29.10.14

Capítulo Três






Sentindo-se Melhor

Ao acordar, Demi abriu somente um olho. A luz forte do sol entrava por uma das janelas, mas não sentiu dor. Sentia-se renovada após uma boa noite de sono. Espreguiçou-se, olhou para Joe e franziu a testa ao ver sua aparência. Ele estava notadamente exausto; seu cabelo escuro revolto, suas íris acinzentadas destacando-se dos anéis vermelhos que tomavam seus olhos.
“Como está se sentindo?” Ele perguntou em seu tom usual.
“Me sinto realmente muito bem; o melhor que já me senti desde aquela noite.”
“Bom.” Ele respondeu com um largo sorriso.
“Você não dormiu outra vez, dormiu?” Perguntou.
“Descansei um pouco.” Ele mentiu.
“Mentiroso.” Disse sacudindo a cabeça. Podia ver nos seus olhos inchados e sua voz rouca que ele não pregou o olho. “Você precisa descansar, Joe.”
“Descansarei quando Gavin estiver em uma prisão de segurança máxima.” Ele levantou e caminhou até o interfone para chamar a cozinha. “Vou pedir que tragam sua sopa.”
“Não mesmo... Chega de sopa... Preciso de comida de verdade. Estou faminta, quero panquecas com morangos e chantilly. Quero um daqueles sanduíches de carne, ovos e queijo que seu chef prepara, mas sem o queijo. Também quero biscoitos e um copo grande de suco de maçã.”
Ele sorriu “É pra já.”
“Finalmente. Pensei que me forçaria a tomar sopa pelo próximo ano.”
“Não, só até você se sentir melhor. E você está obviamente muito melhor hoje.”
“Muito melhor. Eu devia ligar para o escritório para saber como andam as coisas por lá.” Disse pegando o telefone. Ele imediatamente arrancou o aparelho de sua mão.
“Você precisa descansar e não se preocupe com o que está acontecendo no trabalho. Você se atualiza quando voltar.”
“E se algo importante estiver acontecendo?”
“Não há nada importante acontecendo.” Ele garantiu.
“Você tem ligado para o escritório?”
“Não.”
“E você ao menos já falou com seu pai?”
“Não.” Joe respondeu levemente irritado.
“Acho que deveria ao menos ligar para seu pai.” Disse. Apesar de ele ainda estar bravo com seu pai, ela sabia o quanto a briga deles estava pesando sobre Joe.
“Eventualmente terei que fazer isso.” Era óbvio que ele ainda não estava pronto para falar sobre Paul.
“Me fale de sua mãe.” Demi se atreveu a perguntar.
“Não há nada para falar.”
“Mas seu pai disse...”
“Chega Princesa.” Ele cortou suas palavras.
“Você sabe tudo sobre minha família maluca. Minha mãe é a cafetina de um bordel, o que poderia ser pior?” Sabia que era um assunto delicado, mas insistiu. Queria fazê-lo compreender que podia falar qualquer coisa com ela, mas ele cobriu sua boca com a mão, interrompendo suas palavras.
“Denise Jonas é uma sádica sacana; é tudo o que você precisa saber.” Ele rosnou com um olhar de puro ódio que chocou Demi. Durante os últimos anos, viu Joe em diferentes estados de fúria. Na verdade, suas discussões tinham sido boa parte das razões de seu amplo espectro de raiva. Entretanto, nunca havia visto Joe assim antes.
“Me desculpe.” Demi sentou em seu colo e lhe beijou a bochecha. “Só quero que você saiba que pode falar comigo sobre qualquer assunto.”
“Eu sei querida, mas algumas coisas não devem ser discutidas.”
“Concordo.” Respondeu agora ciente do quanto o assunto o incomodava. Ela o abraçou nos ombros e o beijou novamente.
“Eventualmente você a conhecerá. Por hora, devia agradecer pelo tempo que você teve sem conhecê-la. Aproveite estes momentos.” Ele terminou fechando a cara.
“Aproveito todos os momentos com você.” Ela sussurrou em seu ouvido.
Demi percebeu sua dor e queria abrandá-la. Deitou a cabeça em seu ombro e o segurou firmemente.
Paul estava de pé na mesma corte onde já havia defendido muitos casos. Lá estava ele, com seu próprio advogado, batalhando contra sua futura ex-mulher. Ela alegava ter disparado em legítima defesa. Por sorte, as evidências mostravam o contrário. Sem mencionar o depoimento assinado do policial a quem ela confessara o crime.
“Prisão não vai resolver. Ela precisa de ajuda profissional.” Paul disse ao juiz.
“Ajuda profissional? Seu mentiroso. Eu não sou louca; você é o louco adúltero!” Denise gritou, não ajudando em nada o seu caso.
“Sra. Stone, você precisa se acalmar.” Sugeriu seu advogado.
“Me acalmar? Não vou me acalmar! Não enquanto este homem estiver tentando destruir minha reputação! Você está louco se acha que vou deixar você se livrar fácil Paul! Você é o monstro, não eu!”
“Se acalme Sra. Jonas.” Exigiu o juiz.
“Não vou me acalmar! Vou lutar por meus direitos!” Gritou.
“Concordo com o senhor, Sr. Jonas, ela realmente precisa ser psicologicamente avaliada.” Disse o juiz, antes de declarar Denise Jonas um perigo para a sociedade e para si própria. Ele sentenciou Denise para ser avaliada em um instituto de psiquiatria de segurança máxima no norte de Nova York.
Joe havia decidido passar alguns dias com Demi até que a saúde dela melhorasse. Agora que ela se sentia melhor, ele sabia que era hora de iniciar seus preparativos para segurança. Apesar das seguranças de Dianna estarem patrulhando a área e de sua família ter resolvido os problemas imediatos, ainda havia muito que fazer.
“Eu preciso fazer alguns ajustes, mas não posso deixá-la.” Joe disse a Royce no telefone.
“Que tal walkie-talkies?” Royce sugeriu.
“É uma boa ideia. Gosto do conceito dos walkie-talkies, mas preciso algo mais do que somente ouvir sua voz.”
“Telefones celulares. Você pode usar um aplicativo de walkie-talkie para o telefone celular. Tem o intercomunicador e uma câmera. Eu sei onde conseguir, pego no meu caminho para aí. Não vou demorar.”
“Perfeito, venha até meu quarto quando chegar.” Parecia ser a solução de seu problema. Ele precisava ficar afastado de Demi durante o dia. Pelo menos até que terminasse seu trabalho e ela estivesse curada. E ao mesmo tempo, precisava vigiá-la de perto.
Demi se espreguiçou e sorriu. “Bom dia.”
“Bom dia digo eu. Como está se sentindo?” Perguntou ao pegar o robe vermelho dela.
“Ela inspirou profundamente. “Me sinto excelente, pronta para voltar ao mundo.”
“Royce está a caminho,” ele entregou-lhe o robe, “vista isso.”
Ela mal vestiu o robe e bateram à porta. Joe esperou que ela estivesse totalmente coberta antes de abrir.
“Tenho seu remédio bem aqui, primo.” Royce riu então se recompôs ao ver Devonne. “Olá Devonne, como vai?”
“Olá Royce; estou muito melhor, obrigada.” Respondeu.
“Fico feliz em saber.” Ele se virou para Joe e lhe entregou os telefones. “Pedi ao vendedor que me ensinasse como usá-los. Também pedi que conectasse os telefones.”
“Aqui.” Joe entregou um dos telefones para Demi.
“Pra que isso?” Demi perguntou.
“Estes telefones vão manter vocês dois em contato constante.” Royce começou. “É um rádio. Tudo que você precisa fazer é apertar este botão e ligará direto para Joe. E vice e versa claro. Quando conectar, aperte este botão e poderão se ver enquanto falam.”
“Ótimos recursos, mas para quê?” Demi perguntou novamente, agora encarando Joe.
“Tenho muito trabalho a fazer para deixar este lugar seguro e não quero você saindo deste quarto. Quero você trancada aqui a salvo.” Joe explicou.
“Mas eu estou a salvo se estou com você.” Ela o lembrou.
“Quero que fique neste quarto.”
“Não.”
“É isso, ou mando você para algum lugar seguro até que Gavin esteja em uma prisão de segurança máxima.”
“Esta é minha deixa.” Royce disse se dirigindo para a porta. Ele virou para falar com Joe. “Bem, se você tiver mais alguma pergunta sobre os telefones, me ligue.”
“Isto está fora de questão.” Demi continuou, nem notando que Royce deixara o quarto. Ela se sentia segura com Joe e sob nenhuma circunstância o deixaria. Também não queria se afastar de sua mãe e sua tia.
“Então eu quero que você fique neste quarto enquanto eu estiver fora. Estou falando sério.”
“Você tem sorte de eu estar ameaçada de morte por um ex-colega, ou não seria tão condescendente.” Ela não se incomodava de deixar sua segurança nas mãos dele. Também não se incomodava em seguir suas ordens, pois sabia que eram para sua própria segurança. Mas apesar de toda sua paciência e compreensão, começava a se sentir um pouco frustrada.
“Você nunca é condescendente” ele concordou e lhe beijou o topo da cabeça, “mas eu quero você mesmo assim.”
“Posso ir com você. Também posso ajudar.” Demi apelou, não querendo se separar dele.
“Não, você vai me distrair e preciso realmente focar na segurança.”
“Eu não distrairia você.”
“Você é uma distração ambulante para mim, não pode evitar.”
“Como? Vou me comportar, você nem vai perceber que estou junto.”
“Eu sempre sei quando você está junto. Sempre. Não tem nada a ver com seu comportamento; tem a ver com você. Você poderia ficar calada e quieta e eu ia querer foder você do mesmo jeito. Mas mesmo que o que eu mais quero seja estar dentro de você, esta casa é muito grande e preciso ter certeza de que você está protegida antes de qualquer outra coisa.”
“Posso vestir roupas largas e feias, que me cubram da cabeça aos pés.”
“Não funcionaria; eu sei o que tem embaixo destas roupas.” Ele sacudiu a cabeça. Já havia pensado nisso. Mas não era só o sexo... era ela. Ela tinha o poder de atraí-lo mesmo que tentasse resistir.
“Seja razoável, terminará mais rápido se eu ajudar.” Tentou convencê-lo.
“Em outras circunstâncias eu adoraria que você ajudasse. Eu não vou terminar trabalho nenhum com você perto de mim. Já é ruim o bastante saber que você está dentro da casa. Cada vez que te vejo, tenho vontade de largar tudo e te arrastar para o quarto mais próximo. Eu socaria meu pau antes da porta fechar e só pararia quando um de nós desmaiasse de exaustão. Não posso ficar muito tempo perto de você, baby... Não confio em mim mesmo. Mesmo agora quero foder você muito mais do que quero trabalhar, mas preciso deixar esta casa segura.”
“Eu acho que você devia.” Disse aproximando-se dele.
“Acha que eu devia o quê?”
“Me foder.” Disse num tom casual, como se estivesse discutindo café.
“Eu nunca pararia.” Ele avisou, mais como que lembrando a si mesmo.
“Não precisamos parar; podemos seguir fodendo.” Suas palavras o atingiram como uma mão lhe apertando o pau.
“Quando você estiver totalmente recuperada.” Ele a beijou na testa, não querendo despertar seu próprio desejo.
“Eu já lhe disse que estou me sentindo maravilhosamente bem.”
“Quero que você descanse enquanto trabalho nisso.”
“Não quero descansar; prefiro conversar com você.”
“Temos o resto de nossas vidas para isso. Agora, você precisa descansar e eu preciso terminar de proteger esta casa.” Ele a beijou mais uma vez antes de virar e caminhar para a porta. “Mantenha seu telefone carregado; vou ligar para você em breve.”
“Tenho certeza que vai.” Sussurrou com um suspiro, olhando ele sair.
Joe encarava o quadro de força principal no porão junto de seus primos, reavaliando a situação. A ideia de que Gavin conseguira entrar na casa tão facilmente o apavorava. Estava certo de que se tivesse se preocupado mais com a segurança da casa ao invés de se preocupar tanto com sexo, Gavin não teria conseguido entrar, muito menos teria colocado suas mãos em Demi. Ele faria tudo para ter certeza de que isso nunca mais se repetisse, não permitiria mais seu pau controlar sua vida. Em circunstâncias inadequadas – sexo significa problema.
“Como eu disse, é pior do que pensei.” Royce disse a Joe.
“Vocês já fizeram muito, mas ainda há muito mais a fazer.” Joe disse com o olhar determinado.
“Estou chamando toda a família para ajudar.” Julius disse a Joe.
Havia um grande clã de Jonass; todos os homens rudes e grandes, que adoravam sujar as mãos. Facilitaria muito as coisas.
“A mãe de Demi quer manter suas seguranças na casa até que Gavin esteja na prisão.” Royce os lembrou.
“É uma boa ideia; eu gosto daquelas seguranças. Todas e cada uma delas.” Julius disse com um sorriso safado.
“Nós sabemos Julius. Você aprecia todas mulheres.” Royce disse acenando com a cabeça. O apreço de Julius pelo sexo oposto era de conhecimento público.
“Cada uma delas; amo todas da mesma maneira. Da magra à gordinha, da alta à baixinha, amo todas as gatinhas.” Julius sorriu com um ar de Casanova.
“Só quero família e gente de confiança trabalhando na segurança.” Disse Joe.
“Concordo. É um assunto muito delicado para deixar na mão de qualquer um.” Royce abriu a caixa com as novas câmeras de segurança.
“E o Fritz?” Julius perguntou a Joe.
“Ele está ocupado com um trabalho. Não estará disponível por um tempo, mas seu filho estará aqui logo.” Joe respondeu.
“Com nossas agendas, devemos terminar tudo em uma semana, duas no máximo.” Royce avaliou.
“Talvez menos. Tirei as duas próximas semanas de licença do trabalho, então sou todo seu primo.” Julius disse a Joe.
“Bom.”
“Eu estarei aqui todo tempo que não estiver no trabalho. Também passarei as noites aqui na sua ala de hóspedes.” Royce disse.
“Eu também.” Julius acrescentou.
“Obrigado. O julgamento de Gavin será logo; quero terminar tudo antes disso.” Joe era grato por sua família. Ele não se sentiria seguro até que Gavin estivesse numa prisão de segurança máxima. Ele conhecia a cadeia onde ele estava e sabia como poderia ser fácil escapar.
“Também temos outros familiares vindo trabalhar em turnos durante a noite. Assim você pode ficar de olho na sua noiva.”
“Vou trabalhar durante o dia, mas preciso ficar com Demi à noite.” Joe os informou.
“Como ela está lidando com tudo isso?” Royce perguntou preocupado.
“Ela quer que eu fique junto dela. Está começando a cansar de ficar presa no quarto. É só questão de tempo para que comece a contestar.”
Quando eles terminaram o trabalho da noite, os primos de Joe acamparam na sala com uma garrafa de bebida e algumas das seguranças de Dianna que estavam de folga. Joe foi imediatamente para seu quarto encontrar Demi. Não a viu logo que entrou no quarto e entrou em pânico.
“Demi?” gritou. Imagens de Gavin agarrando Demi aterrorizava sua mente.
“No banheiro.” Ela gritou. Ficou aliviado de ouvir sua voz. Se perguntou se algum dia pararia de se preocupar com ela. Mais uma vez se arrependeu de não ter acabado com Gavin quando teve chance. Enquanto ele estivesse vivo, seria uma ameaça. Enquanto Gavin estivesse vivo, Joe não poderia descansar.
Demi saiu do banheiro vestindo um short preto tão pequeno que parecia calcinha. Os olhos de Joe foram direto para a camisa regata preta de tecido fino que ela vestia.
“Vem cá.” Ele sentou na beirada da cama.
“Você terminou o trabalho?” Ela caminhou em sua direção, seus quadris balançando com cada passo.
“Por hoje; amanhã cedo vamos instalar as câmeras ao longo do portão. Quero poder ver cada ângulo.” Seus olhos fixos nos quadris dela.
“Pensei que poderíamos sair para tomar café amanhã.” Sugeriu sorrindo.
“Não, eu te trago café antes de sair amanhã.”
“Não, se não vamos sair, então tomamos café juntos antes de você sair.” Ela exigiu.
“Parece bom.” Ele sorriu puxando-a para entre suas pernas e deitando sua cabeça em seu peito.
Ela correu os dedos pelo cabelo negro e revolto dele. Seus cabelos estavam mais compridos do que ela jamais vira, indo até seu colarinho. Sua barba também não estava feita e suas roupas estavam descuidadas. Ele não parecia em nada com o advogado impecavelmente vestido que normalmente era.
“Se eu tenho que ficar trancada neste quarto, o mínimo que você pode fazer é tomar café da manhã comigo. Não te vi o dia inteiro.”
“Só quero deixar você segura Princesa.” Ele suspirou contra seu peito. Ele sabia que precisava se afastar logo e já sentia seu pau se manifestando.
“Então contrate alguém para ajudar com a segurança.”
“Não, só vou trabalhar com quem eu posso confiar.”
“Você não acha que está sendo excessivamente preocupado? A chance de Gavin escapar é quase zero.” Ela perguntou e ele se afastou para encará-la.
“Não. Somos advogados Demi; conhecemos a mente criminosa e como ela funciona. Gavin também era um advogado, sabe o que sabemos, mas ele também é um criminoso, o que o deixa em vantagem. Não quero correr nenhum risco; prefiro ser excessivamente cuidadoso a me arrepender. Preciso que confie em mim nisso.”
“Eu confio em você.” Ela o beijou na testa e ele a puxou contra si.
Ele se sentia no céu quando estava perto dela assim. Era bom estar em seus braços. Queria mergulhar em seu abraço e ficar assim a noite inteira. Podia sentir que estava perdendo seu controle e se afastou.
“O que foi?” Ela perguntou.
“Você precisa descansar.”
“Eu não estou cansada.” Ela se aproximou dele.
“Foi um dia longo e você precisa relaxar.” Se afastou um pouco.
“Eu não preciso relaxar mais. É só o que tenho feito.”
“O médico lhe prescreveu dias de descanso. Vá para a cama.”
“Joe.”
“Agora!” gritou e lhe deu uma palmada leve na bunda.
Ela fez uma cara emburrada enquanto entrava debaixo das cobertas. Ele deitou na cama junto dela e ela o continuava encarando.
“Pode desmanchar o bico. Só estou fazendo o que é melhor para você.” Disse deitando contra os travesseiros.
“Estou cansada do que é melhor para mim.” Ela tirou a camiseta e deitou.
Se ela tinha que sofrer, ele também tinha. Se exibir era o mínimo que podia fazer. Não era boba – sabia o que ele estava fazendo.
Joe quase perdeu a compostura ao ver seus seios nus. Lembrou-se de que seria só por mais alguns dias. Ela estava se recuperando e ele terminaria a segurança da casa em breve. Então poderia fazer o que queria desde que voltaram do hospital.
“Agradeça por eu não ter feito você ficar no hospital uma semana sob vigilância intensiva.”
“Eu escaparia.” Ela puxou a coberta até seu queixo e virou de costas pra ele.
Suspirou aliviado quando ela cobriu seus seios. Esperava que ela dormisse logo, pois tinha uma ducha gelada chamando por ele.
“Não, você não ia, o único motivo de você ter escapado da primeira vez foi porque eu deixei.” Ele a lembrou.
“Isso é o que eu deixei você acreditar.” Ela devolveu bocejando.
Na manhã seguinte Demi acordou com o aroma de ovos com bacon. Ela gemeu de prazer enquanto levantava.
“Você cumpriu sua promessa.” Demi sorriu enquanto andou na direção de Joe.
“Eu sinto muito se parece que estou evitando você, mas estou somente tentando deixar este lugar seguro.”
“Eu sei. Sinto muito se estou chata... sinto sua falta.”
“Também sinto sua falta, Princesa. Terminarei logo, então a gente recupera o tempo perdido.”
“Mal posso esperar.”
“Pedi que preparassem seus favoritos. Bacon, torradas e panquecas com calda de morango.”
“O cheiro está divino... Você é incrível.” Ela o beijou no rosto enquanto ele puxava a cadeira para ela. Gemeu novamente ao sentar, “estou faminta.”
“Eu também.” Disse sorrindo.
Ela serviu seus pratos e eles comeram como se não comessem há meses.
“Eu juro que não vou tomar outro prato de sopa pelos próximos dez anos.” Jurou antes de colocar um pedaço de bacon na boca.
Joe sorriu e continuou a comer. Demi terminou primeiro e se serviu de mais uma xícara de café. O telefone de Joe tocou assim que ela começou a servir outra xícara para ele.
“Joe você pode descer?” Eles ouviram a voz de Royce.
“Sem chance, sentamos agora.” Demi contestou.
“Liam está no portão exigindo falar com você.” A voz de Royce invadiu o quarto mais uma vez.
Joe e Demi pararam o que estavam fazendo e se olharam surpresos.
“Liam?” Demi engasgou.
“Foda-se Liam.” Joe lamentou.
“Ele disse ser uma emergência, algo com o tio Paul.”
“Paul? Está tudo bem?” Demi perguntou. Sabia que devia ser sério para Liam vir até a casa de Joe.
“Eu já volto.” Joe resmungou ao se dirigir para a porta.
“Eu quero ir com você.”
“Não, você fica aqui.” Joe exigiu antes de sair.
Joe correu pelas escadas e saiu pela porta da frente indo direto para o portão.
“Graças a Deus. Não achei que você viesse me receber.” Foram as primeiras palavras que saíram da boca de Liam.
“O que você está fazendo aqui?” Joe perguntou a seu irmão.
“Posso entrar?” Perguntou e Joe finalmente abriu o portão.
“Não tenho tempo para suas merdas hoje Liam. O que você quer?”
“Você tem conversado com papai?”
“Não.”
“Ele foi recém-liberado do hospital, Denise acertou dois tiros nele.” Liam informou.
“Ele está bem?” Joe foi pego de surpresa pela notícia.
“Ele está bem agora. Perdeu muito sangue, levou alguns pontos e tem dois buracos de bala no corpo. Mas novamente, nós todos temos cicatrizes daquela mulher, algumas piores que outras.” Liam disse com raiva. Liam estava cheio de sua mãe. A mulher não demonstrou nenhuma emoção quando soube que Joe tinha quase sido morto. E para piorar a situação, ela atacou Paul. A mulher não tinha coração e Liam finalmente enxergava a verdade sobre ela.
Joe olhou para ele estranhamente, não estava certo de como reagir. Liam nunca falava mal de sua mãe, então Joe estava desconfiado. “O que a provocou desta vez?” Perguntou.
“A notícia do outro filho de seu marido.”
“Estou surpreso dela não o ter matado.”
“Acredite em mim, ela tentou. Graças a Deus tem péssima mira.” Liam respondeu.
“Onde ele está?”
“Está entre o escritório e um hotel. Ele saiu de casa e pediu divórcio. Os médicos pediram que se afastasse uns dias do trabalho, mas ele não fará isso. Você sabe como ele é.” Os dois irmãos se encararam em silêncio por alguns instantes.
“Tem mais alguma coisa?” Joe perguntou.
“Sim, isso não é tudo.” Liam sacudiu a cabeça e hesitou um momento.
“Então?” Joe podia perceber que ele queria dizer alguma coisa.
“Nada.” Liam disse, virando abruptamente e saindo.
Joe virou as costas e se dirigiu para a casa. Não estava certo de como interpretar o comportamento estranho de seu irmão.
“Que raios ele queria?” Perguntou Julius ao se aproximar de Joe.
“Denise atirou em Paul.”
“Merda! Ele está bem?” Royce e Julius se levantaram prontos para sair para ver seu tio.
“Liam disse que ele está bem.” Joe respondeu.
Royce suspirou aliviado. “Eu sabia que era questão de tempo até ela tentar matá-lo.”
“Pensei que ela fosse matá-lo daquela última vez.” Julius disse.
Royce sacudiu a cabeça. “Ela chegou perto.”
“Estou convencido de que aquela mulher é 13% demônio.” Disse Julius.
“Vou ligar pra ele e me certificar de que está bem.” Royce disse se afastando.
“Eu já volto. Preciso dizer a Demi o que está acontecendo.” Joe disse para seus primos.
“Tome o tempo que precisar, nós cuidamos das coisas por aqui.” Disse Julius.
Joe correu escada à cima e escancarou a porta do quarto. Ele bateu a porta com força atrás de si e inspirou profundamente.
“O que aconteceu?” Demi disparou da cama e foi até Joe. Ela sabia que algo estava errado no momento em que ele abriu a porta.
“Denise atacou meu pai.” Ele disse sentando na cama.
“O que você quer dizer com atacou seu pai?”
“Atirou nele.”
“Você está brincando? Ele está bem?” Demi perguntou em choque e preocupada.
“Ele está bem. Um tiro passou de raspão em sua cabeça, o outro acertou no braço. Liam disse que ele foi trabalhar no dia seguinte.”
“Isso soa bem como seu pai. Não consigo acreditar que sua mãe fez isso.”
“Ela é uma peça rara.” Disse levantando-se.
“Aonde você vai?” Perguntou observando enquanto ele pegava seu telefone.
“Eles estão derrubando a cerca antiga e preparando para instalar a nova. Preciso descer os operários já devem estar lá.”
“Não Joe, não agora.”
“Eu preciso terminar isso.”
“Você acabou de saber que seu pai levou um tiro da sua mãe, você devia tirar o dia de folga. Fique aqui comigo, quero que você descanse um pouco.” Demi implorou.
“Eu adoraria, mas não posso. Preciso derrubar aquela cerca.”
“Mas...“
“Sem mas. Volto assim que puder. Deixe seu telefone ligado.”
“Deixo.” Ela franziu a testa ao vê-lo sair do quarto.
Joe trabalhou feito um cão. Não falou com ninguém enquanto trabalhava, mas sua família o entendia. Estava tentando cansar até desabar de exaustão. Trabalhava pesado para esquecer seus problemas. Queria esquecer que seu colega queria matar sua noiva. Queria esquecer que sua mãe tentara matar seu pai. Não queria ter que encarar Demi e mais uma vez rejeitá-la. Precisava dela agora, mais do que nunca, mas mantê-la a salvo era mais importante.
Tinha um pressentimento ruim quanto a Gavin, um temor que não o deixava em paz. Seu pensamento era bombardeado por imagens de Gavin atacando Demi. Imagens que não saiam de sua cabeça. Gavin seria sempre uma ameaça, estaria sempre rondando seus pensamentos.
Esperou até que Demi estivesse dormindo para entrar no quarto. Passou o dia falando com ela no telefone, explicando que estava muito ocupado. Ela reclamara e discutira, mas finalmente adormeceu. Entrou de fininho no quarto e deitou ao lado dela. Instintivamente, ela se virou na direção dele e ele sorriu. Em outras circunstâncias, se aproveitaria da situação.
Logo terminarei de instalar a segurança, então vou poder me trancar com ela e me aproveitar o quanto quiser pelos próximos trinta dias, lembrou a si mesmo.
Joe estava indo a extremos para mantê-la segura. Ela apreciava todo este cuidado, mas sentia que ele estava perdendo o controle. Ele estava inquieto e não dava ouvidos ao bom senso. Não conseguia fazê-lo entender o quanto precisava sair daquele quarto.
“Vamos visitar seu pai; depois podemos comer algo no café perto do escritório.”
“Não.”
“Você já falou com ele?”
“Não.”
“Ele levou um tiro, Joe; você deveria ligar para ele.” Disparou.
“Ele está bem.”
“Como você sabe se não falou com ele?”
“Fritz e Riley me mantém informado.”
“Eu realmente acho que devíamos visitá-lo.”
“Não.”
“Então vamos até o parque hoje; o dia está lindo.”
“Não.”
“Cinema?”
“Não.”
“Está bem. Vou dar uma caminhada.” Ela deu um passo e ele a parou.
“Não, não vai.” Ele a agarrou pelo braço, mas ela soltou com um puxão.
“Eu preciso sair e tomar um ar. Estou trancada aqui dentro desde a noite em que Gavin foi preso. Preciso sair daqui.”
“Ainda não.”
“O que você vai fazer quando voltarmos ao trabalho? Vai instalar uma câmera em mim para me monitorar o tempo todo?”
“Não. Tenho planos de te algemar a mim. Além disso, não voltaremos ao escritório tão cedo; vamos tirar mais alguns dias de licença.”
“Nós já tiramos um bom tempo de licença.”
“Nós voltaremos na próxima segunda-feira.”
Ela bateu o pé. “Mas isso é quase mais uma semana! Absolutamente fora de questão.”
“Só até Gavin estar trancado a sete chaves na prisão. Estamos pressionando para que o julgamento seja rápido. Tenho certeza de que até segunda-feira ele já estará na prisão.”
“Não posso esperar mais uma semana, vou enlouquecer! Consigo literalmente sentir minha sanidade mental indo embora.” Gritou dramaticamente. “Mal posso esperar para voltar ao trabalho. Talvez as coisas finalmente voltem ao normal.”
Ele queria dizer para ela que nada nunca mais seria como antes, mas não queria tirar suas esperanças.
“Você estará de volta cedo o suficiente.” Disse friamente.
Demi estava entediada. Estava suspirando quando ouviu uma batida familiar na porta. Somente uma pessoa batia à porta assim.
“Entre Alice.” Demi sorriu ao ver a porta abrir e Alice entrar.
Estava grata pelas visitas de Alice enquanto Joe estava ocupado com o trabalho na casa. Ela era uma fonte ótima de entretenimento. De suas palhaçadas e longas histórias, a seus truques de maquiagem e roupas, ela podia manter Demi distraída por horas.
“Olá, queridíssima.” Alice imitou o jeito dramático de falar de Dianna enquanto entrava no quarto.
“Posso jurar que você fala exatamente como ela.” Demi riu.
“Comprei uma sombra nova e trouxe uma pra você também.” Ela estendeu o estojo para Demi.
“Obrigada.” Demi sorriu, olhando as diferentes cores.
“Escolhi tons naturais para você e cores vibrantes para mim.” Alice abriu o estojo e Demi pode ver todas as cores do arco-íris lá dentro.
“É, este é realmente seu estilo.” Demi sorriu ao ver as sombras de cores fluorescentes.
“Eu sei. Estou animadíssima para combinar estas cores com meus looks. Eu tenho um vestido maravilhoso estampado de zebra rosa choque e verde limão que estou doida pra usar. Vou combinar com a sombra.”
“Eu gostei daquela sombra rosa e marrom com a estampa de onça que você usou outro dia.”
“Eu amo aquele rosa choque.”
“Você é muito boa nisso. Quando abrir sua oficina de carros, devia instalar um balcão de maquiadora também.” Demi brincou.
“Devia... Ideia excelente! Mecânica e maquiagem juntas como queijo e goiabada.” Alice falou honestamente e Demi não conseguiu evitar dar uma risada.
“Exatamente.”
“Nada melhor que se embelezar enquanto seu carro é consertado. Ah, isso me fez lembrar, suas cortinas chegaram. Eu também pedi ao mordomo que tirasse suas coisas do depósito. Vou pedir para alguém trazê-las para cá quando eu sair.”
Demi sorriu. “Perfeito. Mal posso esperar para espalhar um pouco de vermelho neste quarto.”
“Eu te ajudo a redecorar quando voltar amanhã.” Alice bateu palmas de empolgação.
“Combinado.” Demi concordou.
Mais tarde naquele dia, Demi estava inquieta. Estava feliz que Alice veio visitar. Mas Joe estava ocupado demais para almoçar com ela. Estava irritada; ainda acreditava que ele estava exagerando.
Sentou-se na cama, morta de tédio, então resolveu que precisava de alguma mudança imediata. Ia esperar a ajuda de Alice para redecorar, mas não podia mais esperar para colocar as cortinas vermelhas. Aprontou tudo, colocou as cadeiras na frente da janela e estendeu as cortinas. Equilibrou-se com cuidado na cadeira e estava retirando uma das cortinas antigas quando Joe entrou.
“O que você está fazendo?” Ele gritou correndo até ela.
“Se eu tenho que ficar dentro deste quarto, então quero cortinas vermelhas!” Estava pronta para brigar por isso.
“Não me importo como você decore este quarto, mas pedi pra você pegar leve. E pegar leve não inclui subir em cadeiras e trocar cortinas!” ele gritou, tirando-a da cadeira e colocando-a sobre a cama.
“Trocar as cortinas não vai me matar... Estou ótima. Já te falei que estou me sentindo muito melhor. Minha cabeça nem dói mais.”
“Você foi derrubada e bateu com a cabeça no chão; você tem uma concussão. Isso não está aberto a discussões. Demi vou te amarrar na cama se for preciso. Você vai ficar deitada.” Gritou enquanto caminhava até a janela. Ele arrancou as cortinas antigas e pegou a que ela havia deixado esticada na outra cadeira.
“O médico disse que não foi exatamente uma concussão. Posso, pelo menos, te ajudar.” Disse tentando se levantar.
“Se você sair desta cama, Demetria Lovato, eu juro que assim que você estiver recuperada completamente vou te surrar no traseiro. Fica na cama!” Gritou e rapidamente instalou a nova cortina.
“Surrar meu traseiro é uma ótima ideia. Por que você não me leva lá para o porão?” Sorriu sedutoramente.
“Assim que eu terminar aqui nós vamos para cama. Preciso levantar cedo, amanhã começaremos a instalar a nova cerca.”
“Você já conseguiu remover toda cerca antiga?”
“Sim.”
Ela balançou a cabeça. “Você está certo quanto ao arame farpado?”
“Impedirá que algum intruso pule a cerca.”
“Está parecendo mais um forte que uma prisão.”
“Esse é o objetivo.” Ele disse com um sorriso.
“O valor da propriedade vai despencar.”
“Eu não me importo.”
Ela o observou, apreciando seu corpo forte enquanto ele trabalhava. Ele arrancou outra cortina e jogou sobre a cadeira.
Ela o encarou. “Queria que você me jogasse na cadeira desse jeito.”
Ele podia ver o desejo nos olhos dela. Precisou de todas suas forças pra não ceder.
“Assim que terminar meu trabalho, vou jogar você na cadeira e em muitos outros lugares.” Prometeu, evitando olhar nos olhos dela. Só diminuiria sua determinação.
“Mal posso esperar.”


*****


Que bom que vocês estão gostando

6 comentários:

  1. Esse Joseph ta meio louco ne?
    Mas meu, muita coisa pra ele resolver sozinho, tadinho ajhsksjdksiis mil e uma utilidades

    ResponderExcluir
  2. Quero saber o que vai acontecer quando eles voltarem a trabalhar, o Joe com todo esse cuidado com a Demi...... vai ter muita treta ainda....posta...

    ResponderExcluir
  3. Posta logo pelo amor de santo dio....,

    ResponderExcluir
  4. Joseph tá ficando meio louco com toda essa preocupação com a Demi, acho lindo ele todo preocupado com mas também não vejo a hora de ele resolver tudo isso para que eles fiquem juntos logo.
    Quero saber como vai ser quando eles voltarem a trabalhar, e quando o Liam vai pedir desculpas pro Joe.
    Posta logo por favor!! Eu to amando.

    ResponderExcluir
  5. E O QUE ACONTECE COM AS APAIXONADAS PELO JOE COM ESSE SUMIÇO DELE PRA CUIDAR DA DEMI? A INVEJA DEVE ESTAR MATANDO. POSTA AGORA POR FAVOR.

    ResponderExcluir