23.8.16

Capítulo Quarenta e Nove




Virgem. Ela era virgem. Ele a usara para sexo casual e, fazendo isso, poderia ter arruinado a garota perfeita. A garota mais maravilhosa do mundo, sua alma gêmea. Joe deu um beijo carinhoso na testa dela e se afastou.
— Aonde você vai? — perguntou Demi.
— A lugar nenhum — respondeu ele, e estava falando sério. Não iria a lugar algum, a não ser que ela fosse junto. Deixou as calças caírem no chão e se aproximou da cama. Demi o encarou.
Droga, ele poderia observá-la o dia inteiro! O cabelo castanho-avermelhado caía sobre o sutiã de renda vermelha. Demi tinha mesmo comprado lingerie. Caía bem nela, bem até demais, considerando os pontos pretos que estavam surgindo em sua visão. Ia perder a cabeça se não pudesse tê-la naquele instante. Joe se ajoelhou na cama.
— Tenho uma coisa a dizer.
— É mesmo? — Demi tremeu sob o toque dele. Joe pegou sua mão e envolveu seu dedo com a boca, sugando-o.
— Estou com ciúmes deste dedo há uma hora. Na verdade, fiquei com ciúmes até do chantilly.
Ela gemeu.
— E agora?
— Agora quero lamber você. — Ele colocou as mãos no quadril dela. — Inteira. Sem me esquecer de nenhuma parte.
— Nenhuma? — Ela arqueou as sobrancelhas.
— Nenhuma — repetiu Joe, beijando-a, aprisionando seus lábios.
Ele a pressionou contra a cama e a beijou, absorvendo-a, e então percebeu, naquele momento, que o gosto dela ficaria gravado nele para sempre. Tudo nela combinava perfeitamente com ele, que só estivera cego demais para notar, antes. E agora nunca a deixaria ir embora. Os lábios de Joe se encontraram suavemente com os dela, enquanto ele pressionava seu corpo contra o calor do corpo dela. Mas, quando ela suspirou, ele se afastou.
— Que foi?
— O que mudou?
As palavras não vinham. Então Joe não só havia perdido o jeito, como também parecia incapaz de comunicar uma das coisas mais importantes que tinham acontecido em sua vida.
Demi fechou os olhos de leve. Quando os abriu outra vez, estavam marejados. Joe segurou o rosto dela entre as mãos e respondeu, bem baixinho:
— Eu. Eu mudei.
Ela franziu a testa.
— Fui eu, não você. Você sempre foi constante. Não importava se queria me esfaquear ou me beijar, você nunca mudou. Fui eu, estou diferente.
— Simples assim? — Demi parecia cética.
Mas que droga! Ele queria primeiro se perder nela, e só depois ter a conversa séria. Mas sabia melhor que qualquer um que as mulheres não eram assim. Então, com o autocontrole que raramente conseguia ter, Joe se afastou e se sentou na cama, apenas de cuecas, esperando que Demi também se sentasse.
Quando ela se sentou, Joe a envolveu com os braços e a tirou da cama, carregando-a até o banco junto à janela, onde poderiam olhar para o lago, para suas memórias antigas — o passado dele. Quando Demi estava acomodada em seu colo, Joe pegou um cobertor da cesta no chão e os cobriu. O contato com a pele dela fazia seu corpo inteiro formigar. Os dois estavam na cadeira, juntos, com as pernas emboladas. Joe apoiou o queixo no topo da cabeça de Demi e a abraçou de lado.
— Foi bem ali, perto do deque.
Demi suspirou.
— O quê?
— A primeira vez que me droguei.
Ela enrijeceu. Joe engoliu em seco.
— Eu ainda era um garoto, além de um idiota, jovem e arrogante demais. Sei o que está pensando: algumas coisas nunca mudam. Mas não consigo nem imaginar no que eu teria me transformado se ele não tivesse me encontrado.
— Ele?
— Bill. — Joe apertou as mãos de Demi. — O pai de Selena. Eu tinha bebido tanto naquela noite! Tive sorte de continuar vivo. Não parava de beber porque não parava de cheirar cocaína. Me sentia invencível, como se pudesse voar. Quer dizer, não fiquei nem um pouco cansado. Só queria passar a noite acordado, na farra. Eu me sentia um adulto, achava que aguentaria.
— O que aconteceu?
Joe riu.
— Bem, meus pais estavam passando o fim de semana fora. Eu tinha ficado em casa com Nick, mas ele tinha saído com alguns amigos e me deixado sozinho. Então, dei uma festa. Só algumas pessoas. Todas estavam no último ano do colégio ou eram ainda mais velhas. Fiquei me achando o máximo. “Bem, continuando.” — Joe pigarreou. — Meu pai tinha pedido a Bill que ficasse de olho na gente durante o fim de semana. É claro que eu não sabia. Ele me encontrou dentro d’água: eu tinha caído do deque e batido a cabeça em um dos barcos amarrados. Todos os meus supostos amigos estavam chapados demais e não repararam. Mas Bill pulou na água. Ele salvou a minha vida.
Demi apertou ainda mais as mãos dele e disse:
— Acho que... É de pensar que, depois de um momento tão “revelador”, a pessoa mudasse o estilo de vida. Não entendo.
— Eu mudei. — Joe deu de ombros. — Por um tempo. Tirei boas notas, pratiquei todos os esportes possíveis, pedi milhares de desculpas a Bill. Ele só contou para a mulher dele, não disse nada a meus pais nem a Selena. Aquilo nos aproximou. Ele era o meu exemplo. Eu o respeitava. Tinha sido a primeira vez, na minha adolescência, que um adulto me tratava como adulto, então eu quis que ele sentisse tanto orgulho de mim quanto sentia de Nick e Selena.
Tremendo, Joe fechou os olhos e murmurou um palavrão. Por que era tão difícil? Talvez porque fosse a primeira vez que contava aquilo em voz alta, e para alguém com quem se importava de verdade, alguém que amava. E, ao expor a alma, percebeu como era assustador amar outra pessoa. Ao amar, você entregava ao outro o poder de feri-lo, de rejeitá-lo. E Joe sabia, lá no fundo, que, no instante em que mostrasse quem realmente era, a máscara cairia e restaria apenas ele, Joseph Jonas, um homem devastado. Depois de tudo aquilo, será que Demi ainda o desejaria? Ou será que o deixaria, como ele merecia que ela fizesse?
— Na faculdade — continuou —, Selena e eu éramos inseparáveis. Sei que você sabe de todos os detalhes sórdidos. Quer dizer, tenho quase certeza de que era você quem me xingava por mensagem de texto de um número desconhecido, o que durou o ano inteiro.
Demi riu.
— Então. — Joe sorriu. — Dormimos juntos na faculdade... Mas naquela noite... Merda, eu sabia o que estava fazendo! Disse a ela que eu era jovem e idiota, mas eu sabia. Só não me importava. Sabia que mudaria nossa amizade. Sabia que mudaria, mas, ainda assim, queria. Ainda a queria, mesmo sabendo que não iria além daquela noite. Acho que, lá no fundo, sempre soube que nos dávamos melhor como amigos. Bill já tinha dito diversas vezes que garotos e garotas não podiam ser amigos. Acho que ele estava tentando me avisar que, não importa a situação, os hormônios sempre assumem o comando. E quando misturamos álcool com hormônios... — Como ele odiava contar aquela parte! — Selena não se lembra de muita coisa, mas eu lembro.
— Como assim? — perguntou Demi, baixinho. Bem, era hora.
— Bebemos a mesma quantidade, mas ela é bem menor que eu. Ela lembra que transamos e que foi esquisito, mas acho que não lembra que chorou. Ou que, no meio do caminho, me pediu que parasse. Disse que não queria decepcionar o pai...
Demi se virou para encará-lo.
— Você não parou, não foi?
— Não. — Joe quase engasgou com aquela palavra. — Eu disse a ela que tudo bem, que era normal ter medo. Disse... — Joe fechou os olhos. — Disse a ela que a amava. E que, já que eu a amava, estava tudo bem.
Demi terminou a história para ele.
— E aí você foi embora.
— Como o babaca que era, eu fui embora. — Joe suspirou. — Saí do alojamento dela e fui direto para a república. Estava me sentindo tão culpado que só queria ficar anestesiado. Desaparecer. Então, enchi a cara, acordei na cama de outra garota e descobri, algumas horas depois, que enquanto eu traía Selena e Bill... Os pais dela sofreram um acidente e morreram.
Eles ficaram em silêncio por alguns minutos, até Joe voltar a falar: — Sabe qual foi a pior parte? Era uma espécie de encruzilhada. Eu podia ter ido até ela, pedido desculpas, lamentado a morte deles ao lado dela. Podia ter sido o amigo que ela merecia que eu fosse. Mas, em vez disso, culpei a mim mesmo. Senti como se a morte dos pais dela fosse culpa minha, acreditei que, se eu tivesse parado quando ela pediu, os dois ainda estariam vivos.
— Joe. — Demi segurou o rosto dele. — Isso não é verdade, e você sabe disso. Não poderia ter evitado o que aconteceu com alguma coisa que deixasse de fazer, assim como não poderia ter provocado tudo.
— Acho que agora já sei — respondeu ele. — Mas ainda me sinto mal. Isso sempre me assombrou, e, para ser sincero, era fácil demais ignorar, me entregar à ideia de que eu podia viver pelo prazer, fazendo o que quisesse. Queria ficar o mais longe possível de Selena e de tudo o que ela representava.
— Ela confiou o coração a você...
— E eu o parti — concluiu Joe. — Em um milhão de pedacinhos. E, quando tive a chance de consertar, pisei neles, destruindo toda a nossa amizade.
Demi estava cabisbaixa, sem se mover.
— No que você está pensando? — sussurrou Joe, sabendo muito bem que estava soando como uma mulher, mas sem se importar.
— Estou triste por você. — Demi passou um dedo por seu peito. — Triste por aquele garoto de 14 anos que ainda está lutando para se tornar o homem que deveria ser.
— Eu sou. — Joe segurou o rosto dela. — Sou esse homem. Quero ser esse homem. Você me faz querer ser.
Demi olhou bem em seus olhos, procurando, esperando.
— Nick me deu uma coisa, hoje. — Joe a afastou com gentileza e andou até a cômoda, então abriu a gaveta e pegou a carta.
— O que é isso? — Demi tomou o papel das mãos dele.
— Uma carta de Bill.
Notando o assombro de Demi, Joe continuou falando:
— Nick tinha recebido a ordem de me entregar apenas se atendida uma condição.
— Qual?
— De que eu estivesse apaixonado.
A carta caiu das mãos de Demi e planou até o chão.
— Está falando sério?
Em dois passos, Joe estava na frente dela. Ele a ergueu nos braços e a beijou na boca, absorvendo cada parte dela.
— Sim. Eu amo você, e sinto muito por vir com todo esse passado. Sinto muito por ter beijado uma garota e tê-la feito chorar. Sinto muito que essa garota tenha sido você. Sinto muito por não ter me comportado como o homem que fui criado para ser. Mas ao seu lado, Demi — mais um beijo fervoroso —, sou esse homem. Você me faz ser esse homem, porque me faz acreditar que posso ser.
Demi assentiu enquanto algumas lágrimas escorriam por seu rosto.
— O que ela diz? — perguntou, apontando para a carta.
— Tudo o que eu precisava ouvir — respondeu Joe com sinceridade. — Tudo o que eu não queria ouvir. Disse que você deveria sorrir mais do que chorar. — Ele secou as lágrimas que escorriam pela bochecha dela. — Disse que eu deveria ver você como uma parceira, não apenas como amante. — Ele segurou as mãos dela diante dos lábios e beijou cada um dos dedos. — É quase como se ele soubesse que eu ia fazer merda, mas me amasse mesmo assim.
— Joe, isso é que é o amor.
— Amor. — Joe sorriu. — Amor não é algo que vem sem esforço: ele machuca. Quando olho para você, parece que meu peito vai explodir. Quando você me toca, sinto em todos os lugares do corpo. Quando você inspira, seguro o ar até você expirar. O amor é um inferno. É uma tortura. Pode deixar a gente maluco, é a coisa mais assustadora que já senti. Parece que acabei de entrar em um prédio em chamas... Mas você é a minha água, Demi. Só preciso saber de uma coisa.
— O quê? — sussurrou ela.
— Você vai me salvar?

*****

Até amanhã, anjos. 

3 comentários:

  1. OIIIIII LEMBRAAA DEEE MIIIIM? LOGICOOO QUE NAAAOO, PQ EU NÃO APAREÇO AQUI A SÉCULOS, SORRY MEU PC QUEBROU E COMENTAR POR CELULAR E IMPOSSÍVEL.. AIII QUE SAUDADES DESSA FIC POSTA LOGO MULHER SLA FAZ MARATONA.
    PERGUNTA!
    VOCÊ VAI CONTINUAR A POSTAR FANFICS ?

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  2. Giiiii capítulo perfeito ameiiii ♡ como assim joe nao sabia que demi era virgem, pelo menos ele a recompensou né pqp joe romântico ta acabando com meu core. Até que enfim Joe assumiu que ama a Demi ♡♡♡.  Palmaaas para Vovó e seus planos malucos merece todo o meu amor já quero ela pra mim ♡ jemi casados eles estão bem tranquilos pra quem casou sem saber kkkkkkkkkk. 

    By: Ayane ♡

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