22.2.15

Capítulo Doze




Segunda-feira, 22 de outubro de 2012
12h05

Faz quase um mês que eu e Jonas assumimos o namoro. Até o momento, não descobri nele nenhuma idiossincrasia que me irrite. Pelo contrário, seus pequenos hábitos só me deixam ainda mais encantada. Feito a maneira que ele me olha, como se estivesse me estudando, e a forma como estala a mandíbula quando está irritado, e como lambe os lábios toda vez que ri. Na verdade, isso é até um pouco sensual. E não vou nem mencionar as covinhas.
Por sorte, estou com o mesmo Jonas desde a noite em que ele entrou pela janela e se deitou em minha cama. Não vi nem sombra do Jonas temperamental e instável desde então. Estamos até ficando cada vez mais sintonizados conforme passamos mais tempo juntos, e sinto que agora sei interpretá-lo quase tão bem quanto ele me interpreta.
Com Dianna em casa todos os finais de semana, não ficamos muito a sós. Passamos a maior parte do nosso tempo juntos no colégio ou em encontros nos fins de semana. Por alguma razão, ele não se sente à vontade em ir ao meu quarto se Dianna está em casa, e sempre inventa desculpas quando sugiro que a gente vá para sua casa. Então temos assistido a muitos filmes. Também saímos algumas vezes com Nick e o novo namorado, Max.
Jonas e eu temos nos divertido muito juntos, mas não temos nos divertido tanto juntos. Estamos começando a ficar um pouco frustrados com a falta de lugares decentes para nos agarrar. O carro dele é meio pequeno, mas demos um jeito. Acho que tanto eu quanto ele estamos contando as horas para Dianna viajar no próximo fim de semana.
Eu me sento à mesa com Nick e Max, esperando que Jonas chegue com nossas bandejas. Max e Nick se conheceram numa galeria de arte local há umas duas semanas, sem nem saber que estudavam no mesmo colégio. Fico feliz por Nick porque começava a ter a impressão de que ele estava achando que só ficava de vela, quando na verdade não era nada disso. Adoro a companhia dele, mas vê-lo focar a atenção no próprio namoro facilitou muito as coisas.
— Você e Jonas já têm planos para esse sábado? — pergunta Max, quando me sento.
— Acho que não. Por quê?
— Tem uma galeria de arte no centro que vai expor um dos meus quadros na exposição de arte local. Quero vocês dois lá.
— Parece legal — diz Jonas, sentando-se ao meu lado. — Que quadro vai expor?
Max dá de ombros.
— Ainda não sei. Estou tentando decidir entre dois.
Nick revira os olhos.
— Sabe qual quadro deve escolher e não é nenhum desses dois.
Max olha para Nick.
— Moramos no leste do Texas. Duvido que um quadro gay vá ser bem recebido por aqui.
Jonas olha de um para o outro.
— E quem é que se importa com o que as pessoas daqui pensam?
O sorriso de Max desaparece, e ele ergue o garfo.
— Meus pais — responde ele.
— Seus pais sabem que você é gay? — pergunto.
Ele faz que sim com a cabeça.
— Sabem. Eles me apoiam bastante, sim, mas continuam torcendo para que nenhum amigo da igreja descubra. Não querem que as pessoas sintam pena por eles terem um filho que está condenado ao Inferno.
Balanço a cabeça.
— Se Deus é o tipo de cara que condenaria alguém ao Inferno só por amar alguém, então não quero passar a eternidade com ele.
Nick ri.
— Aposto que tem bolo de funil no Inferno.
— Que horas vai ser no sábado? — pergunta Jonas. — Nós vamos, mas Demi e eu temos planos para depois.
— Acaba às 21 horas — diz Nick.
Olho para Jonas.
— Nós temos planos? O que vamos fazer?
Ele sorri para mim, põe o braço ao redor do meu ombro e suspira no meu ouvido.
— Minha mãe vai sair no sábado à noite. Quero mostrar meu quarto para você.
Os pelos do meu braço ficam arrepiados, e, de repente, começo a imaginar coisas que são impróprias demais para o refeitório do colégio.
— Não quero nem saber o que ele disse para fazer você corar assim — diz Nick, rindo.
Jonas afasta o braço e põe a mão na minha perna. Dou uma mordida na comida e olho para Max.
— Como devemos nos vestir para a exposição? Estava pensando em usar um vestido, mas não é muito formal. — Jonas aperta minha coxa, e eu sorrio, sabendo exatamente o tipo de pensamento que acabei de colocar em sua cabeça.
Max está começando a me responder quando um garoto numa mesa atrás da nossa diz algo para Jonas que não consigo escutar. Seja lá o que ele falou, foi algo que chamou de imediato a atenção de Jonas, fazendo-o se virar por completo, ficando de frente para o garoto.
— Pode repetir o que disse? — pergunta Jonas, fulminando-o com o olhar.
Não me viro. Prefiro não ver quem é o garoto responsável por trazer o Jonas temperamental de volta em menos de dois segundos.
— Talvez precise falar mais claramente — diz o garoto, erguendo a voz. — Eu disse que se não é capaz de espancá-los até a morte, então é melhor se juntar a eles.
Jonas não reage de imediato, o que é bom. Assim tenho tempo de segurar seu rosto e prender sua atenção em mim.
— Jonas — digo, firme. — Ignore. Por favor.
— Isso aí, ignore — diz Nick. — Ele só está tentando encher seu saco. Max e eu ouvimos essas merdas o tempo inteiro, já estamos acostumados.
Jonas tensiona o queixo, inspirando devagar pelo nariz. A expressão em seus olhos se acalma aos poucos, e ele segura minha mão. Ele se vira sem olhar de novo para o rapaz.
— Estou bem — diz ele, querendo mais convencer a si próprio do que a nós. — Estou bem.
Assim que Jonas se vira para a frente, as risadas da mesa atrás de nós se espalham pelo refeitório. Os ombros de Jonas se retesam, então ponho a mão na sua perna e a aperto, desejando que continue calmo.
— Que legal — diz o cara atrás de nós. — Deixe a vagabunda convencê-lo a não defender seus novos amigos. Acho que não são tão importantes para você quanto Lessie era, caso contrário eu estaria tão ferrado quanto Jake depois da surra que você deu nele no ano passado.
Preciso de toda a minha força para não pular do banco e bater no garoto com minhas próprias mãos, então sei que o autocontrole de Jonas já se esgotou por completo. Ele começa a se virar com o rosto inexpressivo. Nunca o vi tão sério — é apavorante. Sei que algo terrível está prestes a acontecer, e não faço ideia de como evitar. Antes que ele seja capaz de pular para o outro lado da mesa e encher o cara de porrada, faço algo que choca até a mim mesma. Dou o maior tapão na cara de Jonas. Na mesma hora, ele leva a mão à bochecha e olha para mim, completamente perplexo. Mas está olhando para mim, o que é bom.
— Corredor — digo com determinação, assim que consigo sua atenção. Eu o empurro até ele sair do banco e mantenho as mãos em suas costas, em seguida continuo até que comece a andar em direção
à saída do refeitório. Quando chegamos ao corredor, ele esmurra o armário mais próximo, me fazendo soltar o ar bem alto. A força de seu punho deixa a porta bem amassada, e fico aliviada por não ter sido o garoto do refeitório o alvo dessa força.
Jonas está enfurecido. Seu rosto está vermelho, e nunca o vi tão transtornado antes. Ele começa a andar de um lado para o outro no corredor, parando para encarar as portas do refeitório. Não estou convencida de que ele não vai voltar, então decido levá-lo para ainda mais longe.
— Vamos para seu carro.
Empurro-o em direção à saída, e ele me deixa fazer isso. Andamos até o carro, e ele passa o tempo inteiro fumegando em silêncio. Ele se senta no banco do motorista, e eu, no do carona. Nós dois fechamos as portas. Não sei se ainda está prestes a voltar correndo para o colégio para terminar a briga que aquele babaca estava tentando começar, mas vou fazer tudo o que puder para mantê-lo longe até se acalmar.
O que acontece em seguida não é nada do que eu estava esperando. Ele estende o braço, me puxa para perto de si com firmeza e começa a estremecer incontrolavelmente. Seus ombros estão tremendo, e ele está me apertando, enterrando a cabeça no meu pescoço.
Está chorando.
Coloco os braços ao seu redor e deixo ele me abraçar enquanto põe para fora o que quer que estivesse reprimindo. Ele me desliza para seu colo e me aperta forte. Ajeito as pernas até ficarem do seu lado e o beijo de leve na têmpora, várias vezes. Ele quase não está fazendo barulho, e o pouco que faz é abafado pelo meu ombro. Não faço ideia do que fez com que se descontrolasse, mas nunca vi nada que partisse tanto meu coração. Continuo beijando o lado da sua cabeça, subindo e descendo as mãos pelas suas costas. Faço isso por vários minutos até ele finalmente ficar em silêncio, apesar de ainda estar me segurando forte.
— Quer conversar sobre isso? — sussurro, alisando seu cabelo.
Eu me afasto, ele encosta a cabeça no apoio do assento e olha para mim. Seus olhos estão vermelhos e repletos de mágoa, e por isso preciso beijá-los. Beijo cada pálpebra delicadamente, em seguida me afasto mais uma vez e espero ele falar.
— Eu menti — diz ele. Suas palavras perfuram meu coração, e fico morrendo de medo do que ele vai dizer. — Disse que repetiria o que fiz. Disse que daria a maior surra em Jake de novo se tivesse a oportunidade. — Ele toca minhas bochechas com as palmas das mãos e olha para mim desesperado. — Não faria isso. Ele não mereceu o que fiz com ele, Demi. E aquele garoto lá dentro? É o irmão mais novo de Jake. Ele me odeia pelo que fiz e tem todo o direito de sentir isso. Tem todo o direito de dizer qualquer merda que quiser para mim, pois eu mereço. Mereço, sim. Era essa a única razão pela qual não queria voltar para o colégio, porque sabia que mereceria ouvir qualquer coisa que alguém dissesse para mim. Mas não posso permitir que ele fale sobre você e Nick daquele jeito. Pode dizer a merda que quiser sobre mim ou Less, porque nós merecemos, mas vocês, não. — Seus olhos estão desfocados mais uma vez, e ele está sofrendo imensamente, segurando meu rosto.
— Está tudo bem, Jonas. Não precisa defender ninguém. E você não merece isso. Jake não devia ter dito aquilo sobre sua irmã no ano passado, e o irmão dele não devia ter dito o que disse hoje.
Ele balança a cabeça, discordando.
— Jake tinha razão. Sei que ele não devia ter dito aquilo, e tenho certeza de que eu não devia ter encostado nenhum dedo nele, mas ele tinha razão. O que Less fez não foi corajoso nem nobre ou valente. O que ela fez foi algo egoísta. Ela nem tentou superar. Não pensou em mim, não pensou nos meus pais. Só estava pensando em si mesma e não deu a mínima para nós. E eu a odeio por isso. Porra, a odeio por isso e estou cansado de odiá-la, Demi. Estou tão cansado de odiá-la porque isso está acabando comigo e me transformando numa pessoa que não quero ser. Ela não merece ser odiada. É minha culpa ela ter feito tudo aquilo. Devia ter ajudado, mas não ajudei. Não sabia. Eu amava aquela garota mais do que já amei qualquer pessoa e não fazia ideia do quanto ela estava mal.
Enxugo sua lágrima com o dedo e faço a única coisa em que consigo pensar, pois não tenho ideia do que dizer. Eu o beijo. Eu o beijo desesperadamente e tento acabar com o sofrimento da única maneira que sei. Nunca tive de encarar a morte de ninguém assim, então nem tento entender pelo que está passando. Ele põe as mãos no meu cabelo e me beija com tanta força que quase chego a sentir dor. Nós nos beijamos por vários minutos até a tensão ir diminuindo aos poucos.
Afasto meus lábios dos dele e olho bem em seus olhos.
— Jonas, você tem todo o direito de odiar sua irmã pelo que ela fez. Mas também tem todo o direito de amá-la apesar disso. A única coisa que não tem o direito de fazer é se culpar. Nunca vai entender por que ela fez isso, então precisa parar de se recriminar por não ter todas as respostas. Ela escolheu o que achava ser melhor, apesar de ter feito a escolha errada. Mas é isso que precisa lembrar... foi ela que escolheu. Não você. E não pode se culpar por não descobrir o que ela não lhe contou. — Eu dou um beijo em sua testa e ergo meu olhar até o dele. — Você precisa se livrar disso. Pode manter o ódio, o amor e até a amargura, mas precisa se livrar da culpa. É isso que está acabando com você.
Ele fecha os olhos e puxa minha cabeça até seu ombro, expirando trêmulo. Sinto-o balançar a cabeça, se acalmando. Ele beija meu cabelo, e ficamos abraçados em silêncio. Toda a proximidade que pensávamos ter... não se compara a esse momento. Independentemente do que acontecer conosco nessa vida, esse momento acabou de unir parte de nossas almas. É algo que sempre teremos, e, de certa maneira, é reconfortante saber disso.
Jonas olha para mim e ergue a sobrancelha.
— Afinal, por que você me deu um tapa na cara?
Eu rio e beijo a bochecha que levou o tapa. Mal dá para ver as marcas dos meus dedos agora, mas ainda estão lá.
— Desculpe-me. É que precisava tirar você dali, e não consegui pensar em mais nada que pudesse fazer.
Ele sorri.
— Funcionou. Não sei se qualquer outra pessoa teria sido capaz de dizer ou fazer alguma coisa para me afastar daquilo. Obrigado por saber exatamente como lidar comigo, pois às vezes nem eu sei direito.
Dou um beijo delicado nele.
— Acredite em mim. Não faço ideia de como lidar com você, Jonas. Vou levando uma cena de cada vez.

Sexta-feira, 26 de outubro de 2012
15h40

— Que horas acha que vai estar de volta? — pergunto.
Jonas está com os braços ao meu redor, e estamos encostados no meu carro. Não conseguimos passar muito tempo juntos desde o que aconteceu no carro dele durante o almoço na segunda-feira. Ainda bem que o cara que tentou começar a confusão não falou mais nada. Foi uma semana razoavelmente pacífica, considerando o início dramático.
— Só vamos voltar bem tarde. As festas de Halloween da empresa deles costumam durar bastante. Mas amanhã você vai me ver. Se quiser, posso buscá-la na hora do almoço e assim ficamos juntos o dia inteiro antes de irmos para a exposição.
Balanço a cabeça.
— Não posso. É aniversário de Eddie, e vamos sair para almoçar porque à noite ele trabalha. Então vá me buscar às 18 horas mesmo.
— Sim, senhora — diz ele.
Em seguida, me beija e abre a porta para eu entrar. Dou tchau enquanto ele se afasta, e pego o celular na mochila. Recebi uma mensagem de Miley, o que me deixa feliz. Não tenho recebido minhas mensagens diárias como ela havia prometido. Não achei que fosse sentir falta delas, mas agora, que só recebo uma a cada três dias, fico um pouco triste.

Agradeça a seu namorado por finalmente ter colocado mais minutos no seu telefone. Já transou com ele? Saudades.

Rio da franqueza dela e respondo:

Não, ainda não transamos. Mas já fizemos quase todo o resto, então tenho certeza de que sua paciência vai se esgotar logo. Faça de novo essa pergunta depois de amanhã, talvez a resposta seja diferente. Muitas saudades.

Aperto enviar e fico encarando o telefone. Não pensei se estou pronta ou não para ter essa primeira vez, mas acho que acabei de admitir para mim mesma que sim. Será que Jonas não me convidou para a casa dele para descobrir exatamente isso: se estou pronta?
Dou ré, e meu telefone apita. Eu o pego, e é uma mensagem de Jonas.

Não vá embora. Estou voltando para seu carro.

Paro o carro na vaga outra vez e abaixo a janela quando ele se aproxima.
— Oi — diz ele, inclinando-se para dentro de minha janela. Ele evita meu olhar e fica admirando, nervoso, o interior do carro. Odeio essa sua expressão de constrangimento, pois isso sempre significa que está prestes a dizer algo que não quero ouvir. — Hum... — Ele volta a olhar para mim, e o sol está brilhando bem atrás dele, destacando todas as suas belas feições. Os olhos estão bem claros e olham para os meus como se nunca mais quisessem olhar para outro lugar. — Você, hum... você acabou de me mandar uma mensagem que tenho certeza que era para Miley.
Ai, meu Deus, não. Na mesma hora, pego meu celular para ver se ele está falando a verdade. Infelizmente, está. Jogo o telefone no banco do passageiro e cruzo os braços em cima do volante, enterrando o rosto nos cotovelos.
— Ai, meu Deus — digo gemendo.
— Olhe pra mim, Demi — instrui ele. Ignoro-o e fico esperando que um buraco de minhoca apareça e me sugue de todas essas situações vergonhosas em que me meto. Sinto sua mão na minha bochecha, e ele puxa meu rosto para perto. Está olhando para mim com bastante sinceridade. — Se for amanhã ou no ano que vem, posso prometer que vai ser a melhor noite da minha vida. Mas garanta que vai tomar essa decisão só por sua causa e não por mais ninguém, OK? Sempre vou querer você, mas só vou me permitir ficar com você quando tiver 100% de certeza de que me quer da mesma maneira. E não diga nada agora. Vou me virar e voltar para meu carro, e podemos fingir que essa conversa nunca aconteceu. Senão acho que suas bochechas vão ficar coradas para sempre. — Ele se inclina janela adentro e me dá um beijo rápido. — Você é linda pra cacete, sabia disso? Mas precisa mesmo aprender a mexer nesse telefone. — Ele pisca para mim e vai embora. Encosto a cabeça no apoio do assento e me xingo em silêncio.
Odeio a tecnologia.
Passo o resto da noite fazendo o meu melhor para tirar a mensagem vergonhosa da cabeça. Ajudo Dianna a empacotar as coisas para o próximo mercado de pulgas e depois me deito com meu e-reader. Assim que o ligo, meu celular acende na mesinha de cabeceira.

Estou indo para sua casa agora. Sei que é tarde e que sua mãe está em casa, mas não consigo esperar até amanhã para dar mais um beijo em você. Confira se a janela está destrancada.

Quando termino de ler a mensagem, pulo da cama e tranco a porta do quarto, feliz por Dianna ter ido dormir cedo, há umas duas horas. Imediatamente, vou até o banheiro, escovo os dentes e o cabelo, desligo as luzes e volto para a cama. Já passa da meia-noite, e ele nunca entrou escondido aqui com Dianna em casa. Estou nervosa, mas é um nervosismo empolgante. Como não me sinto nem um pouco culpada por ele estar a caminho, tenho isso como prova de que vou para o Inferno. Sou a pior filha de todas.
Vários minutos depois, minha janela é levantada, e eu o escuto entrar. Fico tão entusiasmada ao vê-lo que corro até a janela, ponho os braços ao redor de seu pescoço e pulo, fazendo com que me segure enquanto o beijo. Suas mãos seguram firme minha bunda, e ele anda até a cama, onde me solta com delicadeza.
— Bem, oi para você também — diz ele, com um sorriso enorme.
Ele cambaleia um pouco, cai em cima de mim e leva os lábios até os meus. Está tentando tirar os sapatos, mas não consegue e começa a rir.
— Você está bêbado? — pergunto.
Ele pressiona os dedos nos meus lábios e tenta parar de rir, mas não consegue.
— Não. Sim.
— Muito bêbado?
Ele leva a cabeça até meu pescoço e passa a boca suavemente pela minha clavícula, fazendo uma onda de calor atravessar meu corpo.
— Bêbado o suficiente para querer fazer coisas imorais com você, mas não bêbado o bastante para fazer isso bêbado — afirma ele. — Mas bêbado o suficiente para conseguir lembrar amanhã caso fizesse mesmo isso.
Eu rio, confusa demais com a resposta, mas ao mesmo tempo excitada demais com ela.
— É por isso que veio andando até aqui? Por que bebeu?
Ele balança a cabeça.
— Andei até aqui porque queria um beijo de boa-noite e, felizmente, não achei minhas chaves. Mas queria muito um beijo seu, linda. Senti tanto sua falta hoje. — Ele me beija, e sua boca tem gosto de limonada.
— Por que está com gosto de limonada?
Ele ri.
— Tudo que tinham lá eram umas bebidas frutadas cheias de frufru. Acho que me embebedei com bebidas frutadas cheias de frufru, feitas para mulheres. É muito triste e nada atraente, eu sei.
— Bem, está com um gosto ótimo — digo, puxando sua boca para a minha, fazendo-o gemer. Ele pressiona seu corpo contra o meu, afundando mais a língua na minha boca. Assim que nossos corpos se encontram na cama, ele se afasta e se levanta, deixando-me ofegante e sozinha no colchão.
— Hora de ir — diz ele. — Já consigo ver que isso está tomando um rumo que não devia por causa da bebida. Vejo você amanhã à noite.
Pulo da cama e corro até ele, bloqueando a janela antes que ele possa ir embora. Jonas para na minha frente e cruza os braços.
— Fique aqui — peço. — Por favor. Só fique deitado na cama ao meu lado. Podemos fazer uma barreira de travesseiros, e prometo não tentar seduzir você, porque, afinal, está bêbado. Fique só uma horinha, não quero que vá embora ainda.
Na mesma hora, ele se vira e volta para a cama.
— Tudo bem — diz ele simplesmente, se jogando no colchão e tirando as cobertas de baixo dele.
Isso foi fácil.
Volto para a cama e me deito ao seu lado. Nenhum de nós faz o muro de travesseiros. Em vez disso, jogo o braço por cima de seu peito e entrelaço minhas pernas nas dele.
— Boa noite — diz ele, jogando meu cabelo para trás.
Ele beija minha testa e fecha os olhos. Acomodo a cabeça em seu peito e escuto seu coração bater. Após alguns minutos, a respiração e o coração dele se acalmam, e ele dorme. Não consigo sentir mais meu braço, então o removo com delicadeza de baixo dele e me viro em silêncio. Assim que me ajeito no travesseiro, ele desliza o braço por cima da minha cintura e apoia as pernas em cima das minhas.
— Amo você, Hope — murmura ele.
Hum...
Respire, Demi.
Apenas respire.
Não é tão difícil.
Respire.
Aperto os olhos e tento me convencer de que não acabei de ouvir o que acho que ouvi. Mas ele falou com muita clareza. E, para ser sincera, não sei o que mais parte meu coração — se é o fato de ele ter chamado o nome de outra pessoa, ou de ele ter dito amar em vez de gamar.
Tento me convencer a não rolar para longe e esmurrar seu maldito rosto. Ele está bêbado e estava meio que adormecido quando disse aquilo. Não posso presumir que significou alguma coisa para ele quando pode muito bem ter sido só um sonho. Mas... quem diabos é Hope? E por que ele a ama?

Treze anos antes

Estou suando porque está quente debaixo das cobertas, mas não quero tirá-las de cima da cabeça. Sei que se a porta se abrir, não vai fazer diferença se estou ou não embaixo das cobertas, mas me sinto mais segura assim. Ponho os dedos para fora e levanto a parte da coberta que está na frente dos meus olhos. Olho para a maçaneta como faço todas as noites.
Não gire. Não gire. Por favor, não gire.
Meu quarto é sempre muito silencioso, e odeio isso. Às vezes, ouço coisas, acho que é a maçaneta girando, e meu coração começa a bater bem forte e bem rápido. Agora, só de olhar para a maçaneta, meu coração já está batendo bem forte e bem rápido, mas não consigo desviar o olhar. Não quero que ela gire. Não quero que a porta abra, não quero.
Está tudo tão quieto.
Tão quieto.
A maçaneta não gira.
Meu coração para de bater tão rápido porque a maçaneta nunca gira.
Meus olhos ficam bem pesados, e finalmente os fecho.
Estou tão feliz por essa não ser uma das noites em que a maçaneta gira.
Está tudo tão quieto.
Tão quieto.
E, de repente, não está mais, pois a maçaneta gira.

Sábado, 27 de outubro de
2012

Algum momento no meio da madrugada
— Demi.
Estou me sentindo tão pesada. Tudo está tão pesado. Não gosto dessa sensação. Não tem nada físico em cima do meu peito, mas sinto uma pressão diferente que nunca senti antes. E uma tristeza. Uma tristeza avassaladora está me consumindo, e não faço ideia do motivo. Meus ombros tremem e ouço soluços vindo de algum lugar do quarto. Quem está chorando?
Sou eu que estou chorando?
— Demi, acorde.
Sinto seu braço ao meu redor. Ele está pressionando a bochecha na minha e está atrás de mim, apertando firme meu peito. Seguro seu pulso e afasto seu braço de cima de mim. Eu me sento na cama e dou uma olhada ao redor. Lá fora está escuro. Não entendo. Estou chorando.
Ele se senta ao meu lado e me vira para ele, passando os dedos pelos meus olhos.
— Você está me assustando, linda. — Ele está olhando para mim, preocupado.
Aperto os olhos e tento recuperar o controle, pois não faço ideia do que está acontecendo e não consigo respirar. Consigo me escutar chorando, mas não sou capaz de inspirar por causa disso.
Olho para o relógio na cabeceira, que marca três horas da manhã. As coisas começam a ganhar foco, mas... por que estou chorando?
— Por que está chorando? — pergunta Jonas. Ele me puxa para perto, e eu o deixo fazer isso. Eu me sinto segura com ele. Eu me sinto em casa quando estamos abraçados. Ele me abraça e massageia minhas costas, beijando a minha têmpora de vez em quando. Fica repetindo o tempo inteiro: — Não se preocupe. — E me abraça pelo que parece uma eternidade.
Aos poucos, o peso vai saindo do meu peito, a tristeza se dissipa, e, após um tempo, não estou mais chorando.
Porém, estou assustada, pois é a primeira vez que algo assim acontece comigo. Nunca na minha vida senti uma tristeza tão insuportável, então como é que consegui sentir isso de forma tão real num sonho?
— Você está bem? — sussurra ele.
Faço que sim apoiada em seu peito.
— O que aconteceu?
Balanço a cabeça.
— Não sei. Acho que tive um pesadelo.
— Quer conversar sobre isso? — Ele acaricia meu cabelo com as mãos.
Nego com um gesto.
— Não. Não quero lembrar.
Ele me abraça por um bom tempo e beija minha testa.
— Não quero deixá-la sozinha, mas preciso ir embora. Não quero criar problemas para você.
Concordo com a cabeça, mas não o solto. Sinto vontade de implorar para ele não me deixar sozinha, mas não quero parecer desesperada e apavorada. As pessoas têm pesadelos o tempo inteiro; não sei por que estou reagindo assim.
— Volte a dormir, Demi. Está tudo bem, foi só um pesadelo.
Eu me deito novamente e fecho os olhos. Sinto seus lábios tocarem minha testa, e depois ele vai embora.

*****

Princesas, não postei ontem porque não tinha visualização, ok? Não teve nada a ver com comentários, afinal, depois de tanta demora, eu nem tenho o direito de cobrar, mas eu to TÃO feliz por vocês terem comentado.
Não respondi porque não deu tempo, mas li todos e awn, quero morder vocês ahsoais também senti saudades, e gamo ~ vulgo amo ~ todas vocês
Amanhã tem mais, amores, beijos.

7 comentários:

  1. Ai joseph, quem é Hope? A demi se parece com ela ne? Por isso o joe se confundiu no supermercado! Quero maaaaaaaaais

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  2. Quem é Hope? Talvez a Mariana tenha, talvez a Demi se pareça com a Hope e por isso Joe se confundiu no supermercado
    Eu gamo você
    Beijos e posta logo

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  3. AhhhhhhhhhTudo tão perfeito ����Quem é Hope? Omg, estou pirando.
    Beijão gata��
    Posta logo

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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  5. Eu acho muito estranha essa história da mãe da Demi não deixar ela estudar em escola quando era mais nova e sim em casa, proibir de ver tv, de ter celular e internet....... muito estranha a forma com que ela ficou olhando para o Joe e ele pra ela no mercado de pulgas....... acho que Hope é o nome verdadeiro dela ou algo assim..... posso estar delirando mas que está muito estranho está.....continua por favor.....

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  6. Acho que essa tal de Hope seja alguém do passado do Joe que se pareça com a Demi.
    Só espero que isso não afete em nada no relacionamento deles e ESTOU ANSIOSÍSSIMA PARA A NOITE DELES DEPOIS DA EXPOSIÇÃO.
    Eu só espero que não aconteça nenhuma merda...
    Continua, beijos :*

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  7. Adorei o capítulo posta logo por favor to muito curiosa

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