Capítulo 34
Furiosa, Selena saiu atrás de
Joe, mas não o encontrou em lugar algum. Maldito fosse, por escolher justamente
aquele fim de semana, na semana do casamento dela, para encontrar a
consciência! O momento não podia ser pior! Mas a expressão nos olhos dele
quando olhou para Demi e depois para o restante da família...
Aquilo a tinha deixado enjoada.
Sim, ele era um babaca, mas
qualquer um que não fosse cego podia ver que estava tentando, exceto pela pequena
recaída da noite anterior. Mas ele lhe dissera que não tinha acontecido nada.
Homens que tinham aquela expressão no olhar não estavam mentindo... Ele estava vulnerável
demais, sensível demais para fazer algo do tipo.
— Selena... — chamou Nick, na
entrada na casa.
Ela não estava suficientemente
escondida pelas paredes do corredor. Os passos de Nick soaram mais próximos,
até que ele parou logo atrás dela.
— Que foi?
— Desculpe.
— Isso não basta.
— Que droga! — Nick a segurou por
trás e a virou, prendendo-a contra a parede. — Eu pedi desculpas.
— Por que está se desculpando,
exatamente? Por ter sido um babaca com seu irmão? Por dizer a ele que ficasse
longe da única garota de quem ele gosta de verdade? Ou por falar mal dele o
tempo todo na frente dos seus pais, e até de Jace, hein? Pode escolher. — Ela tentou
se soltar, mas Nick era grande demais. Um músculo tremia em sua mandíbula,
enquanto ele se aproximava. Por que ele tinha de ser tão atraente? Seria bem
mais fácil brigar se ele fosse feio, ou se a gagueira da infância decidisse
reaparecer agora.
— Escute. — Ele a segurou no
queixo e a fez olhar para cima, então sorriu. — Não posso evitar.
— Esse é o pior pedido de
desculpas de todos os tempos.
— Não terminei. — Os olhos de
Nick brilharam quando ele beijou seus lábios com delicadeza e se afastou. —
Ainda tenho problemas com ele. E você deve entender por quê, Selena. Quer
dizer, ele dormiu com você e depois a abandonou, na faculdade. Ano passado ele
estava considerando casar com você e manter uma amante. E ainda pensando que
essa fosse de fato uma boa ideia! Ele a usou para conseguir uma promoção no trabalho
e, alguns meses depois, você quer que eu comece a confiar nele? Ele ainda não
nos provou nada. Confiança precisa ser conquistada, e ele ainda não aprendeu
nada. Nunca precisou.
Selena suspirou e mordeu o lábio
antes de responder.
— Entendo o que você está
dizendo, mas preciso que confie em mim. Conheço aquela expressão no rosto dele.
Conheço Joe. Ele é seu irmão, eu sei, mas era meu melhor amigo quando criança.
Acho que ele está cansado de ser a ovelha negra, mas não vai melhorar se sentir
que nunca terá uma chance. Talvez a gente devesse deixar as coisas fluírem, o
que acha?
Nick soltou um palavrão.
— Então, o que você quer? Que eu
vá lá e dê um abraço nele, ou coisa do tipo? Sinto muito, mas deixar as coisas
fluírem significa não apenas que estaremos apostando em Joe, mas também que, se
perdermos, o que tem noventa por cento de chance de acontecer, aliás, vovó vai
cantar bem no nosso casamento. E por uma hora inteira, enquanto as pessoas vão
beber até a morte.
Ah, Nick! Tão bruto e protetor!
Era por isso que ela estava se casando com ele. Era o homem mais atraente que
já conhecera, e seria todo dela. Com um sorriso provocante, ela se inclinou e
roçou os lábios nos dele.
— Quero ver você tentar. Por
favor? Por mim?
— Tentar? — A voz dele estava
rouca. — Tentar o quê?
— Tentar não ser um babaca e dar
uma chance a ele.
Nick gemeu, com os lábios colados
aos dela, empurrou Selena com mais força contra a parede e alinhou seus corpos,
erguendo-a nos braços e trazendo-a para bem junto de si.
— Está bem, vou tentar. Mas, se
vou tentar a sorte com ele, é melhor você fazer o mesmo com vovó.
— O quê? — Os lábios dele se
afastaram dos dela e desceram pelo pescoço, deixando uma trilha de fogo.
— Vovó. Tente despistá-la hoje à
noite — disse ele.
— Por quê?
Aquilo era novo? A língua dele
provocava sensações tão boas ao passar pela base de sua garganta que ela apertou
a blusa de Nick e gemeu.
— Porque quero você. — Usando os
dentes, ele puxou o decote do vestido de Selena e começou a provocá-la,
descendo por seu corpo. — E posso morrer se eu não a tiver.
— Não se comporte como um menino.
Ela arfava.
— He-hem — pigarreou uma voz,
vinda da sala.
Soltando um palavrão, Nick pôs
Selena de novo no chão, devagar, e a empurrou para a frente de seu corpo. Covarde.
Vovó estava lá, de braços cruzados, encarando-os com o olhar fuzilante.
— Atenção às regras, vocês dois.
Parecem crianças.
— Eu não ia querer que minhas
crianças se comportassem assim... — começou Nick, atrás de Selena. Ele tinha
que dizer alguma coisa.
Vovó estreitou os olhos enquanto
avançava o restante do caminho até os dois, pisando forte. Como uma boa noiva,
assim que vovó parou diante dela, Selena lhe deu passagem. Então vovó conseguiu
pegar Nick pela orelha e arrastá-lo pelo corredor.
— Muito obrigado, Selena! —
gritou o noivo enquanto vovó o carregava para fora da casa.
Capítulo 35
A brisa fria da noite soprava
sobre o rio Columbia enquanto Joe tomava um gole de cerveja. A vista da casa da
árvore sempre fora a favorita da família. Eles a construíram pensando no rio:
ela era bastante alta, chegando a permitir que a vista alcançasse além das árvores,
mas não alta em excesso, a ponto de arriscar uma fatalidade, caso alguma das
crianças — Joe, Nick e Selena — caísse de lá.
Demi já tinha ido lá uma vez,
talvez duas.
Ela estava com sete anos quando
Joe a viu pela primeira vez. Demi foi direto até ele e o socou no nariz.
Quando o sangramento parou, duas
horas depois, ele perguntou por que ela fizera aquilo.
A resposta?
Ele estava olhando para ela de um
jeito estranho.
Irritado, Joe gritou com Demi e
disse que não a olharia tanto se ela não fosse tão feia. Ela chorou, e foi assim
que começou o relacionamento conturbado dos dois nos primeiros anos da escola.
No ensino fundamental, as coisas
mudaram. Demi tinha começado a virar uma garota bem bonita, mas uma garota bem
bonita que não queria nada com ele.
Até o sexto ano. Ele tinha
escrito um bilhete durante a aula, perguntando se ela queria passear com ele no
intervalo.
Ficaram inseparáveis depois
daquilo. E tudo por causa de um Twinkie, aquele bolinho amarelo, que, como reza
a lenda, resistiria a um ataque nuclear, se isso viesse a acontecer. Sério, seria
a comida que os alienígenas encontrariam em bom estado depois de um milhão de anos.
Sem mofo. Amarelo como sempre.
Ele sempre odiou Twinkies, mas,
naquele dia, decidira pegar alguns. Nunca disse a ela que os odiava. Só fingiu que
os guardaria para depois e ficou observando enquanto ela comia o dela. Ela era
tão bonita! O cabelo era bem mais escuro naquela época. Mais preto que castanho.
Os olhos faziam um contraste tão
bonito com o cabelo escuro que ele teve de encará-la outra vez. Dessa vez, ela
não o socou. Apenas corou e desviou o olhar.
Naquele momento, soube que tinha
uma tremenda queda por ela. Sentiu até vergonha de contar aquilo a Selena, que,
na época, era a melhor amiga dele. Nem cogitava em contar a Nick, que odiava
todo o mundo.
E Joe sempre sentia que era
comparado ao irmão, quando criança. Então guardou aquilo para si.
Assim como a coleção de Twinkies.
Todos na casa da árvore.
A lembrança o fez rir, e ele
ficou se perguntando se alguém, em algum momento, encontrara os bolinhos e ficara
tentando entender por que ele os estocara como se fosse um esquilo faminto.
Refletindo sobre o passado, não
conseguia lembrar o que tinha acontecido entre os dois — Demi e ele. No ensino
médio, ela simplesmente parara de falar com ele.
Ele até havia comprado uma caixa
de Twinkies e colocado no armário dela, com um bilhete.
Sabia que ela havia recebido o
presente, porque a vira sorrir ao ler o bilhete e abrir a caixa. Mas aquilo
tinha sido no primeiro dia de aula. E no ensino médio ele vivera seu ápice. Era
difícil conversar com Demi, que estava sempre indisponível. E o restante das
garotas era ridiculamente disponível, então ele se aproveitara daquilo.
Depois da escola, Demi virara
apenas uma conhecida, e depois um caso de uma noite só. E agora... agora ela
era apenas... uma grande confusão.
Uma confusão na qual ele queria
se meter. Na qual ele queria dar um jeito.
Só que, de alguma forma, tinha
sido ele a causa de tudo. A coisa mais inteligente a fazer — e também a mais certa
— seria perguntar o que havia acontecido. Mas o passado era passado, e ele
precisava seguir em frente.
Quando fora que sua vida tinha se
tornado isto de que ele não sentia nenhum orgulho? Ele recebera todas as coisas
de bandeja, mas, de alguma forma, conseguira estragar tudo. O próprio irmão não
o queria como padrinho!
Como ele não tinha percebido
isso?
Não tinha percebido nada — e eram
muitas coisas.
Não reparara que o pai parecia
vinte anos mais velho que na última vez que o vira. E que a mãe fingia que tudo
estava bem com vovó, embora ele tivesse visto que, no banheiro, antes do jantar,
a avó quase tossira o pulmão inteiro.
Sentiu uma dor aguda bem no
peito. O que ele estava fazendo com a própria vida?
Com o estômago revirado, pegou a
segunda cerveja — duas, em quinze minutos. Uma gaivota pousou no telhado da
casa na árvore e o encarou. Ele ergueu a garrafa, em cumprimento, e fez uma
careta.
Este era o futuro dele.
Cervejas, gaivotas e uma casa na
árvore.
A ave fez um barulho que se
assemelhou bastante a uma provocação.
Ótimo, também estava ficando
louco!
Viu uma silhueta que se afastava
da casa e caminhava em sua direção. Ignorando-a, terminou a cerveja e abriu outra.
O som de alguém subindo as
escadas da casa da árvore fez seu estômago se revirar ainda mais. Se fosse Nick
ou Jace, não se responsabilizaria pelos próprios atos. Não mesmo.
O alçapão se abriu e Demi o
atravessou, com o lindo vestido preto e tudo.
— Joe!
Ele se preparou para o poder que
aquela beleza exercia sobre ele, os efeitos daquele vestido, os sentimentos que
aqueles malditos olhos cristalinos provocavam.
— Oi? — Nossa! Ele precisava
mesmo melhorar a atuação! Sua voz soou tão tensa que foi ridículo.
— Você está bem? — Demi se içou
para dentro da casa da árvore e se sentou a seu lado.
— É claro. — Joe deu de ombros. —
Só precisava sair de lá. — Finja que está tudo bem. Sem complicações. Ele deu
de ombros outra vez. Talvez estivesse fazendo aquele movimento mais do que deveria.
Seu ombro chegou a se preparar para uma terceira vez. Ok, estava na hora de
esquecer a atuação, ele só precisava de mais álcool. Tomou um gole longo e desviou
os olhos, como um adolescente.
— Você não parece bem — comentou
Demi, baixinho.
Ele a encarou por um momento,
antes de umedecer os lábios e apontar para o rio Columbia.
— Sabia que, na parte mais funda,
o rio pode chegar a mais de 360 metros de profundidade?
— Isso é... interess...
— E que... — Joe pigarreou —
...os índios norte-americanos acreditavam que foi uma briga entre dois irmãos
que causou a erupção do monte Santa Helena? Eles eram apaixonados pela mesma
garota, mas, como ela não conseguiu escolher um dos dois, ficaram irritados.
Começaram a brigar, e vilas foram destruídas. O pai, zangado com os filhos, que
não conseguiram colocar a família em primeiro lugar, antes do amor de uma
garota, transformou-os em montanhas.
Demi sorriu e olhou para o rio.
— Quais montanhas?
— O primeiro filho virou o monte
Hood, com a cabeça orgulhosa erguida para os céus. — Joe apontou para a montanha.
Dava para ver de onde estavam, quando o céu estava limpo, e por sorte ainda não
estava muito escuro. — O outro foi transformado no monte Adams, com o rosto
virado para onde a menina que amava caiu.
Demi ficou em silêncio enquanto
olhava para a outra montanha.
— E a garota? O que aconteceu com
ela?
— Ela explodiu.
Diante da respiração surpresa de
Demi, Joe riu, sentindo-se melhor, ali, do que se sentira ao longo de todo o
dia.
— Não, é sério. Conta a lenda que
ela foi transformada no monte Santa Helena.
— Então... — Demi jogou o corpo para
trás, apoiando-se nas mãos, e inclinou a cabeça. — Você está me dizendo que os
irmãos queriam ficar com ela, ela não conseguiu se decidir por nenhum dos dois
e, no fim, todos sofreram e ela morreu?
É, não era a melhor história para
contar a Demi naquele momento, mas ele estava desesperado, tentando impedir que
ela perguntasse o óbvio — qual era o problema? — e então ele acabasse
despejando seus sentimentos nela.
— Acho que sei por que você gosta
dessa história.
Surpreso, Joe deu uma risada
breve.
— Como assim? É só uma história.
— Não é, não. — Demi apontou para
o rio. — Toda essa coisa sobre a profundidade do rio foi a sua forma de evitar
expressar seus sentimentos. A história, no entanto, foi sua maneira de botá-los
para fora.
— O quê? — Desde quando ela era
psicóloga?
Demi pegou uma cerveja.
— Você teria lutado pela garota?
Pela garota que você ama? Ou teria desistido?
Joe ficou quieto. Ele olhou para
as duas montanhas ao longe.
— Eu teria feito a coisa mais
fácil.
— E qual seria?
Ele deu de ombros. Nossa, estava
fazendo muito isso!
— Teria ido embora.
— Por quê?
— Porque é isso que eu faço,
Demi. Eu vou embora. Escolho o caminho mais fácil. É isso que você quer ouvir?
Quer que eu diga que sou diferente? Que sou o bom moço? O tipo de cara que luta
pelo que quer? Bem, eu não luto por porcaria nenhuma. Não preciso. Nunca precisei.
Demi bebeu a cerveja em silêncio,
mas suas mãos tremiam quando levou a bebida aos lábios. Joe suspirou e desviou
o olhar.
— Não sou esse tipo de cara.
— Quem disse? — Havia súplica na
voz dela.
Joe balançou a cabeça e olhou
para a casa. O som de risos podia ser ouvido no quintal.
— Todo o mundo diz.
— Até mesmo vovó?
— Certo. Tenho uma fã. — Joe
disse isso e soltou um palavrão.
— Duas. — De repente, ele viu a
cerveja de Demi bem na sua frente. Ela bateu a garrafa na dele e sorriu. — Você
tem duas fãs.
Joe riu.
— E quem diz é a garota que
ameaçou minha vida várias vezes na última semana.
— Ei! — Demi não se afastou. Em
vez disso, ela se inclinou na direção dele. — Parceiros na dança do acasalamento
precisam apoiar um ao outro.
— Está bem. E aparentemente
preciso de toda a ajuda possível, já que minha autoestima é muito baixa… culpa das
camisinhas PP.
— Quem sou eu para julgar? Estou
aqui enchendo a cara... e todos sabem que tenho problema com bebida.
Eles riram. Foi uma risada fácil,
até que o vento mudou de direção e Joe sentiu o perfume floral que ela usava.
Ele ficou tenso e ela ergueu a cabeça e se aproximou dele.
— Demi? — chamou a voz de Jace. —
Demi, está aí em cima? Não consigo ver você! Está na hora da sobremesa!
— Eu sei. — Ela não tirou os
olhos dos de Joe.
— Que pena — sussurrou Joe,
segurando seu queixo entre as mãos. — Estava pronto para comer a sobremesa mais
cedo.
— A maioria das pessoas precisa
lutar para ter esse privilégio.
Ele engoliu em seco e encarou os
lábios carnudos de Demi.
— Prometo que vou.
— Não seja uma montanha.
— O quê? — Ele se afastou.
Demi se levantou.
— Não desista, não seja uma
montanha.
— Então, o que eu devo ser?
Ela não respondeu. Apenas
caminhou até a escada e começou a descê-la devagar. Mas, um pouco antes de sumir
de vista, sussurrou:
— Você mesmo, Joe. Seja você
mesmo.
*****
Um capítulo duplo pra vocês. O que estão achando?
Se tiver comentários posto outro hoje a noite.. Beijos! ♥
Posta mais por favor gih!
ResponderExcluir#maratona
Protesto quero reevidicar mais capítulos.
Grata! ��������
Aaaaaaaaaaaaaah essa peste desse Jace tinha que aparecer logo agora �� �� �� �� Ia rolar beijoooooooooo ������. Gi sua linda que amo muito posta maaaaaaais ficou perfeito esses capítulos ��������������
ResponderExcluirAaaaaaaaaaaaaah essa peste desse Jace tinha que aparecer logo agora �� �� �� �� Ia rolar beijoooooooooo ������. Gi sua linda que amo muito posta maaaaaaais ficou perfeito esses capítulos ��������������
ResponderExcluirEU QUERO MARATONAAAAAA
ResponderExcluircontinua pelo amor de jah!!!
ResponderExcluirEu estou simplesmente amando essa história e odiando esse estraga prazeres do Jace..... continua logo por favor!!!!
ResponderExcluiraii ta maravilhosoo !!!! CONTINUAAA LOGO PFVVR S2S2S2S2
ResponderExcluirps : eu tenho um blog tambem :3, se vc quiser passar lá e me dizer o que achou: http://jemimorethanjustadream.blogspot.com.br
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