21.4.15

Capítulo Oito




— É marrom. — Demi piscou algumas vezes diante do reflexo no espelho. — Por que o vestido é marrom? — Sério que ela havia tirado um dia de licença médica para ir às compras e se sentir gorda e deprimida em um vestido de dama de honra?
— Porque essa é a cor, querida. — Vovó Nadine bebericou o champanhe e inclinou a cabeça. — Mas ficou horroroso. Acha que Selena confundiu as cores?
— Nossa, espero que sim! — Demi estremeceu ao olhar mais uma vez para o reflexo. O vestido era de um marrom-alaranjado estranho, como se as folhas que mudam de cor no outono tivessem se esquecido da tonalidade que deveriam assumir e então tivessem se decidido pela mais feia possível. O modelo era um tomara que caia que descia justo até os quadris e, a partir daí, ficava tão largo, que a fazia parecer uma cópia péssima da Maria Antonieta.
Se era esse o tipo de vestido que a coitada daquela mulher fora obrigada a usar, não era de admirar que tivesse sido decapitada. Demi suspirou enquanto vovó pegava o celular.
— Selena? É a vovó. — Ela gritou tão alto ao telefone, que Demi se sobressaltou. — Selena! Não estou ouvindo! Ah, só um segundo. — Vovó se levantou e caminhou até a vitrine. — Sim? Está melhor? — A senhora se voltou para Demi, ainda com o telefone ao ouvido. — Ah, que lindo! Acho que esse vestido ficaria fantástico em você, Demi! Venha aqui!
Sem muita opção, Demi se arrastou até o manequim na vitrine.
— É um vestido de noiva.
— Eu sei! — Vovó tapou o bocal do celular. — Ficaria lindo em você! Experimente! Só dessa vez, vamos lá! Só vai levar um minutinho! — Vovó gesticulou e a enxotou de lá, indicando-lhe as araras em que estavam expostos todos os vestidos da loja. — Selena! Selena! Desculpe, estava falando com sua amiguinha. Aliás, ela é linda e... Ah, entendo!
Demi se remexeu, desconfortável, enquanto procurava o vestido nas araras. Seus dedos tocaram a seda delicada. Era um vestido lindo. Mas ela não estava se casando. Será que não daria azar experimentar um vestido de casamento antes de ter um noivo?
— Experimente! — gritou vovó, de novo fazendo Demi pular de susto. — Que ideia maravilhosa, Selena! Sim. Sim, entendo. Sim. Não. Não, deixe que a vovó aqui fará sua mágica. Sim. Não. Mas, Selena... Certo. Diga a ele que aceito o desafio.
Demi parou. Se fizesse silêncio, talvez conseguisse ouvir o que tanto Selena e vovó conversavam.
— Xô! Vá experimentar! — Vovó fez um gesto, expulsando-a, e se virou de costas para ela. — Diga a Nick que estou dentro.
Com delicadeza, Demi puxou o vestido de seda da arara e entrou no provador. Ora! O que tinha a perder, afinal? Rebolou para fora do vestido marrom de dama de honra e desceu com cuidado o zíper do de noiva. Era todo aberto nas costas, o que significava que não poderia ser usado com sutiã. O modelo era frente única, bastante decotado. Depois que fechou o zíper na lateral, ela se olhou no espelho.
Droga! Não queria chorar. Não por causa de um vestido bonito. Engolindo as lágrimas ridículas, Demi abriu a cortina e subiu na plataforma que havia em frente ao espelho.
A sensação do tecido em contato com as pernas nuas era incrível. Ela se virou para um lado e para outro, então ouviu aplausos.
— Tenho uma pergunta — começou uma irritante voz masculina atrás de Demi. Ela ergueu a cabeça de supetão e viu o reflexo de Joe no espelho. — Não dá azar experimentar um vestido de noiva antes de ter um pretendente?
Maldito.
— Não. — Ela o encarou, irritada. — Não dá. Além disso, vovó achou que fosse uma boa ideia.
— Essas foram as últimas palavras de muita gente — comentou Joe. — Além disso, vovó está no meio da vitrine, gritando a um celular com capa de zebrinha brilhante como se a pessoa do outro lado da linha estivesse em Marte. Neste momento, não sei se ela pode ser usada como uma boa desculpa.
— Existe um motivo para você ter vindo aqui? Quer dizer, além de ter sido demitido — retrucou Demi, irritada.
Ele empalideceu visivelmente.
Ela sorriu, triunfante.
— Férias — retrucou Joe. — Na verdade, recebi uma mensagem de Nick. Ele pediu que eu viesse pegar algumas coisas para ele e tirar minhas medidas para um smoking. Então, tem, sim. Estou cumprindo meu dever de padrinho.
— Padrinho? — repetiu Demi, horrorizada. Um tremor percorreu o corpo de Demi.
— Pela postura animada, dá para ver que você ficou feliz com a ideia. Ah, espere! Deve ser só porque você não está de sutiã. Engano meu.
— Você é um babaca.
— Obrigado. — Ele deu um sorriso debochado.
Droga! Demi não sabia se cobria os seios ou se permitia que ele aproveitasse a bela visão de seus atributos, deixando bem claro que ele a tivera por uma noite, mas jamais a teria novamente.
Os olhos cor de mel com um leve esverdeado ficaram escuros.
— Se serve de consolo... gostei do vestido.
Demi engoliu em seco quando ele avançou um passo em sua direção, cauteloso. Por que ele tinha que ser tão bonito? O cabelo castanho-claro tinha aquele brilho que as pessoas normais só viam nas capas de revista. O sorriso era de matar e, naquele momento, os olhos, esses olhos penetrantes, encaravam os dela.
Demi umedeceu os lábios quando ele avançou mais um passo.
De repente, o lugar ficou pequeno demais, quente demais, tudo demais. Ele estendeu a mão para ajudá-la a descer da plataforma.
Ela não deveria ter aceitado. Não mesmo. Porque no instante em que sua pele tocou a dele, Demi lembrou. A noite que passara com ele tinha sido tudo, menos esquecível. O toque dos lábios dele estaria para sempre gravado em sua memória, ela nunca se livraria daquela lembrança.
— Joe! — gritou vovó, espiando por trás do manequim. — Ajude-a a tirar esse vestido! Temos uma emergência de casamento! Rápido!
— Certo. — Ele soltou a mão de Demi e sacudiu a cabeça ao dar um passo para trás. — Não seria a primeira vez que a ajudaria a tirar a roupa, né, Demi?
E o momento especial se foi.
Ignorando o calor em suas bochechas, Demi voltou para o provador e fechou a cortina.
— Não precisa de ajuda? — perguntou ele.
— Acho que sei tirar minha roupa sozinha, Joe.
— Está bem. — Ele soltou uma risadinha que fez Demi querer socá-lo. Tremendo, ela procurou o zíper. — Mas quando eu ajudo é memorável. Só digo isso.
Chega. Ela não aguentava mais. Recusando-se a deixar que Joe pensasse que tinha medo de não resistir ao toque dele, Demi aceitou o desafio. Abriu a cortina.
— Prove.
Os olhos de Joe se arregalaram, e sua boca se curvou em um sorriso malicioso.
— O prazer é meu.
O jeito como aquele homem pronunciava “prazer” provocava reações infelizes no corpo de Demi, reações que a faziam repensar a decisão impulsiva.
— Cadê o zíper?
— Ah! Não consegue encontrar? Isso acontece com frequência, Joe? Não consegue encontrar o zíper. Não sabe onde enfiar o equipamento...?
— Ah, nunca tive problemas com isso! Você deveria saber.
Os olhos de Demi se estreitaram quando ele fechou a cortina e fez com o dedo um gesto para que ela virasse de costas.
Ela obedeceu e encarou o espelho. Joe pôs as mãos em seu ombro e depois passou-as por seus braços. Não ia ficar arrepiada. Não ia reagir!
Ele tocou seu quadril e abriu o zíper. Devagar, deslizou as mãos pela lateral de seu corpo, até parar logo abaixo dos seios. Demi sentiu a respiração acelerar quando ele piscou para seu reflexo no espelho, passando as mãos por seus seios e encontrando o fecho atrás do pescoço.
Demi mordeu o lábio inferior quando Joe abriu o fecho com delicadeza e segurou o vestido junto a seu corpo, para que não caísse.
— Você tem um cabelo lindo. — Ele passou os dedos por algumas mechas e suspirou, encarando-a pelo reflexo.
Joe não estava sorrindo. Será que estava mesmo fazendo um elogio? Na cara dela? Ou melhor, no reflexo?
— Eu, hã...
— É só um elogio, Demi, não um pedido de casamento.
Ela corou ainda mais.
— Obrigada.
O olhar dele fazia com que ela se sentisse nua. O que a fez se lembrar do motivo de ter dormido com ele daquela vez. Ela nunca sabia com qual Joe estava conversando: o que fora seu amigo de infância ou o playboy milionário e desalmado.
Demi duvidava que até mesmo ele soubesse a resposta.
Ela não podia se esquecer disso, ou acabaria outra vez de coração partido.
— Todos estão decentes? — perguntou vovó, do lado de fora do provador.
Joe se afastou e piscou um olho.
— Infelizmente.
Demi sentiu o rosto esquentar.
— Droga! Perdeu o jeito, filho.
— E eu não sei? — Ele umedeceu os lábios e acenou com a cabeça mais uma vez para Demi, antes de sair do provador.
O que tinha acabado de acontecer?
Demi levou uns bons cinco minutos para vestir a calça jeans. Suas mãos idiotas tremiam tanto que ela não conseguia fechar o zíper. Por isso homens como Joe não deveriam sair da jaula — era perigoso, muito perigoso.
— Já está pronta? — perguntou Joe. — Vovó está impaciente.
— Estou indo. — Demi saiu do provador em disparada, com a bolsa nas mãos. — Ok, qual é a emergência?
Joe suspirou e apontou para a avó, que naquele momento dançava bem no meio da loja.
— Estou confusa. Ela está doidona? — Demi olhou para vovó, que continuava a dar dois passos e virar, para então parar, bater o pé e recomeçar.
— Não duvido — sussurrou Joe.
— Quietos! — Vovó interrompeu um giro. — Tive uma ideia!
— Engraçado, achei que ela estivesse mal das ideias.
— Vocês dois! — Vovó apontou para eles. — Vão.
— Vão? — indagou Demi.
— Os dois? — perguntou Joe.
— Ah, está resolvido! Afinal, preciso fazer as unhas. Aqui está a lista de coisas a fazer. A maioria precisa ser resolvida antes de irmos embora no fim de semana. Ah, e não se atrasem! Madame detesta atrasos. — Ela endireitou o longo cachecol rosa e bateu palminhas, feliz.
— Estou tão feliz por termos resolvido tudo! Selena estava em pânico! Vocês salvaram o dia!
Um gemido escapou dos lábios de Demi antes que ela conseguisse resistir.
Joe estendeu os braços, como se tentasse acalmar vovó — ou seria a si mesmo?
— Vovó, não podemos passar todos os dias juntos, cuidando dos últimos preparativos do casamento.
— Por que não? — Vovó parou, e seu rosto mostrava preocupação.
— Porque... estou ocupado — desconversou ele, tossindo.
— Sentir pena de si mesmo não é ocupação.
— Nem galinhar por aí, e olha até onde ele chegou — acrescentou Demi.
— Entende? — Joe apontou outra vez para Demi. — Não conseguimos nem conviver em paz, quanto mais planejar juntos alguma coisa. Quer mesmo ser responsável pela morte dela?
— Vocês vão ficar bem. Além disso, Demi precisa de você. Afinal de contas, ela tem um emprego. E um muito bom, por sinal. Bem, vocês sabem como me encontrar se precisarem de mim. — Vovó pegou os óculos de sol na bolsa gigante e os colocou. — Amo vocês.
O sino da porta soou quando a velha senhora saiu da loja, deixando para trás Joe, com uma lista nas mãos, e Demi, que se perguntava se seria possível matar alguém apenas com o olhar.

*****

A vovó é, definitivamente, a melhor pessoa, e ela vai aprontar além do que vocês imaginam, juro akjnazan
Se tiver uns 4 comentários, pra mim saber que vocês leram, a noite posto outro, ok? Beijos, amo vocês, e desculpa pela demora 

9 comentários:

  1. Heeeeey pessosssssss comentem q eu quero maaais. Já vi q o próximo vai ser quente

    ResponderExcluir
  2. Gentchy eu amo essa fiiiiiic!!! Posta mais senão eu fico aqui na sofrência

    ResponderExcluir
  3. Esta cada vez mais incrível a sua fic e eu só digo uma coisa: eu amo essa vovó jsjsjs ♥
    Posta logo

    ResponderExcluir
  4. Amei esse capítulo... muito fofa a parte do vestido de noiva.... mau posso esperar pra saber o que vai acontecer com esses dois.... eu simplesmente amo a vovó.... continuaaaa....

    ResponderExcluir
  5. Juro que estou surtando. Que vovó louca geeeeeente *--------*
    Posta logo linda.

    ResponderExcluir
  6. Posta maaais!! Desculpa o sumico mas a escola ta puxada, porem eu li todos os capitulos. Vovo melhor pessoa ever

    ResponderExcluir
  7. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  8. Meu Deus achei que o Joe da agarrar Demi na hora do vestido , essa fic ta muito boa posta logo bjs

    ResponderExcluir
  9. Suaaaa ficcccc eeeeee tãããooo perfeitaaaa aí eu amo ela é como amo.
    continua logo diva linda

    ResponderExcluir