2.12.14

Capítulo Um




DEMETRIA LOVATO corria pela última quadra e meia rumo à cozinha e estúdio de Hamilton Ramsfeld. Ela estava atrasada, mais do que atrasada, estava prestes a perder a oportunidade de uma vida, a chance de estar no Premier Chef. E a chance de ganhar um milhão em dinheiro e ter o próprio programa de culinária na TV. E de voltar a trabalhar em uma cozinha que tivesse estrelas no Guia Michelin e provar que todo o seu talento nato não fora desperdiçado.
Ela estava atrasada porque tinha pouco dinheiro naquela semana, o que era culpa dela mesma, pois havia gastado cada centavo disponível de sua renda em um novo conjunto de facas para o concurso. A gasolina encarecera, e ela não pudera bancar um tanque para viajar de San Diego para Santa Monica, então precisou pegar um ônibus.
Agora o suor pingava de suas costas, ela estava morrendo de calor, e as facas que carregava na mão esquerda começavam a parecer que pesavam uma tonelada. Ela atravessou as portas da frente do prédio e sentiu o ar-condicionado resfriando as costas úmidas de imediato. Olhou para a mesa vazia na recepção.
– Droga – disse baixinho, correndo até a mesa para pegar uma prancheta com uma lista de nomes, incluindo o dela, e instruções para tomar o elevador até o 14º andar. Apertou o botão do elevador e abriu a bolsa para procurar pela carta que havia recebido dos produtores do Premier Chef, esperando que houvesse o número exato da sala nela. A campainha tocou, e ela entrou no elevador, prendendo a pontinha do pé no vão do fosso, o que a fez cair para frente.
Demi xingou enquanto tropeçava no ar, esperando cair no chão, mas em vez disso, atingiu uma pessoa de corpo tépido e sólido. Ela o ouviu xingar quando o jato de líquido molhou ambos. Olhou para cima, murmurou um pedido de desculpas e congelou quando encarou o par de olhos azuis como o mar do Caribe. Tentou se levantar, mas soltou o braço dele e o agarrou pela cintura para não cair.
– Ai, droga – disse ela. – Simplesmente não estou tendo um bom dia.
Ele era alto, e ela podia notar, pelo modo como a segurava, que estava em forma. Seu peito era musculoso, e os ombros, fortes. O queixo quadrado dava-lhe um ar bem-sucedido. Quando ele olhou para baixo, aquele olhos azuis reluzentes estavam gélidos. Não o suficiente para secar o suor que pingava pelas costas dela, mas Demi certamente sentiu um arrepio. Ótimo, pensou, era como se o universo estivesse conspirando para arruinar seu dia.
– Desculpe – disse ela.
– Tudo bem – respondeu ele, o sotaque sulista arrastado invadiu seus sentidos, e ela deu uma segunda olhadinha. Ele tinha cabelo negro casualmente desalinhado que lhe cobria a testa. O corpo era esguio e musculoso, não muito comum nos chefs que ela já havia conhecido. E ela não tinha dúvidas de que ele era um chef. – Talvez da próxima vez você deva olhar para onde está indo.
– Obrigada, não tinha pensado nisso – rebateu ela. Não se sentia no clima para ser doce e alegre, já que estava morrendo de calor e ficando pegajosa por causa do líquido secando sobre sua pele. – O que você estava bebendo?
– Chá gelado com muito açúcar – respondeu ele.
Claro que estava bebendo algo típico de sua região, com aquele sotaque completamente sulista ela não podia mesmo estar surpresa. Demi esfregou as mãos nas roupas e balançou a cabeça.
– Alguém lá em cima realmente me odeia.
– Lá em cima? – questionou ele, contornando o corpo dela para apertar o botão do 14º andar.
– O universo, o céu ou como você quiser chamar os caprichos do destino – disse ela, enfiando uma mecha do cabelo atrás da orelha.
– Por que você está culpando uma força invisível se claramente está atrasada? – perguntou ele. – Se estivesse aqui no horário, nada disso teria acontecido.
– Touché – comentou ela.
O silêncio cresceu entre eles, e Demi tentou simplesmente deixar rolar, mas ela odiava o silêncio… sempre odiara.
– Você está aqui para o concurso? – perguntou. Foi um palpite educado, mas ela suspeitava que seria confirmado, afinal ele tinha uma bolsa de facas de chef em uma das mãos.
– Sim – disse ele. – Espero que você seja melhor na cozinha do que é no elevador.
– Ah, você não me viu em minha melhor performance no elevador – disse Demi com uma piscadela. Então, estendendo a mão para ele, se apresentou: – Sou Demetria Lovato.
– Joseph… Stephens – disse ele. Sua pegada era firme, e a mão, quente em contato com a dela. As mãos dele mostravam sinais de que era chef há algum tempo, pois havia marcas de queimadura e cicatrizes antigas. Se as mãos dele servissem como referência, aquele sujeito sabia cozinhar.
Ela olhou para o rosto dele, talvez por um período um pouco maior do que deveria, incapaz de desviar o olhar da barba por fazer, o que lhe conferia uma aparência bruta e sexy. Quando Demi voltou a fitar os olhos dele, notou que Joe havia arqueado uma das sobrancelhas para ela.
Demi largou a mão dele e esfregou a própria na calça jeans. Que diabos havia de errado com ela hoje?
– Ah, seu nome parece com o daquele ratinho no filme Ratatouille – comentou ela. Sua sobrinha amava aquele desenho, e depois que o haviam assistido juntas, Louisa insistira em comer Ratatouille no jantar.
– Ratatouille? O prato feito com legumes?
– Não – corrigiu ela. – O desenho animado. É sobre um chef que se sente perdido e encontra seu toque culinário com a ajuda de um ratinho chamado Joe.
– Hum… Não, meu nome é por causa do meu tio-avô – explicou ele. – Não assisto a desenhos animados.
Ela deu de ombros.
– É bonitinho. Você deveria assistir um dia desses.
Ela deu um passo para trás e olhou para ele.
– Desculpe de novo por ter trombado em você.
– Sem problemas. Eu fico mais sujo na cozinha – disse ele. – Hoje só consigo pensar em cozinhar.
– Eu também – replicou ela com um meio sorriso. – Sou a coproprietária da Sweet Dreams, uma loja de cupcakes em San Diego.
– A Garota do Cupcake – falou ele. – Eu li o perfil dos outros chefs esta manhã.
– Garota do Cupcake? Minha sócia e eu temos uma confeitaria muito lucrativa… Eu preferiria não ser chamada de Garota do Cupcake. – Ela queria ter tido a ideia de ler os perfis também, talvez assim saberia mais sobre Joe. Mas como estava atrasada, não tivera tempo.
Agora era a vez de ele dar um passo para trás e lhe fazer uma reverência.
– Minhas mais humildes desculpas, confeiteira.
– Onde você trabalha? – perguntou ela.
– Meio que estou na entressafra agora, mas trabalhei nas melhores cozinhas de Nova Orleans.
– Suspeitei disso – comentou ela.
– Como?
– Esse seu sotaque sulista arrastado te entregou.
Ele sorriu devagar e com firmeza, fazendo a pulsação de Demi falhar brevemente. Ela não conseguia distinguir exatamente o que era, mas havia algo de familiar no sorriso dele. E também algo tão sensual que ela se perguntava se deveria descer no andar seguinte.
Algumas mulheres adoravam homens de uniforme, outras, homens com poder e dinheiro. Mas para Demi o chamariz sempre fora a sensualidade mundana de um homem que sabia cozinhar.
– Você gosta do meu sotaque? – perguntou ele, falando de modo ainda mais arrastado do que antes.
Ela sorriu de volta.
– Talvez.
Ele arqueou uma das sobrancelhas para ela.
– A maioria das pessoas acha meu sotaque charmoso.
– É mesmo?
Ele lhe deu um olhar medido e então piscou para ela.
– Garota do Cupcake, esse sotaque sulista é uma parte importante da minha personalidade – falou. – Algumas pessoas me subestimam porque se baseiam no meu sotaque, mas uso isso ao meu favor na cozinha. Posso ser muito exigente.
Ela sabia que Joe estava falando de cozinhar, mas um lado dela pensava que ele também poderia ser exigente na cama. Demi pigarreou.
– Eu também – retrucou. Administrar a confeitaria com Selena era um trabalho duro, e elas só haviam alcançado o sucesso porque, para elas, a confeitaria sempre vinha em primeiro lugar.
– Garota do Cupcake…
– Se me chamar de Garota do Cupcake mais uma vez, não vou ser tão legal.
– Essa era você sendo legal? – perguntou ele.
E embora o tom de brincadeira ainda estivesse ali na voz dele, ela olhou para seus olhos e viu uma alusão de fagulha. Ela gostava dele e estava ansiosa para detoná-lo na cozinha.
– Acho que você não é o único que tem mais pimenta do que açúcar – provocou ela.
A porta se abriu, e eles deram de cara com uma imensa fila de colegas esperando para se inscrever.
– Estou surpresa por ver tantas pessoas aqui hoje – disse ela.
– Eu não. O prêmio em dinheiro atraiu todo mundo, de chefs executivos a cozinheiros iniciantes – comentou ele. – Vou me lavar. Vejo você na cozinha.
Demi o observou se afastar antes de se dar um tapa mental. Ela não estava lá para repetir os erros de seu passado, mas para consertá-los. Desta vez iria fazer direito, e isso significava não se apaixonar por mais um chef, mesmo que ele tivesse um sorriso matador, um traseiro sexy e um sotaque charmoso.


*****

Meninas, ai está o primeiro capítulo. Espero que vocês gostem dessa fic.
O que acharam do primeiro encontro Jemi?
Se eu não postar muito essa semana, me desculpem, mas eu to ocupada com médicos e com a questão da colação de grau.. Amanhã mesmo tenho que ir pra escola ensaiar porque vou ser a oradora.. 
Qualquer coisa, me chamem no whatsapp ou no twitter: (44) 9993-7501 e @orgydemi
Enfim, se cuidem, beijos

6 comentários:

  1. Joseph… Stephens? KKKKKKKK OXI..... arruma um tempinho pra postar sim :( essa fic é hot?
    To ansiosa, mas to.morta de sdds da outra :(

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    1. Já já você entende esse Stephens alsnak é hot sim akjsa, pois é, tbm sinto falta :'(

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  2. Cheguei atrasada e não pude votar, inclusive não aparece isso de votação no celular. De qualquer forma essa era a minha segunda opçãp de voto, devo admitir que chefes com secretarias ou sequestrador com vitima são meus pontos fraco.
    E essas conversas que vi duplo sentido em todas, Jesus até imagino como será o decorrer da história.
    Sam, xx

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  3. Cara, eu já to amando essa fic!!!!
    E esse encontro deles!!?? Só conversas de duplos sentidos!!
    Eu to muito ansiosa, posta logo!

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  4. Adorei esse primeiro encontro..... ansiosa por mais...... continua logoooo.... tbém estou sofrendo de abstinência da outra fic..

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