20.2.15

Capítulo Onze




Sábado, 29 de setembro de 2012
10h25

Estou em pé perto da janela, esperando impaciente, quando Jonas finalmente para o carro em frente à minha casa. Saio pela porta e a tranco, me virando em seguida para o veículo e acabo ficando paralisada. Ele não está sozinho. A porta do carona se abre, e um cara sai lá de dentro. Quando ele se vira, tenho certeza de que a expressão no meu rosto é algo entre OMG e PQP. Estou aprendendo.
Nick está segurando a porta do carona com um sorriso enorme no rosto.
— Espero que não se incomode se eu ficar de vela hoje. Meu segundo melhor amigo do mundo inteiro me convidou para vir.
Chego até a porta do carona, confusa pra caramba. Nick espera até eu entrar, abre a porta de trás e entra também. Eu me inclino para a frente e viro a cabeça para Jonas, que está gargalhando como se tivesse acabado de contar o final de uma piada muito engraçada. Uma piada que não escutei.
— Será que um de vocês pode me explicar o que diabos está acontecendo? — pergunto.
Jonas segura minha mão e a leva até seus lábios, beijando os nós dos dedos.
— Vou deixar Nick explicar. Ele fala mais rápido, afinal de contas.
Eu me viro no banco enquanto Jonas começa a dar ré. Ergo a sobrancelha para Nick.
Ele me lança um olhar nítido de culpa.
— Eu meio que estava mantendo uma aliança dupla nessas duas últimas semanas — diz ele um pouco encabulado.
Balanço a cabeça, tentando assimilar sua confissão. Fico olhando de um para o outro.
— Duas semanas? Vocês têm conversado há duas semanas? Sem mim? Por que não me contaram?
— Eu tive de prometer que não ia contar nada — revela Nick.
— Mas...
— Vire-se e ponha o cinto — diz Jonas para mim.
Fulmino-o com o olhar.
— Espere um pouco. Estou tentando entender por que você fez as pazes com Nick duas semanas atrás e esperou até hoje para ficar de bem comigo.
Ele olha para mim e depois dirige o olhar para a rua à sua frente.
— Nick merecia um pedido de desculpas. Agi feito um babaca naquele dia.
— E eu não merecia um?
Ele olha para mim imediatamente desta vez.
— Não — diz ele firme, voltando a olhar para a rua. — Você não merece palavras, Demi. Merece ações.
Fico encarando-o, imaginando quanto tempo ele ficou acordado durante a noite para formar essa frase perfeita. Ele olha de volta para mim, solta minha mão e faz cócegas na parte da frente da minha coxa.
— Deixe de ser tão séria. Seu namorado e seu melhor amigo do mundo inteiro estão levando você para um mercado de pulgas.
Eu rio e dou um tapa para afastar sua mão.
— Como posso ficar feliz se se infiltraram na minha aliança? Vocês dois vão ter de me bajular pra caramba hoje.
Nick apoia o queixo no topo do encosto do meu banco e olha para mim.
— Acho que fui eu quem mais sofreu com essa experiência terrível. Seu namorado arruinou minhas duas últimas sextas se lamentando e reclamando sobre o quanto queria você, mas como não queria desapontá-la e blá-blá-blá. Foi difícil não reclamar com você sobre isso todos os dias no almoço.
Jonas volta a cabeça para Nick.
— Bem, agora vocês dois podem reclamar o quanto quiserem de mim. A vida voltou a ser como devia. — Ele desliza os dedos entre os meus e aperta minha mão. Sinto um formigamento na pele e não sei se é por causa do toque ou das palavras dele.
— Ainda acho que mereço ser mimada hoje — digo para os dois. — Quero que comprem para mim tudo o que eu quiser no mercado de pulgas. Não me importo com o preço nem com o tamanho ou com o peso.
— Isso aí — diz Nick.
Solto um gemido.
— Ai, meu Deus, Jonas já está contagiando você.
Nick ri, estende o braço por cima do meu banco, segura minhas mãos e depois me puxa na direção dele.
— Deve ser mesmo, pois estou louco para me aconchegar com você aqui no banco de trás — diz Nick.
— Não estou contagiando você tanto assim se acha que tudo o que eu faria é me aconchegar com ela no banco de trás — afirma Jonas. Ele dá um tapa no meu bumbum logo antes de eu cair no banco de trás com Nick.
— Não pode estar falando sério — diz Jonas, segurando o saleiro que acabei de colocar nas mãos dele.
Estamos andando pelo mercado de pulgas há mais de uma hora e continuo firme com meu plano. Eles estão comprando tudo que peço. Fui enganada e vou precisar de muitas compras aleatórias para me sentir melhor.
Olho para a estatueta em suas mãos e balanço a cabeça.
— Tem razão. Eu devia comprar o conjunto.
Pego o pimenteiro e o entrego a ele. Não que eu realmente queira essas coisas. Não entendo como qualquer pessoa pode querer isso. Quem é que faz pimenteiros e saleiros de cerâmica no formato de intestinos delgado e grosso?
— Aposto que pertenciam a algum médico — diz Nick, admirando-os comigo. Enfio a mão no bolso de Jonas, tiro a carteira dele e me viro para o homem atrás da mesa. — Quanto custa?
Ele dá de ombros.
— Não sei — responde ele sem entusiasmo. — Um dólar cada um?
— Que tal um dólar pelos dois? — pergunto. Ele pega o dólar das minhas mãos e concorda com a cabeça.
— Bela barganha — diz Jonas, balançando a cabeça. — Acho bom ver isso na mesa da sua cozinha da próxima vez que visitá-la.
— Eca, não — digo. — Quem é que vai querer olhar para intestinos durante a refeição?
Desvendamos mais alguns pavilhões até chegarmos ao de Dianna e Eddie. Quando alcançamos a barraca, Dianna fica espantada, observando Nick e Jonas.
— Oi — digo, estendendo as mãos. — Surpresa!
Eddie levanta-se em um salto e dá a volta na barraca, me dando um breve abraço. Dianna faz o mesmo e fica me encarando com cautela o tempo inteiro.
— Relaxe — digo, após perceber que está olhando preocupada para Jonas e Nick. — Nenhum dos dois vai me engravidar esse fim de semana.
Ela ri e finalmente me abraça.
— Feliz aniversário. — Ela se afasta e seus instintos maternais vêm à tona com quinze segundos de atraso. — Espere. Por que está aqui? Está tudo bem? Você está bem? A casa está bem?
— Está tudo bem. Estou bem. Só fiquei entediada e convidei Jonas para vir fazer compras comigo.
Jonas está atrás de mim, apresentando-se para Eddie. Nick passa por mim e abraça Dianna.
— Eu me chamo Nick — diz ele. — Estou numa aliança com sua filha para dominar o sistema do colégio público e todos os seus lacaios.
— Estava — esclareço, olhando para ele. — Estava numa aliança comigo.
— Já gostei de você — diz Dianna, sorrindo para Nick. Ela olha para Jonas e aperta sua mão. — Jonas — cumprimenta ela com educação. — Como vai?
— Bem — responde ele, com cautela.
Olho para ele, que parece constrangido ao extremo. Não sei se é pelo pimenteiro e saleiro que está segurando ou porque encontrar Dianna agora é diferente pois está namorando a filha dela. Tento disfarçar me virando e perguntando a Dianna se ela tem alguma sacola que possamos usar para guardar nossas coisas. Ela enfia o braço debaixo da mesa e estende uma sacola para Jonas. Ele coloca o pimenteiro e o saleiro ali dentro enquanto Dianna olha para a bolsa e depois para mim, interrogativamente.
— Nem pergunte — digo.
Pego a sacola com ela e a abro para que Nick possa guardar a outra compra. É uma imagem da palavra “derretido”, escrita com caneta preta em um papel branco, numa moldura de madeira. Custou 25 centavos e não faz o menor sentido, então claro que tive de comprar.
Alguns clientes aproximam-se da mesa, então Eddie e Dianna a circundam e passam a ajudá-los. Eu me viro e vejo que Jonas está encarando os dois com um olhar intenso. Não o vejo com essa expressão desde aquele dia no refeitório. Fico um pouco aborrecida com isso, então ando até ele e deslizo um braço pelas suas costas, querendo desesperadamente que aquele olhar desapareça.
— Ei — digo, fazendo-o prestar atenção em mim. — Você está bem?
Ele faz que sim com a cabeça e beija minha testa.
— Estou bem — responde ele, pondo um braço ao redor da minha cintura e abrindo um sorriso para me tranquilizar. — Você me prometeu bolo de funil — diz ele, acariciando minha bochecha.
Faço que sim com a cabeça, aliviada por ver que ele está bem. Não quero mesmo que Jonas tenha um de seus momentos intensos logo agora, bem na frente de Dianna. Não sei se ela vai compreender sua maneira apaixonada de viver; ainda estou começando a entender.
— Bolo de funil? — pergunta Nick. — Alguém falou em bolo de funil?
Eu me viro, e o cliente de Dianna foi embora. Ela está imóvel ao lado da mesa, observando o braço de Jonas ao redor da minha cintura. Parece estar pálida.
Por que todo mundo está com esses olhares estranhos hoje, hein?
— Você está bem? — pergunto a ela. Não é como se ela nunca tivesse me visto com um namorado antes. Matt praticamente morou na nossa casa durante todo o mês em que namoramos.
Ela olha para mim e lança um rápido olhar para Jonas.
— Só não sabia que estavam namorando.
— Pois é. Sobre isso... — digo. — Até teria contado para você, mas só começamos a namorar há quatro horas.
— Ah — diz ela. — Bem... formam um belo casal. Será que posso conversar com você? — Ela aponta a cabeça para trás, indicando que quer privacidade. Afasto o braço de Jonas e a acompanho até uma distância onde ninguém nos escute. Ela se vira e balança a cabeça.
— Não sei o que pensar sobre isso — sussurra ela.
— Pensar sobre quê? Tenho 18 anos e estou namorando. Não é nada de mais.
Ela suspira.
— Eu sei, é que... e o que vai acontecer hoje à noite? Quando eu não estiver em casa? Como vou saber que ele não vai passar a noite toda com você?
Dou de ombros.
— Não tem como saber. Precisa confiar em mim — digo, me sentindo culpada imediatamente pela mentira. Se ela soubesse que ele já passou a véspera comigo, acho que meu namorado não estaria mais vivo.
— É que é estranho, Demi. Nunca chegamos a discutir as regras para os garotos quando não estou presente. — Ela parece estar muito nervosa, então faço o que posso para tranquilizá-la.
— Mãe? Confie em mim. Nós literalmente acabamos de decidir que estamos namorando faz só algumas horas. De jeito algum vai acontecer alguma coisa entre nós que você tem medo de que aconteça. Ele vai embora à meia-noite, prometo.
Ela balança a cabeça de maneira não muito convincente.
— É só que... não sei, não. Ver vocês dois abraçados agora? A maneira como estavam interagindo? Não é como um casal recente se olha, Demi. Fiquei surpresa porque achei que estava saindo com ele há um tempo e só não tinha me contado. Quero que seja capaz de conversar comigo sobre qualquer coisa.
Seguro a mão dela e a aperto.
— Eu sei, mãe. E, acredite em mim, se hoje não tivéssemos vindo para cá juntos, amanhã eu teria lhe contado tudo sobre ele. Contaria tudo até você se cansar de ouvir. Não estou escondendo nada, OK?
Ela sorri e me dá um breve abraço.
— Ainda quero que me conte tudo amanhã, até me cansar de ouvir.

Sábado, 29 de setembro de 2012
22h15

— Demi, acorde.
Ergo a cabeça do braço de Nick e enxugo a baba na lateral de minha bochecha. Ele olha para a camisa molhada e faz uma careta.
— Foi mal. — Eu rio. — Não devia ter ficado tão confortável.
Chegamos à sua casa após passarmos oito horas andando e olhando tranqueiras. Jonas e Nick acabaram participando da brincadeira, e todos nós ficamos um pouco competitivos, vendo quem conseguia encontrar o objeto mais sem sentido. Acho que meu pimenteiro e saleiro em forma de intestino ainda ganham, mas Nick chegou perto com o quadro de veludo de um cachorrinho montado nas costas de um unicórnio.
— Não se esqueça do seu quadro — digo, quando ele sai do carro. Ele se curva, pega o quadro no chão e beija minha bochecha.
— Até segunda — diz ele para mim, e então olha para Jonas. — Nem pense em se sentar na minha carteira na primeira aula só porque ela é sua namorada.
Jonas ri.
— Não sou eu que levo café para ela todo dia. Ela nunca me deixaria destituir você.
Nick fecha a porta, e Jonas espera ele entrar em casa antes de ir embora.
— O que acha que está fazendo aí atrás? — pergunta ele, sorrindo para mim pelo retrovisor. — Venha para cá.
Balanço a cabeça e continuo parada.
— Meio que gosto de ter um chofer.
Ele para o carro, solta o cinto e se vira.
— Venha aqui — diz ele, alcançando meus braços. Ele segura meus pulsos e me puxa para a frente até nossos rostos ficarem a apenas centímetros de distância. Então leva a mão até meu rosto e belisca minhas bochechas como se eu fosse uma criança. E dá um selinho barulhento nos meus lábios distorcidos. — Eu me diverti hoje. Você é meio estranha.
Ergo a sobrancelha, sem saber se foi um elogio ou não.
— Valeu?
— Gosto de estranheza. Agora venha logo para a frente antes que eu decida ir para o banco de trás e não me aconchegar com você. — Ele puxa meu braço, vou para o banco da frente e coloco o cinto.
— O que vamos fazer agora? Vamos para sua casa? — pergunto.
Ele balança a cabeça.
— Não. Temos mais uma parada.
— Minha casa?
Ele balança a cabeça novamente.
— Você vai ver.
Vamos dirigindo até os arredores da cidade. Reconheço que estamos no aeroporto local quando para o carro no acostamento. Ele sai sem dizer nada e dá a volta para abrir minha porta.
— Chegamos — diz ele, acenando a mão para a pista no campo à nossa frente.
— Jonas, esse é o menor aeroporto num raio de 300 quilômetros. Se está querendo ver um avião pousar, vamos ter de passar dois dias aqui.
Ele puxa minha mão e me conduz por uma pequena colina.
— Não estamos aqui para ver os aviões. — Ele continua andando até chegar à grade que cerca o aeroporto. Ele a balança para conferir se está firme e segura minha mão outra vez. — Tire os sapatos, assim fica mais fácil — diz ele. Olho para a grade e depois para ele.
— Está achando que vou subir nessa coisa?
— Bem — diz ele, olhando para a grade. — Posso muito bem erguê-la e jogá-la por cima dela, mas talvez isso doa um pouco mais.
— Estou de vestido! Você não me avisou que íamos pular grades hoje. Além do mais, isso é ilegal.
Jonas mexe a cabeça e me empurra para a grade.
— Não é ilegal quando meu padrasto administra o aeroporto. E não, não contei que íamos pular grades porque não queria que trocasse o vestido.
Seguro na grade e começo a testá-la quando, com um único movimento rápido, ele põe as mãos na minha cintura e me ergue, já me fazendo passar por cima dela.
— Caramba, Jonas! — grito, pulando do outro lado.
— Eu sei. Fui rápido demais. Eu me esqueci de dar uma apalpada. — Ele ergue-se na grade, passa a perna por cima e salta. — Venha — diz ele, segurando minha mão e me puxando para a frente.
Andamos até a pista. Paro e dou uma olhada no comprimento gigante. Nunca andei de avião e só de pensar nisso eu meio que fico apavorada. Especialmente quando vejo que tem um lago no fim da pista.
— Algum avião já pousou naquele lago?
— Só um — afirma ele, me puxando. — Mas era um pequeno Cessna, e o piloto estava drogado. Ele ficou bem, mas o avião continua no fundo do lago. — Ele se senta na pista e puxa minha mão, querendo que eu faça o mesmo.
— O que vamos fazer? — pergunto, ajeitando o vestido e tirando os sapatos.
— Shh — diz ele. — Deite-se e olhe para cima.
Encosto a cabeça no chão e ergo o olhar, em seguida solto uma arfada. Em cima de mim, em todas as direções, há um cobertor com as estrelas mais brilhantes que já vi na vida.
— Uau — digo. — No meu quintal elas não são assim.
— Eu sei. Por isso trouxe você aqui. — Ele põe o braço entre nós e enrosca o dedo mindinho no meu.
Ficamos sentados por um bom tempo sem falar nada, mas é um silêncio confortável. De vez em quando, ele ergue o mindinho e alisa a lateral da minha mão, mas isso é tudo. Ficamos lado a lado, e meu vestido é de acesso razoavelmente fácil, mas ele nem sequer tenta me beijar. Fica claro que não me trouxe aqui para o meio do nada só para se agarrar comigo. Ele me trouxe aqui para compartilhar essa experiência comigo. Mais uma coisa pela qual é apaixonado.
Tem tanta coisa sobre Jonas que me surpreende, especialmente as coisas das últimas 24 horas. Ainda não sei direito o que o chateou tanto no refeitório naquele dia, mas ele parece saber muito bem o que fez e que aquilo nunca mais vai se repetir. E tudo que posso fazer agora é confiar e deixar a situação em suas mãos. Só espero que ele saiba que é toda a confiança que me restou. Tenho certeza absoluta de que, se me magoar outra vez como já aconteceu, vai ser a última vez que me magoa na vida.
Inclino a cabeça em sua direção e fico observando-o encarar o céu. Suas sobrancelhas estão unidas, e é óbvio que está pensando em algo. Parece que ele sempre está pensando em alguma coisa, e fico curiosa para saber se algum dia serei capaz de atravessar essa barreira. Ainda há tantas coisas que quero saber sobre seu passado, sua irmã, sua família. Mas mencionar isso enquanto ele está tão concentrado o tiraria de onde quer que sua mente esteja agora. E não quero fazer isso. Sei o local exato onde está e o que está fazendo enquanto olha para o espaço ao seu redor. Sei porque é exatamente o que faço quando fico olhando para as estrelas no teto do meu quarto.
Fico observando-o por um bom tempo, depois desvio o olhar de volta para o céu e começo a me entregar a meus próprios pensamentos. Então nesse momento ele interrompe o silêncio com uma pergunta que surge do nada.
— Você teve uma vida boa? — pergunta ele baixinho.
Fico pensando na pergunta, mas em boa parte por querer saber no que ele estava pensando ao me perguntar isso. Será que estava mesmo pensando na minha vida ou será que era na dele?
— Sim — respondo com honestidade. — Tive, sim.
Ele suspira pesadamente e segura toda a minha mão.
— Que bom.
Não falamos mais nada até meia hora depois, quando diz que está pronto para ir embora.
Chegamos à minha casa alguns minutos antes da meia-noite. Nós dois saímos do carro, ele pega as sacolas com as compras aleatórias e me acompanha até a porta. Mas então para e põe as bolsas no chão.
— Não vou entrar — afirma ele, pondo as mãos nos bolsos.
— Por que não? Você é um vampiro? Precisa de permissão para entrar?
Ele sorri.
— Só acho que não devia ficar.
Vou até ele, coloco os braços ao seu redor e lhe dou um beijo no queixo.
— Por que não? Está cansado? Podemos nos deitar, sei que mal dormiu ontem. — Não quero mesmo que vá embora. Dormi melhor em seus braços que em qualquer outra noite.
Ele reage ao meu abraço pondo os braços ao redor dos meus ombros e me puxando para seu peito.
— Não posso — diz ele. — São várias coisas, na verdade. O fato de que minha mãe vai me encher de perguntas quando eu chegar em casa, querendo saber por onde ando desde ontem à noite. Porque ouvi você prometer à sua mãe que eu iria embora antes da meia-noite. E também porque passei o dia inteiro vendo você andando por aí com esse vestido e não consegui parar de pensar no que tem embaixo dele.
Ele leva a mão até meu rosto e fica encarando minha boca. Suas pálpebras ficam pesadas, e ele começa a sussurrar:
— Sem falar nesses lábios — diz ele. — Você não tem ideia do quanto foi difícil prestar atenção em cada palavra que você disse hoje, pois eu só conseguia pensar no quanto são macios. No quanto o gosto é incrível. No quanto se encaixam com perfeição nos meus. — Ele se inclina, me beija de leve e se afasta no instante em que começo a me derreter em cima dele. — E esse vestido — continua ele, passando a mão pelas minhas costas e deslizando-a delicadamente por cima do meu quadril e pela parte da frente da minha coxa. Estremeço debaixo das pontas dos dedos dele. — Esse vestido é o principal motivo pelo qual não vou entrar nessa casa.
Pela maneira como meu corpo está reagindo, concordo de imediato com sua decisão de ir embora. Por mais que eu adore ficar com ele e adore beijá-lo, já consigo perceber que eu realmente não conseguiria me conter, e acho que ainda não estou pronta para termos essa primeira vez.
Suspiro, mas tenho vontade de gemer. Por mais que concorde com o que ele está dizendo, meu corpo está totalmente furioso por eu não estar implorando para ele ficar. É estranho como passar o dia com Jonas só aumentou minha necessidade de ficar perto dele o tempo todo.
— Isso é normal? — pergunto, olhando-o nos olhos, que estão cheios de desejo de uma maneira que nunca vi. Sei por que ele está indo embora, pois está claro que também está desejando essa primeira vez.
— O que é normal?
Pressiono a cabeça em seu peito para evitar ter de olhar para ele enquanto falo. Às vezes digo coisas que me deixam envergonhada, mas preciso dizê-las mesmo assim.
— O que nós sentimos um pelo outro é normal? Não nos conhecemos há tanto tempo assim. A maior parte desse tempo passamos nos evitando. Mas não sei, é que parece diferente com você. Acho que quando a maioria das pessoas namora, os primeiros meses servem para construir uma ligação entre o casal. — Ergo a cabeça do peito dele para olhá-lo. — Sinto como se eu tivesse isso com você desde o instante em que nos conhecemos. Com a gente tudo é tão natural. Parece que já chegamos a esse nível, e que agora estamos tentando cumprir com esses passos que vêm antes. Como se estivéssemos tentando nos conhecer novamente, fazendo tudo mais devagar. Não acha estranho?
Ele afasta o cabelo do meu rosto e olha para mim com uma expressão muito diferente. A luxúria e o desejo foram substituídos por uma angústia, e, ao ver isso, sinto um aperto no coração.
— Seja lá o que isso for, não quero ficar analisando. Também não quero que fique fazendo isso, está bem? Vamos apenas agradecer por eu finalmente ter encontrado você.
Acho graça da última frase.
— Você diz isso como se estivesse me procurando antes.
Ele franze a testa, unindo as sobrancelhas, e põe as mãos nas laterais da minha cabeça, inclinando meu rosto para mais perto do dele.
— Passei a vida inteira procurando você.
Sua expressão está firme e determinada, e ele une nossas bocas assim que termina de dizer a frase. Ele me beija com força e com mais paixão do que fez o dia inteiro. Estou prestes a puxá-lo para dentro de casa comigo, mas ele me solta e se afasta quando seguro seu cabelo.
— Gamo você — diz ele, forçando-se a descer os degraus. — Até segunda.
— Gamo você também.
Não pergunto por que não vou vê-lo amanhã, pois sei que vai ser bom ter um tempo para processar as últimas 24 horas. Vai ser bom para Dianna também, porque estou mesmo precisando atualizá-la sobre minha nova vida amorosa. Ou melhor, minha nova vida gamorosa.

*****

Bom, vocês sabem que eu tava viajando, então não tenho o que fazer além de me desculpar. Me perdoem, de verdade.
Aproveitei bastante sim, amores, apesar da chuva, obrigada por se preocuparem.
Espero que alguém ainda leia aqui, :(
Amo vcs, beijos

P.S.: Senti saudades

8 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Ahhh que perfeito! <3, eles são tão lindo juntos. É tão fofo(incrivelmente fofo) esses "gamo vooc".

    Senti sdds gata, Beijão ;)

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  3. Que saudadeee!! Quero uma maratona pra compensar. Posta mais

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  4. Eu sempre vou ler esse blog, porque eu amo ele
    Eu amei o capítulo
    E eu amo o " gamo você" deles, é tão fofo
    Eu senti sua falta também
    Posta logo
    Beijos e eu amo você

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  5. Eu tô amando tanto essa aproximação de Demi e Joe, eles são tão amorzinhos.
    Chocada com a amizade de Nick e Joe, eles dois são hilários.
    Será que eu sou a única doida pra ver eles transando? dsjijdskd pelo amor n aguento mais.
    Continua amor, beijo :*

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  6. adorei valeu apena esperar perfeito.
    Eu adorei o " Gamo você " tão fofo.
    Eu tbm senti falta posta logo Bjs.
    Gamo esse blog

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  7. Uhhuuuuuu finalmente você voltou <3 kkkkkkkkkkkk
    Esse capítulo Ta simplesmente o máximo , Agr eles tão se gamando ( vomitando arco-íris) kkkkkkkk
    Posta mais logo
    Bjs

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  8. Que bom que aproveitou bastante, mas sentimos saudades <3
    Joe e Demi tão fofos e estranhos juntos kkkkkkkkk
    To amando , n demora pra postar
    Bjinho

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