6.3.15

Capítulo Dezesseis




Domingo, 28 de outubro de 2012
19h10

— Lessie me ensinou a amarrar os sapatos — digo baixinho, ainda encarando a casa.
Jonas olha para mim e sorri.
— Você se lembra que ela lhe ensinou isso?
— Lembro.
— Ela ficou tão orgulhosa — diz ele, direcionando o olhar para o outro lado da rua.
Ponho a mão na maçaneta da porta, abro-a e saio do carro. O ar está ficando mais frio, então estendo o braço para o banco, pego meu moletom e o visto pela cabeça.
— O que está fazendo? — pergunta Jonas.
Sei que ele não vai entender e realmente não quero que tente me convencer do contrário, então fecho a porta e atravesso a rua sem responder. Ele vem logo atrás de mim, chamando meu nome assim que piso na grama.
— Preciso ver meu quarto, Jonas. — Continuo andando e, de alguma maneira, sei para que lado da casa ir, mesmo sem ter nenhuma memória concreta do interior.
— Demi, não pode fazer isso. Não tem ninguém aqui. É muito arriscado.
Acelero até começar a correr. Vou fazer isso quer ele aprove ou não. Quando chego à janela que com certeza é a janela de onde antes ficava meu quarto, me viro e olho para ele.
— Preciso fazer isso. Há coisas da minha mãe lá dentro que eu quero, Jonas. Sei que prefere que não faça isso, mas preciso fazer.
Ele põe as mãos nos meus ombros, e seu olhar demonstra preocupação.
— Você não pode invadir a casa, Demi. Ele é policial. O que vai fazer, quebrar a porcaria da janela?
— Tecnicamente essa casa ainda é minha. Não vou estar invadindo — respondo. Mas o argumento dele é bom. Como é que vou entrar? Aperto os lábios, penso e estalo os dedos. — A casa de passarinho! Tem uma casa de passarinho no pórtico de trás com uma chave dentro.
Eu me viro, corro até o quintal e fico chocada ao ver que lá tem mesmo uma casa de passarinho. Enfio os dedos dentro dela e, claro, encontro uma chave. Como nossa mente é maluca.
— Demi, não faça isso. — Ele está praticamente implorando para eu não seguir em frente.
— Vou entrar sozinha — afirmo. — Sabe onde é meu quarto. Fique esperando perto da janela e me avise se vir alguém chegando.
Ele solta um suspiro pesado e segura meu braço assim que coloco a chave na fechadura da porta dos fundos.
— Por favor, não deixe muito óbvio que esteve aqui. E seja rápida — diz ele. Depois me abraça e fica esperando eu entrar. Viro a chave e confiro se a porta foi destrancada.
A maçaneta vira.
Entro e fecho a porta. A casa está escura e um pouco aterrorizante. Viro à esquerda e atravesso a cozinha, sabendo, de alguma maneira, exatamente onde é a porta do meu quarto. Prendo a respiração e tento não pensar na seriedade nem nas consequências do que estou fazendo. A ideia de ser pega em flagrante é assustadora, pois ainda não tenho certeza se quero ser encontrada. Faço o que Jonas pede, e ando com cautela, sem querer deixar nenhum sinal de que estive aqui. Ao chegar à minha porta, respiro fundo, ponho a mão na maçaneta, girando-a. Quando a porta se abre e o quarto se torna visível, acendo a luz para enxergar melhor.
Com a exceção de algumas caixas empilhadas num canto, tudo me parece familiar. Ainda parece o quarto de uma criança, intocado por 13 anos. Isso me faz lembrar do quarto de Lessie e de como ninguém encostou nele desde que morreu. Deve ser difícil deixar para trás as lembranças físicas das pessoas que amamos.
Passo os dedos pela cômoda e deixo uma linha no meio da poeira. Ao ver o rastro do meu dedo, de repente me lembro de que não quero deixar nenhuma evidência de que estive aqui, então ergo a mão, abaixo-a ao lado do corpo e apago o rastro com a camisa.
A foto da minha mãe biológica não está na cômoda como eu me lembrava. Dou uma olhada no quarto, esperando encontrar algo que tenha sido dela e que eu possa levar. Não tenho nenhuma lembrança, então uma foto é mais do que eu poderia pedir. Só quero algo capaz de ligar nós duas. Preciso ver como ela era, e espero que isso me faça lembrar de coisas às quais possa me ater.
Vou até a cama e me sento. O tema do quarto é o céu, o que é irônico, considerando o nome que Dianna me deu. Há nuvens e luas nas cortinas e nas paredes, e o edredom é coberto de estrelas. Há estrelas por todo canto. Daquelas grandonas de plástico que grudam nas paredes e nos tetos, e que brilham no escuro. O quarto está coberto delas, assim como o teto do meu quarto na casa de Dianna. Eu me lembro de implorar para Dianna comprá-las quando as vi numa loja alguns anos atrás. Ela as considerava infantis, mas eu precisava tê-las. Não sabia nem por que eu queria tanto comprá-las, mas agora está ficando claro. Eu devia adorar estrelas quando era Hope.
O nervosismo em minha barriga se intensifica quando me deito no travesseiro e olho para o teto. Uma onda familiar de medo toma conta de mim, e eu me viro para a porta do quarto. É a mesma maçaneta que eu estava rezando para não girar no pesadelo que tive na outra noite.
Inspiro e aperto os olhos, querendo que a lembrança desapareça. De alguma maneira, consegui mantê-la escondida por 13 anos, mas ao me deitar aqui nessa cama... não dá mais para escondê-la. A lembrança me agarra como uma teia, e não consigo me soltar. Uma lágrima quente escorre pelo meu rosto, e eu me arrependo de não ter escutado Jonas. Nunca devia ter voltado aqui. Se nunca tivesse voltado, nunca teria me lembrado.

Treze anos antes

Antes, prendia a respiração para que ele pensasse que eu estava dormindo. Mas não 
funciona, pois ele não se importa se estou dormindo ou não. Uma vez, tentei prender a respiração, na esperança de que achasse que eu estava morta. Também não funcionou, pois ele nem sequer percebeu que estava prendendo a respiração.
A maçaneta se vira, mas não tenho mais nenhum truque e tento pensar em algum outro bem depressa, mas não consigo. Ele fecha a porta após entrar, e escuto seus passos se aproximando. Ele se senta do meu lado na cama, mas prendo a respiração mesmo assim. Não porque ache que dessa vez vai funcionar, mas porque isso me ajuda a não perceber o tamanho do meu medo.
— Oi, Princesa — diz ele, pondo meu cabelo atrás da orelha. — Trouxe um presente para você.
Aperto os olhos porque quero um presente.
Amo presentes, e ele sempre compra os melhores presentes porque me ama. Mas odeio quando me entrega os presentes durante a noite, pois nunca os recebo na hora. Ele sempre me faz agradecer primeiro.
Não quero esse presente. Não quero.
— Princesa?
A voz do meu papai sempre faz minha barriga doer. Ele sempre fala comigo de uma maneira tão meiga, que me faz sentir falta de minha mamãe. Não me lembro de como era a voz dela, mas papai diz que se parecia com a minha. Papai também diz que mamãe ficaria triste se eu parasse de aceitar os presentes dele, porque ela não está mais aqui para receber seus presentes. Isso me deixa triste e fico me sentindo muito mal, então rolo para o lado e olho para ele.
— Posso ganhar o presente amanhã, papai? — Não quero que ele fique triste, mas não quero receber a caixa essa noite. Não quero.
Papai sorri para mim e afasta meu cabelo.
— Claro que pode ganhar amanhã. Mas não quer agradecer ao papai por ter comprado este presente?
Meu coração começa a bater bem alto e odeio quando isso acontece. Não gosto do que estou sentindo no coração e nem da sensação assustadora em minha barriga. Paro de olhar para meu papai e, em vez disso, encaro as estrelas, esperando que consiga ficar pensando no quanto são bonitas. Se eu continuar pensando nas estrelas e no céu, talvez isso ajude meu coração a não bater tão rápido e a minha barriga a parar de doer tanto.
Tento contá-las, mas toda vez paro no número 5. Não lembro que número vem depois do 5, então tenho de começar de novo. Tenho de contar as estrelas várias vezes seguidas, e somente 5 de cada vez, pois não quero sentir meu papai agora. Não quero senti-lo, cheirá-lo nem escutá-lo e tenho de contá-las e contá-las e contá-las e contá-las até não conseguir mais senti-lo, escutá-lo nem cheirá-lo.
Então, quando papai finalmente para de me obrigar a agradecer, ele puxa minha camisola para baixo e sussurra:
— Boa noite, Princesa.
Rolo para o lado, puxo as cobertas por cima da cabeça, aperto os olhos e tento não chorar outra vez, mas acabo chorando. Choro e é o que faço toda vez que papai me traz um presente à noite.
Odeio ganhar presentes.

Domingo, 28 de outubro de 2012
19h29

Levanto e olho para a cama, prendendo a respiração com medo dos sons que estão surgindo do fundo de minha garganta.
Não vou chorar.
Não vou chorar.
Ajoelhando-me lentamente, apoio as mãos na beirada da cama e passo os dedos nas estrelas amarelas espalhadas pelo azul-escuro do edredom. Fico encarando as estrelas até começarem a desfocar por causa das lágrimas que embaçam minha visão.
Aperto os olhos e afundo a cabeça na cama, agarrando o cobertor. Meus ombros começam a tremer enquanto os soluços que tentava conter irrompem de mim violentamente. Com um movimento rápido, eu me levanto, grito e arranco o cobertor da cama, jogando-o do outro lado do quarto.
Cerro os punhos e olho ao redor freneticamente, procurando mais alguma outra coisa para atirar. Pego os travesseiros da cama e os arremesso no reflexo do espelho, na garota que não conheço mais. Fico observando a menina do espelho me encarar de volta, soluçando de forma patética. A fraqueza de suas lágrimas me deixa furiosa. Começamos a correr uma em direção à outra até nossos punhos colidirem no vidro, quebrando o espelho. Vejo-a se desfazer em um milhão de pedacinhos brilhantes sobre o carpete.
Agarro as bordas da cômoda e a empurro para o lado, soltando outro grito que estava preso há muito tempo. Após o móvel cair, abro uma das gavetas e arremesso o conteúdo pelo quarto, rodopiando, jogando e chutando tudo o que encontro pela frente. Agarro as cortinas azuis e as puxo até o suporte quebrar e estas caírem ao meu redor. Estendo o braço para as caixas empilhadas no canto do quarto e, sem nem saber o que tem dentro delas, pego a que está no topo e a lanço na parede com tanta força quanto meu corpo de 1,60m consegue reunir.
— Odeio você! — grito. — Odeio você, odeio você, odeio você!
Estou jogando tudo o que encontro pela frente em cima de tudo o que está na minha frente. Toda vez que abro a boca para gritar, sinto o gosto de sal das lágrimas que me escorrem pelas bochechas.
De repente, os braços de Jonas me seguram por trás e me prendem com tamanha firmeza que fico imobilizada. Eu me balanço, me viro e grito mais ainda até parar de pensar no que estou fazendo. Passo a reagir apenas.
— Pare — diz ele calmamente em meu ouvido, sem querer me soltar. Escuto o que ele diz, mas finjo que não ouvi. Ou simplesmente não me importo. Continuo me debatendo em seus braços, que me apertam mais.
— Não encoste em mim! — grito o mais alto que posso, arranhando-lhe os braços. Mas Jonas não liga para isso.
Não encoste em mim. Por favor, por favor, por favor.
A pequena voz ecoa na minha cabeça, e imediatamente amoleço o corpo em seu abraço. Fico mais fraca conforme minhas lágrimas se fortalecem e me consomem. Eu me transformo num mero recipiente para as lágrimas que não param de cair.
Sou fraca e estou deixando ele vencer.
O aperto de Jonas fica mais fraco, e ele põe as mãos nos meus ombros. Em seguida, me vira para ele. Não consigo nem sequer encará-lo. Eu me derreto em seu peito de tanta exaustão e frustração, agarrando sua camisa enquanto soluço, a bochecha encostada em seu coração. Sua mão toca a parte de trás de minha cabeça, e ele leva a boca até meu ouvido.
— Demi. — A voz dele está calma, inabalada. — Você precisa sair daqui. Agora.
Não consigo me mexer. Meu corpo está tremendo tanto que tenho medo de não conseguir mover as pernas quando quiser. Como se soubesse disso, ele me põe nos braços e me tira do quarto. Jonas me carrega para o outro lado da rua e me acomoda no banco do carona. Ele segura minha mão, olha para ela e pega a jaqueta no banco de trás.
— Tome. Use isso para limpar o sangue. Vou voltar lá dentro e ajeitar o que conseguir.
A porta se fecha, e ele atravessa a rua correndo. Olho para minha mão e fico surpresa ao notar que está ferida. Não consigo nem sentir. Enrolo a manga da jaqueta de Jonas na mão, puxo os joelhos para cima do banco e os abraço enquanto choro.
Não olho para ele quando volta ao carro. Meu corpo inteiro está tremendo por causa dos soluços que ainda saem aos montes de dentro de mim. Ele liga o motor, sai dirigindo e põe a mão na parte de trás da minha cabeça, alisando meu cabelo em silêncio durante todo o caminho de volta ao hotel.
Ele me ajuda a sair do carro e me acompanha até o quarto do hotel, sem perguntar nenhuma vez se estou bem. Sabe que não estou; nem adianta perguntar. Quando a porta do quarto se fecha atrás de nós, ele me acompanha até a cama, e eu me sento. Em seguida, empurra meus ombros para trás, até eu ficar deitada, e tira meus sapatos. Depois, vai até o banheiro, volta com um pano molhado e ergue minha mão para limpá-la. Ele confere para ver se tem algum caco de vidro, leva minha mão até a boca e a beija.
— Foram só alguns arranhões — diz ele. — Nada muito profundo.
Ele me ajeita no travesseiro, tira os próprios sapatos e se deita ao meu lado. Ele estica a coberta por cima de nós e me puxa para perto, acomodando minha cabeça em seu peito. Depois, me abraça e não pergunta nenhuma vez por que estou chorando. Exatamente como fazia quando éramos crianças.
Tento tirar as imagens da minha cabeça, as lembranças do que acontecia comigo à noite no meu quarto, mas não somem de jeito nenhum. Como um pai é capaz de fazer isso com a própria filhinha... é algo além de minha compreensão. Fico repetindo para mim mesma que nada disso aconteceu, que é apenas minha imaginação, mas cada parte de mim sabe que é verdade. Cada parte de mim lembra por que fiquei feliz ao entrar no carro com Dianna. Cada parte de mim se lembra de todas as noites em que fiquei com garotos na minha cama sem sentir absolutamente nada enquanto fitava as estrelas. Cada parte de mim que teve aquele ataque de pânico na noite em que Jonas e eu quase transamos. Cada pequena parte de mim se lembra, e eu faria de tudo para esquecer. Não quero me lembrar de como era escutar ou sentir meu pai à noite, mas, a cada segundo que passa, as lembranças ficam cada vez mais nítidas, fazendo com que parar de chorar se torne cada vez mais difícil.
Jonas beija minha têmpora, dizendo-me mais uma vez que tudo vai ficar bem, que eu não devia me preocupar. Mas ele não faz ideia. Não faz ideia do quanto lembro e de como isso está afetando meu coração, minha alma, minha mente e minha fé na humanidade em geral.
Saber que essas coisas foram feitas comigo pelas mãos do único adulto que eu tinha na vida... Não é de espantar que estivesse bloqueando tudo. Não tenho quase lembrança alguma do dia em que fui levada por Dianna, e agora entendo o motivo. Não senti que estava no meio de um período terrível no instante em que me roubou da minha vida. Para uma garotinha que tinha pavor da própria vida, tenho certeza de que pareceu mais que Dianna estava me salvando.
Olho para Jonas, que está me encarando de volta. Está sofrendo por mim; dá para ver em seus olhos. Ele enxuga minhas lágrimas com o dedo e me beija delicadamente nos lábios.
— Desculpe. Nunca devia tê-la deixado entrar lá.
Ele está se culpando mais uma vez. Sempre acha que fez algo terrível, quando na verdade sinto como se ele fosse meu herói. Esteve ao meu lado durante tudo isso, sempre ficando do meu lado durante meus ataques de pânico e surtos até que eu me acalmasse. Não fez nada além de ficar comigo, mas, por alguma razão, continua achando que é culpa dele.
— Jonas, você não fez nada de errado. Pare de pedir desculpas — digo entre as lágrimas. Ele balança a cabeça e põe um fio de cabelo atrás da minha orelha.
— Eu não devia ter levado você até lá. É muita coisa para assimilar depois de ter descoberto tudo.
Eu me apoio no cotovelo e olho para ele.
— Não foi só porque estar lá dentro era demais para assimilar. O que lembrei era demais para assimilar. Você não tinha nenhum controle das coisas que meu pai fazia comigo. Pare de se culpar por tudo de ruim que acontece com as pessoas ao seu redor.
Ele desliza a mão pelo meu cabelo com um olhar de preocupação.
— Do que está falando? Que coisas ele fazia com você? — As palavras saem de sua boca com muita relutância, pois é mais do que provável que já saiba. Acho que nós dois sabíamos o que acontecia comigo quando era criança, só que estávamos em negação.
Abaixo o braço, apoio a cabeça no peito dele e não respondo. As lágrimas voltam com tudo, e ele põe um dos braços ao redor das minhas costas com firmeza, segurando a parte de trás da minha cabeça com o outro. E pressiona a bochecha no topo da minha cabeça.
— Não, Demi — sussurra ele. — Não — diz ele outra vez, sem querer acreditar no que nem sequer estou dizendo.
Agarro sua camisa com ambas as mãos e só consigo chorar enquanto ele me abraça com tanta convicção, me fazendo amá-lo por odiar meu pai tanto quanto eu.
Ele beija o topo da minha cabeça e continua me abraçando. Ele não diz que lamenta nem pergunta como pode consertar isso, pois nós dois sabemos que é perda de tempo. Não temos ideia do que fazer em seguida. Tudo que sei a essa altura é que não tenho nenhum lugar para ir. Não posso voltar para o pai que tem minha custódia legal. Não posso voltar para a mulher que me sequestrou indevidamente. E, após descobrir mais sobre meu passado e que na verdade ainda sou menor de idade, não posso nem sequer ser independente. Jonas é a única coisa na minha vida que não me faz perder todas as esperanças.
E, apesar de me sentir protegida nos seus braços, as imagens e as lembranças não escapam de minha cabeça, e não consigo parar de chorar de maneira alguma, não importa o que eu faça ou o quanto me esforce. Ele me abraça silenciosamente, e não consigo parar de pensar que preciso que isso pare. Preciso que Jonas faça todos esses sentimentos e emoções desaparecerem por um tempinho porque não aguento mais. Não gosto de me lembrar do que acontecia todas as noites que meu pai entrava no meu quarto. Eu o odeio. Odeio aquele homem com todas as minhas forças por ter roubado essa minha primeira vez.
Eu ergo o corpo, apoiando o rosto em cima de Jonas. Ele põe a mão em minha têmpora, e seus olhos procuram os meus, querendo saber se estou bem.
Não estou.
Deslizo o corpo para cima do dele e o beijo, querendo que ele faça meus sentimentos desaparecerem. Prefiro não sentir nada que o ódio e a tristeza que estão me consumindo. Agarro sua camisa e tento tirá-la por cima de sua cabeça, mas Jonas me faz sair de cima dele e me deitar. Ele se apoia no braço e olha para mim.
— O que está fazendo? — pergunta.
Deslizo a mão por sua nuca e puxo seu rosto para perto de mim, pressionando meus lábios nos seus. Se eu o beijar bastante, ele vai ceder e retribuir o beijo. E, assim, tudo vai desaparecer.
Ele põe a mão na minha bochecha e retribui o beijo momentaneamente. Solto sua cabeça e começo a tirar minha camisa, mas ele me faz afastar as mãos e volta a abaixar minha camisa.
— Pare. Por que está fazendo isso?
Seus olhos estão cheios de confusão e preocupação. Não consigo responder por que estou fazendo isso, pois não sei direito. Sei que quero que o sentimento desapareça, só que é mais que isso. É muito mais que isso, porque sei que se ele não for capaz de sumir com o que aquele homem fez comigo, tenho a sensação de que nunca mais vou ser capaz de rir, sorrir ou respirar outra vez.
Só preciso que Jonas faça isso desaparecer.
Inspiro fundo e olho bem nos olhos dele.
— Transe comigo.
Sua expressão continua inflexível, e ele está me encarando com bastante intensidade agora. Ele se ergue, sai da cama e fica andando de um lado para o outro. Depois, passa as mãos no cabelo, nervoso, e volta para perto da cama, parando em pé perto da beirada.
— Demi, não posso fazer isso. Não sei nem por que está me pedindo isso.
Eu me sento na cama, sentindo um medo repentino de que ele não vá topar. Vou até a beirada da cama onde ele está, e me sento em cima dos joelhos, agarrando-lhe a camisa.
— Por favor — imploro. — Por favor, Jonas, preciso disso.
Ele afasta minhas mãos da camisa e dá dois passos para trás. Depois, balança a cabeça, ainda totalmente confuso.
— Não vou fazer isso, Demi. Nós não vamos fazer isso. Você está em choque ou algo assim... não sei. Não sei nem o que dizer agora.
Eu me afundo na cama de novo, frustrada. As lágrimas voltam a escorrer, e olho para ele em completo desespero.
— Por favor. — Olho para as minhas mãos e as coloco no colo, incapaz de olhar para ele enquanto falo. — Jonas... ele é o único que já fez isso comigo. — Devagar, ergo os olhos outra vez e encontro os dele. — Preciso que você tire isso dele. Por favor.
Se palavras fossem capazes de partir almas, acho que as minhas acabaram de partir a dele ao meio. Seu rosto fica sério, e seus olhos se enchem de lágrimas. Sei o que estou pedindo e odeio estar fazendo isso com ele, mas é algo de que preciso. Preciso fazer o que puder para minimizar o sofrimento e o ódio dentro de mim.
— Por favor, Jonas.
Ele não quer que nossa primeira vez seja assim. Eu preferia que não fosse, mas, às vezes, outros fatores além do amor acabam decidindo pela pessoa. Fatores como o ódio. Às vezes, para se livrar do ódio, a pessoa fica desesperada. Ele conhece o ódio e o sofrimento, e sabe o quanto estou precisando disso agora, independentemente de concordar ou não.
Ele volta para perto da cama e se ajoelha no chão à minha frente, o olhar nivelado ao meu. Segura minha cintura, me puxa para a beirada da cama, desliza as mãos para a parte de trás dos meus joelhos e põe minhas pernas ao seu redor. Tira minha camisa por cima da cabeça, sem desviar o olhar do meu nenhuma vez. Após tirar minha camisa, tira a dele. Põe os braços ao meu redor e se levanta, me erguendo junto com ele e indo até a lateral da cama.
Ele me deita delicadamente e se abaixa em cima de mim, colocando as palmas da mão no colchão nas laterais da minha cabeça e olhando para mim com incerteza. Seu dedo enxuga uma lágrima que escorre pela minha têmpora.
— Tudo bem — diz ele com firmeza, apesar de seus olhos não refletirem isso.
Ele fica de joelhos e alcança a carteira na mesinha de cabeceira. Pega uma camisinha e tira a calça, sem desviar o olhar do meu. Fica me observando como se estivesse esperando ver algum sinal de que mudei de ideia. Ou talvez me observe por estar com medo de que eu vá ter outro ataque de pânico. Nem sei se isso vai acontecer, mas preciso ir em frente. Não posso deixar meu pai ser dono dessa parte de mim nem por mais um segundo.
Os dedos de Jonas seguram o botão da minha calça jeans, desabotoando-a para, em seguida, tirá-la de vez. Ergo o olhar para o teto, me sentindo ficar cada vez mais distante a cada passo.
Fico me perguntando se estou arruinada. Se algum dia serei capaz de sentir prazer ao ficar com ele dessa maneira.
Ele não pergunta se tenho certeza de que é isso que quero. Sabe que já me decidi, então essa pergunta não é feita. Ele abaixa os lábios até os meus e me beija enquanto tira meu sutiã e minha calcinha. Fico contente por estar me beijando, pois assim tenho uma desculpa para fechar os olhos. Não gosto da maneira como está olhando para mim... parece que preferia estar em qualquer outro lugar que não ali. Continuo de olhos fechados quando seus lábios se separam dos meus para que possa colocar a camisinha. Quando volta para cima de mim, eu o puxo para meu corpo, querendo que faça isso antes que mude de ideia.
— Demi.
Abro os olhos e vejo dúvida em seu rosto, então balanço a cabeça.
— Não, não pense. Só faça, Jonas.
Ele fecha os olhos e enterra a cabeça no meu pescoço, incapaz de olhar para mim.
— É que não sei lidar com tudo isso. Não sei se isso é errado ou se é mesmo o que está precisando. Tenho medo de seguir em frente e piorar ainda mais as coisas para você.
As palavras vão direto ao meu coração, pois sei exatamente o que ele quer dizer. Não sei se é disso que preciso. Não sei se vai arruinar as coisas entre nós. Mas agora estou tão desesperada para tirar isso do meu pai que sou capaz de arriscar tudo. Meus braços, que estão firmes ao redor dele, começam a tremer, e eu choro. Ele mantém a cabeça enterrada no meu pescoço e balança meu rosto na sua mão, mas assim que escuta minhas lágrimas não consegue mais conter as próprias. O fato de isso o estar deixando tão aflito quanto eu me faz perceber que ele entende. Encosto a cabeça em seu pescoço e me levanto, apoiando-me em seu corpo, implorando em silêncio para que faça exatamente o que estou pedindo.
E ele faz. Jonas se posiciona, apoiando-se em mim, beija minha têmpora e me penetra devagar.
Não solto um pio, apesar da dor.
Nem sequer respiro, apesar de precisar de ar.
Nem sequer penso no que está acontecendo entre nós agora, pois não estou pensando em nada. Só consigo imaginar as estrelas no meu teto. Se arrancar aquelas porcarias, será que nunca mais vou precisar contá-las?
Consigo me manter distante do que está fazendo até ele parar de repente em cima de mim, com a cabeça ainda enterrada em meu pescoço. Está ofegante e, após um instante, suspira e se separa totalmente de mim. Ele me olha, fecha os olhos e se vira para o lado, sentando-se na beirada da cama de costas para mim.
— Não consigo — diz ele. — Não parece certo, Demi. Não parece certo porque é tão bom sentir você, mas não tem um segundo que se passe sem que me arrependa do que estou fazendo. — Ele se levanta, veste a calça, pega a camisa e a chave do quarto em cima da cômoda. Nem olha para mim e sai do quarto do hotel sem dizer nada.
Imediatamente levanto da cama e entro no banho porque me sinto suja. Eu me sinto culpada por tê-lo obrigado a fazer o que acabou de fazer, e espero que de alguma maneira a água consiga levar embora a minha culpa. Esfrego cada centímetro do corpo com o sabonete até machucar a pele, mas não adianta. Consegui estragar mais um momento íntimo nosso. Vi a vergonha em seu rosto ao sair. Quando passou pela porta, se recusando a olhar para mim.
Desligo o chuveiro e, após me secar, pego o roupão atrás da porta do banheiro e o visto. Escovo o cabelo e coloco meus itens de higiene na nécessaire. Não quero ir embora sem avisar a Jonas, mas não posso ficar aqui. Também não quero que se sinta na obrigação de lidar comigo depois do que acabou de acontecer. Posso chamar um táxi para me levar até a estação de ônibus e não estar mais aqui quando ele voltar.
Se é que planeja voltar.
Abro a porta do banheiro e volto para o quarto, mas não esperava encontrá-lo sentado na cama com as mãos entre os joelhos. Ele ergue o olhar de encontro ao meu assim que vê a porta do banheiro se abrir. Paro e o fico encarando. Seus olhos estão vermelhos, e ele improvisou um curativo com a camisa, já ensanguentado, ao redor da mão. Corro até ele e seguro sua mão, desenrolando a camisa para ver o machucado.
— Jonas, o que foi que você fez? — Viro a mão dele de um lado para o outro e observo o corte que atravessa as juntas de seus dedos. Ele afasta a mão e a envolve outra vez com uma parte da camisa.
— Estou bem — afirma ele, acenando desdenhosamente.
Ele se levanta, e dou um passo para trás, imaginando que ele vai sair do quarto de novo. Em vez disso, ele fica parado na minha frente, olhando para mim.
— Mil desculpas — sussurro, olhando para ele. — Não devia ter pedido para você fazer aquilo. Eu só precisava...
Ele segura meu rosto e pressiona os lábios nos meus, interrompendo meu pedido de desculpas.
— Cale a boca — diz ele, olhando-me nos olhos. — Não tem nenhum motivo para pedir desculpas. Não saí do quarto porque estava com raiva de você. Saí porque estava com raiva de mim mesmo.
Eu me afasto de Jonas e me viro para a cama, sem querer ficar observando ele se culpar mais ainda.
— Tudo bem. — Volto para a cama e ergo as cobertas. — Não posso esperar que me deseje agora. Foi errado, egoísta e totalmente inapropriado implorar que você fizesse isso, e peço desculpas. — Eu me deito na cama e me viro de costas para ele, pois não quero que veja minhas lágrimas. — Vamos só dormir, está bem?
Minha voz está bem mais calma do que eu esperava. Não quero que ele se sinta mal, pois não fez nada além de ficar ao meu lado durante tudo isso, e não fiz nada em troca. A melhor coisa que posso fazer a essa altura é acabar tudo para que ele não se sinta obrigado a ficar comigo durante essa situação.
Não me deve nada.
— Acha que não consegui porque não a desejo? — Ele se aproxima do lado da cama para o qual estou virada e se ajoelha. — Demi, não consegui porque tudo que aconteceu com você está acabando comigo, porra, e não faço ideia de como ajudá-la. Quero ficar ao seu lado e ajudá-la a passar por isso tudo, mas todas as palavras que saem da minha boca estão erradas. Toda vez que encosto em você ou a beijo, tenho medo de que você não queira que eu faça isso. E agora está pedindo para eu transar com você porque quer tirar isso dele, e eu entendo. Entendo totalmente, mas não dá para fazer amor com você quando nem sequer consegue olhar nos meus olhos. Eu sofro com isso porque você não merece que as coisas sejam assim. Não merece essa vida, e não posso fazer porra nenhuma para melhorar a situação. Quero melhorar a situação, mas não consigo e me sinto tão inútil.
De alguma maneira, enquanto falava, ele conseguiu se sentar na cama e me puxar para perto sem que eu percebesse, de tão atenta que estava às suas palavras. Ele me abraça, me põe no colo e coloca minhas pernas ao seu redor. Em seguida, segura meu rosto e me olha nos olhos.
— E, embora eu tenha parado, não devia nem ter começado sem antes dizer o quanto amo você. Eu amo tanto você. Não mereço tocar em você até que tenha certeza absoluta de que estou fazendo isso porque a amo e não por nenhuma outra razão.
Ele pressiona os lábios nos meus, sem me dar a oportunidade de dizer que também o amo. Eu o amo tanto que chega a doer. Agora só consigo pensar no quanto amo esse garoto, no quanto ele me ama e em como, apesar de tudo que está acontecendo na minha vida, eu não queria estar em nenhum outro lugar nem com nenhuma outra pessoa, que não ele.
Tento demonstrar tudo que sinto pelo meu beijo, mas não é suficiente. Eu me afasto e beijo o queixo dele, depois o nariz, a testa e, em seguida, beijo a lágrima que escorre por sua bochecha.
— Também amo você. Não sei o que faria agora se não tivesse você, Jonas. Amo tanto você e peço mil desculpas. Queria que minha primeira vez fosse com você e lamento que ele tenha impedido isso.
Jonas balança a cabeça com firmeza e me cala com um beijo rápido.
— Nunca mais diga isso. Nunca mais pense isso. Seu pai tirou essa sua primeira vez de uma maneira inimaginável, mas posso garantir que foi só isso e nada mais. Porque você é forte, Demi. Você é incrível, engraçada, inteligente e tão cheia de força e coragem. O que ele fez não anula suas melhores qualidades. Você sobreviveu a ele uma vez e vai sobreviver de novo. Sei que vai.
Ele põe a palma da mão no meu coração e leva a minha até o dele. Abaixa os olhos até os meus, para garantir que estou ali com ele, prestando total atenção.
— Fodam-se todas as primeiras vezes, Demi. A única coisa que importa para mim com você são os para sempre.
Dou um beijo nele. Puta merda, como poderia não fazer isso. Eu o beijo com cada pingo de emoção que está passando por mim. Ele balança minha cabeça com a mão, me faz deitar novamente e vem para cima de mim.
— Amo você — diz ele. — Amo você há tanto tempo, só não podia dizer ainda. Não parecia correto permitir que você retribuísse esse amor enquanto eu estava escondendo tanta coisa.
As lágrimas estão mais uma vez escorrendo pela minha bochecha e, apesar de serem as mesmas lágrimas saindo dos mesmos olhos, para mim são totalmente novas. Não são lágrimas de mágoa nem de raiva... são lágrimas provocadas pela sensação incrível que está me dominando agora, após ouvi-lo dizer o quanto me ama.
— Não acho que você podia ter escolhido um momento melhor para dizer que me ama. Fico contente por ter esperado.
Ele sorri, olhando fascinado para mim. Ele abaixa a cabeça e me beija, enchendo minha boca com seu gosto. Ele me beija suave e carinhosamente, deslizando a boca por cima da minha com delicadeza enquanto desamarra meu roupão. Arquejo quando sua mão vai para baixo do meu roupão, alisando minha barriga com as pontas dos dedos. Agora estou sentindo seu toque de uma maneira bastante diferente comparado a quinze minutos atrás. Essa é uma sensação que quero sentir.
— Meu Deus, eu amo você — diz ele, movendo a mão da minha barriga para minha cintura. Devagar, ele desce os dedos pela minha coxa, e eu gemo na sua boca, fazendo o beijo ficar ainda mais determinado. Ele põe a palma da mão na parte interna da minha coxa e faz uma pequena pressão, querendo pressionar seu corpo no meu, mas eu me contorço e fico tensa. Ele é capaz de sentir meu momento involuntário de hesitação, por isso afasta os lábios dos meus e olha para mim. — Lembre-se... estou tocando em você porque a amo. Não é por nenhum outro motivo.
Balanço a cabeça e fecho os olhos, ainda temendo que o mesmo medo e entorpecimento estejam prestes a me consumir mais uma vez. Jonas beija minha bochecha e fecha meu roupão.
— Abra os olhos — diz ele, com gentileza. Quando abro, ele estende a mão e seu dedo acompanha uma lágrima minha. — Você está chorando.
Sorrio para tranquilizá-lo.
— Está tudo bem. Essas lágrimas são boas.
Ele concorda com a cabeça, mas não sorri. Fica me observando por um instante, segura minha mão e entrelaça nossos dedos.
— Quero fazer amor com você, Demi. E acho que você também quer. Mas primeiro preciso que entenda uma coisa. — Ele aperta minha mão e se curva para beijar mais uma lágrima que escapa dos meus olhos. — Sei que é difícil para você se permitir sentir isso. Passou tanto tempo se treinando para bloquear os sentimentos e as emoções toda vez que alguém encostava em você. Mas quero que saiba que o que seu pai fez com você fisicamente não era a razão do seu sofrimento quando era criança. Foi o que ele fez com sua fé nele que a magoou. Você passou por uma das piores coisas pelas quais uma criança pode passar, e quem fez isso foi seu herói... a pessoa que idolatrava... não consigo nem imaginar como deve ter sido isso. Mas lembre que as coisas que ele fez com você não têm nada a ver com nós dois quando estamos juntos assim. Quando toco em você, estou fazendo isso porque quero vê-la feliz. Quando a beijo, faço isso porque tem a boca mais incrível que já vi e não consigo deixar de beijá-la. E quando faço amor com você... estou fazendo exatamente isso. Estou fazendo amor com você porque estou apaixonado. O sentimento negativo que você tem associado ao toque durante toda a sua vida não se aplica a mim. Não se aplica a nós. Estou tocando você porque estou apaixonado, não por nenhum outro motivo.
Suas meigas palavras inundam meu coração e me acalmam. Ele me dá um beijo delicado, e eu relaxo debaixo de sua mão — mão que está tocando em mim por puro amor. Reajo me dissolvendo por completo dentro dele, deixando meus lábios se moverem com os dele, minhas mãos se entrelaçarem às dele, meu ritmo acompanhar o seu. Eu me envolvo depressa, ficando pronta para senti-lo porque quero, não por nenhum outro motivo.
— Amo você — sussurra ele.
Durante todo o tempo em que toca em mim, investigando meu corpo com as mãos, lábios e olhos, ele não para de dizer o quanto me ama. E, dessa vez, fico completamente presente no momento, querendo sentir todos os detalhes do que está fazendo e dizendo. Por fim, após jogar a embalagem para longe e se acomodar em mim, ele me olha, sorri e depois alisa a lateral do meu rosto com as pontas dos dedos. — Diga que me ama — pede ele.
Olho nos olhos dele com uma confiança inabalável, querendo que ele sinta a sinceridade de minhas palavras.
— Eu amo você, Jonas. Tanto. E só para constar... Hope também amava.
Suas sobrancelhas se afastam, e ele solta o ar depressa, como se estivesse guardando aquilo há 13 anos, esperando ouvir exatamente essas palavras.
— Queria que você pudesse sentir o que acabou de provocar em mim.
Imediatamente, cobre meus lábios com os dele, e sua mistura familiar e doce se infiltra na minha boca no mesmo instante em que ele entra em mim, e não é só ele que vem para dentro de mim. É sua sinceridade, o amor que sente por mim e, por um instante... é uma parte dos nossos para sempre. Agarro seus ombros e me movo com ele, sentindo tudo. Sentindo todas as coisas mais belas.

*****

Desculpem pela demora e, bem, não vou poder postar amanhã porque vai ter um churrasco aqui, minha família vai estar em casa e umas amigas também, então, domingo eu posto, ok?
Fico feliz com o quanto vocês tão gostando da fic, awn.
Se cuidem, amo vcs, bjs

7 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  2. Estou amando cada dia mais essa fic, ta incrível.Você escreve maravilhosamente bem.
    Querooo Mais rsrsrs.
    Beijos

    ResponderExcluir
  3. Cara, eu amei o capítulo! Eu nunca, nem 1 milhão de anos conseguiria imaginar isso! Eu estou chocada! O pai da Demi, é um monstro! Como ele fez isso com a própria filha??! A FILHA! Ela era só uma criança e ele fez isso com ela! Ele ao menos merece ser chamado de pai!
    Bom, eu amei eles se declarando, foi tão fofo!
    Se cuida também, beijos e eu amo vc!

    ResponderExcluir
  4. Pqp Eu to chorando !! CHORANDO!!!!
    Tadinha da Demi pequena ( Hope ) ,ter passado por tudo aquilo... E tadinha da Demi que teve que relembrar esses momento horríveis .....
    Está tudo muito triste , MAS estou amando essa fic !!! <3
    Posta mais !
    Bjs

    ResponderExcluir
  5. Aiiinnn coitadinha da Demi !! Quem poderia imaginar ? Que pai horrível esse em? E ainda se diz polícial!!!
    Mas eu amei esse final deles, foi perfeito !
    Posta logo bjs

    ResponderExcluir
  6. Gente que capítulo triste !!!! Demi passou por tantas dificuldades com aquele pai dela.....que ódio dele meuuooo!!!!!
    Esse final? Não acredito que eles transaram pela primeira vez <3
    Posta mais logo, to tão envolvida na história que toda hora entro pra ver se tem capítulo novo kkkkkkkkkkkk
    Bjs

    ResponderExcluir
  7. Capitulo maravilhosoooooo!! Ai eu estou ate chorando!!! Quero mais

    ResponderExcluir