Joe andava de um lado para outro
em frente à porta.
Demi enviara uma mensagem de
texto dizendo que o encontraria por volta do meio-dia. Já era meio-dia e cinco.
Onde ela estava? Ele precisava encontrar um jeito de recuperar o emprego e a
masculinidade, preferencialmente não nessa ordem.
A manhã começara quase normal:
vovó fizera a maldita ioga e depois exigira que ele a deixasse no clube de cartas.
Mas mesmo quando vovó pedia uma coisa, nunca era apenas uma coisa. Não,
ela sempre queria algo mais, não explicava o motivo e ainda olhava como se a pessoa
que perguntasse o porquê de ter de fazer tal coisa fosse idiota.
Era como se Joe tivesse voltado a
ser criança, como daquela vez que vovó o flagrara roubando M&M’s da loja de
conveniência e então lhe comprara um saco de dois quilos e o fizera se sentar e
comer tudo ali, na frente dela.
Ela lhe explicara que aquilo
faria com que ele nunca mais pegasse nada que não fosse dele. Porque, se ela o pegasse
furtando, Joe teria que engolir o objeto ou usá-lo pela casa.
No ensino médio, acontecera de
novo, mas com cerveja. Ela então comprara um engradado e o mandara virar tudo,
até que ele passasse mal. Ele tomou três antes de vomitar. Naturalmente, vovó
bebera as que restaram.
Bastava dizer que era sempre mais
inteligente concordar com ela que testar a sorte. Então ele a levava de carro
pela cidade, bancando o bom neto, e pedia a
Deus que ela finalmente o
contratasse de volta, para que ele pudesse parar de bancar o motorista e o cerimonialista.
Deus, ele viraria mulher enquanto
esperava por aquela maldita garota irritante!
A campainha tocou.
Ele correu para atender. Então
parou e respirou fundo algumas vezes. Sim, definitivamente estava virando mulher.
Estava agindo como se aquilo fosse um primeiro encontro, ou coisa parecida. Era
Demi! Demi! Precisou repetir o nome várias vezes em voz alta antes de conseguir
abrir a porta.
O sorriso que ela deu fez seu mau
humor desaparecer, e, de repente, ele lembrou por que se mantinha distante de
garotas como ela.
Elas traziam problemas.
Prometiam prazer, mas, no final
das contas, queriam compromisso. E isso faria qualquer cara fugir, ainda mais
um cara como Joe. Ele não merecia nem mesmo qualquer coisa parecida com aquilo.
Até mesmo ele não era babaca o suficiente para não perceber que uma garota como
Demi... Bem, ela merecia um dos bons.
Não ele. Definitivamente, não
ele.
Os olhos dela brilharam quando
ele sorriu.
Droga. Ele teria que parar de
flertar com ela. Ela iria entender errado, e ele ficaria maluco se tivesse que passar
a semana do casamento se perguntando se ela estava só esperando a hora certa
para esfaqueá-lo.
— Entre. — Ele abriu mais a porta
e fez um esforço para não olhar para a bunda dela enquanto Demi passava por ele
com os saltos estalando no chão de mármore. Ela claramente viera do trabalho.
Estava usando uma saia lápis apertada, blusa branca e sapatos vermelhos.
Péssima escolha.
Porque agora ele estava pensando
em vovó e naquela história idiota do aeroporto, e...
— Joe? — A voz suave de Demi o
trouxe de volta ao presente. — Ouviu o que eu disse?
— Não. — Ele deu uma risada,
constrangido. — Eu estava, hã... admirando seus sapatos.
— Meus sapatos? — Ela ergueu as
sobrancelhas, divertida. — Tem fetiche por salto alto?
— Em você? — Ele assentiu com a
cabeça. — Acho que devo ter.
Droga, ele tinha começado outra
vez. Qual era o problema dele? Era como se flertar com Demi fosse instintivo,
como se não conseguisse não se sentir atraído por ela. Seu corpo se movia
involuntariamente na direção dela. Será que eram os olhos? O cabelo? Uma
vozinha que ele não ouvia havia muito tempo lhe explicou que não. Não era
físico, era algo completamente diferente.
Algo em que ele não queria sequer
pensar ou considerar por muito tempo. Porque aí teria de admitir que tinha um coração,
o que queria dizer uma coisa: que em algum momento seu coração iria se partir,
mas, dessa vez, não haveria o que amparar a queda, apenas o nada.
Ele engoliu em seco e olhou para
o outro lado ao perguntar:
— Então, vamos almoçar?
Ela aceitou seu braço e olhou a
casa.
— Parece uma boa ideia. — Os
olhos de Demi se estreitaram.
— Que foi? — Ele parou de andar.
— Qual o problema?
— Eu tinha esquecido. — Ela deu
uma risadinha.
— Esquecido o quê?
— Que você é tão rico que chega a
ser ridículo.
Joe soltou uma risada curta.
— Estou desempregado no momento,
mas obrigado.
— Ah, por favor! — Demi soltou o
braço de Joe e se adiantou, entrando na cozinha gigantesca. — Tudo isso? Isso é
o que as pessoas sonham em ter a vida inteira. Quer dizer, eu mataria por uma
cozinha dessas. Você tem dois fornos! O meu quase não funciona!
Joe se apoiou no balcão,
divertindo-se com a cena.
— Você gosta de cozinhar?
— Amo. — Ela suspirou. — Não
tenho tanto tempo quanto antes, e minha cozinha é um tanto ruim, assim como
você... — Ela deu um sorriso doce. — Se eu morasse em uma casa dessas, não
ficaria me lamentando, como você faz.
— Nossa, obrigado! — murmurou
ele, sentindo-se repreendido. — E não estou me lamentando.
— Você está, sim. — Demi
tamborilou os dedos no balcão de granito. — Então, cadê o almoço?
— Na geladeira.
Demi andou até a geladeira e a
abriu.
— Tem mais comida aqui que na
maioria dos países pequenos.
— Vovó gosta de comer. — Joe deu
de ombros. — Vou pegar os sanduíches de croissant e a salada. Quer comer na
varanda lá fora, para ficarmos perto da água?
— Hum, pode ser. — Demi observou
a cozinha. — Precisamos de mais alguma coisa?
— Pegue uma garrafa de vinho na
geladeira, também... Que tal um branco? Você decide. — Ele piscou e andou até a
porta de correr de vidro da varanda, com vista para o lago Washington.
Só precisavam comer, comportar-se
direitinho e terminar de resolver aquela maldita lista da avó, quando, então,
ele se veria livre para continuar a própria vida. Seu plano ainda era o mesmo.
Sobreviver à Terceira Guerra
Mundial, também conhecida como “A
Invasão da Vovó”, e depois voltar ao antigo estilo de vida. Quando ele parou um
momento para se sentar e apreciar a vista, porém, percebeu que parecia fazer
anos desde a última vez que estivera relaxado ou sóbrio o suficiente para
aproveitar a paisagem.
Os passos de Demi ecoaram pelo
piso de madeira.
— Aqui está. — Ela lhe entregou uma
taça de vinho e pôs a garrafa na mesa. — É bonito aqui fora.
— Acho que é. — Ele semicerrou os
olhos por conta da claridade do sol e deu de ombros, deixando de lado a taça de
vinho e tomando um gole d’água. — Acho que não reparo muito.
Demi bufou com desdém e sacudiu a
cabeça.
— Então. Vamos acabar logo com
essa lista.
Tinha sido uma mudança de assunto
um pouco repentina, mas tudo bem. Joe pegou um pedaço de papel novo.
— Ok, temos que tomar mais
cuidado com essa aqui.
A última foi perdida em um acidente
trágico com o picador de papel. Tive que roubar a lista reserva da vovó ontem à
noite enquanto ela dormia.
— Nossa, você é quase um 007!
— Aquela mulher dorme como uma
pedra.
— Então foi fácil?
— Ela deixa uma arma embaixo do
travesseiro e nunca teve uma aula de tiro na vida. Fácil? — Joe estremeceu.
— Não se você quiser ficar
inteiro.
— Justo.
Joe pigarreou.
— Parece que a gente só vai ter
que se preocupar com os bonecos do bolo e com o presente de casamento. Vovó
disse que vão entregar hoje à tarde, então acho que só precisamos levar com a
gente no voo.
— Tudo bem.
Eles mergulharam em um silêncio
constrangedor. Joe não sabia bem por que o clima estava tão estranho, formal.
Era como se Demi tivesse perdido a mania de discutir e estivesse apenas
esperando alguém lhe dizer o que fazer para acabar logo com aquilo.
Que era exatamente o que ele
estava fazendo.
Só que Joe queria que Demi
tivesse vontade de passar tempo com ele. Gostava que ela fosse briguenta.
Ficava mais feliz quando estavam discutindo do que quando ela ficava quieta.
— Dia difícil? — perguntou depois
de mais alguns momentos de silêncio constrangedor.
Demi deu de ombros.
— Uau, ela deu de ombros para
mim! — Ele lhe serviu mais vinho. — Quer falar sobre isso?
Com um suspiro, Demi inclinou a
cabeça e o encarou.
— Não muito.
— Sem pressão. — Ele ergueu as
mãos. — Mas talvez eu possa ajudar.
— Ah, o milionário está
oferecendo ajuda! Quanta consideração!
Joe fez uma careta.
— Qual é o seu problema?
— Meu problema? — repetiu Demi.
Então ela se levantou bruscamente, quase derrubando o vinho, e jogou o
guardanapo na cadeira. — Meu problema é que tudo é tão fácil para você! Sempre
foi! Você tem uma vida perfeita, uma avó perfeita! E não ouse dizer nem uma
palavra contra ela! Sua avó pode ser maluca, mas ao menos você tem uma família
que se importa com você, em vez de pais que mais uma vez se esqueceram do
aniversário da filha.
Joe congelou. Seu estômago
embrulhou ao ver a tristeza tomar conta do rosto de Demi. Conhecia aquele olhar,
conhecia muito bem: era solidão. Sentir-se como se a família o tivesse
esquecido era quase tão ruim quanto ser a ovelha negra, a que ninguém queria.
Então, sim, a situação dos dois até podia ser diferente, mas não tanto assim.
Ela era abandonada e Joe era uma piada.
— Tudo bem. — Demi soltou uma
risada amarga. — Hoje em dia, a gente mal se fala: não tinha mesmo como você
saber que é meu aniversário. Eu só... eu não sei. Dallas teve que viajar a negócios
hoje de manhã e sei que ela também estava estressada. Talvez eu esteja parecendo
uma criança mimada, mas só dessa vez... eu queria que alguém além de Selena
tivesse lembrado.
— Sou um babaca — sussurrou Joe.
— Sinto muito. Mesmo.
— Não. — Demi apontou para ele. —
Olha só, não é isso que eu quero. Pena não é a mesma coisa. É uma droga. Sentem
pena de mim o tempo todo. “Ora, veja, é aquela repórter pobre coitada que
apareceu bêbada em pleno jornal das cinco e caiu da cadeira!”, “Ora, veja, é a Demi.
Ela é engraçada, mas não dá para levá-la a sério.”, “Ora, que triste! A família
da Demi não passa o Natal reunida porque eles viajam de férias sem ela.” Ou que
tal esta: não posso nem visitar meus pais hoje e dizer o que penso deles,
porque os dois estão passando o fim de semana em Alki Beach.
Joe umedeceu os lábios e ficou
olhando o cabelo escuro de Demi balançar com o vento. Sua blusa ficava mais
justa na área do peito por conta da respiração alterada.
— Desculpe — disse ela, por fim.
— Talvez o almoço não tenha sido uma boa ideia. Não estou a fim de socializar,
aí venho aqui e vejo como tudo é fácil para você, que ainda assim tem a audácia
de se sentir triste porque sua avó está morando com você e ela o obriga a comer
donuts e a tomar vinho. Eu daria tudo por algo assim.
Joe nunca tinha se sentido tão
mal antes. Naquela manhã, gritara com vovó porque ela preparara ovos para ele.
Na verdade, dissera a ela que comesse os malditos ovos e o deixasse em paz.
Depois, ainda fora além e pedira o emprego de volta. E ali estava Demi, sozinha
no próprio aniversário, desculpando-se por ser má companhia. Qual era o problema
dele? Ele merecia aquela bronca e muito mais, mas, para ser honesto, nunca recebera
bronca de ninguém além de vovó.
E foi então que ele percebeu.
O que o atraía, o motivo por que
ele não conseguia deixar Demi em paz: a força dela. Ele desejava isso que via
tanto nela. Seu inconsciente, seu senso de moral, tudo nele estava tão ferrado
que ele a desejava como um alcoólatra deseja uísque.
Apesar do que sentia, precisava
prosseguir com cuidado. A última coisa que queria era se envolver com alguém
sabendo que a própria vida estava tão instável.
Mas ele podia — ou melhor, iria —
fazer as coisas melhorarem. Estava recebendo uma segunda chance para ser um
herói, para ser o mocinho, e iria aproveitá-la.
Ele se levantou bem devagar e
contornou a mesa, indo até Demi. Com movimentos fluidos, envolveu-a nos braços
e a puxou para um abraço.
— Sabe onde seus pais estão
hospedados?
Ela praguejou junto ao peito
dele.
— Eu posso mandar uma mensagem
para eles. Quer dizer, se eles olharem o celular. Por quê?
Joe riu, embora por dentro
estivesse usando os piores palavrões que conhecia para xingar os pais dela, por
serem tão egoístas.
— Bem, tenho uma ideia. Vamos
visitá-los agora mesmo. Ligue para o trabalho. — O coração dele começou a bater
mais rápido, quase como se tivesse recebido uma descarga de adrenalina, à
medida que o plano se formava em sua cabeça. Talvez fosse por orgulho, e não um
orgulho egoísta. Sentia-se orgulhoso de estar tomando uma decisão pelo bem de
outra pessoa.
— Mas, Joe. — Demi se afastou. —
O que a gente vai fazer? Entrar na pousadinha em que eles estão hospedados e
exigir que me deem os parabéns?
Joe deu risada.
— Você vai ver.
— Joe, sério. Não estou com humor
para brincadeiras, nem mesmo sei onde eles estão.
— Nós podemos não saber, mas
conheço uma mulher que acho que trabalhava para a CIA.
— O quê?
— Deixe que eu vou telefonar para
meus contatos.
— Seus “contatos”? — repetiu
Demi. — Acho que o fato de estar desempregado já começou a afetar esse seu cérebro
sexy. — Soltando uma exclamação de surpresa, ela cobriu a boca. — Foi o vinho!
Droga!
— Você me acha sexy? — retrucou
ele, dando uma piscadela. Era difícil se livrar dos velhos hábitos. E já fazia
uma semana que não exercitava esses hábitos. O fato de ela o ter chamado de
sexy o apavorava e excitava ao mesmo tempo. O sangue foi direto para os lugares
errados. Calma, disse seu cérebro. Seria muito fácil dormir
com ela, e você poderia simplesmente desistir de se importar. Desistir
de tentar. A verdade era que ficava apavorado só de pensar que, no instante
em que decidisse correr o risco por algo que valesse a pena, ela pudesse rir
dele. Ele não era bom o suficiente para Selena, por que então seria bom o
suficiente para Demi?
— Não. — Ela se virou e balançou
a cabeça, como se tentasse entender de onde saíra aquele “sexy”.
— Tudo bem. — Joe foi para trás
dela. — Muitas mulheres acham.
— Eu realmente precisava ouvi-lo
dizendo isso.
— Por quê? — Ele ficou tenso
quando ela se virou e passou os dedos por seu peito.
— Porque me ajuda a lembrar como
você é um babaca egoísta.
— Talvez você mude de ideia
depois de hoje.
— Tenho minhas dúvidas.
Joe se inclinou até que seus
lábios estivessem quase se tocando.
— Vivo para provar que você está
errada.
Demi suspirou.
— Certo, ligue logo. Não vou
render nada no trabalho, de qualquer jeito.
Com um sorriso largo, Joe pegou o
celular e ligou para vovó. Ela atendeu no segundo toque.
— É melhor ser importante, Joe.
Estou ganhando.
— Preciso que você encontre uma
pessoa.
Vovó ficou em silêncio.
Joe soltou um gemido impaciente.
— É para Demi.
— Mande as instruções por
mensagem — respondeu vovó, em voz baixa. — Verei o que posso fazer.
Ela desligou, e Joe guardou o
celular de volta no bolso da calça. Demi o encarava por trás dos longos cílios.
— Esses são os seus contatos?
— Querida, você não faz ideia. —
Ele passou um dos braços pelos ombros dela e pegou a comida com a outra mão. —
Agora, vá para casa, vista algo sexy e me encontre aqui em uma hora. Precisamos
comemorar.
Demi curvou os ombros sob o braço
de Joe.
— Você não precisa fazer isso.
Sério, já estou melhor. Viu? Bem melhor. — Ela apontou para o rosto e conseguiu
dar um sorriso patético.
Ele não teve coragem de fazê-la
se sentir pior dizendo como parecia triste, então optou por outra abordagem.
Aquela que o faria parecer um
babaca. Ao menos desse jeito ele sabia agir automaticamente: sendo o tipo de homem
que sabe encontrar o ponto fraco de uma mulher. Só que dessa vez era para
ajudá-la, não para ser egoísta, convencendo-a de que ela devia ficar com ele.
Era estranho como as fraquezas do
passado podiam se tornar pontos fortes. Ele deu um sorriso malicioso e a olhou
de cima a baixo, então segurou seu rosto com as mãos e o virou de um lado para
outro, como se estivesse procurando rugas.
— Tudo bem. Faça o que quiser,
mas, se fosse eu quem estivesse ficando um ano mais velho, cada vez mais perto
dos trinta, como você... iria querer ficar com alguém que sabe se divertir.
Além disso, posso levá-la para jantar.
Ela semicerrou os olhos.
— Mas você está desempregado.
— E como você bem observou...
ainda sou milionário. — Joe pôs a garrafa de vinho de volta na mesa, pegou a mão
de Demi e a beijou. — Deixe que eu a recompense. Por favor. — A última vez que
dissera “por favor” com sinceridade fora um ano antes, quando implorara a Selena
que o acompanhasse à casa de seus pais. Ótimo, então a última vez que ele
dissera “por favor” do fundo do coração e sem motivações egoístas fora aos oito
anos, quando queria um pirulito para seu amigo imaginário.
Os olhos dela foram da porta ao
chão e voltaram.
— Está bem, mas... não seja tão
legal. Pode ser que eu confunda isso com pena e fique com raiva outra vez.
— Combinado. — Ele indicou a
porta com a cabeça.
— Agora leve essa bunda
maravilhosa para casa e vista alguma coisa. — Ele deu um passo para trás e a
olhou de cima a baixo. — Sexy. Vista alguma coisa sexy.
— Isso não é sexy? — Ela deu uma
voltinha na frente dele, parecendo ter recuperado o bom humor. Ele riu ao vê-la
girar como uma criancinha. Droga, ela era mesmo linda! Ele pigarreou e desviou
o olhar.
— Você ficaria bonita em qualquer
coisa, mas precisa usar uma roupa de aniversariante.
Os olhos de Demi brilharam,
divertidos.
— Ok. Já volto.
Joe assentiu com a cabeça,
observando o balanço dos quadris de Demi enquanto ela se afastava. Quando chegou
à porta, virou-se para ele.
— Joe...
— Diga.
— Obrigada.
— Ah, olha, eu ainda não gosto de
você.
Ela riu.
— É, eu também não gosto de você.
A porta se fechou, e Joe teve que
se sentar para organizar os pensamentos. O problema era que estavam muito
confusos. Ele começava a ficar um pouco apegado demais aos sorrisos de Demi.
E saber que ela se sentia tão
sozinha o estava matando.
Que tipo de pessoa ele era?
Alguém capaz de ficar sentado reclamando da vida enquanto ela não tinha um forno
decente nem uma família que se importasse com o aniversário dela?
No caso dele, sua família se
importava até demais.
E ele nunca tinha se sentido
grato por aquilo, até o momento.
Com as mãos trêmulas, pegou o
celular e discou o número de Nick.
— Alô? — respondeu o irmão,
ríspido.
— Eu topo.
— Oi? — Nick tossiu. — Você
queria mesmo me ligar?
Joe revirou os olhos.
— Não seja difícil. Disse que
topo e não vou desistir.
O telefone ficou mudo.
— Ainda está aí? — perguntou Joe.
— Sim. — Nick riu. — Só estava
vendo o relógio, para ver se o happy hour já tinha começado ou coisa parecida.
Está bêbado?
— Não estou bêbado! — gritou Joe,
ficando cada vez mais irritado. — Só queria que você soubesse que pensei no
assunto e topo. Quero levar Selena até o altar com nosso pai. — Sua voz falhou
sem querer. Droga, até quando o passado o assombraria? Ele se lembrou do sorriso
de Bill, do jeito como olhava para Selena, e sentiu um aperto no coração. Era o
mínimo que podia fazer pelas famílias, a dela e a dele.
— Obrigado — agradeceu Nick, rouco.
— É... Significa muito para a gente.
Para amenizar o clima, Joe soltou
uma risada.
— Considere a minha boa ação do
ano.
— Beleza. — Nick suspirou. — E no
mais, tudo bem?
— Tudo. — Joe olhou para a casa
vazia e, pela primeira vez na vida, se sentiu culpado por tudo o que possuía.
Culpado por tomar aquilo como certo. — Vai ficar.
— Você está bem?
— Estou ótimo. — Joe pigarreou. —
Olha só, preciso ir. Depois nos falamos.
— Tchau.
*****
Acho que devo explicar minha ausência tão longa pra vocês: até quarta-feira, eu estava tendo muita prova, de duas a três por dia, mal tinha tempo pra respirar, fora a loucura que tava minha casa, cheia de parentes por causa da minha tia internada, passando por cirurgia, etc. Aí, quando acabaram as provas, eu iria postar, mas meu not tava no trabalho da minha mãe e ela só trouxe hoje, depois de eu tanto insistir. Então, sei que vocês já devem ter cansado, mas, mais uma vez, me desculpem, espero não demorar tanto novamente.
Pra tentar me redimir, haha, a cada 5 comentários, a partir de agora e amanhã o dia todo, prometo postar um capítulo. E dessa vez é pra valer..
É isso, princesas, amo vcs, beijos.
P.S.: eu tava com saudades, but, I'm back. ♥
O que foi isso produção? O joe estar já sentindo algo pela demi ou é pena, estou torcendo que ele esqueça esse papo de ser apaixonada pela selena e fique apaixonado pela demi.Ja estava com saudade da sua história que é perfeita
ResponderExcluirEu acho que quando eles estiverem realmente envolvidos o Joe vai perceber que nunca foi realmente apaixonado pela Selena.... Eu estou louca pra saber sobre esse passado sombrio dele e mais louca ainda pra saber o que vai acontecer nesse aniversário.... continua logo por favor!!!
ResponderExcluirJoe deixando de ser macho para virar homem!!!! Dems vai transformar ele em um principee!! Posta maais
ResponderExcluirO que será que aconteceu de tão terrível no passado dele? Adoro as indiretas que ele joga pra ela kkkkkk eles são perfeitos um para o outro. Posta logo.
ResponderExcluirNanda
Posta mais, por favor, estava com saudades da história kk
ResponderExcluirAaaaaaaaaaaa socooorro!! Tadinha da Demi e o Joe tá começando a gostar dela na vdd a admitir né
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