30.3.15

Capítulo Quatro




O olhar de Joe por pouco não era capaz de abrir um buraco na parte de trás da cabeça de Demi. Felizmente, toda vez que ela se virava, não era o Joe de sempre que via, mas sua versão suada e inchada — o que destruía a imagem de encarnação do sexo que sempre tivera dele.
Ela acenou.
Ele estreitou os olhos e se sacudiu violentamente no assento — mais uma vez. Demi suspirou e se virou para olhar por cima do ombro direito, na direção do assento da irmã. Notou que Dallas dormia feliz. Será que ela perdera o barraco? Era sem dúvida a pior irmã do mundo!
— Mais vinho. — Vovó Nadine entregou a Demi o copo vazio. Mas o que ela faria com aquilo?
Uma comissária de bordo apareceu do nada e o encheu até a borda. Como alguém conseguia aquele tipo de atendimento em um voo tão curto? Eles nem estavam na primeira classe!
Sem dizer nada, Vovó Nadine pegou o copo plástico das mãos de Demi e tomou um longo gole. Cada milímetro da borda estava coberto de batom vermelho, indicando que o objeto pertencia a ela e a mais ninguém.
Parecia haver mais batom ali que em todos os estandes da Sephora.
— Então, Demi. Sei que Joe é um bundão...
Demi soltou uma risada curta. Vovó Nadine poderia ser sua parceira de voo sempre que quisesse.
— Mas... — A velha senhora interrompeu a frase para outro gole de vinho. — É o meu bundão.
Demi quase engasgou, de tanto que riu.
— Não, calma... — Vovó deu um longo suspiro. — Não quis dizer que ele é meu... Ele é bundão por ele mesmo. Mas foi muito mimado por mim quando criança. O garoto tinha medo de tudo, sabe?
— Ah, é mesmo? — Demi fingiu desinteresse, apesar de a revelação ter feito seu coração bater com força. — Não sabia.
— Ah, querida!
Vovó riu. — Ele tinha medo da própria sombra, quando garoto! Dormiu na cama dos pais até os seis anos!
Coitados dos pais de Joe.
— De qualquer modo... — Vovó deu mais um gole no vinho. As joias que usava no pulso tiniam quando ela gesticulava ao falar. — É meu trabalho, minha missão, fazer o melhor por ele. Ajudá-lo no percurso, fazer dele o homem que deveria ser, antes que seja tarde demais.
— A senhora está doente? — sussurrou Demi, sentindo o coração apertado.
— Eu? — Vovó deu uma risada. — Ah, querida! Deus ainda não me quer do lado dele! Ele me contou isso hoje mesmo, pela manhã.
Então vovó tinha conversado com Deus. Demi se perguntou se a conversa significava que ela também estava tentando salvar a alma de Joe.
— Então... — Demi soltou o ar e esfregou as mãos nas calças. — Qual é o plano?
— Ah. — Vovó esvaziou o copo tal qual faria uma estrela do rock e o devolveu a Demi. — Isso é fácil. Já o deserdei. Joe conta apenas com o que tem na poupança. Também o demiti. Embora ele ainda não saiba.
— Hum.
— Que gracinha. — Vovó deu tapinhas na perna de Demi. — Percebi que você ficou preocupada com ele. Não fique. Depois disso, Joe vai pôr os pés no chão. Em uma situação difícil, os bundões sempre caem em pé. — Ela hesitou. — Ou será que são os gatos? — A velha senhora sacudiu a cabeça com o dedo no queixo, confusa. — Bem, de qualquer jeito... ele vai ficar bem.
— Então é para o bem de Joe que você está arruinando a vida dele? — perguntou Demi.
— Isso mesmo.
Vovó curvou o tronco para a frente, e os seios vistosos extravasaram um pouco do longo decote em V.
Como ela conseguia manter um corpo daqueles? Sério.
Vovó Nadine era simplesmente incrível.
— Todo o mundo, todo o mundo mesmo, merece ter a vida arruinada — disse vovó, sorrindo e colocando uma das mãos perfeitamente feitas no braço de Demi. — Isso mantém as pessoas agradecidas. Vou arruinar a vida de Joe, e, no fim, ele vai ficar agradecido, feliz, satisfeito e... — Ela olhou para trás. — Não com essa aparência pior que o pecado. Ah, bom Deus! Aquele rapaz era lindo! Agora usa um negócio no cabelo, faz limpeza de pele e... — Vovó deu de ombros. — Ruína e imundice. Ele terá os dois. Quando eu terminar, Joe nem vai saber o que aconteceu a ele. E, se isso não funcionar... — Fascinada, Demi mal podia esperar para ouvir que pérola de sabedoria sairia da boca de vovó Nadine em seguida. — Bem, sempre tem o seminário religioso.
— A senhora o mandaria para um seminário religioso?
— Mas é claro que não! — Vovó levou uma das mãos ao peito, ofendida. — Ele que se ofereceria para ir, para me deixar feliz e poder novamente contar com as minhas boas graças. E com as graças de Deus, que não podemos nos esquecer d’Ele! Já faz anos que Joe O irrita. Que Deus abençoe esse coração galinha!
— Ah, acho que a senhora não deveria dizer “galinha” e “Deus” na mesma frase.
— Besteira! — Vovó fez um gesto de indiferença. — Estou exausta. Vou descansar os olhos. Boa noite.
Parecia que a conversa tinha terminado. Ou isso, ou as três taças de vinho tinham derrubado vovó, que em questão de segundos começou a roncar. O avião pousou vinte minutos depois, encerrando o voo mais apavorante e estranho da vida de Demi.
No instante em que o aviso de AFIVELAR OS CINTOS apagou, Demi pulou do assento. Vovó acordou e bocejou.
— Já chegamos?
— Já. — Demi estava tentando não ser mal-educada, mas só pensava em deixar aquele pesadelo para trás.
Voltou o mais rápido que pôde para seu assento original, onde Dallas esperava pacientemente.
— Precisamos ir agora mesmo! — ordenou Demi. — Pegue nossas coisas. Não queremos que vovó Nadine pense que...
— Demi! — gritou uma voz feminina familiar. — Demi! Preciso de ajuda!
Em pânico, Demi foi direto até vovó, passando inclusive por cima de outros assentos. A velha senhora esperava serenamente em seu assento.
— O que foi? É o coração? Está passando mal? Está...
— Minhas malas estão pesadas, e acho que bebi demais.
O que era a constatação do século. Vovó Nadine tinha bebido três taças de vinho em menos de vinte minutos.
Na última vez que bebeu tanto assim, Demi acabou com a cara enfiada em uma cama de cachorro, ao lado de um labrador chamado Lúcifer, que com certeza se aproveitara dela durante a noite, a julgar por todo o pelo que havia em sua boca.
— Pode carregar para mim? — Vovó Nadine deu um sorriso tão doce que ela não teve escolha. E foi assim que, uma hora depois, Demi estava na área de restituição de bagagens ao lado de Dallas, de vovó e de um Joe bastante inchado.

*****

Desculpa não ter postado, não passei o fim de semana em casa.
Respostas aqui.
Amo vcs, beijo.

9 comentários:

  1. Estou gostando cada vez mais da vovó Nadine...
    Posta logoooooooooooooo pleaseeee

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  2. BUNDÃO hahaha ❤
    essa vovó é a melhor pessoa!
    o plano dela é brilhante, eu aprovei
    joe vai ficar desesperado quando descobrir que foi deserdado e demitido, prevejo uma treta daquelas bem engraçadas #vovózona ✌
    demi tentando fugir da vovó... RACHEI! agora ela vai ter de carregar as malas, não tem jeito e se marcar vai sobrar pra dallas
    É MUITA PERFEIÇÃO pra minha pessoa aguentar, sos
    poste assim que puder, o.k? estou ansiosa, bjos

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    1. Hehsuaehua a vovó é demais mesmo <3
      Pois é, ela apronta e não tem - realmente - quem escape, kkkkkkkkkkkk
      Que bom que ta gostando. Posto sim, beijão.

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  3. Estou amando cada palavra desta fic, e caralho como eu rio com essa vovó 👵 Melhor pessoa ela kkkkkkkk to imaginando no casamento esses dois juntos. Imagina ate que dividir o mesmo quarto seria hilário kkklkkkk aguardo ansiosamente pra rir mais.

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  4. Cara onde eu encontro uma vovo nadine pra mim? A vó é a estrela na fic cara kkkkkkk tomou 3 copo de vinho e ficou bebada e o joe inchado é um sarro...
    Nao vejo a hora de ver os dois juntos pea saber o que a vovó vai fazer. bjos e posta mais

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  5. Adorei os planos de Vovó Nadine para o Joe kkkkkkkk essas duas juntas são hilárias kkkkkk continua........

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  6. ameiii, quero mais , poste logoooo :))))

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  7. Essa fic é demais.
    Devo dizer que estou amando a vovó, ela é sensacional.
    Joe com a cara inchada, coitado kkkkkkkk.
    Não vejo a hora de ver um beijo desses dois... será que vai demorar??? Tô doidinha pra vovó juntar esses dois.
    Um capítulo melhor que o outro, a-d-o-r-e-i.
    Continua logo, xoxo.

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