31.8.15

Capítulo Vinte e Seis




Joe percebeu que podia, sim, ser bem ruim, ou ainda pior, quando pararam em frente a uma farmácia.
— Não estou entendendo. Esse é o endereço que vovó deu?
Ele olhou para o papel outra vez e depois para o relógio. Estava ficando tarde, e, embora não se importasse de passar tempo com Demi, não havia a menor chance de ele ficar com ela durante a noite, não com seu corpo reagindo daquele jeito. Acabaria estragando tudo. Uau, já estava começando a fugir!
Nunca pensou que veria o dia em que isso aconteceria.
— Então acha que devíamos ir embora? — perguntou Demi.
— Vou ligar para ela. — Joe pegou o celular e telefonou para vovó, que atendeu no segundo toque.
— Que foi?
— Estamos na farmácia, onde deveríamos pegar o presente. Você por acaso nos deu o endereço errado?
— Não.
Droga! Até mesmo a paciência de um padre seria testada por aquela mulher!
— Está bem. Então, o presente está aqui na farmácia.
— Sim, estão.
— Estão?
Vovó gritou alguma coisa e cobriu o telefone com as mãos. Então pigarreou.
— Sim, só precisa ir lá dentro e pedir as coisas que estão em nome de Joseph Jonas.
— Por que você botou a encomenda no meu nome?
Vovó parou e riu.
— Ah, já estou indo!
— Oi?
— Não é com você. — Ela deu uma risadinha. — Está no seu nome porque é você quem vai pegar tudo. Agora, vá lá e procure o gerente, que é uma pessoa ótima. Ele deve estar trabalhando hoje à noite, e está à sua espera.
— Vovó, eu não queria perguntar...
— Então não pergunte! — O celular ficou mudo.
Joe soltou um palavrão e guardou o aparelho no bolso da frente.
— Algo me diz que não deveríamos entrar.
Ignorando-o, Demi abriu a porta.
— Vamos lá. Cadê sua coragem? É só uma farmácia.
Ela deve ter comprado um cartão-presente ou algo do tipo. Só precisamos pegar.
Joe pensou em como deveria aprender a ouvir a voz da consciência. Aquela que gritava coisas como PERIGO! ou ALERTA VERMELHO! quando se está prestes a cair em uma armadilha. Aquela situação era claramente uma armadilha.
Em vez de ouvir a voz da consciência, ignorou-a.
Principalmente porque Demi estava andando mais à frente, e Joe ficou hipnotizado pelo movimento de seus quadris. Não havia nada a fazer, além de segui-la.
Mas ele realmente deveria ter ficado onde estava.
Soube disso no instante em que entraram na loja e ele se apresentou.
— Ah! — Bob, o gerente, estendeu a mão. — Estávamos esperando você! Acho que tenho tudo o que sua avó pediu para esse casamento bem aqui! — Ele deu uma piscadela.
Joe fez careta.
Demi olhou para dentro da cesta.
Realmente, não deveria estar fazendo isso.
Bob, pensando que ela não tinha conseguido ver, despejou o conteúdo no balcão.
— Então. — Bob pigarreou. — Sua avó expressou o interesse em bisnetos. Esses são os melhores testes de fertilidade do mercado. Eles vão, é claro, mostrar quando esta doce jovem — ele indicou Demi com uma das mãos — estiver ovulando. Sabe como usá-los, senhorita?
Demi arregalou os olhos, horrorizada. Então abriu e fechou a boca.
Joe riu, nervoso.
— Ela, hã... Quer dizer, nós... nós nos viramos.
Demi lançou um olhar que dizia “Só por cima do meu cadáver é que ‘nós nos viramos’ juntos!”, mas não disse nada.
— E essas.... — Bob puxou uma caixa de camisinhas e a sacudiu no ar. — Ah, esperem! Não, não está certo. É o tamanho errado.
— Vamos ficar com essas mesmo. — Joe tentou colocar as camisinhas de volta na cesta, mas Bob as tirou de seu alcance bem a tempo.
— Ora, jovenzinho! — Bob fez que não com o dedo na cara de Joe. — Você sabe muito bem como é irresponsável usar uma camisinha que não cabe direito.
Sua avó e eu já discutimos todos os seus... problemas.
Você precisa do tamanho certo...
— Perfeito! — interrompeu Joe, sentindo o rosto esquentar. — Essas são do tamanho perfeito!
Ele tentou tomar a caixa, mas Bob se afastou e falou, pelo comunicador geral da loja.
— Stacey, pode ir ao terceiro corredor e pegar a caixa de camisinhas PP? Tem um cliente aqui que está precisando delas.
Meu Deus do céu!
Ele ia matar a avó.
Joe soltou uma risada nervosa.
— Não, sério. É brincadeira. Minha avó estava só brincando. Eu não... Quer dizer, isso não é bem verdade. Não é o meu tamanho, eu, eu... — Ora, mas que droga!
O que ele podia dizer?
Em pânico, ele olhou para Demi, buscando socorro.
Ela riu de forma maliciosa, então se virou e piscou inocentemente para Bob. Não. Não era possível que ela fosse piorar as coisas.
— Joe — ronronou, passando o braço pelo dele. — Já tivemos longas conversas sobre isso. — Péssima escolha de palavras. — E concordamos que você precisa aceitar seu corpo. Todos têm algumas... pequeninas, mínimas, minúsculas desvantagens. Não é mesmo, Bob?
— Não é pequeno! Não tenho p...
— Aqui! — Uma garota na casa dos vinte se aproximou do caixa com a pequena embalagem e olhou para Joe. Então arregalou os olhos. — Joe? Joe Jonas?
Será que era possível morrer de vergonha?
Stacey. Ele tinha esquecido o nome dela, mas reconheceu o rosto. Dois meses antes, em um bar em Belltown. Quais eram as chances de que a única mulher na vida com quem ele tivera problemas de desempenho na cama estivesse na farmácia? E naquele momento. Era isso. Vovó tinha implantado um microfone em seu corpo. Em algum lugar. Estava sempre ouvindo, sempre vendo. Meu Deus, será que ela trabalhava para a NASA?
— Está tudo bem? — Ela brincou com a embalagem nas mãos e, então, parecendo se lembrar do que estava carregando, entregou a caixa e parou. — Espere. Essas são para você?
Demi pegou a caixa.
— Sim, são. Não é mesmo, Joey?
Joe só conseguiu assentir enquanto pedaços de sua masculinidade se desfaziam bem diante de seus olhos.
Agora só lhe restava ir assistir a um filme de Nicholas Sparks e se sentar no sofá com uma garrafa de vinho, falando sobre sua TPM. Era seu fim.
— Ah, bem... — Stacey começou a se afastar lentamente. Como qualquer mulher sã faria diante de uma situação dessas. Não tinha dúvidas de que ela estava agradecendo a Deus as pequenas bênçãos enquanto desaparecia pelo corredor.
— Muito bem. — Bob bateu palmas. — Vamos ver o que aquela sua avó maravilhosa colocou na lista.
— Sim. — Demi abriu um sorriso. — Vamos.
— É sério, isso? — Joe firmou os pés no chão enquanto dava uma cotovelada nas costelas de Demi. — Um pequeno problema? Você sabe que não é verdade. Quer dizer, você realmente sabe que não é verdade.
Ela deu de ombros.
Droga. Dá para saber que um homem está desesperado quando ele está prestes a arrancar as roupas e a ficar pelado na frente do atendente da farmácia só para provar um ponto.
Ou desesperado, ou louco para ser preso.
Mas que droga! Quando é que aquele dia ia acabar?
— Ah, aqui está — continuou Bob, puxando um pequeno saco branco com uma receita presa. — Isso deve ajudar muito. Mas tome apenas quando precisar. Se sua ereção durar mais de quatro horas, procure ajuda médica imediatamente. Mas deve melhorar muito a lua de mel, se é que você está me entendendo. — Ele piscou para Demi.
Em resposta, ela deu uma risadinha.
— Não preciso disso. — Joe cruzou os braços.
— Sua avó disse.
— Ela está senil! Semana passada queria fazer um show em Vegas com tigres! — exclamou Joe.
— Veja bem, filho...
— Joe. — Demi deu tapinhas em seu braço. — Não há nada de errado em admitir que tem um problema.
Forçando-se a sorrir, ele se virou para Demi.
— Sabe de uma coisa, querida?
Ela sorria com os olhos.
— O quê?
— Você está certa.
— Estou? — O sorriso dela se desfez, o olhar se tornou desconfiado.
— É claro. — Joe envolveu seus ombros com o braço. — Deve ser por isso que vovó decidiu não incluir licor ou vinho na cesta.
— Mas...
— Ela tem um problema com bebidas. — Joe indicou Demi com a cabeça. — Mas tudo bem. Afinal, você já está sóbria há quanto tempo, querida? Um dia? — Ele estalou os dedos. — Ah, não, deixe isso para lá. Eu me esqueci da garrafinha na sua bolsa. Meu bem, é bom saber que podemos conversar sobre essas coisas. Talvez agora que me disse que vai parar de beber, a gente consiga ter um filho. Ainda bem que temos esses testes de fertilidade.
Os olhos de Demi faiscaram.
— É, ainda bem. — As palavras saíam depressa. — Afinal de contas, se você tomar o Viagra, ao menos vou me lembrar de que fizemos sexo!
— Ah, você vai lembrar.
— Que bom! Porque, na noite passada, fiquei fazendo a lista de compras.
— Na qual você só botou mais bebida! — gritou Joe.
Os narizes estavam colados, a respiração, pesada, e, por algum motivo insano, Joe só conseguia pensar em beijá-la. Com força. E em ensinar a ela uma lição, e depois a empurrar contra o balcão — de preferência, longe do teste de fertilidade — e, então, dar um jeito nela. Várias vezes.
Demi olhou para os lábios dele.
Joe se inclinou na direção dela, mas Demi chegou primeiro.
Seus lábios se encontraram com tanta força que Joe gemeu.
Sentiu o gosto de vinho e sal nos lábios carnudos dela.
Deus, como ele queria lamber o corpo dela inteirinho, de cima a baixo! Até que ela implorasse, pedindo-lhe que parasse.
— Hã, sr. Jonas. — Bob pigarreou.
Sobressaltado, Joe se afastou de Demi.
— É... o teste de fertilidade — disse ela, rouca. — Sabe, todos esses pós mágicos para fazer bebês, e tudo o mais. — Seus olhos se fecharam quando percebeu como aquela desculpa soava ridícula. — Vamos levar tudo. — Joe limpou a boca com as costas da mão. Demi sacudiu a cabeça uma vez e saiu da loja. Droga!
— Bem, gostaria de algum doce por mais cinquenta centavos? — perguntou Bob.
— Nada de doce.
— Chiclete?
— Nada de chiclete! — Joe tocou o ponto entre os olhos. — Só o que vovó colocou na lista.
Bob deu de ombros e pegou o cartão de crédito de Joe, então colocou tudo na sacola bem devagar.
Assim que Joe pegou o recibo, saiu correndo da loja.
Demi estava esperando ao lado do carro.
Seus passos ecoaram no concreto enquanto ele andava até o BMW.
— Tudo bem?
Ela suspirou e se virou para responder.
— Bem, eu queria ter mesmo uma garrafinha.
— Ah, é?
Ela conseguiu sorrir.
Joe deu de ombros.
— Bem, não acho que gostaria de usar as camisinhas PP, muito obrigado.
Aquilo fez um sorriso surgir no rosto de Demi. Joe abriu o carro para que entrassem.
— Então, é isso — disse ele, antes de ligar o carro. — Missão cumprida.
— É. — Ela assentiu. — Acho que sim.
— Sim. — Bravo consigo mesmo, Joe continuou. — Então, vai precisar de uma carona para o aeroporto ou de qualquer outra coisa, na quinta-feira?
— Ah, não. Não precisa. — Demi umedeceu os lábios.
Ainda estavam inchados do beijo. No que ele estava pensando? O teste de fertilidade... bem, ele funcionava sem nem sair da caixa.
Ele segurou o volante com força e conseguiu manter o sorriso tão tenso quanto o restante do corpo, que vibrava.
— Joe — chamou Demi, depois de alguns minutos de silêncio. Joe estava realmente considerando encostar o carro e agarrá-la.
— Oi?
— Sobre o casamento. Você acha que vão permitir a presença da imprensa, para cobrir alguns detalhes antes da cerimônia e fazer algumas entrevistas com a família?
Pobre Demi! Devia estar preocupada em aparecer estampada em todos os jornais outra vez. Ele precisava tranquilizá-la.
— Não mesmo. Selena falou especificamente que não queria a presença da imprensa. Então, não precisa se preocupar. Não querem transformar o casamento em um circo. Quer dizer, você sabe tanto quanto eu o que acontece quando jornalistas são envolvidos.
— Certo.
— Sem ofensas. — Ele fez uma careta. Por um momento, tinha se esquecido de que ela era repórter. Embora já não visse o rosto de Demi nos jornais havia algum tempo. Não que fosse algum esquisito que gravava os programas dela, ou coisa do tipo. Ele pigarreou. — E como vai o trabalho?
— Ótimo.
— Tem algum projeto grande em mente? Curar a fome mundial, ou algo parecido?
— Algo parecido. — Demi soltou um suspiro e olhou pela janela. — Aliás, me desculpe.
— Pelo quê?
— Pelas camisinhas. — Ela se virou para olhá-lo. O luar que passava pela janela do carro acentuava a curva delicada de seu pescoço.
Ele se endireitou no banco e conseguiu pigarrear, soando relativamente normal, e nem um pouco excitado, como se sentia. Droga. Quando foi a última vez que apenas a aparência de uma garota fora o bastante para que ele agisse como se ainda tivesse 14 anos?
— É, bem, me desculpe por ter chamado você de alcoólatra.
Ela sorriu, o tipo de sorriso que os homens viam nos sonhos, aqueles que guardam promessas de eternidade e beijos roubados, muitas risadas e... Joe sacudiu a cabeça. Não estava em seus planos, em sua vida, nem em seu futuro.
Ele estacionou no escritório da Komo, onde o carro de Demi estava parado. No rádio do carro tocava uma música suave. Não era um encontro. Não era para ser, mas parecia um. Era embaraçoso, como todos os primeiros encontros. Do tipo em que as pessoas ficam sem saber onde pôr as mãos, se perguntando se estão com comida presa nos dentes ou se estão sendo esquisitas.
Demi estendeu a mão para a maçaneta e abriu a porta.
— Vejo você depois, Joe.
— É.
Ele deixou que ela fosse embora.
Mais uma vez.
Parecia que ele sempre fazia isso. Ela sempre andava em direção a algo, e, por algum motivo, aquilo o fazia querer ir atrás dela. Como se Demi fosse uma zebra e ele, um leão que precisasse capturá-la.
Será que ele só a queria porque ela era brava e difícil?
Ou será que havia algo mais? Joe ligou o carro e aumentou o volume da música.
Realidade. Ele precisava voltar à realidade. Ou isso ou tomar um banho frio. Nick dissera que ele deveria manter distância, e, pela primeira vez na vida, não tinha vontade de decepcionar o irmão. Nem Selena.
— Siri — disse em voz alta, para o telefone. — Encontre o bar mais próximo.

*****
Amores, desculpa! Fora essas três semanas de prova, não tenho nenhuma justificativa plausível, então não vou ficar inventando any coisas. Só me desculpem, mesmo! O tempo é meio corrido, eu acabo esquecendo e enfim, não posto :(
Juro que tento postar mais amanhã, ok?
Amo vocês, beijos 

Ps: literalmente morri com esses dois nesse capítulo hahaha, bjs 

4 comentários:

  1. Mulher posta logo. Faz esses dois Daren certo faz o Joe pegar logo a Demi que eu n aguento mais isso

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Eu n estou aguentando mais essa agonia quero Jemi de vdd pra ONTEM. TA MARA EU QUERO MAIS

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  4. Esses dois são hilários juntos, e a vovó é minha ídola...... por favor não demora a postar!!! Bjo!!!

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