8.8.14

Capítulo Nove






JOE IA enlouquecer. Mesmo. Enlouquecer ao nível “pronto para agarrar Demi, jogá-la em seu ombro e levá-la para um canto escuro”. Talvez fosse a atmosfera do SupperClub, um restaurante chique que contava com uma equipe atraente e que apresentava a novidade de servir os clientes em camas em vez de mesas. Ou talvez fosse o fato de a mulher com ele estar interessada nele apenas como escritor, não como homem.
A meia-luz vinda das luminárias esculpidas nas paredes lançava um brilho suave sobre o cabelo de Demi enquanto ela se recostava nos travesseiros. Os pés, descalços, exceto pela camada de esmalte bordô nos dedos que Joe queria mordiscar, balançavam em um ritmo lento sobre a coberta de seda azul.
Joe olhou para a cabeceira de aço escovado. Ele tinha passado a última hora fantasiando com Demi agarrando aquelas barras de ferro enquanto ele a fazia gritar de prazer usando apenas a língua.
Durante a preparação para aquele encontro, ele percebera que nunca tinha se preparado de fato para seduzir uma mulher. Deu uma olhada pelo ambiente e sorriu. Aparentemente, não era muito bom nisso. Ele achava que um restaurante repleto de camas iria lhe dar alguma vantagem para convencer Demi a aceitar a aposta. Afinal, o que era mais sedutor que beliscar tira-gostos sobre um colchão coberto de seda para fazer uma garota pensar em outras delícias para fazer na cama?
Mas ele parecia ser o único dentre os dois com fixação na cama... e no sexo. Ele se remexeu, feliz por a bandeja estar em seu colo. Demi, no entanto, parecia alheia à tensão sexual que ondulava pelo corpo dele.
– Você escreve histórias sexualmente carregadas, algumas vezes assustadoramente brutais que abraçam a proposta de viver a vida ao máximo. Por que não consegue se abrir à ideia de que outros gêneros também têm muito a oferecer aos leitores? – perguntou ela, meneando a cabeça para agradecer ao garçom que havia trazido a bandeja de sobremesas e enchido novamente as taças de vinho.
– Não sou contra os outros gêneros – disse Joe, fazendo uma careta. – Mas não acha que a maioria deles é um pouco... estereotipada?
Demi levou um doce à boca e deu uma mordida. O recheio espesso de creme escorreu pelos dedos dela, deixando Joe com água na boca para lamber. Ela removeu o creme dos lábios com uma lambidinha maliciosa.
– Então você é um deles, hein? Um literário esnobe? – questionou ela. – Conheci muito poucos em minha vida, mas ainda estou surpresa. As histórias falam do que realmente interessa, são fiéis aos seus personagens. Sério, não é essa uma das funções da ficção? Criar mundos, lições na forma de histórias para atrair as pessoas e fazê-las pensar? As suas definitivamente fazem tudo isso.
Joe abriu a boca para retrucar, mas não conseguiu organizar um argumento, excitado e fascinado demais enquanto a observava comer o bolinho, pelo modo como ela saboreava cada mordida sensual. Ele apostava que Demi devia ser o diabo na terra na equipe de debates na escola. Uma risada surgiu, primeiro baixinha, depois crescente, enquanto ele reprisava a argumentação dela em sua mente.
– Você venceu – reconheceu ele.
Ela recuou só um pouquinho, como se chocada pela resposta dele. Então seus lábios gloriosamente melados e convidativos se entreabriram, formando algo que ele só podia classificar como sendo um sorriso tímido.
Ele balançou a cabeça. Quanto mais tempo passava com Demi, mais confuso ficava. No início do encontro... diabos, apenas uma hora atrás, quando eles tinham se sentado para jantar, ele pensara ter conseguido categorizá-la. Sensual, sofisticada e mundana, ele descobrira que ela vivia por sua carreira.
No entanto, achava que finalmente estava tateando sua verdadeira personalidade. Uma intelectual embrulhada em seda, ela obviamente estava acostumada a embalar as pessoas rumo à complacência com seu visual. Enquanto um sujeito estava perdido na profundeza dos olhos de corça ou se perguntando se o cabelo dela teria um toque tão macio nas coxas dele quanto entre os dedos, a mente dela já estava três passos adiante.
Era fascinante. Então ela mandou aquele sorrisinho tímido, jogando todas as hipóteses dele pela janela.
Com medo de enlouquecer se não colocasse as mãos nela logo, mesmo que apenas para dançar, Joe jogou seu guardanapo sobre a bandeja e ergueu uma sobrancelha.
– Estou pronto, e você?
DEMI PRECISOU engolir em seco duas vezes para umedecer a garganta a ponto de conseguir falar. Estava tão absorta na emoção de conversar sobre livros com Joe que havia se esquecido dos reais motivos pelos quais estava ali.
– Pronto? – Ela esperava que a textura rala de sua voz se passasse por sedutora em vez de apavorada.
Ela havia se esquecido completamente de seus temores na última hora ou algo assim. E Joe merecia o crédito, pois a reação inicial ao entrar no restaurante tinha sido arfar e fugir. Ela pisou firme, é claro. Sabia que ele havia armado aquele plano para intimidá-la com sua aposta paralela, para mantê-la confusa e distraída, de modo que suas resenhas ficassem comprometidas durante a disputa.
E ele poderia até ter se dado bem. Afinal, ele mesmo era a distração mais incrível que ela conseguia imaginar. Quente, intensamente sexual e, o melhor de tudo, um escritor incrível. Mas Demi tinha um plano. Contanto que ela mantivesse em mente que agora era o tipo de mulher sobre quem Joe escrevia, sua fantasia em pessoa, ela ficaria bem. Afinal, ela estava nessa para ganhar. A aposta das resenhas, a aposta paralela e a rendição de Joe.
Então, em vez de fugir ao ver o ambiente cheio de camas, ela revirou os olhos e perguntou a ele se era assim que costumava seduzir as mulheres.
Porque o restaurante era isso. Um salão imenso cheio de camas. Levava as conversas íntimas a um nível totalmente novo. Mas, em vez de ser um ambiente desprezível como ela esperava, a atmosfera era exuberantemente sensual. Provavelmente auxiliada pelo desfile de lingerie em curso no palco bem no centro do lugar. Nada como ficar deitada na cama assistindo a um bando de mulheres pavoneando de roupas íntimas para manter o foco no sexo.
Ela gostaria de não ser tão facilmente influenciável. Mas, como era, resolveu então debater sobre os méritos da ficção popular em um esforço para manter a aparência controlada. Não servira para tirar de sua cabeça as imagens de Joe subindo na cama e nem das pernas abertas dela, mas pelo menos a impedia de tomar uma atitude.
– Gosta de dançar? – perguntou ele. – Há uma boate da qual acho que você vai gostar. Ótima música, um ambiente muito... único.
Demi só conseguiu ouvir a palavra dançar. Suas mãos, escondidas sob a bandeja em seu colo, amassaram o guardanapo de linho. Ela nunca dançava. Pelo menos, não em público. Em particular, sozinha, ela adorava e achava que não havia nada melhor que colocar música a todo volume e se entregar ao ritmo.
Ela começou a folhear um resumo mental dos prováveis resultados caso recusasse. Cerrando o maxilar brevemente, percebeu que não tinha escolha. A recusa a faria parecer covarde. E, pior, a faria perder qualquer vantagem que já houvesse ganhado no caminho à vitória da aposta. Que era o motivo, afinal, de ela estar sentada naquela cama com Joe.
Precisava manter isso em mente em vez de se perder no tom azul vívido dos olhos dele.
– Não quer dançar? – supôs Joe, o olhar semicerrado e pensativo. Ele não iria pressioná-la, Demi percebeu. Nem iria tripudiar. Considerando todo seu charme e carisma, até que ele era notavelmente tranquilo.
– Não sou muito fã de música contemporânea – salvaguardou-se ela, em vez de tomar a rota de fuga que ele oferecera.
– Que tipo de música você prefere?
Demi esperava que a meia-luz fosse capaz de esconder a cor que lhe tomava as bochechas. Na faculdade, sua resposta pronta teria sido música clássica, é claro. Ela ouvira o suficiente para conseguir debater a respeito e, até certo grau, bem que gostava. Mas não era sua preferência.
– Rock pesado – murmurou ela, aguardando a gargalhada dele.
Em vez disso, ele sorriu lentamente.
Ela balançou a cabeça e lhe deu um tapinha brincalhão no braço. Mas, se estava tentada a deixar os dedos se demorarem ali, a acariciar o músculo rijo sob a camisa preta, ela guardou para si.– Rock pesado, como o daquelas bandas dos cabeludos dos anos 1980. Não sou uma subversiva por gostar de rock; não pense bobagens.
– Eu não disse nada – defendeu-se ele.
– Mas pensou.
Ele simplesmente sorriu. Então ergueu uma das mãos. O garçom chegou imediatamente para recolher as bandejas e o cartão de crédito de Joe. Demi lançou um olhar surpreso para o funcionário, então jogou o guardanapo na bandeja com um sorriso de agradecimento.
– Você vai gostar desse lugar – prometeu ele. – É rock das antigas, então tenho certeza de que vai tocar muitas coisas das quais você gosta.
Que bom. Ela ofereceu o que esperava ser um sorriso, mas sentiu como se estivesse fazendo uma careta de doente, e segurou na mão de Joe para poder descer da cama. Então continuou a segurar a mão dele para se equilibrar enquanto voltava a calçar seu sapato de salto agulha que a deixava quase da altura de Joe.
– Eu sei que você me trouxe aqui para me estimular, e provavelmente para definir a cena sexual que já tem traçada em mente – disse Demi a ele –, mas preciso admitir, este foi o jantar mais confortável que já experimentei.
Pelo franzir de testa dele, Demi acertara suas motivações. Enquanto Joe assinava o recibo do cartão, ela não se deu o trabalho de revirar os olhos para a expressão surpresa dele. Era quase tão desconcertante ser tratada como um objeto sexual desejável como era ter sua inteligência subestimada.
– Admito que tinha nossa aposta em mente quando fiz as reservas. A atmosfera aqui... – Ele abanou a mão para indicar as cores intensas, as camas decadentemente confortáveis e as mulheres seminuas no palco. – É inquestionavelmente sexual. Mas não quero que você ache que pensei em manipulá-la para seguir um enredo.
– Mesmo?
– Mesmo – respondeu ele, com um sorriso. – Quando você for para a cama comigo, será uma escolha sua. Eu posso até ter deitado ao seu lado naquela cama e fantasiado sobre como seria, sobre os movimentos que você faria, os que eu faria. Mas não tenho um roteiro. Além disso, você tem uma cabeça incrível. O sexo entre nós seria muito melhor com suas contribuições.
Algo derreteu no coração de Demi. Um muro que ela não sabia estar ali abriu passagem quando ela percebeu o quanto ele respeitava a inteligência dela de fato. Joe a enxergava como uma mulher desejável, mas, para ele, aquela feminilidade não era exclusiva do intelecto.
Os olhos dele encontraram os dela, o calor daquela olhada fazendo Demi queimar por dentro. Imagens já conhecidas dos dois, nus e suados, lampejaram na mente dela. Há apenas alguns dias, ela teria negado tomar a iniciativa a respeito de qualquer coisa, mas sua pesquisa havia compensado. Agora possuía uma lista bem grande de coisas que adoraria tentar.
Quem imaginaria que aquilo tinha sido o estopim para fazê-la chegar ao ponto de cogitar aceitar a aposta de Joe? E tudo porque ele não subestimara seu intelecto. Na verdade, ele agia como se fosse um afrodisíaco. Que... romântico. Um sujeito que queria o pacote completo, aparência e cérebro. Só que ela sabia que a aparência era uma máscara temporária. Precisava manter isso em mente para não se permitir achar que poderia se apaixonar por ele.
O conceito, tão extenso de modo que ela não conseguia absorvê-lo por completo, fez Demi engolir em seco. Ao ver Joe aguardando por uma resposta, ela murmurou:
– Bem, veremos, não é?
Vinte minutos depois, Demi quase desejava ter ido de encontro ao seu primeiro instinto e ter dito a Joe para levá-la para casa para que ela pudesse tirar sua roupa e fazer o que desejasse com o corpo dele.
Não poderia ter sido pior do que adentrar naquela boate.
– Qual é mesmo o nome deste lugar? – berrou ela ao ouvido de Joe, assim que passaram pela multidão. Corpos quentes, exacerbadamente perfumados, todos se contorcendo. A música era uma coisa física, as batidas ressoando no piso, o ritmo ecoando nas luzes de néon. Escuro, intenso, ousado, parecia propício para... alguma coisa. Demi não conseguia distinguir muito bem para o quê, no entanto, exceto que aquilo a deixava muito tensa.
Joe lhe lançou um sorriso.
– Clube da Fantasia – esclareceu ele.
Demi estava feliz por Joe estar lhe segurando a mão, pois tinha certeza de que, se ele a soltasse, ela nunca mais conseguiria encontrá-lo ali. Quando tentaram passar, a pressão dos corpos esbarrando foi tão intensa que se viram empurrados para a pista de dança.
– Vamos? – perguntou ele com uma risada, puxando-a de encontro a si.
Não! Ela queria gritar e fugir, mas Joe estava com as mãos firmemente postadas em seus quadris, o corpo se movimentando tranquilamente no ritmo da música.
Estava tão lotado que Demi não conseguiria ter se afastado sem causar um alvoroço. Além disso, com as mãos de Joe a guiando, ela não precisava se preocupar com nada, senão seguir o ritmo dele.
Mexendo, roçando, deslizando. Quadril contra quadril, coxa contra coxa. O corpo dela estava duro, mal se movimentando além dos comandos dele.
Demi não sabia o que fazer com as mãos, então agarrou os bíceps dele.
– Relaxe – disse ele, puxando-a para ainda mais perto. O ritmo mudou, ficando mais lento, mais pesado. Soltando os quadris dela, Joe pegou as mãos dela e as colocou sobre o próprio ombro, então trilhou os dedos em seus braços, indo tão delicadamente até a cintura que ela quase riu, e então voltou aos quadris.
Demi sentia-se uma idiota. Não houvera aulas de dança durante sua transformação, e graças a Deus elas não eram necessárias para atuar no “Cantinho da crítica”. Sem querer encontrar desdém nos olhos de Joe, ela olhou para os outros dançarinos, certa de que a observavam. Mas ninguém estava olhando para ela. Pela atenção que os outros estavam dando, era quase como se ela e Joe estivessem a sós.
– Qual é a semelhança entre o vibrador e a soja? – perguntou ele.
– Hein?! – O olhar de Demi encontrou o dele.
– Ambos substituem a carne – brincou ele.
Ela ficou boquiaberta. Ele sorriu. Ela não pôde evitar e começou a gargalhar.
– Essa foi péssima – disse a ele, balançando a cabeça.
– Fez você relaxar – retrucou ele, a satisfação reluzindo em seus olhos. – Apenas deixe a música fluir, mexa seu corpo. Não é um teste, não é um concurso. Somos só eu e você, nos divertindo um pouco.
Diversão. Demi suspirou profundamente, obrigando seu corpo a relaxar. Diversão, ela e Joe, os corpos juntinhos. Pela primeira vez desde que tinham pisado na pista de dança, ela ficou ciente do quão próximos estavam. Do quanto era bom. As coxas dele, tão rijas e sólidas, deslizando contra as dela, de um jeito que sugeria outros tipos de ritmo. Os tórax de ambos não estavam se tocando, mas ainda assim ela sentia o ardor dele. Um calor em reação atingiu o baixo-ventre dela, formigando, ficando mais forte. Demi se concentrou naquela sensação.
O olhar dela se prendeu ao azul vívido do dele. Ali, debaixo do tom divertido, ela conseguia enxergar uma centelha de desejo. Quando ele chegou mais perto, o quadril roçou o dela, e Demi sentiu a prova de seu interesse. Perceber que ele estava ficando excitado com ela e com suas péssimas habilidades de dança a fez relaxar, na verdade. Pela primeira vez, ela se dedicou a ouvir a música, se deixando levar pelas sensações, pelo ritmo e pela pulsação que corriam dentro do seu corpo.
Ela remexeu os quadris, uma leve ondulação, e as pupilas dele se dilataram. Ela pôs as mãos no pescoço dele, os dedos deslizando pelo cabelo sedoso, e Demi se aproximou um pouquinho mais. Ela queria prová-lo. Encarou os lábios dele, desejando senti-los de encontro aos dela com paixão.
Paixão. Ela desviou o olhar quando a realidade a atingiu. A aposta. Eles estavam ali por um motivo, e, caso ela fizesse um exame de amígdalas nele ali na pista de dança, aquilo só iria favorecê-lo, e não a ela.
Afastando os gritos de apelo do próprio corpo, Demi recuou e deu de ombros levemente. Abanou uma das mãos diante do rosto e disse:
– Está muito quente aqui. Podemos pegar alguma coisa para beber?
Joe lhe lançou um olhar demorado, mas não pressionou.
– Claro. Vamos para o andar de cima. Fiz reservas.
O progresso deles até lá foi lento. Quando finalmente chegaram ao balcão do bar, ela notou as alcovas nas laterais. Cada uma tinha uma espécie de cortina diáfana para fechar a área, porém a iluminação vinda do fundo deixava as silhuetas das pessoas lá dentro bem nítidas.
Graficamente nítidas, percebeu ela quando uma delas tirou a blusa e pressionou os seios contra o rosto de um sujeito.
Demi sentiu o rosto queimar, um zunindo soando em seus ouvidos. Ela nunca havia se considerado uma voyeur. Contudo, não conseguia desviar o olhar da exibição sexual. A mulher empurrou o sujeito para que ele se inclinasse para trás, ficou de pé e requebrou um pouquinho para poder erguer a saia. Então, sentou-se no colo dele.
Demi piscou, então arfou e puxou a mão de Joe.
– Eles não sabem que estão sendo vistos por todos? – perguntou ela, sem se importar se soava como uma bobinha ingênua. – Aquela cortina não esconde nada.
Ele olhou para ela, então seguiu o olhar dela até as alcovas exibindo silhuetas de casais em diversas posições um tanto íntimas.
– Tenho certeza de que sabem. Eles provavelmente não se importam. – Joe semicerrou os olhos em tom de especulação. – Por quê? Isso incomoda você?
– Não sou eu que estou com o traseiro nu reluzindo assim – disse ela, com um dar de ombros casual fingido. – Se eles não se incomodam, então definitivamente não é problema meu.
Incapaz de se conter, ela olhou para o casal mais uma vez, os movimentos sincronizados à pulsação da música e das luzes. Era quase como uma performance.
– Isso é parte da excitação – comentou ela. – Saber que estão sendo vistos.
– Isso – concordou ele, depois de fornecer seu nome ao grandalhão que estava aos pés de uma escada fechada – e a emoção de saber que estão burlando a lei. Atentado ao pudor, essas coisas.
O segurança, um sujeito tão grande que Demi queria lhe cutucar os bíceps só para ver se eram de verdade, abriu o portão para eles. Demi se sentia como Alice no país proibido das maravilhas. Nada ali era como ela estava acostumada a ver em seu mundo real. O olhar demorado de Joe para ela a fez sentir como se fosse ela a pessoa com o traseiro nu atrás da cortina.
Foi um olhar além de toda a maquiagem que ela usava, a fachada cuidadosamente construída, e que mergulhou diretamente em sua alma. Ele se abaixou, levando a boca aos ouvidos dela. O calor suave de seu hálito lhe enviou arrepios pela espinha.
– Isso é luxúria – disse ele. As palavras foram suaves, mas ela conseguiu ouvi-las facilmente por cima música ressonante, da cacofonia de vozes. Mais ainda, ela as sentiu penetrar seu corpo com um dedinho brincalhão, incitando um desejo desesperado, arrebatador. – Luxúria crua, desenfreada, do tipo “não ligo a mínima para quem está nos assistindo”, do tipo “faça sexo comigo agora”. É sobre isso que eu escrevo. A dança erótica entre homem e mulher. A exploração para ver até onde um pode levar o outro, para ver até onde os sentidos podem enlouquecê-los.
Ignorando o segurança imenso, Joe inclinou a cabeça para um lado e lançou a ela mais um daqueles olhares demorados, sensuais, capazes de derreter até os ossos.
– Pode admitir agora, se quiser. Sem a aventura, não há como existir sexo real entre nós. Apenas admita que o sexo bom tem a ver apenas com luxúria.
Demi estava tão excitada que foi preciso uns bons dez segundos para as palavras dele ao menos penetrarem na névoa de luxúria no cérebro dela. Então aquilo tudo era por causa da aposta?
– Você só pode estar brincando, não é? – perguntou ela, chocada. Ela nunca cedera na vida. Raramente perdia, então o conceito de simplesmente desistir e ir embora não fazia sentido algum. É claro, todos os desafios que ela enfrentara tinham sido no meio acadêmico, então ela estava reconhecidamente fora de sua zona de conforto ali. Olhou para a alcova outra vez, a cabeça da mulher agora estava jogada para trás enquanto ela se movimentava rápida e freneticamente no próprio ritmo, e não no da música.
Joe seguiu o olhar dela.
– Tem certeza? Sinceramente, não vejo como você vai encontrar uma argumentação melhor que a minha.
Nem Demi. Mas ela encontraria uma refutação. Em algum momento. Por enquanto, simplesmente se agarraria ao seu argumento de sempre. E, é claro, se seguraria para não pular em cima de Joe implorando a ele para lhe aliviar a tensão sexual que se revolvia em seu baixo-ventre.
– Estou muito segura da minha opinião – disse ela lentamente, encontrando os olhos dele. Mais uma vez, não havia nenhum regozijo ou alegria no olhar cristalino dele, só um questionamento, e talvez um respeito oculto. – E, ao mesmo tempo em que estou lhe dando crédito por ter encontrado um lugar repleto de luxúria, como você sabe que aquele casal simplesmente não é adepto do sexo em público? Eu não acho que eles iam gostar se interrompêssemos para perguntar se é o primeiro encontro deles.
– Argumento interessante. – O sorriso dele veio lento, malicioso e tentador. Com um meneio de cabeça, Joe indicou o portão que o segurança ainda estava mantendo aberto e disse: – Sendo assim, vamos continuar a aproveitar nosso encontro, não é?


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Nunca pedi comentários, mas não dá ânimo postar. Tem várias visualizações, mas só a Cassia e a De comentam :( poxa meninas, eu não consigo saber se vocês estão gostando dessa forma. O próximo capítulo eu vou postar só quando esse tiver no mínimo 3 comentários, e se isso acontecer ainda hoje, então eu posto hoje mesmo. Beijos.

3 comentários:

  1. Por favor não desista, estou adorando..... louca pra saber o que vai acontecer..... posta mais!!!

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  2. Hey!
    Eu to amando sua fic
    Ela é perfeita!
    Posta por favor!!

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