, Joe a ajudou a descer a escada e os dois voltaram correndo para a casa. Já na cozinha, Joe encontrou as frutas e o chantilly e Demi pegou o vinho. Eles subiram as escadas, dois degraus por vez, mas congelaram ao ouvir um rosnado baixo. — Merda.

*****