19.5.15

Capítulo Dezenove




Estava tudo bem.
Tudo bem, tudo bem demais.
Tinha “tudo bem” de mais naquela frase. Sim, Joe estava se saindo muito bem em se convencer de que ficar no mesmo quarto de Demi não o mataria. Seria como no acampamento da escola. Só que, desta vez, enquanto a garota estivesse dormindo bem longe dele, Joe saberia exatamente o que estaria perdendo.
Passou a mão pelos cabelos e tentou se concentrar em sua tarefa: encontrar roupas para Demi. Bem, ficar sem roupas também era sempre uma opção... Ele sorriu, então se lembrou da ameaça que ela fizera e continuou a procurar.
Ao abrir a porta de cima do armário, encontrou algumas cuecas e uma camiseta da época do ensino médio. Iriam servir.
Quando subiu as escadas até a suíte, estava quase convencido de que aquilo não seria nada de mais. Quase.
Demi já estava na cama, com as pernas cruzadas e os braços atrás da cabeça, o que destacava os seios no vestido de um jeito tão atordoante que Joe precisou fechar os olhos por um segundo. Ele retirava o que tinha dito: não seria nem um pouco como no acampamento, nem um pouco mesmo.
— Encontrei roupas para você. — Ele as jogou na cara dela. Bem, talvez fosse um pouco como no acampamento, já que ele continuava a irritar as garotas de quem gostava. Onde é que estava o charme dele? Tinha desaparecido, pelo visto.
— Obrigada — murmurou Demi, tirando as roupas da cara. — Ei, eu me lembro desta camiseta. — Ela riu e a segurou na frente do peito. — Homem do ano, é?
Joe coçou a cabeça e desviou o olhar.
— É, bem, foi há muito tempo. — Ele tinha sido eleito Homem do Ano no ensino médio, o que, para um adolescente cheio de hormônios, basicamente significava que ele era algum tipo de deus do sexo enviado à Terra para dar atenção a todas as mulheres das redondezas.
Amava aquela blusa. Toda vez que a usava... Bem, basta dizer que, sempre que isso acontecia, chegava atrasado à aula.
— Eu odiava essa blusa. — Demi a colocou na cama e suspirou.
— Odiava? — Joe se sentou ao seu lado e pegou a blusa. Nossa, ele já tinha sido assim tão pequeno? Na época, achava que tinha o corpo musculoso e esculpido como o de um deus grego. Patético. Hoje em dia, a camiseta nem mesmo caberia.
Odiava. — Demi se apoiou nos braços. — Achava idiotice as pessoas votarem em uma coisa tão besta e as garotas levarem aquilo tão a sério. Tipo: “Ai meu Deus!
Viu Joseph Jonas hoje? Ele é tão sexy, e está com aquela camiseta. Você sabe o que isso significa!”
— Droga, como você sabia?
— Todo o mundo sabia. — Demi riu. — Quando você usava esta blusa, era porque estava pronto para algumas... atividades extracurriculares atrás do estádio.
As garotas iam para os armários, passavam batom, encurtavam um pouco as saias e esperavam que você as escolhesse. Então, sim, eu odiava essa blusa. — Ela suspirou. — E não é que as coisas tenham mudado muito. Agora, ao menos você consegue escolher sem precisar da camiseta, né?
Ele não soube o que responder. Será que devia concordar? Ou apenas mentir, na cara de pau? Porque, tecnicamente (e infelizmente, também), ela estava certa.
— Enfim... Preciso trocar de roupa. — Ela o encarou com uma expressão significativa.
Ele não se moveu.
— Então... — Ela gesticulou para a porta.
Joe deu de ombros.
— Posso fechar os olhos, se você quiser ser tão puritana, mas, antes, deixe que eu justifique rapidamente minhas ações...
— Ah, por favor. — Demi se virou para ele e cruzou os braços, fazendo outra vez com que seus seios se sobressaíssem no vestido. Meu Deus do céu, o corpo dela era lindo! Ele umedeceu os lábios e desviou o olhar, para conseguir se concentrar.
— Primeiro. — Ele ergueu um dedo. — Já a vi pelada umas quatro vezes.
— Quatro?
— Quatro — confirmou ele. — Uma vez no sexto ano. Eu deveria estar no meu quarto enquanto você e Selena se trocavam para ir à piscina. Em vez disso, fui escondido até o quarto de hóspedes e espiei pela porta.
— Pervertido.
— Ei, eu tinha acabado de descobrir que gostava de garotas!
— Em vez de quê? De ratos?
— Ah, que gracinha! — Joe franziu a testa. — A segunda vez... — Ele ergueu dois dedos diante do rosto dela, que empurrou seu braço para longe. Ele continuou: — Foi no acampamento. Você e Selena pensaram que eu estivesse dormindo e foram botar os pijamas. Juro que desde então não consigo olhar para calcinhas listradas de azul e branco sem ficar...
— Pode parar. — Demi fez menção de se levantar. — Acho que sei como essa frase termina.
— ... com um sorriso estampado no rosto. — Joe deu uma piscadela. — Quem não ama listras? Continuando: a terceira vez foi no ensino médio, quando você fez teste para o time de basquete e foi mais cedo para o chuveiro porque passou mal e teve que ir para casa.
— Você sabe que está parecendo um tarado, não é?
Joe deu de ombros.
— E você sabe que homens são desesperados o suficiente para não darem a mínima ao fato de estarem parecendo uns tarados. Ouvimos a palavra “pelada” e aí já era!
— O que nos traz de volta ao início da conversa. Está querendo me fazer acreditar que você não vai olhar, quando sabemos muito bem que vai, então vamos acabar logo com isso.
— O-oi?
— Levante-se daí.
Ele não sabia ao certo se conseguiria, ou mesmo se deveria.
— Ou fique sentado.
Demi montou em Joe, uma perna de cada lado da dele. Meu Deus, aquilo estava mesmo acontecendo? Será que ela iria...?
— Acho que você está pensando que eu não sei como os homens pensam.
— Bem, eu...
— E por isso e por todas aquelas vezes em que você ficou me espiando como o adolescente tarado cheio de hormônios que você era... — Demi pegou as mãos dele e as colocou em seu quadril —... você não vai poder me olhar.
Isso significava que ele poderia tocá-la?
Ela conduziu as mãos dele por seu quadril e pela cintura, parando logo abaixo dos seios. Então as levou até o rosto.
— Sentiu isso, Joseph Jonas?
Ah, sim, ele conseguiu sentir!
Sentiu os olhos flamejarem, desejosos, e seu corpo vibrar com a vontade de possuí-la.
— Então não precisa mais olhar. — Demi se afastou. — Você e essa sua mentezinha tarada podem imaginar. Agora, caia fora. — Ela apontou para a porta e cruzou os braços.
Ela estava falando sério?
Queria que ele se levantasse? Imediatamente? E andasse até a porta? E a fechasse? Sem...
— Estou esperando. — Ela deu uma piscadela.
Boa jogada! Merda.
Com dificuldade, ele se levantou e saiu do quarto devagar. Só depois que a porta se fechou atrás de si foi que Joe conseguiu soltar o ar, e mesmo assim ele precisou apoiar as costas na parede, para não se desfazer na poça de seu desejo insaciado.
— As coisas estão indo bem? — perguntou uma voz, no corredor. Nick caminhou até ele e continuou: — Ah, então você finalmente perdeu.
— O quê? — Ele estava suando? Mas que droga!
Quando foi que uma mulher o tinha afetado daquela forma?
— Perdeu o jeito, a habilidade, o encanto, a capacidade de convencer até uma freira a tirar as saias...
— Já entendi — interrompeu Joe.
— Então... — Nick cruzou os braços. — Você e Demi, hem?
Joe ficou em silêncio.
— Não faça isso — continuou o irmão.
— Eu obviamente não estou fazendo nada. E esse é o problema — murmurou Joe.
Nick soltou um palavrão.
— Só... Não tome nenhuma atitude precipitada antes do casamento, está bem? Não consigo nem imaginar o tanto de raiva que Selena sentiria se descobrisse que você está tentando se dar bem com a melhor amiga e dama de honra dela.
— Não estou me dando nem um pouco bem, pode acreditar. — Estava mesmo falando com tanta amargura?
— Bom. — Nick deu um tapa em suas costas. — Porque já tenho alguém para ela. Uma pessoa estável, que não sai com garotas chamadas Jak-Jak ou Honey.
— O que você está querendo dizer com isso? — Joe se desencostou da parede.
— Estou querendo dizer... — Nick se aproximou um pouco. — Fique bem longe de Demi. Você só está interessado porque ela está se fazendo de difícil. Assim que ela resolver facilitar as coisas, você vai dar no pé, e eu vou ter que lidar com duas mulheres histéricas, sem falar na vovó, bem no dia mais feliz da minha vida. Só... fique na sua, Joe. Uma vez na vida, está bem?
Mas o quê? Ele sentiu uma pontada de dor na boca do estômago. Seria decepção? Culpa? Vergonha? Não tinha certeza, mas a última coisa que queria era continuar a desapontar todas as pessoas de sua vida. Ele se afastou e suspirou.
— Ela nem é meu tipo, mesmo.
Nick revirou os olhos. É, Joe também não teria acreditado, já que estava mentindo descaradamente.
— Além disso... — Ele deu de ombros. — Funcionamos bem como amigos. Não gostaria de estragar isso. Nunca tive uma amiga mulher. Quer dizer, Selena só conta até certo ponto. Eu só queria fazer algo legal no aniversário dela. É só, eu juro.
— É mesmo? — Nick o olhou com desconfiança.
— É sério. — Joe forçou um sorriso. — Além disso, você sabe que eu amo loiras.
— Nick! — gritou vovó do outro quarto. — Sofá!
Agora!
— Não posso nem dormir perto de Selena até o casamento. Ordens da Vovó — murmurou Nick. — Se ouvir um homem chorando no meio da noite, ignore.
Joe se encolheu.
— Pelo menos faltam menos de duas semanas de tortura.
— Certo. Diga isso para o meu....
— Nick! — gritou vovó outra vez.
Murmurando um palavrão, Nick desceu as escadas e foi para o sofá. Joe se voltou para a porta e bateu.
Demi já estava na cama com as luzes apagadas.
Desapontado, tirou a calça e a camisa. Apenas de cueca, deitou-se e se cobriu.
Ela estava dormindo. Como conseguia? Seu corpo não estava vibrando de desejo também? Será que ela não sentia nada por ele? E por que ele se importava com isso? Bocejando, Joe tentou fechar os olhos e pegar no sono.

*****

Mais um, amores.. Que bom que vocês estão gostando, e me desculpem pela demora, eu to muito mal do estômago há dias :( mas graças a Deus minha mãe marcou gastro pra quinta O/
Amo vcs, beijos

11.5.15

Capítulo Dezoito




Se alguém tivesse dito a Demi, na manhã daquele dia, que ela passaria o melhor aniversário de sua vida em uma casa milionária em Alki Beach, ela certamente teria rido.
Era difícil de acreditar que aquilo estivesse mesmo acontecendo.
Vovó fora ao centro e comprara um bolo red velvet tão delicioso que até parecia mentira, com a cobertura mais maravilhosa que Demi já provara. Comprara também os ingredientes para fazer margaritas, a bebida favorita da aniversariante.
Mas desde então, isto é, desde a chegada de vovó, Joe estivera distante, quase frio. Demi torcia para que não fosse por causa dos beijos. Ela ficara chateada, e
Joe só tinha tentado ser legal. Como ele mesmo tinha dito, aquilo não era real. Não contava, porque era aniversário dela. Não era assim?
— Como estão as coisas? — perguntou Joe, sentando-se ao seu lado. — O melhor aniversário de todos?
Demi riu e bateu a taça na dele.
— O melhor aniversário de todos. Isto é, a não ser que vovó taque fogo em alguém. Acho que isso estragaria um pouco.
— Vamos ter sorte se ninguém acabar no hospital — comentou Nick, de onde estava, na praia.
Durante a última hora, ele e vovó estiveram lutando contra os fogos de artifício — uma batalha perdida — enquanto todos os outros bebiam margaritas e assistiam à cena.
— Fico feliz por termos feito isso antes de começar toda a loucura do casamento — acrescentou Selena. — Já é legal só o fato de estarmos todos juntos aqui.
Vovó bufou enquanto pegava outro fósforo da caixa. Nick se afastou um pouco enquanto ela o sacudia no ar.
— Loucura do casamento, isso mesmo. E acho que não vou perdoar vocês por terem convidado Petunia.
Nick gemeu.
— Ela é sua irmã, vovó.
— Ela é uma decepção! — Vovó socou o ar.
— O que ela fez? — perguntou Demi, ignorando o fato de Joe estar fazendo “não” com a cabeça e de Nick estar gesticulando freneticamente por trás da avó.
— O que ela fez? — repetiu vovó. — O que ela fez?
— Ela começou a repetir — gemeu Joe. — Mau sinal. Rápido, pegue outra margarita para ela!
Vovó deu-lhe um tapa forte na nuca e se aproximou de Demi.
— Minha irmã me chamou de meretriz.
Demi mordeu os lábios, tentando não rir.
— E no meu casamento!
Joe ergueu a mão.
— Vovó, sabe que ela só disse isso porque você estava em cima da mesa...
— Shhh! — Vovó o dispensou com um gesto. — Ela é uma puritana que só se veste de branco.
Demi franziu a testa.
— Por que só branco?
Joe gemeu ao seu lado, mas ela o ignorou.
Vovó jogou o fósforo na fogueira e sacudiu a cabeça.
— Ela diz que vermelho é a cor do demônio.
— E preto?
— A cor do inferno.
— Azul? — Demi precisou perguntar.
— Tristeza.
— Ora, mas isso é bobagem!
— É mesmo — concordou vovó. — O que ela precisa é de um homem, mas tem tanto medo deles que ficou solteira. Todos esses anos. — Ela sacudiu a cabeça com um tsc de reprovação.
— Todos esses gatos — cantarolou Selena, que estava atrás de vovó.
— Seu futuro, Demi — disse Nick, assentindo —, se não seguir nosso conselho e sair com Jace.
— Jace? — Vovó se virou bruscamente. — Vocês convidaram o Jace para o casamento?
— Precisa ser justo — explicou Selena, fazendo que sim com a cabeça. — Quer dizer, queremos equilibrar os solteiros com os casais, não é mesmo?
Vovó olhou para eles, irritada, e começou a apertar e torcer as mãos.
Demi foi para perto de Joe.
— Acho que tem algo que não sabemos...
— Não olhe para mim! Estou tão perdido quanto você.
Com isso, vovó bufou.
— Ele está mesmo. Digam, conseguiram cuidar dos preparativos do casamento hoje?
Joe tossiu e desviou os olhos.
— Dois dias! — E vovó levantou dois dedos. — E, Demi, não se esqueça de pedir esses dias de folga ao seu chefe. Não queremos que você seja demitida. — Ela piscou para Joe.
— Muito engraçado — grunhiu ele.
— Acho que estamos prontos! — anunciou Nick, alguns metros afastado dos demais.
— Eu primeiro! — Com o fósforo na mão, vovó correu para acender o dispositivo. Segundos depois, os fogos de artifício subiram pelos ares e explodiram.
Fogos! E eram todos para ela.
Demi deu uma risadinha e tentou se acomodar na areia. Sentiu alguns dedos tocarem de leve seus ombros e logo em seguida Joe a estava puxando para seu abraço. Ela se inclinou para trás, apoiando-se nele, e suspirou quando ele sussurrou junto a seu cabelo:
— Feliz aniversário, Cinderela.
— Obrigada, Príncipe Encantado.
— Posso tirar seus sapatos agora?
— Sem chance.
Ele ficou tenso.
— Mas pode segurar minha mão.
— Melhor ainda. — As mãos dele envolveram as dela por trás, na segurança de seu toque.
Era um momento perfeito.
Até que ouviram as sirenes.
— Hã? Vovó? — Nick coçou a cabeça. — Você conseguiu uma licença com os bombeiros para soltar os fogos de artifício na praia, não foi?
O silêncio de vovó foi a resposta de que precisavam. Todos se levantaram em um pulo e saíram correndo.
Durante a fuga, vovó gritava:
— Não vou voltar para a cadeia!
Por sorte, conseguiram alcançar a casa em segurança, no mesmo instante em que os bombeiros e os policiais apareciam na praia. Desligaram todas as luzes e trancaram a porta.
— Já que estamos nessa... — Vovó suspirou, feliz. — Vamos para cama?
— Vamos — grunhiu Nick, puxando Selena para si. A noiva se afastou.
— Só depois do casamento, bonitão... Faça bom proveito do sofá. — Ela deu um tapinha na barriga do noivo e uma piscadela, mas Nick não desistiria com tanta facilidade. Ele a abraçou e lhe deu um beijo sonoro, empurrando-a contra a parede.
— Feche os olhos — sussurrou Joe no ouvido de Demi. — Na última vez que os mantive abertos por tempo demais, vi uma língua. Não sou o mesmo desde então.
Ele deu um gemido quando Demi bateu em sua barriga e começou a andar em direção ao quarto.
— Ah, e Demi? Você e Joe podem ficar na suíte de cima. — Vovó acenou para dar-lhes boa-noite e saiu.
— Mas... — gritou Demi para ela. — Não tem mais quartos?
— Não — murmurou Joe. — Parece que você vai ter que ficar comigo. Veja pelo lado bom: ainda é seu aniversário, talvez você tenha sorte.
Ele se afastou antes que ela conseguisse bater nele.
— E talvez você sobreviva à noite sem ser castrado.
— Não foi o que você disse na última vez.
Demi olhou feio para ele.
— Você quer realmente lembrar sua última vez comigo estando assim tão perto de facas e fósforos?
Joe concordou com a cabeça e se afastou.
— Vou só tomar um banho e ver se consigo encontrar alguma coisa que sirva de pijama para você.

*****

A vovó é uma figura, não? asxjanx adoro essa mulher 
Saudades da Lua :(
Se cuidem, beijos, amanhã tem mais.

10.5.15

Capítulo Dezessete




Joe não estava nem um pouco preparado para o que vovó havia planejado. Eram apenas quatro da tarde, afinal, e as intenções dele incluíam apenas jantar cedo e beber alguns drinques.
Enquanto Joe apenas tentara deixar Demi louca por ele, vovó estava fazendo tudo o que ele tinha pensado em fazer, só que muito melhor. Porque ela trouxera a melhor amiga de Demi.
— Selena? — Demi ficou boquiaberta quando Selena e Nick entraram na casa.
Vovó dissera a eles que bebessem um pouco de champanhe, se sentassem bem quietinhos e esperassem pela festa do século. Palavras dela, não dele.
Depois de duas horas de espera, Joe estava convencido de que vovó dormira ao volante. Não que ele se importasse... Demi quis caminhar na praia, e ele foi com ela. Depois ela quis mais champanhe — e ele lhe daria tudo o que ela desejasse. Só queria que ela se sentisse... querida... desejada. E como aspirava a ser o cara que a faria se sentir assim!
Algumas horas haviam se passado desde aquele último beijo, e Joe já considerava seriamente a possibilidade de trancar a porta da casa para tentar uma nova chance. Foi quando o irmão e a futura cunhada chegaram.
— Surpresa! — gritou Selena e entrou correndo na grande sala.
— Não acredito que vocês estão aqui! — Demi correu para os braços de Selena. — Como vocês...
— Vovó — responderam em uníssono.
Joe se levantou do sofá e foi apertar a mão do irmão.
— Estou surpreso por vocês terem conseguido pegar um voo.
Nick soltou um palavrão.
— Eu também. Mal tivemos tempo de fazer as malas. Só joguei na bolsa umas roupas que estavam no chão e peguei uns negócios com babados para Selena.
— Lingerie. — A noiva suspirou. — Ele pegou minha lingerie de seda.
Nick deu de ombros.
— Sou homem.
— E não posso sair por aí pelada! — praticamente gritou Selena.
Nick não pareceu se importar, o maldito sortudo.
— Você vai ficar bem. — Ele deu uma piscadela.
Selena corou e desviou os olhos. Depois se virou para a amiga:
— Então, Demi, vovó disse que Joe foi seu salvador, hoje.
— Calma lá! — Joe ergueu as mãos. — Não acabe com minha reputação de mau.
Selena deu uma piscadela.
— Nem sonharia em fazer isso. Ele ainda é um babaca, Demi. Espero que saiba disso.
Demi riu com Selena.
Joe não estava rindo.
Nem um pouco.
Será que ele era motivo de piada para todos?
— Então... — Selena puxou Demi até o sofá. — Fico feliz por poder contar isso pessoalmente, para ter a chance de ver sua reação.
— Você está grávida! — gritou Demi.
Nick cuspiu o drinque e engasgou.
— Hum, não. — Selena olhou de cara feia para Nick.
— E agora são dois babacas.
— Não seria a primeira vez que ela nos acusa. — Joe ergueu o champanhe para brindar com o irmão e deu um longo gole.
— Você se lembra de Jace Munroe? — perguntou Selena.
Os olhos de Demi se arregalaram.
O Jace Munroe? O quarterback daquela escola que era rival da nossa e que parecia uma versão mais sexy do Justin Timberlake?
— Sim, esse mesmo. — Selena riu. — Eu o convidei para o casamento!
— Não entendi. — Demi tirou os sapatos e acomodou as pernas debaixo do corpo, no sofá. Uma pena, porque Joe estivera observando suas pernas torneadas com atenção. — Por que você convidaria alguém que mal conhece para o casamento?
— Nick joga golfe com ele.
— E daí?
— Eles saem, são amigos, e ele está solteiro.
Joe bebeu o champanhe rápido demais e começou a engasgar, mas disfarçou com uma risada. Mesmo que não achasse a situação nem um pouco divertida.
Demi se encolheu.
— Não quero que armem um encontro para mim desse jeito.
— Não pense nisso dessa forma. — Selena botou uma das mãos no braço de Demi. — Além disso, ele se lembra de você.
— Lembra? — O rosto de Demi se iluminou.
Ah, droga. Como ela podia ser tão cega em relação ao próprio charme? Ela era uma garota linda. É claro que aquele mané ia se lembrar dela. O babaca já devia ter saído com umas cem mulheres e finalmente estava pronto para se comprometer com a mulher certa.
Exatamente o que Demi era. Maldito.
— Nós comentamos com ele que você também iria, e, bem... Não sei, mas meu conselho é: vai fundo!
— Com licença — interrompeu Joe. — “Vai fundo”?
— Hã, sim? — Selena beliscou o braço de Joe. — Demi precisa sair e começar a namorar. Do jeito que as coisas estão, ela vai acabar adotando cem gatos e morando em um trailer no meu jardim.
— Isso não é verdade. — Demi corou. — Sou seletiva, só isso.
— Acho que isso é culpa daquele acampamento. — Selena suspirou. — Juro que desde o nono ano você tem dispensado a maioria dos caras que prestam um pouco de atenção em você.
Demi corou e olhou para as mãos unidas.
— Nono ano? — repetiu Joe. — Ei, eu estava naquele acampamento com vocês!
Demi ergueu a cabeça e sorriu.
— É mesmo. Tinha esquecido.
Joe com certeza não. Tinha ficado com um monte de garotas naquele verão. Fora o melhor verão de todos. Ele até tivera uma quedinha por Demi antes de ela começar a agir como louca: um dia eram amigos; no outro, viraram inimigos mortais.
Até aquela noite fatídica em que dormira com ela.
Então foram mais que amigos por algumas horas.
O que o fazia pensar: o que eram agora? Ele não queria que ela saísse com outros caras. Não, ele mataria qualquer um que pusesse as mãos nela.
Não que ele quisesse ser o cara a pôr as mãos nela.
Se bem que... Ele examinou o rosto de Demi, seus lábios e olhos. Droga, talvez ele quisesse tentar ser o cara sobre quem ela e Selena falariam, trocando risinhos.
Isto é, se as garotas ainda fizessem esse tipo de coisa aos 22.
— Por favor? — pediu Selena. — Por mim? Só esteja com a mente aberta quando o conhecer, será que é possível? E se alguma coisa acontecer... — Ela deu de ombros. — Aconteceu.
Joe saiu em resgate de Demi, ou pelo menos foi o que pensou estar fazendo quando disse:
— Não a pressione, Selena. Estar sozinha não é horrível. Conheço várias garotas que estão bem felizes com suas vidas e carreiras. Nem todo o mundo quer casar e ter filhos.
— Certo. — Selena apontou para Joe. — E se você quiser acabar como ele, Demi, fique à vontade.
— Mas... — Joe sacudiu a cabeça. — Só estou tentando dizer que a escolha é dela.
— Assim como sua escolha é galinhar por aí. — Selena deu um tapa nas costas de Joe. — Cada um faz o que quer, não é mesmo?
Por que ele se sentia subitamente envergonhado por seu passado? E por que estava se deixando intimidar por Selena?
Demi o olhou como se esperasse que ele dissesse alguma coisa ou a defendesse, mas Joe não sabia como agir. Mas notou uma coisa: que ela estava corada. Será que também estava com vergonha?
— Finalmente! — Vovó entrou pela porta da frente com um monte de bolsas nas mãos. — Têm ideia de como é difícil encontrar bons fogos de artifício em Seattle?
— Hã, será que deveríamos ficar preocupados? — Demi apontou para uma sacola com uma etiqueta na qual se lia “Fogos de Artifício”.
— Não, a não ser que ela também tenha fósforos — respondeu Nick, no momento em que vovó pegava um número de fósforos suficiente para incendiar toda a Alki Beach.
— Eu disse a vocês que este seria o melhor aniversário de todos! — Vovó sorriu, deixou as bolsas no chão e andou até Demi. Em um instante, a aniversariante estava nos braços da senhora. — Você é uma garota especial, então merece um dia especial com a família.
Uma lágrima corria pelo rosto de Demi quando ela se afastou de vovó e agradeceu.
O aposento mergulhou em silêncio outra vez, até que vovó começou a dar ordens a respeito de um bolo, fogos de artifício e margaritas.

*****

Mais um capítulo babes. Boa noite, love u, beijos   

9.5.15

Capítulo Dezesseis




Praguejando, Joe encostou o carro e o desligou.
— Sinto muito, Demi. Se eu tivesse alguma ideia de que eles iriam tratá-la como...
Ele soltou outro palavrão, com vontade de estrangular os pais dela por terem estragado o aniversário da filha.
Em que merda eles estavam pensando, quando compararam Demi com a irmã? Demi era única, original.
Era assim, igualmente, que ele costumava descrever uma mulher sem corpo nem personalidade, é verdade. Mas não Demi. Quando dizia isso dela, estava sendo sincero.
Ela era diferente, mas de um jeito que chamava a atenção. Era inegavelmente determinada... e tinha um corpo tão lindo que parecia o pecado. E uma atitude à altura dessa beleza e determinação, também. Era absurdo que eles pensassem que a filha não era boa o bastante.
Uma química? A irmã de Demi era uma química chata?
Não fazia sentido. Eles não faziam sentido. Quanto mais pensava no assunto, mais irritado ficava.
— Como lixo? — sugeriu Demi, secando as lágrimas.
— Tudo bem. Não sei por que esperava que fosse diferente. Acho que foi o carro, ou o vestido, talvez até você.
— Pensei que, se eles a vissem, no mínimo se sentiriam culpados. E, se isso não funcionasse, ao menos ficariam com inveja por você estar se divertindo tanto. — Joe praguejou de novo. — Juro que não era isso que eu tinha planejado.
— Ah, é mesmo? — Demi deu uma risadinha. — Qual era o seu plano?
— Ah, você sabe. — Joe brincou com uma mecha do cabelo de Demi, depois a colocou atrás da orelha. — Deixar você louca por mim. Ser o Príncipe Encantado, e você, a Cinderela... Mas dessa vez o plano seria tirar o sapato, em vez de sair procurando uma mulher que coubesse nele.
— Então você seria o Príncipe Safado? Tirando os sapatos da princesa? Que escândalo!
Joe riu, e seu coração batia forte no peito.
— Eu não disse que estava completamente redimido.
Demi pareceu gostar. Ela riu e olhou para ele com os olhos verdes e limpos.
— Eu gosto de caras um pouco maus.
Ela estava tão próxima dele, receptiva... Ele não tivera intenção de beijá-la no restaurante, mas sentiu muita raiva dos pais dela e quis mostrar a eles que, mesmo que não dessem valor à filha que tinham, ele com certeza dava. O único problema era que, por mais que Demi estivesse pensando que ele de fato parecia um príncipe, Joe se sentia um vilão. Ele não podia se apaixonar por ela — e se apavorava com a possibilidade de já estar quase deixando isso acontecer.
— Você vai me beijar de novo?
Joe confirmou com a cabeça.
— É outra regra dos aniversários.
— Ah, é? Qual? — Demi se inclinou para mais perto, até que seus lábios roçassem os dele.
— Os beijos não contam. Então, digamos que eu beije você agora... — Seus lábios se tocaram. — E aí de novo... Você não pode me dar um tapa nem usar isso contra mim.
— É mesmo?
— É. — Ele passou a língua pelo canto da boca de Demi e segurou seu rosto, intensificando o beijo.
O celular começou a vibrar no bolso de Joe, mas ele o ignorou. Ele ignorou tudo que não fosse o gosto da boca de Demi, e o toque de champanhe em sua língua o estava deixando louco.
Mas o celular não parou.
Finalmente, soltando um palavrão, ele pegou o aparelho e atendeu com um “alô?” irritado.
— Aqueles malditos! — gritou vovó.
— Hã?
— Estou a caminho.
— O quê? — Joe estava concentrado demais no vestido decotado de Demi e em seus lábios inchados. — Aonde você vai?
— Vou me encontrar com vocês. Pedi a Stuart que me ligasse. Ele me contou tudo.
— Stuart? Mas quem é Stuart?
Vovó suspirou como se ele estivesse sendo ridículo.
— O garçom, Joe. Às vezes me pergunto qual é o seu problema. Ele usava uma plaquinha com o nome dele. Me encontre na casa de praia. Vamos passar a noite lá, e vamos fazer uma festa que ela não vai esquecer!
Vovó desligou.
Joe soltou um palavrão e olhou para Demi, explicando:
— Então... era a vovó.
— É, eu ouvi. Ela é contra falar baixo.
— Ela quer lhe dar uma festa. — Joe encarou o telefone, depois desviou o olhar para os lábios de Demi. — Devíamos aceitar.
— Bem. — Demi pôs o cinto de segurança. — É meu aniversário, afinal... e estou morrendo de fome.
— Eu também — concordou Joe. Mas ele não estava com fome de comida. Não. Queria mais daqueles lábios. Droga! Ele a queria inteirinha para si. Controlando o desejo, ligou o carro outra vez. — Bem, não vamos deixar Sua Majestade esperando.

*****

Mais um.. Vi que tem uma leitora nova, bem vinda, Júlia, awnn, que bom que ta gostando das fics amor   
Amo vcs, beijos.

Capítulo Quinze


Que dengo, meu Deus 

Joe parou o carro na primeira vaga.
— Acho que estamos no lugar certo. Eles acham que ganharam uma espécie de concurso da pousada. Tive que cronometrar a viagem para que chegássemos no momento em que eles estivessem tomando os drinques.
Demi riu.
— Uau! Você é tão maquiavélico quanto sua avó.
— É bom saber que, se eu não conseguir meu emprego de volta, pelo menos posso ganhar dinheiro manipulando os outros. Fico feliz por essa ter sido a única coisa que herdei da vovó.
— Isso e o bom gosto impecável — murmurou Demi, olhando para o carro.
— Também acho — concordou Joe. Mas, quando Demi se virou para ele, notou que Joe não estava olhando para o carro, e sim para ela. Aquilo não era real.
Não era real. Ele lhe ofereceu o braço. — Vamos?
Com uma risadinha, ela aceitou a oferta e caminhou com ele até a enorme pousada. Era anexa a um restaurante muito chique, bem no centro de Alki Beach.
O sol ainda estava alto, mas não fazia tanto calor a ponto de impedir uma caminhada na praia ou um jantar ao ar livre. Demi queria os dois. Isto é, se, antes, não virasse abóbora.
— Pronta? — sussurrou ele em seu ouvido quando abriu a porta para que ela entrasse.
Incapaz de encontrar as palavras, ela apertou o braço de Joe e fez que sim com a cabeça.
O cheiro de comida refinada inundou seus sentidos quando eles entraram de braços dados no lugar.
— Ah, sr. Jonas! — Um velho senhor de smoking estava parado diante deles. — A mesa está pronta, exatamente como o senhor pediu. Gostaria de começar com o champanhe?
Joe olhou para Demi, como se quisesse saber a opinião dela.
— C-champanhe está ótimo. — Ela engoliu em seco, nervosa, quando seus olhos examinaram o restaurante e finalmente pousaram em seus pais. Estavam sentados em um canto, conversando distraídos.
Sentiu a respiração acelerar. Perdendo de repente a coragem, ela fez menção de se virar e ir embora, mas Joe a segurou com firmeza. Quando os pais de Demi olharam em sua direção, curiosos, Joe fingiu não se importar com eles. Apenas os cumprimentou com um aceno de cabeça enquanto o garçom os levava para uma parte privada do restaurante.
Demi quase chorou ao ver a mesa. Estava coberta de pétalas de rosa e, nos pratos, estava escrito “feliz aniversário” com chocolate. Morangos estavam dispostos ao redor da mensagem. No canto havia um presente gigante.
Ela precisou se conter para não chorar, ou a maquiagem ficaria arruinada. Ninguém nunca fizera por ela nada que fosse sequer parecido com isso. Era inconcebível que Joe pudesse até mesmo ter pensado em algo assim, quanto mais ter planejado tudo em apenas uma hora! Só podia ser obra da vovó. Não tinha como o coração dele ser tão bom assim... Ou isso, ou ele só estava se sentindo culpado por ela tê-lo acusado de ser egoísta.
Ele afastou a cadeira para que ela se sentasse e sussurrou outra vez em seu ouvido:
— Feliz aniversário.
Demi sentiu que estava ficando ruborizada e se concentrou em respirar. A tarefa era muito difícil, pois tinha acabado de sentir os lábios de Joe roçarem a ponta de sua orelha, o que fizera seu coração bater com mais força.
Joe se sentou enquanto o garçom abria uma garrafa de champanhe. Concluída a tarefa, o homem os deixou sozinhos com os aperitivos e o espumante.
— Demi? — A voz de sua mãe revelava animação e surpresa. — É você, querida?
Com um sorriso tenso, Demi cumprimentou a mãe e o pai, que se aproximavam. Os dois procuravam observar tudo, absorver cada detalhe da cena, até que seus olhos finalmente pararam em Joe.
— Joseph Jonas? — Seu pai estendeu a mão. — Ouvi dizer que sua avó acabou de demiti-lo. Essa deve ter doído! Como vão as coisas?
Demi teve de se esforçar para não permanecer boquiaberta.
Com gestos elegantes, Joe se levantou e apertou a mão do pai de Demi.
— Obviamente, estou ótimo. Um trabalho é só um trabalho. Tudo o que importa é que Demi esteja ao meu lado, me apoiando. Enquanto ela estiver comigo, vou estar bem.
Se ela não soubesse que Joe estava representando, teria acreditado nele. A mãe os observava, quando perguntou:
— Vocês dois estão... namorando?
Demi abriu a boca para responder, mas Joe a interrompeu.
— É claro. Por que mais estaríamos aqui?
No rosto de sua mãe se abriu um sorriso tenso quando ela olhou para a roupa de Demi e depois para o prato.
— Ah, querida! Mas é claro, hoje é o seu aniversário!
Como pudemos esquecer outra vez?
— Não sei — disse Demi, e a voz saiu falhada. Ela ergueu a taça de champanhe. — Faço 22 hoje. Viva!
Joe ergueu sua taça e bateu-a na dela.
— Ah, isso é ótimo. — A mãe inclinou a cabeça, olhando para Demi. — Joe a trouxe aqui para comemorarem seu aniversário... Não é nada sério, então.
— Sério? — repetiu Demi. Será que eles eram loucos?
Como a conversa tinha ido de uma desculpa meia-boca por terem esquecido seu aniversário a isto, agora? A deixarem claro que não se convenciam de que Joe pudesse querer sair com ela. Demi mordeu o lábio e olhou para Joe. Todas as suas inseguranças voltaram com força. Por que ele ficaria com ela? Era um dos solteiros mais famosos de Seattle. Já namorara até modelos.
Ela fez menção de se levantar. Aniversário ou não, não aguentava mais. Entretanto, quando se levantou, Joe a puxou para seu lado e a fez sentar-se em seu colo.
— É melhor que eles ouçam de nossa boca, Demi.
— Ouçam o quê? — Seu pai parecia ignorar completamente a tensão.
— Sobre nós. — Joe acariciou o braço dela, bem devagar. — Estamos namorando, e é bem sério.
Demi ficou tensa.
A mãe riu.
O pai se juntou à mãe.
Demi tentou se afastar, mas Joe a segurou com firmeza. Ela conseguia sentir a raiva que emanava dele.
— Quer saber, amor?
Ainda em seu colo, Demi se virou para ele, que continuou:
— Por que não vamos comemorar em algum outro lugar? Tenho uma casa bem aqui, na praia... Podemos passar seu aniversário com o restante da família.
Bem, era isso, ele tinha conseguido: Joe a tinha resgatado e se transformado, de um sapo babaca, em um príncipe encantado. A respiração de Demi ficou acelerada quando suas bochechas sentiram o toque dos dedos dele.
Não era real. Não podia ser real. Imediatamente, toda a insegurança do acampamento escolar estava de volta.
Uma baleia. Ela era uma baleia, e, no momento, estava sentada no colo de Joe. Demi mandou que o coração parasse de bater tão depressa. Precisava lembrar a seu corpo que Joe era bom em provocar reações físicas.
Porque já sabia disso muito bem. Este homem já a fizera se apaixonar por ele duas vezes — não conseguiria uma terceira. Quando ele moveu a outra mão, massageando suas costas, Demi estremeceu involuntariamente. Não era isso que sempre quisera, que Joe a defendesse?
Tudo bem que agora ela estava bem mais velha, e claro que era tarde demais, mas quase dava para acreditar que ele tinha potencial para ser o homem com quem Demi tinha sonhado a vida inteira. O cara que não escolhia apenas os caminhos fáceis, mas também seguia pelos difíceis. E ela precisava desesperadamente encontrar essa qualidade em um homem, ainda mais depois de rever os pais. Ela não queria o tipo de relacionamento que os dois tinham, vivendo em uma bolha só deles. Demi queria amor, diversão, um herói, um melhor amigo. Droga. Talvez ela só estivesse projetando todas as suas necessidades e desejos em Joe porque fora ele quem lhe dera um pouquinho de atenção. E esse pensamento a levou de volta à insegurança inicial: por que, entre todas as pessoas do mundo, ele iria querer justamente ela? Não iria.
A verdade doía, mas ela precisava parecer forte na frente dos pais, para que eles acreditassem nessa mentira — uma mentira que ela rezava para que fosse verdade.
Joe só estava ali porque, por algum motivo, estava tentando fazer o que provavelmente seria sua única boa ação do ano, e não porque seu coração tivesse de repente se libertado da prisão de gelo e começado a bater por ela.
— Família? — Sua mãe parecia irritada. — Que família? A família dela está aqui. Bem aqui... Exceto por Dallas, que viajou para Los Angeles a trabalho. — Ela suspirou. — Nossa Dallas é tão bem-sucedida! Sabia que ela é química?
Demi queria chorar. Na verdade, queria saltar do colo de Joe e quebrar alguma coisa. Em apenas algumas horas, Joe fora para ela uma família melhor do que seus pais tinham sido durante anos! Família? Ele acabara de agir mais como família do que eles tinham feito a vida inteira. Ela travava uma batalha interior: não sabia se levantava e dava um tapa na cara da própria mãe ou se apenas saía, sem falar nada.
Em vez disso, libertou-se de Joe, que a abraçava com firmeza pela cintura, levantou-se e ficou olhando de cara feia para os pais por um tempo. Ela nunca mais tentaria conquistar a aprovação dos dois. Era inútil tentar. Então, em vez disso, iria se divertir e mostrar que podia ser feliz sem eles.
— Joe, você está certo. Vamos chamar vovó e ver se ela quer se juntar a nós para jantar.
Ele se levantou e a puxou para um abraço.
— Ótimo plano. — Sem qualquer aviso, tocou os lábios nos dela. Então a beijou como se não estivesse fingindo. Como se realmente gostasse dela e quisesse mostrar o que aqueles pais estavam perdendo. Mais uma vez, ela se deixou levar pelo momento, pelo que deveria ser sentir-se desejada. Passou os braços ao redor do pescoço dele e suspirou junto a seus lábios. Era seu aniversário, afinal.
Eles se separaram quando seu pai pigarreou.
— Olhe, Demi, se você acha que é uma boa ideia ser vista com um playboyzinho...
Joe riu.
— Um playboyzinho milionário. — O sorriso de Joe foi tão arrogante que Demi quis socá-lo, mas seus pais tinham pedido por aquilo. — Pelo menos acerte o título.
— Ele enfiou a mão no bolso e pegou algumas notas de cem dólares. — Vamos, amor.
Sem nem um aceno de despedida, eles deixaram o restaurante e entraram no carro de Joe. Ela teve um momento de satisfação quando viu os olhos arregalados com que o pai fitava o carro.
Então, quando estavam a pelo menos 1,5 quilômetro do restaurante, Demi caiu no choro.

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Wowww, não esperava que vocês comentassem tão rápido, na verdade, achei que nem ia ter comentário suficiente pra postar outro capítulo hoje, mas, ta aí, haha.
To feliz que vcs tão acompanhando e gostando. Mais 5 e posto outro, ta valendo até eu ir dormir, umas 4 da manhã, kkk, aí a partir de amanhã, volto a postar um por dia.. Se cuidem xuxus, beijo